Dossiê
Recepción: 30 Abril 2021
Aprobación: 21 Julio 2021
DOI: https://doi.org/10.33871/nupem.2021.13.30.128-146
Resumo: No ano de 1856, o presidente da província do Piauí em seu relatório de gestão apresentado à Assembleia Legislativa Provincial, registrou a incidência de um horrível flagelo no Brasil, ressaltando que este, por força da providência divina, ainda não havia chegado em terras piauienses. Este flagelo tratava-se do cólera. Assim, em um contexto do império enfermo, o Piauí enfrentou epidemias de diversas doenças, dentre elas, o cólera, que “assombrou” a província. Deste modo, o objetivo do presente trabalho foi refletir, a partir de estudo de documentos do poder executivo, sobre a presença desta enfermidade na segunda metade do século XIX no Piauí e como esta afetou o imaginário da época no tocante ao medo. O estudo indicou que a incidência do cólera perturbou o imaginário da população piauiense pelo medo de sua disseminação e morte por seu contágio.
Palavras-chave: Medo, Cólera, Província do Piauí.
Abstract: In 1856, the president of the province of Piauí, in his management report presented to the Provincial Legislative Assembly, recorded the incidence of a horrible scourge in Brazil, emphasizing that, due to divine providence, it had not yet arrived in Piauí lands. This scourge was cholera. Thus, in a context of the ill empire, Piauí faced epidemics of several diseases, including cholera, which “haunted” the province. Therefore, the objective of the present study was to reflect, based on a study of documents from the executive power, on the presence of this disease in the second half of the 19th century in Piauí and how it affected the imagination of the time regarding fear. The study indicated that the incidence of cholera disturbed the imagination of Piauí’s population for fear of its spread and death due to its contagion.
Keywords: Fear, Cholera, Piauí’s Province.
Resumen: En 1856, el presidente de la provincia de Piauí, en su informe de gestión presentado a la Asamblea Legislativa Provincial, registró la incidencia de un terrible flagelo en Brasil, destacando que éste, por providencia divina, aún no había llegado a tierras de Piauí. Este flagelo tenía que ver con el cólera. Así, en un contexto de imperio enfermo, Piauí enfrentó epidemias de varias enfermedades, entre ellas el cólera, que “acechaba” a la provincia. Así, el objetivo del presente trabajo fue reflexionar, a partir de un estudio de documentos del Poder Ejecutivo, sobre la presencia de esta enfermedad en la segunda mitad del siglo XIX en Piauí y cómo afectó el imaginario de la época con respecto al miedo. El estudio indicó que la incidencia del cólera perturbó la imaginación de la población de Piauí por temor a su propagación y muerte por contagio.
Palabras clave: Miedo, Cólera, Provincia de Piauí.
Considerações iniciais
Na segunda metade do século XIX, segundo Del Priore (2016), especialmente as primeiras décadas, marcam no contexto do Brasil oitocentista um momento de discussão profícua entre a legitimação do saber médico científico em detrimento de outras práticas de cura que existiam no momento. Tratou-se de um período que o poder público buscou relacionar uma ideia do ser “moderno” com questões voltadas ao progresso, modernização dos espaços, bem como a necessidade de higienização destes últimos.
No entanto, ainda que estas discussões tenham estado presentes nas províncias brasileiras, o Piauí não esteve ausente desta, pois conforme perceberemos na discussão deste artigo, dentre as muitas enfermidades que se instalaram de norte a sul do Brasil provocando não apenas milhares de vítimas, mas modificando significativamente o cotidiano, bem como o imaginário social das pessoas destaca-se a epidemia1 do cólera.
Entre 1854 e 1855, o cólera afetou as províncias do Pará, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Alguns anos depois, em 1867, a doença reaparece no Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ressurgindo em 1894 na cidade de São Paulo (Del Priore, 2016), tratando-se, então, de um contexto do Império enfermo2.
