Dossiê

O vestuário como suporte de memória: uma breve discussão sobre as vivências em tempos de pandemia

Clothing as a memory support: a brief discussion on experiences in pandemic times

La ropa como apoyo a la memoria: breve discusión sobre experiencias en tiempos de pandemia

Laiana Pereira da Silveira
Universidade Federal de Pelotas, Brasil
Nicolli Bueno Gautério
Universidade Federal de Pelotas, Brasil
Vanda Leci Bueno Gautério
Prefeitura Municipal de Rio Grande, Brasil

O vestuário como suporte de memória: uma breve discussão sobre as vivências em tempos de pandemia

Revista NUPEM (Online), vol. 13, núm. 30, pp. 77-89, 2021

Universidade Estadual do Paraná

Recepción: 23 Febrero 2021

Aprobación: 10 Agosto 2021

Financiamiento

Fuente: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Nº de contrato: 001

Descripción del financiamiento: O presente trabalho está sendo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Resumo: O artigo tem como objetivo a discussão teórica a partir de uma abordagem macrossociológica acerca do tema sobre a relação de aconchego entre os sujeitos e o vestuário, bem como a percepção do “guarda-roupa enquanto caixa de memórias”. A discussão teórica desenvolvida foi pautada nos estudos das áreas de memória e identidade, através da perspectiva de Candau (2019), dos pressupostos psicana-líticos de Winnicott (1982), estudos norteadores da cultura material (Meneses, 1998; Dohmann, 2013) e do vestuário (Nacif, 2007; Miller, 2013). Relacionou-se tais pressu-postos teóricos com os registros nos perfis da rede social Instagram analisados, os quais revelam a mudança das práticas do vestuário em meio ao cenário pandêmico. Conclui-se que as reflexões, nas quais nos apropriamos dos objetos pessoais que nos rodeiam, resultam na possibilidade de melhora individual, no contexto atual, por intermédio destes objetos.

Palavras-chave: Vestuário, Isola-mento social, Quarentena, Pandemia.

Abstract: The article aims at a theoretical discussion from a macro-sociological approach on the theme of the relationship of coziness between subjects and clothing, as well as the perception of the “wardrobe as a box of memories”. The theoretical discussion developed was based on studies from the areas of memory and identity, through the perspective of Candau (2019), the psychoanalytic assumptions of Winnicott (1982), and guiding studies on material culture (Meneses, 1998; Dohmann, 2013) and clothing (Nacif, 2007; Miller, 2013). These theoretical assumptions were related to the records on the analyzed Instagram profiles, which reveal the change in clothing practices amidst the pandemic scenario. It is concluded that the reflections in which we appropriate the personal objects that surround us bring this notion of the possibility of individual improvement in the current context through these objects.

Keywords: Clothing, Social isolation, Quarantine, Pandemic.

Resumen: El artículo tiene como objetivo una discusión teórica desde un enfoque macrosociológico sobre el tema de la relación acogedora entre sujetos y ropa, así como la percepción del “armario como caja de recuerdos”. La discusión teórica desarrollada se basó en estudios en las áreas de memoria e identidad. A través de la perspectiva de Candau (2019), los supuestos psicoanalíticos de Winnicott (1982), y estudios de referencia acerca de la cultura material (Meneses, 1998; Dohmann, 2013) y de la ropa (Nacif, 2007; Miller, 2013). Estos presupuestos teóricos se relacionaron con los registros en los perfiles de Instagram analizados, que revelan el cambio en las prácticas de vestimenta en medio del escenario pandémico. Se concluye que las reflexiones en las que nos apropiamos de los objetos personales que nos rodean aportan para esta noción de la posibilidad de mejora individual en el contexto actual a través de estos objetos.

Palabras clave: Ropa, Aislamiento social, Quarentena, Pandemia.

Introdução1

O presente estudo é motivado pelas mudanças nas relações entre objeto, memória e busca por acolhimento no vestuário provenientes da pandemia causada pelo Covid-19 e seus impactos socioculturais. Desde 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar a transmissão de Covid-19 - por meio do vírus Sar-CoV-2 - caracterizando-a como uma emergência pública mundial e, progressivamente, os casos de infecção em diversos países demandam medidas de proteção (OMS, 2020). Entre tais medidas, destacamos na discussão em tela o isolamento físico, medida também denominada como “quarentena”, que consiste em evitar o contato entre humanos e, consequentemente, estando em maior permanência nos lares.

