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Abordagens teóricas sobre o engajamento das universidades com a sociedade: contextualização e desenvolvimento
Flávia Soares de Oliveira Colus; Ana Maria Carneiro
Flávia Soares de Oliveira Colus; Ana Maria Carneiro
Abordagens teóricas sobre o engajamento das universidades com a sociedade: contextualização e desenvolvimento
Theoretical approaches on universities’ engagement with society: contextualization and development
Enfoques teóricos sobre el compromiso de las universidades con la sociedad: contextualización y desarrollo
Revista NUPEM (Online), vol. 13, núm. 28, pp. 9-27, 2021
Universidade Estadual do Paraná
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Resumo: As universidades têm sido cada vez mais cobradas em ir além das missões de ensino e pesquisa e se engajar com a sociedade. Seguindo este movimento, nota-se uma evolução dos modelos teóricos. Cada modelo traz em si o contexto de sua criação, tanto em termos de localidade, quanto em temporalidade, pois os debates sobre o engajamento da universidade com a sociedade estão com constante evolução. Este artigo discute a evolu-ção do entendimento sobre o engaja-mento da universidade com a sociedade a partir de quatro modelos, tendo em conta seus contextos geográ-ficos e temporais. Os modelos analisa-dos são: Universidade Empreendedora (Clark, 1998; Etzkowitz, 1983), Universidade Cívica (Goddard et al., 2016), Universidade Responsável (Sørensen et al., 2019), e a New Flagship University (Douglass, 2016a). Notam-se aspectos comuns, como a importância do engajamento com a economia local/regional, mas percebe-se que cada modelo aborda o engajamento com a sociedade de uma maneira diferente.

Palavras-chave: Universidade Empre-endedora, Universidade Cívica, Univer-sidade Responsável, New Flagship University.

Abstract: Universities have been increasingly demanded to go beyond teaching and research missions and engage with society. Following this movement, there is an evolution of theoretical models. Each model brings with it the context of its creation, both in terms of locality and in terms of temporality, as the debates about the university's engagement with society are constantly evolving. This article discusses the evolution of the understanding of the university's engagement with society based on four models, taking into account their geographical and temporal contexts. The models analyzed are: Entrepreneurial University (Clark, 1998; Etzkowitz, 1983), Civic University (Goddard et al., 2016), Responsible University (Sørensen et al., 2019), and New Flagship University (Douglass, 2016a). Common aspects are noted, such as the importance of engagement with the local / regional economy, but the article shows that each model approaches universities’ engagement with society in a different way.

Keywords: Entrepreneurial University, Civic University, Responsible University, New Flagship University.

Resumen: Se ha exigido cada vez más a las universidades que vayan más allá de las misiones de docencia e investigación y se comprometan con la sociedad. Siguiendo este movimiento, hay una evolución de los modelos teóricos. Cada modelo trae consigo el contexto de su creación, tanto en términos de localidad como de temporalidad, ya que los debates sobre el compromiso de la universidad con la sociedad están en constante evolución. Este artículo analiza la evolución de la comprensión del compromiso de la universidad con la sociedad a partir de cuatro modelos, teniendo en cuenta sus contextos geográficos y temporales. Los modelos analizados son: Entrepreneurial University (Clark, 1998; Etzkowitz, 1983), Civic University (Goddard et al., 2016), Responsible University (Sørensen et al., 2019) y New Flagship University (Douglass, 2016a). Se señalan aspectos comunes, como la importancia de comprometerse con la economía local / regional, pero está claro que cada modelo aborda el compromiso con la sociedad de una manera diferente.

Palabras clave: Universidad Emprendedora, Universidad Cívica, Universidad Responsable, New Flagship University.

Carátula del artículo

Dossiê

Abordagens teóricas sobre o engajamento das universidades com a sociedade: contextualização e desenvolvimento

Theoretical approaches on universities’ engagement with society: contextualization and development

Enfoques teóricos sobre el compromiso de las universidades con la sociedad: contextualización y desarrollo

Flávia Soares de Oliveira Colus
Universidade Estadual de Campinas, Brasil
Tampere University, Finlândia
Ana Maria Carneiro
Universidade Estadual de Campinas, Brasil
Revista NUPEM (Online), vol. 13, núm. 28, pp. 9-27, 2021
Universidade Estadual do Paraná

Recepción: 20 Julio 2020

Aprobación: 26 Septiembre 2020

Introdução

Desde suas origens medievais até a metade do século XX, as funções principais da universidade envolviam principalmente a produção de conhecimento e a educação das elites, havendo uma desconexão com necessidades econômicas e sociais mais imediatas da sociedade (Harloe; Perry, 2004). Algumas das concepções mais tradicionais de universidade desconsideravam largamente o papel das universidades no desenvolvimento social e econômico de um país. Um exemplo é o que veio a ser conhecido como o modelo Humboldtiano de universidade, que emerge no século XIX e considera o ensino (formação de pessoas) e a pesquisa (produção de conhecimento) como as principais funções da universidade (Righetti, 2016), e aborda estas missões de maneira desconectada da solução dos problemas da sociedade.

Nos últimos 50 anos, surge uma crescente pressão que as universidades exerçam novos papéis que resultem em maior impacto local e regional, geração de inovação e promoção de desenvolvimento econômico e social (Harloe; Perry, 2004; Douglass, 2016a; Conceição; Heitor; Oliveira, 1998). O movimento de maiores cobranças de impacto econômico e social nas universidades se intensificou na segunda metade do século XX, principalmente nos anos 1970, quando se questionam os impactos da ciência como ela era produzida até então, e passa a haver uma demanda para que o conhecimento científico seja aplicado na resolução de problemas socialmente relevantes (Harloe; Perry, 2004).

Essa pressão para que a universidade assuma novos papéis está também conectada ao conceito de economia do conhecimento, que emergiu na mesma época e indicava que o conhecimento científico seria o principal gerador de desenvolvimento na sociedade (Bell, 1974). Segundo Harloe e Perry (2004, p. 213) “a nova concepção da função da universidade em relação ao Estado e ao mercado pode ser explicada principalmente no contexto do desenvolvimento da nova economia do conhecimento”1.

Esta nova visão da universidade requer uma relação mais próxima com a sociedade, promovendo impacto social direto, com transferência de tecnologias, difusão de conhecimento e projetos de extensão sendo que algumas visões são mais relacionadas aos aspectos econômicos e outras abrangem também aspectos sociais e culturais (Gimenez, 2017). Porém, não há uma só concepção sobre como deve ocorrer este engajamento da universidade com a sociedade. Na literatura sobre Ensino Superior, estas novas demandas impulsionaram o surgimento de diversos modelos teóricos sobre o que seria ou deveria ser a universidade atualmente, e como ela poderia dar conta desta emergente dimensão de impacto social. Cada modelo que emerge traz em si o contexto de sua época, não sendo possível encontrar um modelo universal ou permanente sobre o engajamento da universidade com a sociedade.

