Dossiê
Recepción: 09 Abril 2024
Aprobación: 18 Julio 2024
DOI: https://doi.org/10.33871/nupem.2024.16.39.9063
Resumo: A partir da escrita deste artigo, objetivamos apresentar como foi a participação das professoras da Educação Infantil no IX Seminário Nacional de Histórias e Investigações em aulas de Matemática (IX SHIAM) e como o referido Seminário trouxe subsídios para o desenvolvi-mento/construção da Identidade Profissional (IP) delas por meio da escrita narrativa. Para tal, trazemos as vozes das professoras da Educação Infantil por meio de suas narrativas referentes à participação nesse evento. Percebemos que o envolvimento foi significativo tanto para serem escutadas como professoras que desenvolvem habilidades matemáticas com as crianças como para conhecerem outras realidades. Todo esse processo, principalmente a forma reflexiva como construíram as narrativas, contribuiu para a construção/desenvolvimento da IP. Assim, percebemos a necessidade de repensar a forma de pesquisar, tendo uma postura insubordinada criativamente ao dar voz às professoras da Educação Infantil, reconhecendo seus saberes da prática como conhecimentos científicos e constituintes da IP.
Palavras-chave: Educação Infantil, Formação de professores, Grupo de estudos, Linguagem matemática.
Abstract: This article aims to describe the attendance of early education teachers at the IX Seminário Nacional de Histórias e Investigações em aulas de Matemática (IX SHIAM) and present through written narratives how this Seminar brought insights into the construction and development of their Professional Identities (PI). To do so, we convey the voices of early education teachers through their narratives regarding the participation in this event. We noticed that their involvement was significant to give voice to the teachers who develop mathematical skills with children and to learn about other realities. This process, especially the reflexive way in which they constructed their narratives, promoted the construction and development of their PI. We therefore noticed the need for rethinking the ways of making research, taking a creative stance by giving voice to the early education teachers, recognizing their practical knowledge as scientific knowledge and part of PI.
Keywords: Early education, Teacher training, Survey group, Mathematical language.
Resumen: A partir de la redacción de este artículo, pretendemos presentar cómo fue la participación de las profesoras de la Educación Infantil en el IX Seminário Nacional de Histórias e Investigação em Educação Matemática (IX SHIAM) y como el referido Seminario trajo subsidios para el desarrollo/construcción de la Identidad Profesional (IP) de ellas a través de la escritura narrativa. Para ello, traemos las voces de las profesoras de la Educación Infantil a través de sus narrativas referentes a la participación en este evento. Nos dimos cuenta de que la implicación fue significativa tanto para ser escuchadas como docentes que desarrollan habilidades matemáticas con los niños, como para conocer otras realidades. Todo este proceso, especialmente la forma reflexiva en que construyeron las narrativas, contribuyó a la construcción/desarrollo de la IP. Así, nos damos cuenta de la necesidad de repensar la forma de investigar, adoptando una postura creativamente insubordinada al dar voz a las profesoras de la Educación Infantil, reconociendo sus saberes de la práctica como conocimientos científicos y constituyentes de la IP.
Palabras clave: Educación Infantil, Formación de maestros, Grupo de Estudios, Lenguaje Matemático.
Para início de conversa
Os professores geralmente continuam enfrentando sozinhos a tarefa de ensinar. Apenas os alunos são testemunhas da atuação profissional dos professores. Poucos profissionais se caracterizam por maior solidão e isolamento. Ao contrário de outras profissões ou ofícios, o ensino é uma atividade que se realiza sozinho. [...] Essa característica da profissão docente faz com que os indícios de identidade dos professores se restrinjam muito mais à aula do que à instituição em que trabalham. Essa realidade dificulta muito o desenvolvimento de propostas organizacionais que suponham uma mudança nessa cultura tão arraigada na docência (Marcelo, 2009, p. 122).
Trazemos para este texto uma parte da pesquisa de Doutorado, ainda em desenvolvimento, que tem como objetivo investigar os conhecimentos mobilizados e ressignificados por professoras1, de um grupo colaborativo, que vão ao encontro do letramento matemático na tentativa de compreender as contribuições no processo de desenvolvimento profissional dessas professoras. Como parte essencial desta pesquisa, formamos um grupo de estudos com professoras da Educação Infantil das redes pública e particular de Belo Horizonte para estudar sobre a matemática na/da Educação Infantil, de forma mais específica, sobre o letramento matemático nesta etapa da educação básica.