Dessa forma, observa-se que tal momento é demarcado por ressignificações, por exemplo, as relações imateriais e materiais dos sujeitos com o mundo, ou seja, refere-se às relações imateriais, tais como os encontros com familiares e amigos que atualmente acontecem, preferencialmente, através de plataformas digitais, com o uso das diversas ferramentas disponíveis. Outros impactos nesse sentido que passaram por transformações são identificados dentre as atividades cotidianas, tais como o trabalho e a educação, que se caracterizam como espaços de redes de conversação e convivência essenciais para o constante desenvolvimento cognitivo e emocional dos sujeitos.

Em decorrência das mudanças mencionadas, houve impactos materiais, como a ressignificação da relação entre os sujeitos e seus objetos, pois mesmo nos contextos em que os sujeitos não tiveram acesso ao isolamento - sejam por questões de falta de acesso à moradia, ou por outras formas de vulnerabilidade socioeconômicas - as relações com o espaço mudaram de alguma forma, devido ao caráter de emergência sanitária global e, consequentemente, com os objetos que mediam estas relações entre indivíduo e seu ambiente. Logo, este artigo tem como objetivo oferecer uma breve discussão teórica, através de uma abordagem macrossociológica, acerca dos temas: a relação de aconchego - do ponto de vista psicanalítico e ancorado nas teorias dos campos de memória e identidade - entre sujeitos e o vestuário, bem como a percepção do “guarda-roupa enquanto caixa de memórias” - no sentido simbólico de representação material das memórias que são “guardadas” pelos sujeitos.

Dito isso, não se pretende analisar caso a caso os sujeitos que vivenciam e vivenciaram o momento pandêmico, mas uma reflexão acerca de práticas socioculturais estudadas anteriormente ao momento, pelos autores que oferecem suporte em tais áreas do conhecimento citadas e atualizando-os para as particularidades atuais.

Portanto, o estudo foi construído a partir do método de revisão bibliográfica através de conceitos basilares e autores essenciais à área, como: Winnicott (1982), Meneses (1996), Crane (2006), Gonçalves (2007), Andrade (2008), Dohmann (2013) e Miller (2013). Dessa forma, destacamos três conceitos que serão basilares para este estudo, a saber: o vestuário, que em sentido amplo do termo é um caso antropológico praticamente universal; a cultura material, que se refere a todo segmento do universo físico socialmente apropriado, exposição e fonte de conhecimento; e a memória como aprendizado pelas informações adquiridas através das experiências.

Isto posto, foi possível desenvolver uma reflexão acerca das diferentes perspectivas que podem ser geradas sobre o vestuário como suporte memorial e ferramenta mediadora de aproximação e afeto. Entre tais reflexões, destacamos as questões acerca do confinamento, dia após dia, “expostos cotidianamente a essa extensa e diversificada teia de objetos” (Gonçalves, 2007, p. 14, grifo nosso). Então, qual é o papel que o vestuário pode vir a possuir neste período? Na maioria dos casos, as roupas são guardadas próximas aos sujeitos, que no contexto cultural das autoras, latino-americanas e brasileiras, são nos dormitórios nos quais se encontram tais “caixa de memórias”. Isto é, simbolicamente, nos momentos íntimos e de recolhimento, que são ancorados nesses cômodos, tem-se tais objetos como referenciais.

O vestuário, a cultura material e a memória

Neste estudo, consideramos o vestuário como parte da categoria de objetos que simbolizam e demarcam aspectos referentes às culturas de quem os utiliza. Partindo dessa ideia, utilizaremos como norte, a definição de Nacif (2007, p. 1, grifo nosso), “o vestuário é um conjunto formado pelas peças que compõem o traje e por acessórios que servem para fixá-lo ou complementá-lo. Num sentido amplo do termo, o vestuário é um fato antropológico quase universal”. De acordo com tal definição, seja em forma de roupas ou acessórios, com o intuito de servir às necessidades básicas ou constituir uma imagem pessoal, o vestuário comunica, através de signos próprios da comunidade, uma série de marcadores sociais necessários para a organização da sociedade. Enquanto Miller (2013, p. 21) considera que as roupas não representam apenas “diferenças de gênero, mas também de classe, nível de educação, cultura de origem, confiança ou timidez, função ocupacional em contraste com o lazer noturno”.