Portanto, sem buscar um modelo único, este artigo apresenta a evolução do papel social da universidade em diferentes modelos, tendo em conta seus contextos geográficos e temporais. Este artigo busca discutir a evolução destas abordagens ao trazer quatro modelos teóricos, destacando como cada um deles compreende a missão social da universidade e como foram agregando dimensões relevantes. São eles: Universidade Empreendedora (Clark, 1998; Etzkowitz, 1983; Etzkowitz, 2016), a Universidade Cívica (Boyer, 1996; Goddard et al., 2016), a Universidade Responsável (Sørensen et al., 2019), e a New Flagship University (Douglass, 2016a). Ao trazer quatro diferentes modelos teóricos e suas abordagens sobre impacto social, é possível construir uma visão mais múltipla e completa sobre como diferentes autores, em diferentes momentos e contextos abordam o engajamento da universidade com a sociedade.

A Universidade Empreendedora talvez seja o modelo mais discutido e que influenciou fortemente a pesquisa e a prática nas Instituições de Ensino Superior, podendo ser considerado um dos modelos mais relevantes desenvolvido nos estudos do Ensino Superior. O modelo é atribuído principalmente a dois autores norte-americanos, nascidos e formados nos Estados Unidos. O modelo é o mais antigo dentre os quatro analisados aqui, tendo surgido nas décadas de 1980 e 1990. É um modelo pioneiro na discussão sobre a universidade como agente de desenvolvimento econômico, e sobre como a universidade pode usar de relações com a sociedade para aumentar sua relevância, financiamento e garantir sua sobrevivência. É um modelo que serve como base para a compreensão da relação da universidade com a sociedade. Além disso, trata-se de um modelo que tem sido repensado e complementado constantemente, pois sua concepção original deixa lacunas sobre o papel de universidade no desenvolvimento social.

A Universidade Cívica pode ser considerada o segundo modelo mais consolidado dentre os abordados neste artigo. Os termos ‘Universidade Cívica’ ou ‘engajamento cívico da universidade’ são bastante frequentes na literatura, principalmente em inglês, e são utilizados para descrever o papel das universidades desde o século XIX. O modelo se baseia largamente no contexto do Reino Unido, onde surgem as primeiras universidades referidas como Universidades Cívicas ainda no século XIX. Porém, o conceito foi por muito tempo tratado de maneira difusa, sem uma obra que coletasse os princípios desta concepção de universidade e transformasse em um modelo mais estruturado. O livro de Goddard et al. (2016) se aproxima de cumprir este papel. Desta forma, a organização da ideia da Universidade Cívica como um modelo é, portanto, recente, e acontece com autores baseados ainda no Reino Unido e na Irlanda, seguindo, em certo nível, o próprio surgimento da Universidade Cívica dois séculos atrás. John Goddard e Louise Kempton, que são autores do livro em questão, também participam de um livro publicado no Brasil sobre o papel das universidades no desenvolvimento regional. Ainda assim, no Brasil o modelo é pouco conhecido. Uma busca pelo termo “Universidade Cívica” no Google Acadêmico gera apenas 13 resultados em português.

A Universidade Responsável (Sørensen et al., 2019), diferentemente dos dois outros modelos, surge apenas mais recentemente, e ainda é pouco conhecido, mesmo na literatura em inglês. Enquanto o termo “universidade socialmente responsável” aparece frequentemente na literatura em inglês, o conceito de Universidade Responsável incluído neste artigo não se restringe ao impacto social da universidade. O modelo foi sistematizado em 2019 e é principalmente inspirado pelo contexto dos países nórdicos, com autores vinculados a instituições na Dinamarca, Finlândia, Suécia e Noruega. O modelo reúne os desenvolvimentos recentes das universidades nórdicas adaptando o conceito de responsabilidade das empresas (empresarial) para o contexto das universidades. O conceito está intimamente ligado à responsabilidade da universidade em contribuir com a sociedade que a financia, complementando os demais modelos escolhidos.

Por fim, o modelo da New Flagship University também é mais recente, tendo sido detalhado na obra de John Aubrey Douglass, de 2016. Ele surge nos Estados Unidos, onde as universidades têm uma tradição de serem mais diretamente responsivas e conectadas à sociedade (Harloe; Perry, 2004). A New Flagship University traz uma atualização e reinterpretação das universidades líderes nos Estados Unidos, chamadas de Flagship Universities, e assim, o modelo discute quais os papéis de uma universidade líder atualmente, o que envolve um grande engajamento com a sociedade. O modelo traz, em relação aos outros, uma abordagem mais holística e sistemática da universidade e refere-se a um tipo particular de instituição, a universidade de pesquisa. O modelo traz elementos de todos os outros modelos apresentados neste artigo, com a importância da gestão interna e transferência de tecnologia da Universidade Empreendedora, a conexão regional da Universidade Cívica e a prestação de contas da Universidade Responsável. O diferencial do modelo é a riqueza de detalhes, constituindo um modelo teórico mais bem definido em relação às atividades práticas da universidade.

O artigo evidencia a contribuição das universidades para o desenvolvimento econômico social e cultural, englobados aqui na ideia de impacto social através da revisão de modelos teóricos em geral pouco debatidos na literatura brasileira. Com a exceção do modelo da Universidade Empreendedora, que é bem utilizado na literatura brasileira, os demais modelos tratados no artigo se apresentam quase exclusivamente na literatura em inglês2. O artigo traz mais quatro seções para discutir como os modelos teóricos selecionados podem ajudar a entender o engajamento social das universidades, ressaltando os aspectos comuns e dimensões singulares. Por fim, o artigo apresenta uma discussão sobre como os modelos apresentados e a própria noção de engajamento social, de maneira mais ampla, podem ser compreendidos em diferentes contextos locais e temporais.

Abordagens teóricas sobre o impacto social

Nesta seção são apresentados os quatro modelos em questão, com foco em como cada modelo aborda o aspecto social da universidade. Durante a apresentação de cada modelo, são feitas referências a pontos em comum ou divergências com os demais modelos trazidos neste artigo.