O grupo tem se reunido de forma presencial e quinzenal durante 1 hora e 30 minutos, desde fevereiro de 2023; tais encontros são gravados, fotografados, registrados de forma escrita tanto no diário de bordo da pesquisadora como em um caderno elaborado pelo grupo em que, a cada encontro, uma professora é responsável pela escrita da narrativa. Foi a partir dos encontros do grupo que surgiu a ideia de participarmos do IX Seminário Nacional de Histórias e Investigações de/em aulas de matemática (IX SHIAM), com o intuito de compartilharmos as experiências que as professoras comentavam ao longo de nossas conversas.
Neste texto, objetivamos apresentar como foi a participação das professoras da Educação Infantil no IX SHIAM e como trouxe subsídios para o desenvolvimento/construção da Identidade Profissional (IP) delas por meio da escrita narrativa. Assim, apesar dos estudos e das discussões do grupo, como citado anteriormente, estarem relacionados ao letramento matemático na Educação Infantil, esta temática não será, aqui, foco de discussão.
A iniciativa de tal escrita dialoga com a insubordinação criativa no sentido de que a professora da Educação Infantil [que desenvolve habilidades matemáticas com suas crianças] precisa ser escutada. Segundo Santos (2022), isto não vem acontecendo, já que 70% dos trabalhos acadêmicos sobre a Matemática na/da Educação Infantil (artigos, dissertações, teses, TCC, anais de eventos), escritos entre os anos 2009 e 2019, foram produzidos por pessoas que não estão na sala de aula. Então, como fazer discussões relevantes sobre a Matemática que acontece na Educação Infantil se as professoras que estão nesses espaços não compartilham suas experiências?
Indo na contramão da hegemonia acadêmica vigente, a pesquisa assume uma postura insubordinada criativamente (D’Ambrosio; Lopes, 2014), porque dá voz às professoras por meio da autoria de textos produzidos para o IX SHIAM. Após o evento, as discussões reflexivas dão sentido e importância às suas narrativas, levando-as a se perceberem e se identificarem como professoras-autoras ao dizer para a comunidade acadêmica sobre suas práticas: “Nesse sentido, quando as professoras se expõem e escrevem sobre seus fazeres e saberes na escola, dizem de si mesmas a outros e, ao mesmo tempo, dizem para si. Elas assumem a autoria de seus textos e evidenciam que elas têm muito a dizer e a contribuir para uma transformação de olhar e de práticas no cotidiano escolar” (Grando, 2012, p. 88).
Apesar de estarmos comentando sobre a produção dos textos para esse evento, o nosso foco serão as narrativas escritas pelas professoras contando como foi a experiência de participar dele. Este artigo está estruturado da seguinte forma: “Diálogo com autores” mostra o aporte teórico que ajuda a compreender a relevância que a escrita narrativa tem para o desenvolvimento da IP da professora de Educação Infantil; “Metodologia: um caminho em curso” traz um panorama do caminho que já foi percorrido pelo grupo de estudos; “Com a voz, as professoras da Educação Infantil” apresenta as narrativas que foram escritas pelas professoras; “O que ressoa, algumas reflexões...”, traz, por fim, algumas palavras que refletem sobre as narrativas.
Diálogo com autores
Como já mencionado anteriormente, percebemos que as professoras da Educação Infantil precisam que os próprios trabalhos que desenvolvem acerca da linguagem matemática2 com as crianças tenham visibilidade, inclusive para que tenham suas práticas mais valorizadas. Santos (2022) nos aponta que a dificuldade em desenvolver tais trabalhos, bem como socializá-los, talvez, seja devido à matemática, ainda nos dias de hoje, ser reduzida a códigos e algoritmos, bem como pelo fato de a sociedade ainda ver a infância como um período de fragilidade e incapacidade, gerando dúvidas sobre como podemos desenvolver esta linguagem na Educação Infantil. Em oposição a essa realidade encontra-se nosso embasamento na proposta de insubordinação criativa: dar voz às professoras de Educação Infantil, permitir que elas mesmas entendam-se como produtoras de saberes pedagógicos a respeito de como se faz a matemática “com” as crianças.
a insubordinação como uma ação de oposição e, geralmente, em desafio à autoridade estabelecida, quando esta se contrapõe ao bem do outro, mesmo que não intencional, por meio de determinações incoerentes, excludentes e/ou discriminatórias. Insubordinação criativa é ter consciência sobre quando, como e por que agir contra procedimentos ou diretrizes estabelecidas (D’ambrósio; Lopes, 2014, p. 29).