No Piauí, por sua vez, o cólera se fez presente entre 1862 e 1866, conforme Nunes (2007), vitimando dezenas de pessoas nos termos e vilas atingidos, especialmente naqueles em situação limítrofe3 com o Ceará, a exemplo de Independência e Príncipe Imperial.
Assim, nos anos 1860 os piauienses enfrentaram diversas doenças que marcaram o seu imaginário, a exemplo do cólera4 e da varíola, podendo encontrar registros acerca destas e seus efeitos nos documentos produzidos pelo poder executivo, bem como na imprensa piauiense da época.
A varíola, por exemplo, tratava-se de uma enfermidade comum no dia a dia da população assumindo caráter epidêmico em diversos momentos. Nos relatórios dos presidentes da província de 18635, 18656, 18667, 18678, 18769, 187710, 187811, 187912 foi possível encontrar registros da doença na província, às vezes tratando-se de surtos epidêmicos e outras vezes casos isolados.
A relevância da narrativa aqui construída se traduz na necessidade de se ampliar as discussões sobre a história da saúde e das doenças no contexto piauiense, especialmente sobre o cólera na década de 1860, o qual é possível encontrar apenas breves menções no caso do Piauí, a exemplo de Nunes (2007). Neste sentido, o objetivo deste artigo foi discutir sobre os reflexos que a presença do cólera teve no imaginário dos piauienses na segunda metade do século XIX enfatizando questões referentes ao medo que este provocou no território provincial.
A metodologia, por sua vez, constou de pesquisa bibliográfica para compreensão do contexto histórico brasileiro e do Piauí no tocante a presença e os efeitos do cólera, além de outras enfermidades, na segunda metade do século XIX, com destaque para autores como David (1993), Nunes (2007) e Del Priore (2016), bem como obras que ajudassem a dialogar com o conceito de medo que foi trabalhado na narrativa construída, utilizando-se Tuan (2005) e Ariès (2012), os quais permitem-nos historicizar a relação estabelecida entre a humanidade e o medo, isto é, a compreensão de que este liame modifica-se de acordo com as diferentes temporalidades e espacialidades. Com relação a fontes utilizamos ao longo da pesquisa os relatórios dos presidentes da província do Piauí de 1856, 1862, 1863, 1865 e 1866.
Portanto, a partir do acervo documental trabalhado o fio condutor da construção desta narrativa sustentou-se nas possibilidades de reflexão acerca de como o cólera transformou não apenas o cotidiano das pessoas nos espaços nos quais se inseriu, seja modificando hábitos ou paisagens, mas também de que maneira marcou o imaginário social da época.
Do “assombro” à morte: o cólera no Piauí enfermo na segunda metade do século XIX
No ano de 1862 o cólera figura pela primeira vez no relatório do presidente da província Dr. Antonio de Britto Souza Gayozo13 ao novo presidente Dr. José Fernandes Moreira14. No então documento que trazia os principais dados, eventos e ações tomadas pela administração que se encerrava para conhecimento da nova que assumiria a gestão há um destaque feito acerca da situação de saúde pública da província piauiense.
Segundo o documento, a partir de 1862, o cólera passou a integrar o cotidiano da população de boa parte das vilas e cidades da província piauiense, notadamente naquelas limítrofes com a província vizinha do Ceará e que terminam por acumular a maior quantidade de vítimas, bem como o maior número de ações profiláticas para evitar a disseminação da enfermidade. Deste modo, o seguinte consta no relatório de 13 de junho de 1862:
Saude publica.
[...]
Finalmente o cholera-morbus, tendo ceifado a larga tantas vidas no Tauá e Icó da Provincia do Ceará, atacou o termo da Independencia, e veio aterrar, de uma maneira assombrosa, toda a Provincia. De todos os pontos partirão reclamações, e exigencias extraordinarias. O mal se achava a mais de 40 leguas de distancia, e jà precipitadamente abandonarão esses lugares mais ameaçados e as autoridades se julgavão authorisadas a collocar presídios e a cortar todas as communicações, confiando assim nessas medidas improfícuas, inexquiveis, e que a sciencia reprova, sobe tudo contra esse terrivel flagello, que nada respeita na sua marcha caprichosa e incomprehensive. Tive de reproval-as todas, e apenas ordenei que se estabelecesse lasareto na Parnahiba, visto ser a unica linha de communicação, logo que fosse affectado d’essa epidemia qualquer dos pontos em que tocasse o vapor costeiro do Maranhão, que mensalmente vizita aquella Cidade.