No contexto do nosso estudo, a pandemia passa a destacar ainda mais as diferenças apontadas por Miller (2013) como demarcadas pelo vestuário, considerando os aspectos econômicos e emocionais aos quais estamos envolvidos, bem como a dificuldade de acesso de uma parte da população ao isolamento social, situação que coloca tais grupos em uma situação ainda mais vulnerável. Nesse sentido, a troca de roupas, higienização e acesso ao saneamento básico também perpassam as dimensões da representação social, considerando a máscara de proteção individual contra o vírus de Covid-19, também como um símbolo desse acesso ou comprometimento com o coletivo.

Sendo assim, partindo da ideia de que o vestuário caracteriza as particularidades vivenciadas pelas sociedades em cada época, bem como, identificação de grupos econômicos, culturais, profissões, etc. (Crane, 2006), futuramente, a sociedade atual poderá ilustrar estudos de histórias da moda relacionando o uso da máscara de proteção individual, utilizada desde o ano de 2019 como um componente do vestuário desse episódio histórico da pandemia de Covid-19.

Diante disso, para analisar as dimensões das expressões da cultura material que passam a ser evidenciadas nesse período, destacamos a definição de Meneses (1998, p. 100): “expressão cultural material refere-se a todo segmento do universo físico socialmente apropriado”, e também de Dohmann (2013, p. 36) ao considerar que “para além do seu conteúdo físico exclusivo, a cultura material constitui-se em exposição e fonte de conhecimento sobre a técnica, tecnologia, funcionalidade, estética, suas formas de apropriação e, sobretudo, de uso”.

Relações entre a cultura material e o vestuário podem ser compreendidas através do que é abordado por Andrade (2008, p. 27), que aponta:

A roupa tem as mesmas propriedades que suas representações imagéticas, como a fotografia, por exemplo. A roupa, elemento da cultura material, tem textura, cheiro, rasgos, manchas e vestígios de corpos que já a usaram como casca de sonhos, pele de inserção social, do pertencer aos tempos e espaços que contornam a sua trajetória.

Quanto à noção de memória, o neurocientista argentino Ivan Izquierdo (1989, p. 89) define a memória como, “o armazenamento e evocação de informação adquirida através de experiências; a aquisição de memórias denomina-se aprendizado. As experiências são aqueles pontos intangíveis que chamamos de presente”. Para o antropólogo francês Candau (2019, p. 9) a memória é, “acima de tudo, uma reconstrução continuamente atualizada do passado, mais do que uma reconstituição fiel do mesmo”.

Todos esses conceitos serão sustentados pela ótica biopsicossocial no que tange à saúde mental, compreendendo que essa perpassa os sujeitos através de suas relações com o corpo, mente e círculo social, considerando o vestuário, conforme os conceitos descritos anteriormente, o objeto que é atribuído simbolicamente e materialmente às três dimensões de saúde.

O vestuário como aconchego

Compreendido os conceitos: vestuário, cultura material e memória, que abordam as relações entre objetos e os sujeitos, os quais constroem a teia de sentidos entre eles, passaremos a refletir a importância da interação existente entre os três, levando em consideração que o vestuário é uma das formas mais visíveis de consumo e que possui um papel importante na construção da identidade de uma sociedade (Crane, 2006).

Iniciando com a exemplificação do uso do vestuário como a presença do ausente (Ricoeur, 2007), não poderia deixar de mencionar a obra do autor Peter Stallybrass, “O casaco de Marx: roupa, memória, dor” (2016), na qual o autor pôde compreender na prática todas as teorias relacionadas à memória e à cultura material quando seu melhor amigo faleceu e o único objeto que permitiu o autor a evocar as memórias vividas com o melhor amigo foi a jaqueta que a viúva lhe entregou.

Stallybrass (2016) ao usar a jaqueta do amigo que havia falecido, sentiu a presença dele novamente, sentiu-se habitado de alguma forma pelo amigo que já não fazia mais parte deste plano, conseguiu naquele vestuário evocar memórias que Stallybrass não estava conseguindo ter acesso, e a partir dessa experiência então que o autor chegou à seguinte conclusão com relação ao vestuário, as memórias e as ausências “pensar sobre roupa, sobre as roupas, significa pensar sobre a memória [...] quando a pessoa está ausente ou morre, a roupa absorve sua ausente presença” (Stallybrass, 2016, p. 16).