Mas dar voz não é o suficiente, é preciso que as professoras se escutem e, também, sejam ouvidas e acreditamos que a narrativa seja capaz de relacionar toda a ampla realidade pela qual passam as professoras, ao mesmo tempo em que rompem com suas próprias crenças e de grande parte da academia por meio de uma postura insubordinada criativamente. Além de valorizar o saber produzido, ainda percebemos as professoras da Educação Infantil como “contadoras de história”, pois têm por costume relatar vivências realizadas com as crianças sobre o desenvolvimento delas e demais experiências.
Dessa forma, torna-se uma oportunidade a transformação desses relatos orais em narrativas escritas, produzindo narrativas e divulgando-as, fazendo com que o que era de âmbito particular converta-se em público, trazendo as identidades de quem as produziu (Nacarato, 2008). Constitui-se, também, em mais “uma razão para valorizar as narrativas de professoras: preservação da identidade profissional; reconhecer e valorizar essas professoras como produtoras de saberes” (Nacarato, 2008, p. 146).
É interessante destacarmos que vários fatores podem influenciar no desenvolvimento/construção dessa IP da professora da Educação Infantil como Professora que Ensina Matemática (PEM), indo desde aspectos que envolveram sua formação profissional até mesmo como foi sua relação com a matemática na educação básica, demonstrando, assim, se tratar de um processo complexo, assim como apontado por Cyrino (2016, p. 168) em que o
desenvolvimento da identidade profissional de professores é um processo complexo que envolve aspectos pessoais, profissionais, intelectuais, morais e políticos dos grupos nos quais os sujeitos estão envolvidos. [...] Não consiste apenas no que os outros pensam ou dizem de nós, mas de como nos vemos e da capacidade de refletirmos sobre a nossa experiência.
Pode, desse modo, envolver a forma como as pessoas as veem e como refletem sobre suas próprias experiências (Cyrino, 2017, p. 704, grifos no original), ou seja, o desenvolvimento da identidade da professora que ensina matemática também “se dá tendo em vista um conjunto de crenças e concepções interconectadas ao autoconhecimento e aos conhecimentos a respeito de sua profissão, associado à autonomia (vulnerabilidade e sentido de agência) e ao compromisso político”.
Marcelo (2009) complementa que as crenças envolvem emoções e estas influenciam na maneira como o professor interpreta e valoriza as experiências de formação docente. Josso (2010) afirma que, por meio da narrativa, a professora aprende, quando aprende desenvolve e traz transformações para sua identidade profissional: “As experiências de transformação das nossas identidades e da nossa subjetividade são tão variadas que a maneira mais geral de descrevê-las consiste em falar de acontecimentos, de atividades, situações ou de encontros que servem de contexto para determinadas aprendizagens” (Josso, 2010, p. 42).
As palavras transformação, movimento e desenvolvimento comumente antecedem o termo “identidade profissional” justamente porque a identidade de um sujeito não é algo estático, mas em constante mudança ao longo da vida. Marcelo (2009, p. 112) afirma que a identidade não é um atributo fixo ou algo que se “possua” e, sim, um fenômeno relacional, em desenvolvimento que “acontece no terreno do intersubjetivo e se caracteriza como um processo evolutivo, um processo de interpretação de si mesmo como uma pessoa dentro de um determinado contexto”.
Assim, a identidade das professoras que ensinam Matemática na Educação Infantil envolve o processo de ser capaz de ver-se como alguém que “ensina matemática” e “como” o faz, pois, de acordo com Marcelo (2009), o conteúdo que se ensina e o conhecimento didático também compõem a IP. Ainda, é necessário autoconhecer-se: quem e como é/está essa profissional nesse momento da sua vida? Considerando tais reflexões, percebemos que vão ao encontro do que foi apontado no levantamento de investigações que versam sobre a IP nos PEM, por De Paula e Cyrino (2017), em que se percebe a necessidade de propostas diferenciadas de formações para que o professor possa analisar e refletir sobre sua prática profissional e trabalho coletivo, bem como trazer aspectos da sua subjetividade para este contexto, como forma de auxiliá-los no engajamento político-social.
Para além dessa formação, acreditamos que o grupo colaborativo e as escritas narrativas de suas experiências podem proporcionar o “espelho”: olhar para o outro e ver seu reflexo, falar/escrever de si, elaborando as experiências como professora para a colega e ouvir sua voz, suas próprias histórias:
Se alguma coisa nos anima a escrever é a possibilidade de que esse ato de escritura, essa experiência em palavras, nos permita liberar-nos de certas verdades, de modo a deixarmos de ser o que somos para ser outra coisa, diferentes do que vimos sendo.
Também a experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o já sabido (Larrosa, 2019, p. 5).