Mandei ambulancias de medicamentos para a Cidade de Oeiras, e Villas dos Picos, Jaicós, Principe Imperial e Independencia, que erão mais immediatamente ameaçadas.
Nomeei para essas localidades commissões sanitarias, bem como para Marvão e Parnahiba, autorizando-as, de conformidade com as instrucções, que então dei a despender, logo que o mal se declarasse, limitadas quantias com o pessoal, medicamentos e dietas aos pobres. Como já se achava esgotada a verba de = Socorros publicos, = determinei essas despesas sob minha responsabilidade [...].
Felismente, dias antes da chegada de V. Exc., recebi de todos os pontos, favoraveis noticias.
O terror panico jà ia desapparecendo por toda a parte e mesmo na Indepedencia, unico termo da Provincia, onde o cholera se manifestou e brundamente, roubando apenas algumas existencias, se considerava o mal como extincto (Piauhy, 1862a, p. 6-7).
No momento de produção deste documento, isto é, em 1862 já se tinha pleno conhecimento na província piauiense acerca dos efeitos provocados pela enfermidade nas demais províncias do Império, assim como na vizinha província do Ceará. Dito isto, alguns elementos presentes no relatório supracitado nos chamam a atenção e ajudam-nos a refletir sobre os efeitos que a doença teve no imaginário social da época.
Observemos inicialmente a forma como é descrito a reação das pessoas perante a enfermidade. Terror! Pânico! Abandono de locais! Assombroso! Mal! Ao longo do documento estes termos aparecem e reaparecem no intuito de tentar descrever a situação que as diferentes localidades acometidas diretamente ou indiretamente pela doença encontravam-se nesta época.
A partir destes elementos podemos inferir que o medo15 da doença fazia-se presente, modificando significativamente o cotidiano das populações, ainda que a enfermidade não tivesse grassado em certas localidades. A fuga das cidades, por exemplo, de acordo com Tuan (2005), tratava-se de ação comum tomada pelas pessoas em momentos de irrupção de epidemias consideradas mortais, podendo-se encontrar casos similares em contextos históricos-geográficos e epidêmicos distintos.
Deste modo, essa situação não foi algo exclusivo do Piauí no contexto de 1862, em que pese, conforme Franco, Lopes e Franco (2019), desde os momentos da colônia é possível encontrar referências a surtos epidêmicos que provocaram pânico, medo e mortes na América Portuguesa.
A doença, deste modo, e, especialmente a doença de caráter epidêmico podia provocar o medo nas populações. No entanto, o principal fator de medo não era a doença em si, mas sim as próprias pessoas. Estas “temiam o doente tanto quanto os suspeitos de estar doentes. E estes temiam os poderes extraordinários das autoridades, que podiam encerrá-los em hospitais imundos que na verdade eram armadilhas mortais” (Tuan, 2005, p. 166).
Este imaginário influenciava ainda as medidas efetuadas pelo poder público e, isto posto, ao considerarmos a atuação das autoridades é interessante ainda apontar similaridades das ações tomadas pelos poderes públicos locais no Piauí com ações realizadas em outras localidades, a exemplo da ação reprovada pelo presidente da província, ou seja, o encarceramento dos citadinos, bem como o corte das comunicações e, provavelmente, o contato com outras vilas e cidades16.
Não obstante isto, a administração provincial se preocupou em construir um espaço destinado para quarentena na localidade considerada mais provável de grassar surto epidêmico, isto é, a cidade de Parnaíba, possivelmente por estabelecer contato através do oceano Atlântico com embarcações provenientes de outras províncias e, por vezes, de outros países.