O aconchego através da relação entre sujeito e objeto material é oferecida na psicanálise pelas teorias de Winnicott (1982), as quais, em seu escrito intitulado “A criança e o seu mundo”, introduzem o conceito de objetos transitórios. Para o autor, tais objetos seriam os que se configuram no imaginário infantil como uma projeção do vínculo com a pessoa cuidadora2 materializando essa noção no vínculo com o objeto. Esses objetos, que passam a significar as noções de afeto referentes ao vínculo com a pessoa cuidadora, mediam a sensação de aconchego e segurança na ausência de tal pessoa adulta.

Portanto, os objetos que geralmente representam os vínculos, são descritos com preferência pela textura macia e o cheiro específico (sendo terminantemente proibido aos cuidadores a lavagem dos mesmos). Logo, aparecem como ursos de pelúcia, que segundo Winnicott (1982) seriam formatos e atribuições dos adultos os quais as crianças se interessariam pela pelúcia em si, o que é sugestionado como uma explicação para a preferência dos bebês aos “cobertores”, cachecóis de lã, lenço da pessoa cuidadora, entre outros que aqui remetemos ao toque dos pijamas de pelúcia ou peças de algodão antigas e confortáveis as quais nos aconchegamos no período de isolamento. Confirmando a função mediadora dos objetos para a elaboração dos afetos, Stallybrass (2016, p. 15) aponta que:

É o cheiro pelo qual uma criança se apega ao objeto que lhe serve de segurança: um pedaço de pano, um ursinho de pelúcia, seja lá o que for. Roupa que pode ser colocada na boca, mastigada, qualquer coisa, menos lavada. Roupa que carrega as marcas do dente, do encardimento, da presença corporal da criança. Roupa que se estraga; o braço do ursinho cai, as pontas da roupa ficam puídas. Roupa que dura e conforta.

Complementando o exemplo trazido da obra de Stallybrass (2016), Miller (2013) ao refletir sobre a indumentária indiana, mais especificamente o sári, usado pelas mulheres, também aborda o conceito de objetos transitórios de Winnicott (1982) - no livro, Miller aponta como objetos transicionais, objetos de transição na vida de alguém. Sobre a indumentária, Miller (2013, p. 38) afirma que, “as roupas estão entre os nossos pertences mais pessoais. Elas constituem o principal intermediário entre nossa percepção de nossos corpos e nossa percepção do mundo exterior”.

A escolha dos objetos também estará relacionada ao contexto cultural e social ao qual tais indivíduos estarão envolvidos. Logo, para além dos objetos relacionados no contexto ocidentalizado com o universo infantil, destacamos também o exemplo do sári, parte da vestimenta indiana que “é uma peça única de tecido inteiramente desprovida de costuras, em geral de seis metros, trajado em arranjos drapeados em volta do corpo” (Miller, 2013, p. 37). Essa peça relaciona-se com o universo infantil, pois o pallu - ponta solta do sári e a mais ornamentada - ao ficar disposto sobre o ombro esquerdo até a altura da cintura da cuidadora, passa a mediar a relação entre ela e o bebê. Essa relação inicia quando as mulheres indianas se apropriam do pallu de forma que as auxiliem principalmente no período de amamentação, “ao aleitar, elas aconchegam o bebê dentro do pallu, encobrindo a operação do mundo exterior, e usam o tecido para limpar o resíduo de leite dos lábios do bebê” (Miller, 2013, p. 42). Para além dessa ação, Miller (2013, p. 42) complementa que “o pallu preserva a capacidade de ser a extensão da mãe”.

Assim como Miller (2013), Meneses (1996), utiliza a expressão “extended self” considerando que os objetos são extensão dos corpos de seus portadores e parte da identidade dos mesmos. A relação do pallu com o bebê é observada por uma mãe “ao pegar no sono, ele põe o pallu na boca, enrolado em seu polegar. Se meu sári se desprende, ele começa a chorar” (Miller, 2013, p. 42). De acordo com Miller (2013, p. 42-43), “para a criança, o pallu se torna a encarnação física do amor de sua mãe, um amor que ele pode literalmente segurar”, ou seja, através do conceito de objeto transicional, é a ponte que conecta o bebê a sua mãe.