Entendemos que “a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca” (Larrosa, 2019, p. 14). Nesse sentido, é que consideramos a relevância da narrativa para o desenvolvimento/construção da IP, já que, por meio dela, as professoras expressaram a experiência vivida em forma de palavras, demonstrando aquilo que foi significativo, que lhes aconteceu e lhes tocou (Larrosa, 2019). Desta forma, no tópico “A(s) voz(es) das professoras da Educação Infantil”, traremos as tessituras das professoras da Educação Infantil sobre suas experiências em participar do IX SHIAM.
Metodologia: um caminho em curso
Acreditamos que a abordagem qualitativa tem colaborado para a compreensão da problemática inicial de pesquisa, tendo em vista suas características:
Ela está acontecendo no ambiente natural, pois o grupo de estudos foi constituído dentro da escola e composto pelos colegas de trabalho;
O levantamento de dados é construído por meio da descrição, sendo que a narrativa tem sido uma forma privilegiada em nossa escrita;
Todo processo de pesquisa é tão importante quanto o resultado final, já que estamos valorizando toda trajetória em construção;
Os dados estão sendo analisados de forma indutiva no decorrer da pesquisa, inexistindo testagem de hipóteses;
As perspectivas dos sujeitos envolvidos (as professoras) na pesquisa serão (talvez as mais) importantes para o processo de análise (Biklen; Bogdan, 1994).
Além disso, para que a investigação possa ser caracterizada como um campo de pesquisa, é necessário que seja realizada de forma metódica, planejada, reflexiva e que, ao final, apresente um relatório sobre o estudo.
podemos dizer que um estudo do professor pode ser considerado pesquisa quando este for um trabalho intencional, planejado e constituído em torno de um foco ou questão de seu trabalho escolar, for metódico (passe por algum processo de produção/organização e análise escrita de informação) e apresente um relatório final do estudo desenvolvido (texto escrito ou relato oral) (Fiorentini; Lorenzato, 2012, p. 75, grifo no original).
Considerando este contexto investigativo, constituímos um grupo de estudos com professoras que atuam na Educação Infantil para compreendermos a matemática na/da Educação Infantil (Santos, 2022), de forma mais específica, sobre o letramento matemático. Para isto, o grupo tem realizado encontros, desde fevereiro de 2023, quinzenalmente, com duração de 1h30min; para cada um deles, temos selecionado textos dentro da temática e realizado leituras compartilhadas e discussões. A cada encontro, uma professora é responsável pela escrita da narrativa e relata os pontos que foram abordados. A pesquisadora realiza os seus registros narrativos em um diário de bordo pessoal, além de ficar responsável pela gravação de áudios e dos registros fotográficos, quando necessário.
Acreditamos que a escrita da narrativa seja algo importante, em diversas dimensões, destacando algumas delas: a primeira diz respeito ao coletivo de forma que todas consigam rememorar os encontros anteriores (Diniz-Pereira; Cañete, 2009); a segunda tem um caráter mais individual, já que tal registro acontece a partir do olhar de cada uma, com todas tendo a oportunidade de deixar registrada a “sua voz” e identidade; ainda, podemos considerar que, ao narrar, as professoras elaboram o que foi vivido, constroem sentido para os encontros e suas trocas, lançando um novo olhar e novas reflexões para o que se passou em cada encontro.
Compreendemos a escrita como constitutiva do sujeito e de sua identidade. Assim, pensar a escrita de professores na perspectiva de sua formação é pensar nas alternativas de constituição desse sujeito, como também nas alternativas de constituição de sua docência. Escrever é um ato que requer do indivíduo um olhar introspectivo, um voltar-se para dentro de si (Diniz-Pereira; Cañete, 2009, p. 18).
Para que a pesquisa acontecesse, tivemos os cuidados éticos: escrevemos um projeto que foi submetido e aprovado pelo comitê de ética. Ademais, no primeiro encontro do grupo de estudos, este projeto foi apresentado para as professoras de forma oral, com destaque aos objetivos e à forma de envolvimento delas, que consentiram com a participação por meio do preenchimento dos dados pessoais e assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Como já mencionado anteriormente, esta pesquisa ainda está em fase de desenvolvimento, por isso, trouxemos neste tópico o que foi construído até o presente momento.
Entendemos que tais cuidados foram para além da ética acadêmica, pois, de acordo com Clandinin e Clonnelly (2015), quando se constrói intimidade entre pesquisador e participante, o investigador deixa de ser o responsável por tudo e acontece uma relação horizontal. Tal intimidade é demonstrada em diversos momentos da pesquisa, principalmente, quando as professoras falam sobre a importância de se sentir parte de um grupo. Isso mostra que pesquisadoras e participantes passaram a viver a pesquisa juntas, o que nos leva a pensar que ética em uma investigação não é um conjunto de formulários, consentimentos e pedidos de assinaturas. Para Clandinin e Clonelly (2015), a ética relacional da pesquisa se dá entre pessoas em relação e em uma certa paisagem, onde é preciso negociar e ter cuidados, zelar por elas (participantes).