Observa-se também uma preocupação com o envio de medicamentos para as vilas e cidades limítrofes ou mais próximas da província vizinha do Ceará que se encontravam em situação maior de risco em função da epidemia que já afetava a população cearense neste momento. E, além disso, a nomeação de comissões sanitárias nestas localidades provavelmente tratou-se de outra tentativa de conter o avanço da epidemia. Estas comissões, por sua vez, possivelmente atuavam de maneira similar àquelas criadas em outras províncias17.
Deste modo, “um surto de cólera [...] ameaçava toda uma população. O terror ao contágio podia perturbar tanto a razão que, para os que estavam bem de saúde, os doentes pareciam não somente as vítimas do mal, mas os causadores” (Tuan, 2005, p. 166).

E, no caso do Piauí, isso não foi diferente, levando a tomada de medidas difusas por parte de autoridades locais, bem como fuga dos moradores dos espaços afetados com o intuito de escapar da enfermidade. Ainda em relação ao relatório de 13 de junho de 1862 do Dr. Antonio de Britto Souza Gayozo (Piauhy, 1862a) o mapa 119 permite visualizar o itinerário do cólera no Piauí, evidenciando a possibilidade do medo provocado nas vilas e cidades, bem como àquelas que receberam medidas profiláticas por parte da administração provincial e as vilas que foram mais afetadas pela epidemia mais próximas do Ceará.
A partir do mapa 1 é possível perceber, então, o alcance que a doença teve no momento que grassou na província piauiense, bem como dois pontos de entrada da enfermidade a serem tratados no decorrer desta narrativa: as vilas limítrofes com o Ceará que terminaram sendo o principal ponto de entrada pelas vias terrestres e o receio da doença chegar pelo oceano Atlântico com o contato estabelecido no Norte por Parnaíba.
Alguns meses depois, já na administração do Dr. José Fernandes Moreira, outro relatório acerca da província foi produzido e apresentado à Assembleia Legislativa. Neste constam novas informações sobre o estado da província no tocante a saúde pública e, especialmente, como se encontrava a situação da epidemia de cólera no final do ano de 1862. No documento tem-se o seguinte:
Saude Publica
Do relatorio de meu antecessor vereis as medidas tomadas por occazião de ameaçar-nos o cholera-morbus, que tantas victimas ceifou na Provincia do Cearà. A epidemia, que desenvolveo-se em Maio na Independencia, extinguio-se no mez seguinte, tendo matado 47 pessoas, das quaes 25 na Villa, e 22 no termo. A Commissão sanitária prestou bons serviços auxiliada pelo Commandante do destacamento, Alferes Clemente José Ferreira, e pela do Principe Imperial, que contractou, e para ali remetteo o cirurgião Antonio Mavignier Lopes Gama.
No Principe Imperial apenas se derão cazos de cholerina de caracter tão benigno, que não houve uma só victima. Cumprirão seos deveres com zelo a Commissão sanitária, o Commandante do destacamento, e delegado Alferes Segisnando Cicero d’Alencar Araripe, e Francisco Antonio de Souza Azevedo, que prestou-se a tratar gratuitamente os atacados de cholerias pelo systema homeopathico.
A Commissão da Parnahiba, mais de perto ameaçada pelas continúas relações com o Ceará, tomou as precizas providencias, mandando construir um lazareto na ilha Grande em frente da Amarração, um cemiterio provisório, camas, e mais pertences do hospital, e procurando melhorar as condições hygienicas do lugar pela limpeza das ruas, e praças, abertura de vallas para escoamento das agoas estagnadas. Felizmente até esta data nenhum outro termo da Provincia, além do da Independencia, tem sido acommettido pelo mal; e como o mal tem declinado consideravelmente na Provincia vizinha, devemos esperar que ainda esta vez a Providencia Divina nos poupará. Entretanto tenho recomendado a todas as Commissões, que se conservem vigilantes, em quanto se não desvanecerem completamente todos os receios (Piauhy, 1862b, p. 6-7).