A Universidade Empreendedora

A Universidade Empreendedora é, certamente, o modelo mais conhecido dentre os quatro discutidos aqui, quando se pensa sobre a relação da universidade com a sociedade. A literatura sobre a Universidade Empreendedora é a mais antiga dentre os modelos analisados aqui, sendo que as primeiras conceitualizações do modelo acontecem nas décadas de 1980 e 1990. O modelo é amplamente debatido em todo o mundo, tendo se tornado um dos principais marcos teóricos do campo do Ensino Superior. Neste artigo, a análise da Universidade Empreendedora é focada em como o modelo aborda o engajamento com a sociedade, evidenciando depois como este modelo mais ‘clássico’ se compara aos demais modelos mais recentes.

O modelo é frequentemente referenciado à Henry Etzkowitz (1983) e Burton Clark (1998), ambos pesquisadores norte-americanos. Os dois autores trazem abordagens diferentes3 sobre o que seria a Universidade Empreendedora, mas com alguns pontos em comum: adaptabilidade, competitividade (Doh, 2012) e relações com o ambiente externo, principalmente focadas no desenvolvimento econômico. É interessante ressaltar que a emergência do modelo no final do século XX por autores norte-americanos vai influenciar suas proposições e concepções sobre a universidade e seu papel perante à sociedade, principalmente no caso de Etzkowitz. O sistema de Ensino Superior nos Estados Unidos é considerado como sendo guiado por princípios do mercado, mais do que do Estado ou mesmo da sociedade civil, com procedimentos ligados à competitividade e eficiência (Ribeiro, 2016).

Dada esta introdução geral, cabe apresentar o modelo como concebido por Etzkowitz e por Clark separadamente, para evidenciar melhor o foco de cada uma destas abordagens. O conceito em Etzkowitz (1983) surge no contexto norte-americano, em um cenário de expansão do acesso à universidade, e, ao mesmo tempo, redução ou estagnação do financiamento estatal. Segundo o autor, esta estagnação teria sido um dos motivadores para que as universidades adotassem comportamentos empreendedores, que envolvem uma busca mais ativa de interação com empresas, o que resultaria na geração de renda por meio de patentes e contratos de pesquisa com empresas (Etzkowitz, 1983). Apesar deste fator ser destacado no texto original de 1983, é importante ressaltar que a ligação entre atividades de comercialização de pesquisa e o financiamento de universidades não é sempre forte, e em muitos casos essas atividades têm impacto muito pequeno na arrecadação total das instituições.

Para o autor, a Universidade Empreendedora seria fruto de uma segunda revolução acadêmica, que “transformou a universidade em um mecanismo de ensino, pesquisa e desenvolvimento econômico” (Etzkowitz, 2003, p. 110), em referência a primeira revolução acadêmica que teria adicionado pesquisa científica à tradicional missão de ensino da universidade (Etzkowitz, 2003). Desta forma, a conexão da universidade com a sociedade passa a ser valorizada por uma perspectiva de desenvolvimento econômico, “gerando novos conhecimentos, estimulando empregabilidade e crescimento de produtividade” (Etzkowitz et al., 2008, p. 682).

Etzkowitz coloca a Universidade Empreendedora no desenvolvimento econômico com um papel direto na transferência de tecnologia e na transformação de resultados de pesquisa para aplicação prática ou disseminação teórica (Etzkowitz, 2016). O principal foco do modelo envolve relações com empresas e comercialização da pesquisa (Goddard et al., 2016). O autor pensa na universidade dentro da sua relação com a indústria e com o governo, a partir do que ele chama de “Hélice tripla”.

Algum tempo depois, Burton Clark (1998), um sociólogo norte-americano que foi um dos pioneiros e mais influentes pesquisadores no campo Ensino Superior, lançou o livro “Criando Universidades Empreendedoras”. Este conceito de Universidade Empreendedora está relacionado à capacidade adaptativa das universidades, entendido como a característica da instituição que inova e muda suas características organizacionais para ir além de um modelo tradicional de universidade, de modo a se adaptar ao ambiente presente e se preparar para o futuro (Clark, 1998). Ele surge em um contexto de grandes incertezas e alta complexidade que exige um novo posicionamento das universidades (Clark, 2001). Segundo Lyytinen e Holtta (2011, p. 470), “a suposição básica desse trabalho é a de que o empreendedorismo surge como resposta a situações nas quais há um crescente desequilíbrio entre as demandas do meio e a capacidade de resposta das instituições”. Este desequilíbrio seria fruto de uma crescente “insuficiência institucional” (Clark, 2001, p. 10). O trabalho de Clark traz, em grande parte os princípios de gestão empresariais ao contexto universitário, lembrando as características do sistema de Educação Superior norte americano mencionadas por Ribeiro (2016).

Para entender o processo de adaptabilidade das universidades Clark apresenta uma análise comparada com cinco estudos de caso de universidades europeias4 em transformação. O modelo, portanto, parte de um pesquisador norte americano, mas traz como estudos de caso universidades europeias, que têm o funcionamento tradicionalmente distinto da trajetória das universidades dos Estados Unidos. O intuito do autor vem justamente da observação de que diversas universidades europeias vinham tentando quebrar os moldes tradicionais e adotar comportamentos inovadores e transformadores, que as tornem mais adaptativas e flexíveis (Clark, 1998). A intenção do autor é justamente observar os processos de transformação nas cinco universidades escolhidas. A partir destes casos, o autor identifica cinco elementos pelos quais universidades se transformam através da ação empreendedora: “núcleo fortalecido; periferia expandida; financiamento diversificado; estímulo ao núcleo acadêmico e uma cultura empreendedora integrada” (Clark, 1998, p. 5).

O núcleo fortalecido seria uma maneira de garantir que a adaptabilidade ocorresse de maneira “mais rápida, mais flexível, e especialmente mais focada em reagir às demandas crescentes e sempre em mudança” (Clark, 1998, p. 5). O autor destaca a necessidade deste núcleo incluir não só gestores, mas também acadêmicos (Clark, 1998).

A periferia expandida se refere à criação de novas unidades organizacionais dentro da universidade que transcenderam as barreiras dos tradicionais departamentos acadêmicos baseados em disciplinas para envolver centros baseados em problemas e que façam uma conexão entre os departamentos e a sociedade (Clark, 1998). Estes centros seriam uma mudança de infraestrutura para acompanhar a crescente troca entre a universidade e o mundo externo (Clark, 1998).

Uma base de financiamento diversificada é o terceiro fator proposto por Clark, que reconhece que o financiamento do governo para o Ensino Superior já estava sendo reduzido nos anos 1990, tendência que se manteve nas próximas décadas. Com uma base de financiamento diversificada, as universidades aumentariam sua adaptabilidade, pois estariam menos dependentes de financiamentos públicos que, em geral, são mais demorados de se obter e têm certas restrições de uso (Clark, 1998). Enquanto Etzkowitz foca principalmente na comercialização de pesquisas e transferência de tecnologias pela universidade, Clark abrange outras formas de diversificação como filantropia e cobrança de mensalidades.