A seguir apresentaremos as narrativas escritas pelas professoras sobre a participação no IX SHIAM.
Com a voz, as professoras da Educação Infantil
No grupo de estudos, incentivamos as professoras a fazerem seus registros e compartilhar suas experiências. No período de 17 a 19 de julho de 2023, foi realizado o IX SHIAM, que tinha como tema “Experiências e investigações de ensinar e aprender Matemática na pós-pandemia: o que mudou?”. Tal evento coincidiu com o nosso recesso escolar e foi uma oportunidade de participação, tanto para compartilhar nossas experiências como para conhecer outras realidades.
Assim, propusemos a escrita de relatos de experiência de alguma prática em que havia a presença da linguagem matemática. Acreditamos que a escrita de narrativa pode ser potencializadora do desenvolvimento/construção da IP da professora da Educação Infantil que desenvolve a linguagem matemática já que, enquanto escreve, realiza reflexões (Nacarato, 2008; Cyrino, 2017).
Apesar de os textos produzidos para o IX SHIAM3 não estarem presentes neste artigo e nem serem o foco da discussão, percebemos ser interessante apresentar os temas abordados neles: Romilda dissertou sobre a relação da Matemática com a natureza; Luana, acerca de circuitos para o desenvolvimento motor; Mônica e Neidimar, a respeito de contribuições da roda africana para desenvolver noção espacial e conceitos matemáticos; Cristina, sobre a relação com os animais e possibilidades para desenvolver conceitos matemáticos a partir disso; Luciene e Eliene pretendiam apresentar sobre o brincar com objetos não estruturados e o desenvolvimento de habilidades matemáticas, contudo, não conseguiram participar do evento.
As vozes das mulheres, professoras da educação infantil, precisam ser escutadas enquanto desenvolvedoras da linguagem matemática com suas crianças (Santos, 2022). Esse movimento que aconteceu no grupo, quando o coletivo de professoras torna as suas narrativas públicas, foi importante para romper com o pensamento hegemônico acadêmico da separação entre teorias e práticas daqueles que produzem o conhecimento ou teorias em superioridade aos que as põem em prática. Normalmente, “são as vozes ‘autorizadas’ (pesquisadores, intelectuais ou professores, geralmente masculinas) que constroem o discurso educativo, enquanto ficam relegadas as histórias dos outros sujeitos a um lugar irrelevante, ou simplesmente um lugar de negação” (Flores et al., 2022, p. 51).
Em nosso primeiro encontro do 2º semestre (agosto/2023), propusemos às professoras participantes do IX SHIAM que fizessem uma reapresentação dos trabalhos para que pudéssemos socializá-los, já que não foi possível fazermos as apresentações antes da data do evento. Além disso, a proposta era de que também compartilhassem oralmente como foi essa experiência. De acordo com Larrosa (2019), o sujeito da experiência é receptivo e vulnerável, é como uma superfície sensível que se afeta (produz efeitos), inscreve marcas e deixa vestígios a partir daquilo que lhe acontece.
Os relatos trazidos mostraram como elas se envolveram no evento e as concepções anteriores a ele, apresentando modificação na forma como veem a matemática em suas aulas. A participação do evento, trazida por meio da oralidade, mostrou aquilo que as afetou, e esse movimento foi essencial para identificar os saberes produzidos porque “o saber da experiência se dá na relação entre o conhecimento e a vida humana” (Larrosa, 2019, p. 30). A pesquisadora e coordenadora do grupo sugeriu que elas escrevessem uma pequena narrativa sobre a experiência dessa participação; das cinco professoras participantes, quatro realizaram a escrita.
A seguir, apresentaremos as quatro narrativas dessas professoras. Optamos por manter as suas vozes sem cortes ou filtros como uma opção política de reconhecer a cada uma dessas mulheres como “autorizadas” a se expressarem a respeito de suas próprias identidades como professoras e pesquisadoras; foi realizada apenas a correção ortográfica.
A voz da Romilda
Sempre participei de congressos e formações, por ser uma pessoa que investe em ser sempre a minha melhor versão, dia após dia.