Se anteriormente apresentava-se um imaginário social de medo e pânico em diversos espaços da província em função da presença ou provável chegada da enfermidade agora este quadro se alterou e, aparentemente, com relação ao número de infectados e óbitos provocados a doença teve um efeito limitado.
Através do documento é perceptível a presença do Cólera nesta época em três localidades específicas: Independência, Príncipe Imperial (atualmente Crateús) e Parnaíba. Destas, por sua vez, é em Independência, localidade mais próxima da província vizinha, que a enfermidade grassa com mais impacto levando a óbito dezenas de pessoas e forçando o poder público a instalar uma Comissão Sanitária para lidar com a epidemia.
O aparecimento da doença em espaços limítrofes com o Ceará, como o exemplo dos três locais citados, bem como com o oceano, caso de Parnaíba, não é à toa e trata-se de um aspecto a ser considerado para análise. Assim como no Piauí, de acordo com Lemos (2016), o cólera chega ao Ceará em 1862, tendo se espalhado por diversos espaços da província cearense, com destaque feito pela autora para Quixeramobim e suas circunvizinhanças.
Nesta localidade, ainda segundo Lemos (2016), em 1855 a Câmara Municipal informa à Presidência da Província que existiam sete estradas de caráter público e que permitiam acesso aos espaços adjacentes. Dentre estes, uma das estradas seguiam desta vila e permitiam acesso ao Piauí, até a vila de Príncipe Imperial nesta província e, considerando que Independência, outra vila piauiense no período, localizava-se ainda mais próxima a divisa com o Ceará, possivelmente esta estrada também permitia acesso a esta última vila na região denominada vale do Crateús.
O mapa 220 permite visualizar as distâncias com a província vizinha e entre espaços afetados nesta última pelo cólera, como Quixeramobim, segundo Lemos (2016), bem como Tauá21 e Icó, outras localidades existentes na província do Ceará e que segundo o relatório de 13 de junho de 1862 do Dr. Antonio de Britto Souza Gayozo (Piauhy, 1862a) também foram afetadas pela epidemia do cólera naquele ano.

Considerando o mapa 2 é possível, então, perceber a proximidade existente entre as vilas que, segundo os documentos consultados, foram as mais afetadas pelo cólera no Piauí, e algumas das localidades cearenses citadas pelo relatório de 13 de junho de 1862 do Dr. Antonio de Britto Souza Gayozo (Piauhy, 1862a), como Tauá e Icó. Considerando ainda as relações existentes entre Príncipe Imperial e Independência por vias terrestres com a província vizinha, conforme ressaltado por Baptista, Nascimento e Baptista (2021) enquanto um dos argumentos para legitimar a permuta realizada em 1880 entre Piauí e Ceará não é surpresa que sejam as vilas mais afetadas pelo cólera e que a doença tenha chegado na região por meio da província cearense.
No que diz respeito a Parnaíba, localizava-se no litoral do Piauí, na divisa com o Ceará através do povoado de Amarração, naquele contexto ainda pertencente a província cearense. A proximidade não apenas com o Ceará através do povoado vizinho, mas com o seu porto e, consequentemente, com o oceano Atlântico22 ajuda-nos a refletir o porquê de Parnaíba ter sido também, possivelmente, um dos espaços mais afetados na província piauiense pelo cólera.
Embora o documento não afirme se Parnaíba nesta época foi de fato afetada pela enfermidade, limitando-se a inferir sobre as ações profiláticas tomadas no litoral piauiense, como a construção de um lazareto, espaço criado neste contexto para a quarentena de acometidos por doenças consideradas infectocontagiosas, construção de um novo cemitério provisório, ampliação de camas disponíveis para os acometidos, bem como higienização dos logradouros públicos da cidade, é interessante perceber como o medo da chegada da doença provoca reações e permeia o imaginário dos sujeitos.
Do mesmo modo que em províncias vizinhas a possibilidade da doença se fazer presente provocava receios e levava a cobrança de ações de profilaxia por parte dos governos provinciais23, especialmente no caso de províncias que mantivessem contato com àquelas afetadas por vias marinhas ou fluviais, um dos principais meios de transporte na segunda metade do século XIX, e no Piauí não foi diferente.