Sobre o núcleo acadêmico da universidade, Clark relembra que este ainda é o núcleo central da universidade, sendo crucial para determinar se as transformações e processos de adaptabilidade da universidade serão bem-sucedidos (Clark, 1998). Nesse sentido, é preciso que as unidades acadêmicas, entendidas como escolas e departamentos também se tornem empreendedoras, e que os valores de mudança da universidade sejam adotados neste nível da organização (Clark, 1998).

Finalmente, o quinto aspecto da Universidade Empreendedora de Clark é a cultura empreendedora, pensada a partir do conceito de cultura organizacional, frequentemente usado em estudos de gestão e administração. Este último elemento seria uma consequência do desenvolvimento dos outros elementos, e ao mesmo tempo seria um pré-requisito para que a Universidade Empreendedora se consolidasse (Clark, 1998). Para Clark, os valores da universidade devem estar conectados à cultura empreendedora.

Assim, percebe-se que a visão da Universidade Empreendedora de Clark se mostra mais focada em aspectos organizacionais e de gestão que permitiriam que a universidade se tornasse empreendedora, ou seja, adaptável e responsiva às necessidades da sociedade sempre em mudança. Etzkowitz, por outro lado, entende a ação empreendedora na universidade como sendo a busca por uma conexão maior com a sociedade externa à universidade através do impacto direto no desenvolvimento econômico.

Como visto, as duas visões sobre a Universidade Empreendedora não entram em detalhes sobre as contribuições da universidade no desenvolvimento social ou cultural. Enquanto os dois autores abordam o papel da universidade no desenvolvimento econômico, falta uma abordagem mais crítica sobre se este desenvolvimento econômico será inclusivo, ou gerador de desigualdades, se será sustentável ou não. Além desta visão restrita ao impacto econômico, a Universidade Empreendedora, no geral, tem seu foco principal na reforma da própria universidade, em sentidos administrativos, organizacionais e financeiros, sendo a relação com o desenvolvimento econômico um dos mecanismos desta transformação. Os próximos modelos incluem outras dimensões do impacto social das universidades, para além do desenvolvimento econômico.

A Universidade Cívica

A ideia da Universidade Cívica é, depois da Universidade Empreendedora, o mais difundido dentre os modelos teóricos apresentados neste artigo. Diversos autores utilizam o termo, e alguns afirmam que o conceito teria emergido com as universidades Land-Grant nos Estados Unidos e as Red Bricks no Reino Unido no século XIX (Goddard; Vallance, 2012; Boyer, 1996). Os teóricos que abordam e nomeiam a Universidade Cívica mais recentemente buscam, no geral, resgatar os princípios destas universidades, e atualizá-los para o contexto atual de economia globalizada (Goddard; Hazelkorn; Vallance, 2013). Há uma percepção geral na literatura que o ideal da Universidade Cívica está sendo redescoberto desde o final do século XX, após um relativo declínio desta ideia desde seu advento nas universidades Red Bricks e Land Grant (Vallance, 2016). O modelo teria, portanto, surgido no século XIX, mas declinado ao entrar no século XX e estaria agora entrando em um período de redescoberta e sistematização (Vallance, 2016).

Em sua origem, portanto, a Universidade Cívica está conectada às universidades Red Bricks e Land Grant, no Reino Unido e nos Estados Unidos, respectivamente. As chamadas universidades Land Grant foram frutos de uma legislação aprovada nos Estados Unidos no ano de 1862, chamada Agricultural College Land Grant Act. A legislação estabeleceu a doação de terras do governo federal para os estados, que deveriam usar estas terras para gerar renda para a criação de universidades. As universidades criadas a partir deste programa deveriam ter projetos e pesquisas especificamente voltadas para apoiar as economias locais. Por sua vez, as Red Bricks são universidades que emergiram no Reino Unido no século XIX em cidades em plena expansão e transformação industrial. Estas universidades tinham o propósito de atender as necessidades destes centros emergentes e forneciam, principalmente, formação voltada para o trabalho nas indústrias emergentes nestas cidades (Douglass, 2016b). O modelo é, portanto, ligado à universidades com forte vocação regional, que não são mais antigas em seus contextos, mas emergem já no século XIX. Não remete a universidade como Oxford no Reino Unido ou Harvard nos Estados Unidos.

Cabe entender o que o termo ‘cívica’ significa neste contexto. No Brasil o termo parece ter sido contaminado pela ideia de ‘educação moral e cívica’ uma disciplina no currículo escolar brasileiro que adquire traços doutrinadores no período da ditadura civil-militar, remetendo a patriotismo. Para a Universidade Cívica, o termo não poderia ter um significado mais diferente, sendo principalmente relacionado à cidades e cidadãos, e como as universidades respondem às necessidades destes grupos (Vallance, 2016). Os principais pontos da ideia da Universidade Cívica, desde os exemplos nos EUA e no Reino Unido, são a inserção no ambiente local, que é diferente de uma concepção de impacto social mais ampla, indireta, ou voltada para a solução de problemas globais, e do desenvolvimento do aluno como cidadão, um conceito que aparecia mais forte nas origens dos Estados Unidos (Vallance, 2016).

A redescoberta do potencial da Universidade Cívica aparece na literatura desde Boyer (1996), em um artigo intitulado “The scholarship of engagement”, que trata do estado do Ensino Superior norte-americano no final do século XX. O autor afirma que haveria uma crise na relação das universidades com a sociedade, com um hiato que aparece após décadas de grandes projetos envolvendo as instituições de Ensino Superior, como a corrida espacial, e sugere a recuperação do papel social das universidades como solução para esta crise (Boyer,1996). A proposta do autor visava facilitar a comunicação entre o meio acadêmico e o meio cívico, sendo que esta interação iria propiciar soluções criativas e bem informadas para o desenvolvimento da nação (Boyer, 1996). Esse movimento identificado por Boyer no Estados Unidos também aparece no livro de John Goddard, Ellen Hazelkorn, Louise Kempton e Paul Vallance chamado “The Civic University: The Policy and Leadership Challenges” (2016), que traz uma perspectiva europeia sobre o tema. Os autores identificam que as métricas atuais de desempenho das universidades, como rankings universitários, não têm favorecido um engajamento da universidade com a sociedade, enquanto ao mesmo tempo os países têm buscado cada vez mais nas universidades uma solução para problemas de desenvolvimento econômico e social (Goddard et al., 2016). Esta contradição e estas novas pressões impulsionam o ressurgimento da Universidade Cívica.

