Secciones
Referencias
Resumen
Servicios
Buscar
Fuente


A universidade como agente de desenvolvimento cultural, social e econômico (II)
The university as an agent of cultural, social, and economic development (II)
La universidad como agente de desarrollo cultural, social y económico (II)
Revista NUPEM (Online), vol. 13, núm. 28, pp. 6-8, 2021
Universidade Estadual do Paraná

Dossiê


Como ressaltamos no Editorial do fascículo anterior, número 27, o ano de 2020 ficará marcado na história pela pandemia da Covid-19, com mais de 70 milhões de infectados e mais de 1.5 milhão de óbitos no mundo, até a presente data. Uma onda de globalização por meio de um vírus. Um cenário que colocou em xeque muitas certezas e verdades, revelando que mazelas do passado imaginadas como superadas, ainda permanecem vivas. Estavam adormecidas, mas não mortas e foram despertadas, primeiro por uma onda conservadora, em termos ideológicos, e segundo por uma onda negacionista-obscurantista, que não nos atrevemos a definir. Nega-se conquistas do passado, nega-se a história, nega-se a ciência.

No bojo desse processo, um dos alvos é naturalmente a universidade, enquanto produtora de conhecimento que desafia certezas, tornado o inaceitável do passado universalmente aceito no presente, ao passo que, o que já foi tolerável, torna-se inadmissível. A ciência produzida nas universidades é motivada por movimentos de disrupção que revelam um mundo e uma realidade que nem sempre são aceitos pelo tempo presente.

Nesse contexto, torna-se oportuno e necessário refletir sobre o lugar, o papel e a organização da universidade na estrutura de produção de conhecimento na atualidade. É mister refletir sobre sua influência e contribuição nos processos de desenvolvimento, em sentido amplo, como formadora de pessoas e competências, produtora e difusora de conhecimento.

Esta edição da Revista NUPEM busca contribuir para esse debate, a partir dos textos publicados no Dossiê “A universidade como agente de desenvolvimento cultural, social e econômico”. Conta com artigos que abordam diferentes aspectos da contribuição das universidades em diversas frentes, com discussões sobre seus impactos, inclusão e transformação social.

Nesse sentido, Colus e Carneiro trazem debate sobre abordagens teóricas acerca do impacto social das universidades, uma das cobranças que recai sobre as Instituições de Ensino Superior (IES) na atualidade, fazendo com que haja também uma evolução dos modelos teóricos de análise. Os modelos contemplam a evolução do papel social da universidade. Segundo os autores, o artigo reflete sobre o papel da universidade na contemporaneidade, trazendo diferentes perspectivas que podem compor uma visão mais múltipla e completa sobre as nuances da universidade como agente de desenvolvimento social e econômico.

Yotamo e Mindoso analisam o processo de expansão do Ensino Superior (ES) em Moçambique quando houve financiamento estatal como política de Estado. Entretanto, descrevem os autores, o Estado foi paulatinamente se eximindo e consequentemente, as IES públicas se hibridizaram, tendo passado a atuar numa lógica público-privada, o que acabou se refletindo na manutenção de desigualdades regionais no acesso ao ES.

Na sequência, Reisdorfer discute como a categoria desenvolvimento é colocada como elemento estruturante das Universidades Federais brasileiras. A partir de análise dos Planos de Desenvolvimento Institucional, o autor sugere que essa categoria se tornou central, dando direcionamento para que as IES busquem responder às demandas de setores da sociedade, do estado e de suas comunidades internas.

A função da universidade contemporânea, também é discutida por Verdério, que explora o seu caráter excludente no Brasil, ao mesmo tempo evidencia a inserção dos setores populares, como trabalhadores do campo, que historicamente não fizeram parte da missão das universidades, assim como essas não faziam parte do seu imaginário social. Isso só ocorreu a partir do surgimento da interface Educação Superior e Educação do Campo, com suporte de políticas públicas.

A conexão da universidade com a sociedade também é tratada por Bittencourt, Assumpção e Corradi, que refletem sobre a contribuição da comunicação das universidades no contexto de pandemia do novo coronavírus, tendo como foco de discussão as publicações sobre a Covid-19 nas páginas oficiais do Instagram das quatro universidades federais do estado do Pará. A reflexão trazida é de que a comunicação promovida por essas universidades tem sido essencial no diálogo com a sociedade e no processo de resistência e de luta no combate à Covid-19.

Nascimento e Massi, a partir dos dados do Enade, abordam a origem social como fator de escolha de cursos de graduação. Identificam a inserção rápida no mercado e os cursos a distância como motivos nas classes menos favorecidas; a busca por cursos com baixa concorrência, mas valorizados socialmente, nas classes médias; e a escolha por influência familiar ou vocação nas classes altas. Os resultados confirmam a reprodução das desigualdades sociais pelo sistema universitário brasileiro.

Lima apresenta os primórdios da historiografia universitária brasileira entre as décadas de 1930 e 1950, tendo como objetos principais de análise os casos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Distrito Federal (UDF). O autor produz reflexão sobre o contexto de fundação dessas universidades, sua organização de inspiração francesa, o corpo docente formado por professores franceses e brasileiros, além das maneiras de se lecionar a história e de se preparar os alunos para a atividade de pesquisa.

Rodrigues e Melo analisam a experiência de uma ação de extensão, desenvolvida pela Universidade Federal de Alagoas, em uma escola localizada no sertão alagoano. Refletem sobre as trajetórias e os conceitos referentes ao campo do patrimônio cultural brasileiro e a importância de metodologias participativas na produção do conhecimento nas escolas. A análise aponta dois caminhos: a importância da extensão universitária em incentivar a pesquisa científica na Educação Básica e; o potencial do Inventário Nacional de Referências Culturais em fomentar uma formação crítica e cidadã nas escolas.

Tognato discute a perspectiva do letramento acadêmico como parte do processo de internacionalização no contexto do Ensino Superior, e um dos princípios do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade Estadual do Paraná. A autora identifica avanços na formação com perspectivas positivas no desenvolvimento profissional dos estudantes, assim como também para a ressignificação de práticas formativas que possam contribuir para uma maior articulação entre a formação e a internacionalização no contexto das IES.

Por fim, Santos, Silva e Sena, discutem a implantação do Programa de Fortalecimento Acadêmico na Universidade de Pernambuco. A ação buscou melhorar ensino de graduação, com incentivo à inovação pedagógica, à vivência de componentes curriculares e iniciação à docência através da monitoria. O resultado segundo os autores, foi a elevação do nível de qualidade das atividades desenvolvidas para o ensino nas diversas graduações oferecidas pela instituição.

Ao finalizar essa empreitada, agradeço especialmente ao Prof. Frank Mezzomo, Editor da Revista NUPEM, pelo convite para coordenar esse Dossiê, abrindo espaço para as discussões aqui publicadas. Agradecimento também pelo imenso trabalho de coordenação das revisões e editoração, necessárias.

Boa leitura e profícuas reflexões.



Buscar:
Ir a la Página
IR
Visor de artículos científicos generados a partir de XML-JATS por