De acordo com o exposto, neste estudo, consideramos o vestuário como um símbolo facilitador para a construção e resgate de memórias através da experiência gerada pelo conforto, aconchego e segurança. Nesse período de distanciamento, também se torna mediador para a sensação de segurança, o aconchego, o afeto e a aproximação a todas as pessoas queridas que o isolamento nos impossibilita a convivência presencial. Sendo assim, essas noções passam a ser também potenciais para lidarmos com a ausência decorrente da morte, como nos casos citados acima, visto que o afastamento do amigo foi definitivo através de sua morte.

Por outro viés, o relato do professor Artur Barcelos, em seu estudo “De cultura material, memória, perdas e ganhos” que, diferente do exemplo anterior utilizando o pallu, relata um caso mais próximo da realidade atual do cidadão, auxilia para uma melhor compreensão da relação trazida pelo autor Ricoeur, de forma ampla, e o autor Stallybrass, limitando ao campo do vestuário. Sendo assim, o relato de Barcelos demonstra um acontecimento pessoal que pode ocorrer com qualquer outra pessoa em tempos de pandemia. Barcelos (2009, p. 28) traz em seu relato a experiência vivida no apartamento de sua mãe enquanto a mesma estava internada no hospital.

Revirando, não sem constrangimento, seu roupeiro, encontrei uma camiseta que eu mesmo havia dado a ela, em 1992. Estava em ótimo estado, embora se pudesse perceber que ela fazia uso frequente daquela peça de roupa. Ainda sem uma razão em especial, vesti aquela camiseta e, antes de adormecer, pensei muito sobre o curioso daquele momento, cujo principal elemento que me unia a minha mãe não era sua enfermidade ou a preocupação com sua condição, mas aquela camiseta, que fora minha, pertencia agora a minha mãe e que voltava ao meu corpo, 18 anos depois, em uma situação tão inesperada e adversa.

Considerando tal experiência, pode-se refletir sobre o momento atual em que vivemos, pois o encontro de forma física com quem amamos tornou-se algo proibido, principalmente em um momento de tanta necessidade que é o acompanhamento hospitalar de alguém no qual temos afeto. Pensa-se que, por ter sido tirada essa possibilidade da troca de abraços, carinhos, cumprimentos, elementos afetivos insubstituíveis, existem alternativas, que estão ao nosso alcance, tornando possível o contato com essas pessoas de forma indireta.

Uma forma de tentar agir sobre a “dureza” que tem sido esses dias de distanciamento e que pode vir a amenizar a falta que pessoas queridas têm feito no nosso dia a dia seria, então, olharmos para dentro dos nossos armários, encontrarmos peças de roupa, acessórios, calçados que tenhamos ganhado de pessoas queridas e analisarmos essas peças, ou vesti-las, se assim preferir. É claro que, por tratar-se de pessoas e que a individualidade de cada um traz características peculiares ao indivíduo, pode ser que o exercício não funcione da mesma forma para todos, visto que o ser humano é único e cada um possui sua bagagem de vida individual. Porém, por que não exercitar as recordações do momento em que fomos presenteados por esses itens do vestuário? Com tal gesto, a proximidade com a peça também aproximará as outras pessoas envolvidas com o momento da aquisição, ou os momentos de uso.

Sendo assim, diante do exposto anteriormente, o vínculo do autor com a mãe, no sentido simbólico do útero, com a sensação de estar envolvido por uma temperatura agradável e um ambiente seguro afetivamente, pode ser ressignificado e vivenciado através da vestimenta. Isso se dá pela forma de “remendos”, que a autora Alison Bechdel (2013) explica ao narrar sua relação com a mãe, bem como com ela mesma.

O “remendo” aparece em um sonho, no qual sua psicoterapeuta (representando a mãe na vivência transferencial psicanalítica) a visita oferecendo uma massagem para seu torcicolo (representando o cuidado e a resolução de problemas ao desfazer “nós” musculares) e, logo após, leva uma de suas calças rasgadas para remendar. Ela conta para sua psicoterapeuta sobre o sonho: “você ia consertar o rasgo que também pode ser lágrima. Você está me consertando” (Bechdel, 2013, p. 82) e completa atribuindo o sonho a uma rememoração de experiência afetiva de renovação e carinho com sua mãe, explicando na narrativa que tal gesto seria como um trocar de fraldas da psique.

Sendo assim, o que o autor Stallybrass (2016, p. 26) traz em seu livro, está diretamente ligado ao que foi apresentado anteriormente, o autor relata que “uma rede feita de roupas pode seguir as conexões do amor ao longo das fronteiras da ausência, da morte, pois a roupa carrega, além do valor material em si, o corpo ausente, a memória, a genealogia”.