O livro de Goddard et al. (2016) constitui um esforço teórico-normativo do conceito da Universidade Cívica. A partir de uma pesquisa ativa conjunta entre oito universidades europeias5, a obra reflete sobre o engajamento de acordo com o modelo da Universidade Cívica. O propósito do livro seria entender quais benefícios as universidades trazem para a sociedade, ou seja, responder à pergunta como as universidades servem à sociedade. Neste sentido:

Começamos a responder à pergunta quando a criação e disseminação de conhecimento se tornam responsivas às necessidades da sociedade. Quando essa responsividade se torna uma ambição em si mesma, e uma força motriz do trabalho acadêmico, temos a ideia de uma Universidade Cívica. Então, essencialmente, a universidade cívica é aquela que consegue articular, de maneira clara e precisa, a excelência acadêmica para responder às necessidades e demandas da sociedade (Goddard et al., 2016, p. 10).

A partir desta definição mais geral, os autores desenvolvem ao longo do livro algumas características mais específicas da Universidade Cívica, através da análise dos oito estudos de caso. Para viabilizar a realização deste exercício, os autores do livro operacionalizam o conceito da Universidade Cívica em torno de sete dimensões: (1) um senso de propósito, (2) engajamento ativo com a sociedade, (3) abordagem holística ao engajamento, (4) forte senso de localidade, (5) disponibilidade de investir nos objetivos, (6) transparência e prestação de contas para com o público e stakeholders e (7) o uso de metodologias inovadoras para seu engajamento com a sociedade (Goddard et al., 2016).

Cabe explicar um pouco mais cada uma destas esferas. A dimensão de senso de propósito (1) implica uma forte definição das missões da universidade para com a sociedade, e um sentimento de compartilhamento e aderência a esta missão pela comunidade da universidade. Sobre o engajamento ativo com a sociedade (2), emerge o caráter central das atividades da universidade, incorporadas nas missões de ensino e pesquisa. A abordagem holística ao engajamento (3) reforça o ponto anterior, colocando que atividades de engajamento não devem ser pontuais, mas presentes em toda a instituição e suas diversas atividades. As ações da Universidade Cívica também são firmadas em um forte senso de localidade (4), sendo que além de promover um impacto mais generalizado na sociedade, ela se atenta às necessidades da região em que se insere, e pensa nos impactos mais diretos de seu campus e das suas atividades. Para o impacto social se concretizar na Universidade Cívica, é preciso que ela esteja disposta a investir em objetivos para além dos acadêmicos (5), financiando as atividades de impacto social. Outra característica de gestão da Universidade Cívica é a transparência e prestação de contas para com o público e stakeholders (6), com um destaque para que os resultados de suas ações se façam conhecidos pela sociedade (Goddard et al., 2016).

Em suma, o modelo busca enfatizar a importância do engajamento com a comunidade local, e “resgata a imprescindibilidade de as universidades estarem firmemente conectadas às pessoas e às regiões nas quais estão inseridas” (Serra; Rolim; Bastos, 2018, p. 40). No conceito de Universidade Cívica (Goddard et al., 2016), a fronteira da universidade com a sociedade é flexível e permite alta responsividade e colaboração. Além disso, na Universidade Cívica a terceira missão deve ser conectada às atividades de ensino e pesquisa, integrada à todas as atividades da universidade, sendo que o impacto social é uma força motriz neste modelo de universidade.

A Universidade Responsável

O conceito de responsabilidade aparece em diversos contextos, e quando se pensa em responsabilidade institucional, em geral o conceito remete à responsabilidade social no âmbito corporativo. O livro “The Responsible University: Exploring the Nordic Context and Beyond” (2019), editado por Mads Sørensen, Lars Geschwind, Jouni Kekäle e Rômulo Pinheiro, adota um conceito de responsabilidade é aplicado ao Ensino Superior, e inclui “responsabilidade com o meio ambiente, responsabilidade social, responsabilidade financeira e questões de qualidade e sustentabilidade” (Sørensen et al., 2019, p. 4).

O livro traz o modelo teórico mais recente analisado neste artigo, tendo sido publicado apenas em 2019. Ele trabalha principalmente com o contexto dos países nórdicos, que possuem alto nível de investimento público no Ensino Superior e uma alta taxa de participação da população neste nível de ensino. Nestes países as universidades são financiadas pelo governo e não cobram mensalidade dos cidadãos locais6, mas mesmo assim não passaram imunes às recentes tendências de redução do financiamento público e aumento de demanda por eficácia que seguem à linha do New Public Management (NPM) (Sørensen et al., 2019). Este contexto serve como base para o modelo, que propõe uma relação de responsabilidade e confiança entre a universidade e a sociedade em que ela se insere e que a financia, por meio de contratos de gestão. Ele é uma resposta à estas reformas de financiamento, ao mesmo tempo que uma busca por resgatar e ampliar o papel social das universidades nórdicas. Esta é uma visão de engajamento com a sociedade e que é especialmente conectada às sociedades nórdicas e seus contextos, mas que ainda pode gerar lições e aprendizados para além delas.

Os autores citam três grandes motivações por trás de um desejo das universidades em se mostrarem mais responsáveis: (1) há um movimento global por questões de sustentabilidade e pela resolução dos chamados ‘grand challenges’, que são em parte representados pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo que a ciência é vista como um ator importante na resolução destes problemas; (2) o próprio conceito de responsabilidade está recebendo grande atenção recentemente, desde a ideia de responsabilidade corporativa, acabando por se refletir também no Ensino Superior; e (3) a existência de uma maior pressão externa sobre as universidades que demanda prestação de contas e impacto social direto (Sørensen et al., 2019).

O livro aborda diversos aspectos da Universidade Responsável, para além da responsabilidade social e cabe destacar algumas das discussões. A primeira refere-se aos cursos online de massa (conhecidos como MOOCs) e seu papel positivo na expansão do acesso ao Ensino Superior, com a possibilidade de expandir o fornecimento de ensino de qualidade e gratuito dos países nórdicos para pessoas de todo o mundo (Barman; Mcgrath; Stöhr, 2019). Apesar do potencial na ampliação do acesso ao Ensino Superior, os autores trazem o perigo iminente de que os MOOCs deixem de ser tão acessíveis, focando-se em treinamentos técnicos comerciais e, assim, prejudicando o potencial destes cursos em promover responsabilidade nas universidades. Desta forma, os autores chamam a atenção para uma atuação mais estratégica das universidades nórdicas, para que os MOOCs tenham o caráter de responsabilidade social e acesso aberto e não sejam apenas ferramentas comerciais das universidades nórdicas. Se abordados com o viés da responsabilidade, os MOOCs podem promover um impacto da universidade para além de seu país e região, e podem também fornecer oportunidades a estudantes não tradicionais (Barman; Mcgrath; Stöhr, 2019).