No meu olhar de pedagoga, senti que o SHIAM me foi ainda mais enriquecedor, principalmente por se tratar de um evento de Matemática (a disciplina em que habitaram meus fantasmas). Isso desmistificou minhas crenças limitantes em desenvolvê-la e investir na formação da primeira infância. Sempre busquei estratégias que tornassem a Matemática algo mais leve do que as minhas experiências de aprendizagem desta disciplina.
Ter a oportunidade de falar das minhas experiências e desenvolvimento do trabalho por meio das vivências “Criança e Natureza” foi extremamente importante e contribuiu com a minha autoavaliação. Comunicar sem barreiras com pessoas tão importantes e conhecer suas histórias e experiências nos aproximou ainda mais da necessidade de aprimorarmos conhecimentos visando uma melhoria da qualidade daquilo que ensinamos.
As oficinas foram muito proveitosas. Oportunizaram-se as trocas de saberes, bem como as mesas redondas e demais formações experienciadas durante os 3 dias de seminário (Romilda, Dados da pesquisa, 2023).
A partir da “voz da Romilda”, é possível perceber que a Matemática era algo que lhe trazia medo em sua infância; porém em busca da “melhor versão” ela se coloca em desafio porque sabe o quanto é necessário tornar-se melhor. Passos e Oliveira (2010) observam que os modelos de educação que vivenciamos na Educação Básica se refletem ainda na vida adulta, inclusive na forma como lecionamos, e a narrativa de Romilda aborda o olhar reflexivo da profissional que deseja reinventar-se ou romper com seus próprios medos. A partir da participação no IX SHIAM, da escuta de outras professoras, suas histórias e experiências e, também, de sua própria voz, ela conseguiu fazer uma autoavaliação de como a Matemática tem sido trabalhada em suas aulas com as crianças, sendo esse o movimento de reconstrução e reelaboração de suas práticas e da própria identidade profissional. A expressão a respeito de poder “comunicar sem barreiras” evidencia uma professora que experimenta o “giro narrativo” ao qual se refere Clandinin (2007): a pessoa deixa de ser “sujeito de pesquisa” e passa a reconhecer-se como indivíduo biográfico, construtor de conhecimento. Com esse olhar, observamos aspectos da subjetividade de Romilda que indicam um engajamento político (De Paula; Cyrino, 2017) ao modificar sua prática e perceber a necessidade de trazer uma Matemática diferente daquela que aprendeu quando criança para sua turma.
A voz da Luana
Ao participar do SHIAM senti-me instigada e impulsionada a olhar a Matemática por diferentes ângulos. Consegui tirar desse evento aprendizagens que acarretarão no meu desenvolvimento, como professora da Educação Infantil, em como trabalhar de forma lúdica e prazerosa a Matemática com as minhas crianças. Sabemos que isto é desafiador, ainda mais após uma pandemia que causou alguns prejuízos, desde aspectos sociais até mesmo no desenvolvimento motor delas. Assim, vemos nas crianças uma necessidade de um olhar atento da professora e uma busca incessante para trazer propostas dentro de um ensino qualitativo e não quantitativo.
Aprendi que desenvolver a Matemática não se baseia somente em cumprir uma carga horária da aula, mas vivenciá-la na prática, no dia a dia, por meio de atividades de corpo e movimento, noções espaciais, relações e transformações com a natureza, entre outras possibilidades.
O SHIAM nos possibilitou compartilhar as nossas próprias experiências com propostas Matemáticas as quais foram enriquecedoras. Além disso, discutimos sobre diversos temas, como o da oficina: “As Matemáticas nas Salas de Aula: contribuições e potencialidades do jogo Mancala”, que nos trouxe um conhecimento de um jogo incrível, bem lúdico, com regras, que contribuem para uma aprendizagem da linguagem Matemática. As oficinas, mesas redondas, trocas de experiências nos levaram a compreender as diversas formas metodológicas para o desenvolvimento de habilidades matemáticas e como podemos colocar em prática em nosso cotidiano.
Sem sombra de dúvidas, foi de forma muito significativa a participação nesse seminário. Fico com o coração grato por ter aprendido tanto e me despertado como professora a levar minhas crianças a vivenciarem essa prática de forma prazerosa e significativa (Luana, Dados da pesquisa, 2023).
Na “voz da Luana”, escutamos os desafios enfrentados por ela com seus alunos após uma pandemia que trouxe prejuízos tanto sociais quanto para o desenvolvimento de outras habilidades. No entanto, ouve-se sua voz ainda mais ressonante quando reconhece sua própria transformação profissional ao compartilhar as próprias experiências, no prazer por se identificar com situações trazidas por outros professores e que vão ao encontro daquilo que desenvolve em sua sala (Nacarato, 2008). A narrativa de Luana evidencia experiências específicas com as quais considera que adquiriu conhecimentos e nós destacamos a importância da experiência de ver-se nas narrativas de outros, reconhecer-se em outras experiências e se inspirar para desenvolver uma Matemática lúdica e prazerosa que perpassa pelas vivências cotidianas realizadas com as crianças.