Como é possível que a ligação existente entre os objetos - considerando aqui o vestuário - as pessoas e as memórias sejam tão fortes? Marcus Dohmann (2013, p. 33) traz em sua obra “A experiência material: a cultura do objeto”, a importância envolvida nessa relação.

Objetos ou coisas sempre remetem a lembranças de pessoas ou lugares, de uma simples fotografia até um marco arquitetural. Ao proporcionar a conexão com o mundo, os objetos mostram-se companheiros emocionais e intelectuais que sustentam memórias, relacionamentos e histórias, além de provocarem constantemente novas ideias.

Dessa forma, comparando com a realidade vivida nos dias atuais, analisando a drástica queda de interação social no período de isolamento, é possível visualizar a relevância dos objetos que nos rodeiam, enxergando neles “companheiros emocionais e intelectuais que sustentam memórias” (Dohmann, 2013, p. 333), bem como definiu o autor, e como não elencar o vestuário como primordial nesse processo3? Justamente o objeto que passa o tempo inteiro com o indivíduo, o protegendo do frio, proporcionando conforto, estabelecendo ligações externas, assim como os objetos de transição e os remendos da infância.

Atualmente, é possível observar através das redes sociais, um aumento na produção de pijamas por um novo viés produtivo como forma de atingir o consumidor através de uma nova perspectiva, visto que, devido ao aumento do período que os sujeitos encontram-se em casa devido ao isolamento social, o investimento em roupas confortáveis e com uma estética agradável pode ser considerado um fator que influenciou criadores do ramo do vestuário a investirem nesse mercado.

Um exemplo a ser considerado ao que foi levantado anteriormente é o da estilista, pelotense, de moda festa, Beth Schneid, que se reinventou em seu atelier desde o início da pandemia, visto que, os casamentos, as formaturas, os bailes de debutantes entre outros eventos sociais haviam sido suspensos por tempo indeterminado. Beth desenvolveu uma linha homewear4 junto ao Instagram de decoração afetiva C.almadecor, utilizando em suas postagens a hashtag #chicemcasa.

A primeira postagem da collab ocorreu em junho de 2020, o que pode ser verificado no perfil da estilista -“Atelier Beth Schneid”. Além de modelos que unem a sofisticação e o conforto através da escolha dos tecidos e da modelagem, a linha fornecia um detalhe que fazia todo o diferencial, o bordado das iniciais do consumidor no bolso do casaco. A partir dessa produção o sucesso foi tanto que resultou em uma coleção desenvolvida para desfilar no evento “Moda pelotas”, em novembro de 2020.

O “Moda pelotas” é um evento característico da cidade, que ocorreu num formato diferente devido à pandemia, visto que, normalmente as edições contam com a participação do público, dessa vez, devido à preocupação com a saúde de todos, houve uma transmissão ao vivo e o desfile ocorreu com algumas marcas locais, numa estrutura aberta.

Assim como a estilista pelotense, outras marcas também investiram no homewear desde o início da pandemia, evidenciando que o público ressignificou as formas de consumir e suas prioridades, gerando as transformações nas escolhas do vestuário durante o período de recolhimento social para alguns.

Outro exemplo do investimento no nicho homewear é o perfil “Preguistê Pijamas Homewear”, que, também através da rede social Instagram, apresentou uma variedade de opções em pijamas desde junho de 2020.

A iniciativa da empresária Maira Mazzer, que administra a ideia por trás do perfil, foi apresentada em uma reportagem no “Pequenas Empresas & Grandes Negócios” do G1, na qual ela relata que “a ideia é facilitar o dia a dia nessa nova rotina imposta pela pandemia da Covid-19, que mistura trabalho e atividades da casa” (Monteiro, 2021, s./p.). Entende-se que a iniciativa da empresária tenha sido relevante e obtido sucesso, pois devido ao home office, o ambiente de trabalho invadiu o pessoal, onde as fronteiras entre público e privado são delimitadas sutilmente.

Guarda-roupa ou caixa de memória?