O segundo aspecto abordado são as relações de co-criação de conhecimento com empresas como uma possível maneira de aumentar o impacto social das universidades, em diálogo direto com o modelo da Universidade Empreendedora apresentado anteriormente (Pulkkinen; Hautamäki, 2019). Os autores criticam a forma como a relação da universidade com a sociedade e com empresas é interpretada de maneira restrita à impactos de mercado, diminuindo a importância da produção científica de longo prazo. A co-criação de conhecimento e projetos entre universidades e empresas é pensada, então, como uma relação interativa, e não linear, buscando solucionar problemas compartilhados. Desta forma, entende-se que a co-criação deve ir além da relação com empresas, ou da terceira missão das universidades, mas se tornar transversal em todas as atividades da universidade, como uma ferramenta da Universidade Responsável (Pulkkinen; Hautamäki, 2019).

O terceiro aspecto abordado é a contribuição da chamada terceira missão (Karlsen; Larrea, 2019). Segundo os autores, existem geralmente duas visões sobre a terceira missão das universidades, uma que a considera como uma adição às duas missões tradicionais da universidade, e outra que a considera de maneira integrada a todas as atividades da universidade. Os autores consideram que o conceito de responsabilidade deve se estender à pesquisa e ao ensino, e um exemplo disso seria o desenvolvimento de pesquisa engajada, ou action research. Esta concepção da dimensão social traz um desafio para os administradores de universidades, que devem “fazer com que o ensino e a pesquisa sejam mais sensíveis às necessidades da região” (Karlsen; Larrea, 2019, p. 191). Esta visão integrada é comum ao modelo da Universidade Cívica apresentado anteriormente (Goddard et al., 2016).

Os desafios desta articulação com professores e pesquisadores não podem ser subestimados, por isso o comportamento individual deve ser valorizado, pois frequentemente é preterido em relação ao planejamento institucional. A Universidade Responsável deve considerar tanto iniciativas individuais quanto descrições normativas para guiar comportamentos, sendo que os indivíduos que participem de qualquer uma das três missões da universidade devem incorporar em suas atividades diárias a preocupação com o desenvolvimento regional (Karlsen; Larrea, 2019). A ação responsável deve, portanto, estender-se para além de normativas institucionais e vigorar no dia a dia de todos dentro da universidade.

Para garantir a integração das missões, é preciso ter em conta que as universidades não são homogêneas entre si e nem em si mesmas, podendo ser caracterizadas como fracamente acopladas. As universidades nem sempre são fortemente conectadas internamente, o que pode significar que estratégias colocadas em planejamentos institucionais não sejam implementadas como imaginado (Sørensen et al., 2019). É importante que as universidades considerem esta característica em seu planejamento, entendendo que em cada unidade podem se “desenvolver um conjunto de normas e valores informais para engajamento com atores regionais” (Karlsen; Larrea, 2019, p. 180).

Pode-se entender, portanto, que o livro da Universidade Responsável não busca a descrição fechada de um modelo teórico, mas a discussão de um conceito sob diversos pontos de vista. Os vários capítulos e autores do livro trazem estudos de casos e análises teóricas que se complementam, e constroem uma visão de responsabilidade nas universidades que não se restringe à responsabilidade social, mas que não existe sem ela. O papel social da universidade é evidenciado neste modelo, e alguns dos aprendizados importantes que emergem são: (1) o caráter público da universidade e do conhecimento nela produzido, que tem um dever (ou uma responsabilidade) com este contexto em que se insere e do qual se alimenta; (2) o potencial transformador de diversas tecnologias educacionais, e a necessidade de que elas sejam propositalmente planejadas e gerenciadas para aumentar a responsabilidade das universidades, e (3) a importância de se entender as características especiais das universidades como organização para que se possa planejar, realizar e mensurar seu caráter social. Além disso, a discussão direta com outro modelo teórico abordado neste artigo (a Universidade Empreendedora) antecipa uma das discussões finais aqui presentes, sobre a interação e evolução dos modelos, que não se encontram fixos no tempo ou no espaço, e que estão em constante construção e sendo repensados de diferentes perspectivas.

A New Flagship University

O modelo da New Flagship University é proposto por John Aubrey Douglass, professor na University of California, Berkeley. O modelo surge no contexto norte-americano, derivado da ideia tradicional da Flagship University americana, usada para denominar universidades líderes no país, intensivas em pesquisa e que, seguindo a tradição americana de Ensino Superior, tinham também um forte papel em contribuir para o desenvolvimento regional e nacional. Estas universidades americanas são produto em grande parte da legislação que criou as universidades Land Grant, que também inspiraram o surgimento da Universidade Cívica. Muitas destas universidades se tornaram as Flagship Universities, líderes nacionais.

A nova (New) Flagship University surge em uma mudança de contexto para atender às crescentes demandas por atuação das universidades na “mobilidade socioeconômica, produção de líderes cívicos e econômicos, produção de conhecimento e promoção de inovação” (Douglass, 2016a, p. 39). Ele surge como crítica à excessiva valorização dos rankings internacionais como forma de mostrar o valor das universidades. No entender do autor, os rankings não são boas ferramentas para indicar como a universidade pode melhor servir a sociedade, representando, portanto, de maneira muito restrita o que seria uma universidade líder (Douglass, 2016a). Nesse contexto, “a maioria dos líderes acadêmicos e suas comunidades acadêmicas têm tido dificuldade em conceitualizar e articular seus propósitos e seus múltiplos compromissos com a sociedade” (Douglass, 2016b, p. 5).

O modelo apresenta uma contribuição importante para o debate do papel social das universidades, pois ele não apenas trata da discussão teórica sobre as diversas dimensões que a universidade moderna precisa integrar, mas também traz esta discussão para um nível mais prático, apresentando ações concretas de diversas universidades ao redor do mundo como modelo de boas práticas.

O modelo de Douglass descreve um perfil de universidade que seria líder em seu sistema de ensino, engajada com a economia local, com amplas oportunidades de acesso e intensa dedicação à pesquisa (Douglass, 2016a). Com a intenção de incluir as diversas atividades da universidade, o autor divide o modelo em quatro dimensões, que correspondem às “responsabilidades externas da instituição e operações internas” (Douglass, 2016a, p. 42), e tenta entender como cada esfera se relaciona com o contexto externo à universidade. Essas dimensões são: (1) A universidade no sistema nacional de Educação Superior; (2) Missões de ensino e pesquisa; (3) Serviço público e engajamento econômico e (4) Gestão e prestação de contas. A terceira dimensão é aquela que trata mais diretamente do papel social da universidade, entretanto, pode-se perceber que a ideia de uma universidade mais engajada com a sociedade aparece de maneira transversal no perfil da New Flagship University.