A voz da Mônica
Meu nome é Mônica, sou uma mulher preta, pedagoga há quase 20 anos, professora da Educação Básica, atuo na Educação Infantil há dez e há 15 no Fundamental. Minha linha de pesquisa (especialização) nunca foi a área de exatas, Matemática, muito pelo contrário, sempre comentei com colegas minha defasagem com relação a este campo de conhecimento e minha prática pedagógica, em especial na Educação Infantil.
O convite para participar do Grupo de Estudos Letramento Matemático me trouxe oportunidade de discutir a Matemática, mas, ao mesmo tempo, a dificuldade de acompanhá-lo, de forma presencial, me afastou.
Quando fui convidada para apresentar [no SHIAM] a prática realizada na escola, com minha colega Neidimar e nossas turmas, me descortinou um horizonte de oportunidades em que vivenciamos a Matemática sem perceber.
Levar nossa prática para o evento e ouvir colegas que atuam na Educação Infantil com suas práticas e leituras que unem a Matemática e os estudos das relações étnico-raciais ou de gênero me mostrou o quanto minha percepção da Matemática era limitada até então.
Saio do SHIAM com a cabeça e o coração cheios de projetos para serem propostos aos alunos e, até mesmo, aos colegas da escola; conseguimos idealizar uma formação entre uma oficina e outra, entre uma palestra e outra.
Que venham os próximos eventos, os próximos desafios e troca de conhecimentos rumo à desmistificação da dificuldade que a matemática é em nossas vidas (Mônica, Dados da pesquisa, 2023).
Já a “voz da Mônica” mostrou-nos como ela, inicialmente, antes de participar do grupo de estudos e do SHIAM, tinha uma visão limitada em relação à Matemática, comprovando o que Santos (2022) aponta em sua dissertação sobre a dificuldade das pessoas (e PEM da Educação Infantil) em percebê-la para além de fórmulas e algoritmos. Agora, já consegue perceber, inclusive, a presença de tal componente curricular nas discussões de gênero e relações étnico-raciais, tendo o desejo de participar de outros eventos que possam continuar contribuindo para a desmistificação existente em relação às dificuldades da Matemática. Esta mudança de postura demonstra que passou por algo que lhe tocou (Larrosa, 2019) e trouxe mais significado para sua prática.
A voz da Neidimar
Eu me chamo Neidimar e sou professora da Educação Infantil há aproximadamente 15 anos. Já participei de algumas formações, mas esta foi a minha primeira em seminário.
Fui para o SHIAM com algumas expectativas até mesmo negativas, pois tinha a ideia que o seminário era voltado para o Ensino Fundamental e Médio e, muitas vezes, a Educação Infantil não é levada a sério como uma das etapas da educação básica e, como profissional da Educação Infantil, por vezes, somos desqualificados como professores.
O meu primeiro contato com o SHIAM foi muito prazeroso; assistir à apresentação do grupo musical dando abertura me trouxe muita alegria e a cada palestrante que ouvia ia me sentido mais parte do grupo.
Os trabalhos apresentados foram me conectando aos colegas das outras etapas da educação e mostrando que a estrada para uma educação de qualidade é caminharmos juntos. Mesmo com especificidades de cada etapa de ensino, posso, com as vivências apresentadas nas oficinas e nos relatos, adaptá-los à realidade da minha turma.
Gostei tanto que tenho a intenção de participar de outros eventos como esse e quero agradecer por essa oportunidade, pois me surpreendeu com uma Matemática apaixonante que não nos “deixou dormir na hora da palestra”, mas nos fez refletir (Neidimar, Dados da pesquisa, 2023).
A “voz da Neidimar” apresentou, inicialmente, um receio em participar do evento, acreditando que abarcaria apenas discussões voltadas para o Ensino Fundamental e Médio. Este apontamento feito por ela vai ao encontro da dificuldade inicial de Santos (2022) em encontrar um quantitativo de trabalhos apresentados em anais de eventos, que se referem à Educação Infantil, para compor o corpus da pesquisa; isto significa que, de fato, não há uma participação significativa de pesquisadores e professores que se dedicam a investigar bem como divulgar suas práticas referentes a essa etapa da educação básica.