Neste momento vamos considerar o guarda-roupa como uma caixa de memórias, podendo vir a ser complementar ao que foi exemplificado sobre a roupa sendo utilizada como a presença do ausente (Ricoeur, 2007). Também buscaremos a reflexão sobre as seleções feitas ao longo da vida, sobre o que é mantido guardado e o que é descartado. Por definição das autoras Nery et al. (2015), consideraremos caixa de memórias:

Estes lugares como gavetas, caixas, álbuns e diários, que possuem objetos, fotografias e uma variedade de coisas como cartas, bilhetes, diários, entre outros. São peças que possuem uma representatividade para a pessoa que as guarda, não sendo, necessariamente, suas, mas às vezes coisas que, apesar de pertencerem a outras pessoas, são importantes para quem as mantém (Nery et al., 2015, p. 43-44).

A partir desse conceito, é possível lembrar que alguns cantos do guarda-roupa são excepcionalmente reservados para aquelas peças de roupas que não usamos mais5, ou que nunca nos pertenceram com relação à usabilidade, mas que são guardadas com muito carinho e cuidado - mesmo que na maioria das vezes a forma de preservação não seja a mais adequada, ao entendimento de quem as guarda, está protegido dos efeitos de exposição e degradação que o tempo pode causar, assim como nosso inconsciente passa a guardar algumas memórias a fim de protegê-las ou, por assim dizer, proteger nosso ego de lembranças as quais não suportaríamos.

Nessa “caixa de memórias vestimentares”, pode-se encontrar peças de outras pessoas, mas que significam muito para nós, assim como traz as autoras, “apesar de pertencerem a outras pessoas, são importantes para quem as mantém” (Nery et al., 2015, p. 43-44). Abrir o guarda-roupa e encontrar uma roupinha de bebê, do filho que já cresceu e não mora mais com os pais, pode ser o que virá unir os dois neste momento de isolamento (Nery et al., 2015).

Nesse período em que a sociedade encontra-se mais em casa, há quem tenha usado o tempo para fazer uma organização naqueles lugares que possuem um acúmulo de objetos que não são usados com frequência, seleções do que ainda deve permanecer na sua vida, descarte de objetos que não possuem mais espaço na vida da pessoa, quando um objeto passa para a seção do descarte, a pessoa escolheu abrir mão daquele suporte memorial, evocador de determinada lembrança ou de um momento vivido, pois ao organizar tais peças de vestuário, significativas enquanto memórias, passa-se a organizar também os afetos, tornando-se, em alguns casos, exercício fundamental de ressignificação de tais vínculos consigo mesmo ou com tais sujeitos aos quais estão na rede de significados do guarda-roupas. Em outros momentos, tal movimento pode ser repetido de forma disfuncional, como uma tentativa de remendos de si ou de tais afetos, com a intenção de aliviar os sentimentos de ansiedade em um ciclo sem fim.

O isolamento está sendo um momento turbulento para muitos, de tempo ocioso, de repensar a vida, o modo em que está se vivendo, o que é planejado para “o amanhã”, muitos encontraram um propósito ao ajudar o próximo e estão organizando roupas para doação e, escolher o que doar, o que descartar, é escolher o que quer esquecer sobre todas as memórias que envolvem aquela roupa, pois a pessoa estará se desfazendo daquele suporte que mantém um elo com o momento vivido, os processos de seleções que são feitos ao longo da vida não são processos fáceis de executar, ainda mais num período como o vivido na atualidade da pandemia.

Barcelos, em um momento de mudança na sua vida, teve que lidar com suas próprias caixas cheias de “coisas”, o autor considera que essas caixas, repletas de “coisas” de momentos variados da sua vida, são os lugares que contém os fragmentos da sua própria história (Barcelos, 2009). O autor ainda complementa “não é preciso dizer o quanto essa seleção foi difícil e quantos objetos voltaram para caixas que permanecem na casa nova, fechadas, mas dos quais não consigo me desfazer” (Barcelos, 2009, p. 31). O autor ainda reflete sobre a relação com os objetos:

Somos o que somos porque fazemos “coisas”? Sendo certa essa afirmação, temos que reconhecer que a cultura material é muito mais do que aquilo que fabricamos, utilizamos e, eventualmente, descartamos. Ela não é apenas parte do que significa ser humano. Ela é a própria humanidade. Não há humanidade sem cultura material. Expressão forte e não isenta de críticas, mas insuficiente para definir o que seja cultura material (Barcelos, 2009, p. 33).

Logo, o vestuário está intrinsecamente ligado ao que somos, ao que lembramos, ao que viemos a ser, ao que desejamos esquecer, como queremos viver, o que desejamos priorizar nas nossas vidas. Dessa forma, a mente humana tende a apegar-se ao que ainda temos espaço para manter por perto, entre tantos outros elementos que podem aqui ser elencados, vive-se de seleções, de descartes, de "guardar na caixa" por mais um período até a próxima triagem.