A primeira dimensão trata do papel da New Flagship University em relação às demais instituições de Ensino Superior existentes e às características e necessidades do país em que ela se insere. A existência deste tipo de instituição demanda um sistema de Ensino Superior diversificado, pois não é possível que todas as instituições sejam New Flagship Universities. Outro ponto importante desta dimensão é a importância de processos seletivos de qualidade, que selecionem estudantes qualificados, mas que também sejam sensíveis o suficiente para atrair alunos com talentos diversos, e que venham de regiões geográficas e contextos socioeconômicos variados.

As missões de ensino e pesquisa são abordadas na segunda dimensão que trata das práticas pedagógicas engajadas e aborda a importância de se formar estudantes inovadores, com sensibilidade cultural e que sejam cidadãos ativos e críticos. O autor também aborda nesta dimensão a importância de um currículo alinhado com as necessidades do mercado de trabalho regional. São valorizadas atividades extracurriculares que devem ser reconhecidas na formação do estudante. No âmbito da pesquisa, também se valoriza a pesquisa engajada, que deve buscar atender problemas socialmente relevantes. É importante ressaltar que a New Flagship University é, em sua essência, uma universidade intensiva em pesquisa, além de engajada (Douglass, 2016a).

A terceira dimensão, sobre serviço público e engajamento econômico, contém a maior parte das colocações do modelo sobre impacto social e, portanto, merece uma descrição mais aprofundada das suas quatro subdimensões: (I) Ensino engajado e serviço público; (II) Engajamento econômico regional/Transferência de tecnologia; (III) Educação continuada e (IV) Relação com escolas do ensino básico.

A primeira subdimensão abrange iniciativas de voluntariado e o chamado aprendizado em serviço (service learning). Embora todas as grandes universidades desenvolvam este tipo de iniciativa em certa medida, a New Flagship University faria isso de maneira coerente e com uma intensa valorização destas ações pela instituição, não tratando-se apenas atividades marginais (Douglass, 2016a). O modelo aborda diversas maneiras pelas quais a universidade pode realizar este papel, colocando desde centros de trabalho voluntário até experiências de aprendizagem voltadas ao serviço da comunidade e pesquisas em temas relevantes para a comunidade.

Em relação à segunda subdimensão, sobre engajamento econômico e transferência de tecnologia, a universidade deveria estar alinhada às necessidades do mercado de trabalho regional, em um “esforço consciente de apoiar a economia local” (Douglass, 2016a, p. 67). A universidade também deve se dedicar a formar “parcerias que efetivamente levem ideias e tecnologias geradas na universidade para o mercado” (Douglass, 2016a, p. 68), mas o autor ressalta a importância de se manter a independência da pesquisa acadêmica.

A terceira subdimensão diz respeito à educação continuada e também à extensão. Educação continuada se refere aos “cursos oferecidos para além do currículo normal da universidade e para estudantes não registrados” (Douglass, 2016a, p. 74). Aqui, novamente, o diferencial do modelo seria a centralidade que estas atividades têm na New Flagship University. A última subdimensão traz a importância da relação com as escolas do ensino básico e com outras universidades. Nesta dimensão estão inclusos programas de aperfeiçoamento para professores e administradores de escolas.

A quarta e última dimensão do modelo diz respeito à gestão e prestação de contas. Douglass (2016a) enfatiza a importância da autonomia universitária, tanto acadêmica quanto financeira, e com ela a importância também da prestação de contas e responsabilidade com o uso de recursos. Nesta dimensão, o impacto social aparece também nas políticas de contratação e avaliação de professores, trazendo a importância de se valorizar professores e funcionários envolvidos com projetos voltados para a comunidade. Assim, o modelo da New Flagship University aborda o engajamento social da universidade em suas diversas dimensões, de maneira transversal.

Convergências e singularidades dos modelos teóricos

A análise destes quatro modelos, que surgem em épocas e contextos geográficos distintos, mostra semelhanças e diferenças sobre como conceitualizar a relação das universidades com a sociedade levando em conta, de forma comum, o engajamento local, a prestação de contas ou responsabilidade com o contribuinte e a integração da dimensão do engajamento das universidades às outras missões. Ainda assim, cada um deles traz um foco diferente, ou aborda a temática de uma maneira diferente.

A Universidade Empreendedora aparece com o maior foco no desenvolvimento econômico, na relação da universidade com empresas e na estrutura administrativa e de gestão das universidades. Quando contrastado com os outros modelos apresentados, entretanto, notam-se algumas lacunas. Sua emergência no contexto norte-americano o conecta muito com este sistema “de impulsionadores e incentivos para a comercialização de pesquisa que tem limitada exportabilidade para lugares com diferentes sistemas de Ensino superior e de políticas de inovação” (Kempton, 2018, p. 59). Além disso, não se pretendem modelos globais como os demais.

A Universidade Cívica não nega a importância das universidades no desenvolvimento econômico, mas traz um enfoque maior no desenvolvimento do ambiente local, com alta responsividade às demandas sociais e colaboração com a sociedade. Na Universidade Cívica, o impacto social é integrado em todas as atividades da universidade, fazendo parte da missão da universidade. Aqui os autores se contrastam com as propostas da Universidade Empreendedora, e afirmam que a Universidade Cívica não tem percepção de núcleo central ou periférico, como colocado no primeiro modelo, já que o engajamento é transversal a todas as atividades da universidade (Goddard et al., 2016) Nesse sentido, o modelo também “presta uma atenção considerável à gestão interna e às tensões de liderança derivadas da busca por uma missão ‘cívica’” (Kempton, 2018, p. 60). Isso se reflete no reconhecimento de que uma Universidade Cívica deve ter políticas internas de distribuição de recursos compatíveis com seus objetivos, bem como a integração da sua missão social em seu propósito como organização.

Na mesma direção, a Universidade Responsável pensa na dimensão social em um contexto de responsabilidade perante a sociedade em que ela se insere. Sendo o modelo baseado no contexto nórdico, temos em geral um forte compromisso da universidade com a sociedade, e estruturas sociais e políticas que apoio à universidade. Mesmo que haja uma crescente cobrança por resultados e eficiência nas universidades dos países nórdicos, ainda há uma relação de confiança e apoio na relação universidade-sociedade.