Entretanto, foi surpreendida positivamente, desde a apresentação cultural até os trabalhos discutidos, já que, mesmo os que não são destinados à Educação Infantil, podem ser adaptados; diz estar envolvida por uma Matemática apaixonante demonstrando que a “experiência vivida traz novas perspectivas profissionais, amplia o repertório de saberes” (Nacarato, 2008, p. 152). Por fim, também apresenta o desejo de participar de outros eventos.
Na imagem 1, é possível contemplar uma fotografia que tiramos no evento. Da esquerda para a direita, está Luana, Cristina, Keli, Regina, Carla, Romilda, Mônica e Neidimar.

Ao vislumbrar as narrativas, percebemos que tanto o processo como o resultado desta escrita trazem indícios de terem possibilitado uma experiência formadora (Josso, 2010). Cabe destacar que tão mais desafiador que contar histórias vivenciadas é recontá-las de forma que permitam o desenvolvimento e a mudança (Clandinin; Conelly, 2015) das propostas que são realizadas com as crianças.
Ademais, destacamos a importância de as narrativas não ficarem restritas à socialização dentro de grupos específicos, mas de compartilhá-las com os seus pares, por exemplo, em eventos da área da educação sendo que há “mais uma razão para valorizar as narrativas de professoras: preservação da identidade profissional; reconhecer e valorizar essas professoras como produtoras de saberes” (Nacarato, 2008, p. 146).
Como produtoras de saberes, percebemos como foi significativo para todas a participação nesse evento, possivelmente, por terem a oportunidade de trazer as suas vozes em forma de narrativas, além de se identificarem com os relatos trazidos por outros professores e por terem contato com investigações que perpassam tanto pela Educação Infantil como pelas outras etapas da educação básica, ou seja, como docentes, não estamos sozinhas.
No próximo tópico traremos algumas reflexões sobre as vozes dessas professoras.
O que ressoa: algumas reflexões…
Retomando o nosso objetivo, que é apresentar como foi a participação das professoras da Educação Infantil no IX SHIAM e como a referida participação trouxe subsídios para o desenvolvimento/construção de suas Identidades Profissionais (IP) por meio da escrita narrativa, percebemos que foi alcançado, já que, por meio de suas vozes, as professoras escreveram suas narrativas para a composição deste artigo e, à medida que as apresentamos, realizamos um diálogo explicitando o envolvimento delas no evento bem como os movimentos de desenvolvimento/construção da IP.
Ressoar significa ecoar novamente e é nesse mesmo sentido que viemos retomar as experiências que produziram eco na prática cotidiana e na identidade profissional das professoras da Educação Infantil a partir da sua participação no IX SHIAM. O ato de narrar, de contar suas próprias histórias como participantes e apresentadoras de trabalhos em um evento de Educação Matemática foi um momento de reelaborar seu próprio universo por meio da linguagem e transformar o vivido em experiências, sabendo que a experiência é o que traz sentido para a escrita.
Ao observar tais narrativas, percebemos que, para todas, foi um movimento positivo já que tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências e, também, conhecer outras, possivelmente contribuindo para o processo de sentirem-se parte de um grupo maior. Outro aspecto em comum é a dificuldade em lidar com o componente curricular da Matemática, mas, por meio dos encontros do grupo e da participação no evento, têm modificado a forma de percebê-la.
Também nos chamou a atenção o interesse em participar de outros eventos, inclusive, por meio da apresentação de relatos. As professoras escreveram em suas narrativas que já participaram de outros, entretanto, sabemos que foi a primeira vez de todas apresentando algo que desenvolveu no contexto de suas salas.
Percebemos que a participação nesse evento trouxe um protagonismo para essas professoras da Educação Infantil que desenvolvem habilidades matemáticas com suas crianças, tornando-as professoras-autoras, responsáveis pelo fazer de sua sala e comprometidas com a educação. Ao mesmo tempo, ao expor e compartilhar suas experiências com outros professores, puderam ver a si próprias, inspirarem-se e inspirarem os colegas e, ainda, comprometer-se consigo na construção de suas próprias identidades de profissionais que não estão sozinhas em seus afazeres docentes.
Assim, por meio desta escrita, percebemos contribuições no processo de desenvolvimento/construção da IP bem como uma experiência formadora no sentido de as professoras terem apresentado transformações em seu modo de perceber a Matemática na Educação Infantil. Além disso, é relevante repensarmos as formas de fazer pesquisa, tendo uma postura insubordinada criativamente dando voz às professoras que estão na sala lidando diretamente com as crianças e reconhecendo seus saberes da prática como conhecimentos científicos e constituintes de sua identidade profissional.
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Notas