Considerações finais

O desenvolvimento do presente estudo em conjunto com as reflexões realizadas ao longo do texto nos levou a considerar que usar o vestuário, o que pode vir a ser considerado como a nossa "segunda pele", como um suporte memorial no período de isolamento, é usá-lo mais uma vez ao nosso favor, mas agora, não na forma física, de proteção, pudor, adorno, mas sim, na sua essência, auxiliando na nossa manutenção mental que tanto pode estar debilitada. Dessa forma, ao vivenciar as texturas macias como as da infância em um momento ríspido de nossa história, além de tornar-se uma valorização do autocuidado também torna-se simbólico no sentido de não banalização do desconforto.

Considerando que estamos fragilizados por viver esse longo período longe de quem tanto gostamos, de quem tanto queremos por perto e tínhamos o contato diário, o que nos foi tirado repentinamente e a situação atual nos impede de ver, usar o vestuário como um conector com essas pessoas é uma forma de conforto, de amenizar as saudades, de sentir-se próximo dos familiares, amigos, pessoas queridas a nós e nos aproximar do nosso círculo afetivo.

Também podemos considerar o fato de que num período de rotina normal, por muitos momentos, acabamos não usufruindo de determinado tipo de roupa que temos em nossos guarda-roupas com a finalidade de preservá-la para uma ocasião especial, porém, nesse momento, não faz sentido algum não as usar. Sendo assim, percebe-se que, por mais confortável que seja passar o dia de pijama, é possível apropriar-se daquela peça específica considerada “de sair” para mudar a rotina de uma forma tão simples.

Dessa maneira, também foi importante pontuar, nesse estudo, como alguns profissionais da área da moda reinventaram-se e ressignificaram suas marcas ou criaram novas, como os dois casos aqui apresentados do atelier de moda festa da estilista pelotense Beth Schneid e como a iniciativa da empresária Maira Mazzer, as quais tiveram como foco um novo nicho, o homewear e nessa nova relação que alguns consumidores começaram a ter com o vestuário durante o isolamento social.

Portanto, compreendemos a importância da relação simbólica com o vestuário, bem como o acesso a tais peças como forma de organização de si, da saúde e dos afetos, sendo as “roupas-chaves” que nos auxiliam a recordar memórias especiais. Isso se dá devido ao fato de que em nossos guarda-roupas possuímos uma quantidade consideravelmente grande de roupas que nos remetem a momentos vividos, a experiências, a cerimônias, a passeios, a viagens, a visitas, a pessoas.

E é importante ressaltar que, roupas são objetos que circulam e possuem uma longevidade que as possibilita transitar por diferentes espaços e tempo. Sendo assim, é importante compreender os contextos e deslocamentos que o vestuário pode sofrer, isso nos permite adquirir informações que auxiliam na compreensão da sociedade, da época, das particularidades de consumo e, principalmente, através da mediação do guardião do objeto podemos obter informações significativamente importantes.

Concluímos esse estudo com o que foi colocado no início do texto, abrir as portas dos nossos guarda-roupas é imergir num mundo de possibilidades de recordações. Reconstruir-se, rever-se, reinventar-se, quando o passado é revisitado, passa por reflexões que possibilitam melhoras em nossas ações atuais, enquanto ser em constante transformação.

Referências

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Notas

1 O presente trabalho está sendo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
2 O autor geralmente refere-se ao vínculo materno, porém acreditamos que seja necessário a superação de tal ideia, bem como uma aproximação com a realidade local e temporal.
3 Existem outras categorias de objetos que talvez possam ser abordadas por essa perspectiva, porém, esse estudo será voltado apenas ao vestuário.
4 “O homewear, do inglês, ‘roupa de ficar em casa’, assim como tudo que engloba o universo da moda, também segue tendências. [...] Foi no início dos anos 2000, que a moda lançou o estilo homewear, sempre priorizando o conforto, este conceito faz com que as pessoas acima de tudo sintam-se à vontade de usar o pijama em casa sem constrangimentos” (Alexandrino, 2016, p. 25).
5 Vale ressaltar que as considerações aqui apresentadas não generalizam a sociedade, cada sujeito na sua individualidade, possui características que outros podem não possuir, não se identificar, não se adequar.
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