Por fim, o modelo da New Flagship University passa por muitos dos aspectos já tratados em outros modelos, como a importância da conexão com a região na qual a universidade se insere, a prestação de contas para a sociedade e a relação com empresas. Entretanto, este traz uma estrutura diferente de todos os outros apresentados. Enquanto a maior parte dos livros discutidos neste artigo traz uma coletânea de estudos de caso ou uma coletânea de capítulos de diversos autores abordando um mesmo tema, este último modelo é o único que discute de maneira mais estruturada como seria a típica New Flagship University. O livro tenta apresentar uma narrativa alternativa à pressão generalizada que universidades sentem por performance, ligada geralmente à resultados de rankings universitários. O conceito de impacto social, na New Flagship University, vem aliado à ideia de universidades líderes em seus países, mas também com forte inserção regional, algo que não aparece nos outros modelos.

Ao trazer quatro diferentes modelos teóricos e suas abordagens sobre engajamento da universidade com a sociedade, é possível construir uma visão mais múltipla e completa sobre como diferentes autores, em diferentes momentos e contextos abordam o papel social da universidade. Fica claro que cada modelo está localizado em um determinado tempo e espaço de sua criação, e que não haverá modelo universal ou permanente.

Portanto, por mais diversos que sejam os modelos existentes, não se pode transportá-los para outros contextos (tanto em tempo quanto em espaço) sem a necessária adaptação. Não há um consenso global sobre o papel das universidades, e sua função pode variar em diferentes países (Goldenberg, 2018). Apesar das missões serem universais, estas podem ser entendidas de forma regionalizada, tendo em conta a formação histórica do sistema de Ensino Superior, forma de financiamento e como se articula com a sociedade (Righetti, 2016). Como coloca Gimenez (2017, p. 108), “as atividades que devem ser incluídas na definição da terceira missão variam consideravelmente entre os países e em diferentes contextos”.

Desta forma, se não há uma só concepção da missão da universidade, não pode, tampouco, haver uma só concepção da missão social da universidade. As questões sociais que emergem em países em desenvolvimento são distintas daquelas de países desenvolvidos (Conceição; Heitor; Oliveira, 1998; Goldenberg, 2018; Gimenez, 2017), de modo que a relação da universidade com a sociedade em cada um destes locais será inevitavelmente distinta. Enquanto o papel de universidades como o MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos, pode ser muito mais voltado a garantir uma supremacia tecnológica deste país em determinadas áreas, em países em desenvolvimento se destaca o papel das universidades em melhorar a qualidade de vida de suas regiões (Goldenberg, 2018). A colaboração universidade-empresa também tem significado muitos diferentes em economias com forte base científica e tecnológica e em países primariamente exportadores de commodities.

A mesma reflexão sobre diferenças regionais vale para as diferentes localizações temporais. Os modelos apresentados neste artigo, por exemplo, vêm desde a emergência do Ensino Superior como campo de estudo, até modelos mais recentes, que emergiram apenas nos últimos 5 anos. Neste período, os modelos podem ser revisitados para apontar caminhos e torná-los mais atuais. Por exemplo, o modelo da Universidade Empreendedora é um dos modelos clássicos dos estudos de Ensino Superior, e vem sofrendo diversas revisões e adições. Uma recente contribuição têm sido a chamada “Universidade Empreendedora Socialmente Responsável”. A ideia, difundida por Yuzhuo Cai (2018), surge a partir da visão de que o modelo original da Universidade Empreendedora prioriza a dimensão econômica da contribuição das universidades. Esta adaptação do modelo traz as importantes contribuições de modelos que enfatizam o caráter social da universidade, mas busca desenvolver uma estrutura mais concreta deste papel. Esta contribuição mostra a mutabilidade dos modelos teóricos de universidade, que é na verdade, característica da evolução do conhecimento científico.

Portanto, longe de apontar um modelo único, este artigo apresentou como a evolução do papel social da universidade aconteceu nos diferentes modelos, tendo em conta os contextos geográficos e temporais, além do próprio amadurecimento do conhecimento no campo de estudos sobre o Ensino Superior. O artigo reflete sobre o papel da universidade na contemporaneidade, trazendo diferentes perspectivas que podem compor uma visão mais múltipla e completa sobre as nuances da universidade como agente de desenvolvimento social e econômico.

Cabe ainda explorar modelos teóricos que possam vir a emergir no sul, para além de adaptar modelos vindos de países do hemisfério norte, principalmente do eixo Estados Unidos - Europa. Na medida em que a produção científica global tende a se concentrar nos países do hemisfério norte, torna-se ainda mais relevante a emergência de perspectivas sobre o papel das universidades no sul, o que pode ser considerada uma importante agenda de pesquisa para o campo do Ensino Superior.

Material suplementario
Referências
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Notas
Notas
1 Tradução nossa, bem como as demais utilizadas no texto.
2 O modelo da Universidade Responsável, sendo o mais recente de todos os analisados ainda não foi traduzido para português, e uma busca no Google Acadêmico os termos “Universidade Responsável” e “Sørensen” não trouxe resultados em português, quando somente o termo “Universidade Responsável” é utilizado na busca, os resultados não se referem ao conceito aqui abordado, mas sim à Universidade Responsável por algo, ou seja, não se referem ao modelo teórico. A Universidade Cívica, também, como mostrado anteriormente, aparece pouco na literatura brasileira, sendo que uma busca pelo termo “Universidade Cívica” no Google Acadêmico gera apenas 13 resultados em português. Por fim, uma busca pelo termo “New Flagship University” traz 8 resultados em português, sendo duas resenhas do livro que inaugura o modelo (Douglass, 2016a). Como contraste, cabe ressaltar que a busca pelo termo “Universidade Empreendedora” gera mais de 1500 resultados em português.
3 Os dois autores, entretanto, usam o termo ‘empreendedora’ para caracterizar seus modelos, e é interessante entender um pouco mais sobre o termo. Clark entende as dificuldades de sua escolha pela palavra, reconhecendo que o termo carrega uma associação com o universo das empresas, e que poderia ter usado o termo ‘inovadora’ como substituto. Ele justifica, entretanto, que fez uma escolha consciente pelo termo, e que considera a palavra mais forte e mais útil para o processo de análise, pois se diferenciaria do termo mais abrangente de inovação (Clark, 1998).
4 Universidade de Warwick (Reino Unido), Universidade de Twente (Holanda), Universidade de Strathdyde (Escócia), Universidade de Tecnologia de Chalmers (Suécia), e Universidade de Joensuu (Finlândia).
5 University College London e Newcastle University no Reino Unido; Aalto University e University of Tampere na Finlândia; Trinity College Dublin and Dublin Institute of Technology na Irlanda; e University of Amsterdam e University of Groningen na Holanda.
6 Em alguns destes países estudantes de fora da União Europeia pagam tarifas para Educação Superior.
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