Se em 1862 com a doença já presente em solo piauiense e somando vítimas, tem-se ações de profilaxia em outros espaços da província em função do medo de como esta poderia se desenvolver, alguns anos antes no relatório do presidente da província de Frederico D’Almeida e Albuquerque24 de 1856 apresentado à Assembleia Legislativa, percebe-se uma preocupação por parte do presidente acerca do caráter epidêmico que o cólera havia adquirido no restante do país e uma outra perspectiva ao se considerar o Piauí, conforme podemos observar a seguir:
Saude Publica.
O flagello da epidemia, que ha reinado na mor parte do Imperio, que ha feito tantas victimas, e causado tão graves males, até o presente ainda não invadira esta Provincia, graças á Divina Providencia.
Cumprindo as ordens do Governo de S. M. o Imperador, que - dominado pelos sentimentos humanitarios - ha dado aos seus Delegados nas Provincias todos os meios de que é possivel dispor, para socorrer a população accommettida pela epidemia, eu tenho tomado todas as medidas preventivas necessarias, para cumprir os meus deveres, no caso de ser a Provincia invadida por esse horrivel flagello! (Piauhy, 1856, p. 17).
Além do destaque aos problemas que o cólera vinha causando em outras províncias brasileiras, naquele momento já presente e tendo vitimado milhares de vítimas no Pará, Bahia e Pernambuco, por exemplo, é interessante o adjetivo utilizado no documento para identificar a enfermidade.
Tratava-se de um flagelo. Mais do que isso. Um horrível flagelo! Ou seja, corroborando com Lemos (2019), a doença também na documentação piauiense consultada assume um caráter simbólico religioso ao se associar o cólera a uma punição. Ainda que não seja dito é perceptível a dicotomia presente no documento, isto é, se até aquele momento a doença ainda não se fazia presente em solo piauiense isto só era possível graças à intervenção da Divina Providência, de Deus, que teria “protegido” o Piauí até então.
No entanto, à medida que a doença se torna presente no território piauiense a Divina Providência se ausenta da documentação e em seu lugar assume o flagelo ou mal que se alastrou por boa parte da província, ceifando inúmeras vidas e marcando o imaginário do medo entre a população e o poder público.
Neste contexto de cólera no Piauí da segunda metade do século XIX, assim como em outras temporalidades e localidades, a partir do momento que, segundo Tuan (2005, p. 149), “uma doença ataca repentinamente, como em uma epidemia, é como se os deuses ou um deus justo estivesse zangado e as pessoas sendo castigadas pelas suas transgressões. Unir doença com pecado e castigo é, de fato, um traço importante da fé judaico-cristã”.
Voltando aos anos 1860, por sua vez, em 1863 o cólera segue fazendo vítimas e provocando medo na administração pública da província do Piauí, bem como nos espaços diretamente afetados. No relatório do presidente da província Dr. José Fernandes Moreira de 1 de julho de 1863 tem-se o seguinte:
Saude publica.
De 14 para 15 de Abril manifestou-se na Villa, e Termo do Principe Imperial o cholera-morbus, que foi considerado extincto á 31 de Maio; neste intervallo forão acommettidas 313 pessoas, das quaes 52 fallecerão.
Nomeei uma commissão sanitaria, á quem forão entregues 400$ reis para dietas, e tratamento dos pobres: remetti por duas vezes remedios appropriados, e uma porção da baeta, autorisei o engajamento do Pharmaceutico Antonio Mavignier Lopes Gama por 10$ reis diarios para pensar os pobres, de 2, ou mais enfermeiros, e dos coveiros precisos para o prompto enterramento dos mortos. Os habitantes receberão o mal com coragem, e fizerão entre si uma pequena subscripção [...].
Por cautella mandei uma pequena ambulancia para a proxima Villa de Marvão, nomeei commissão para esta, e para as Villas de Independencia, e Campo-maior á tomarem medidas preventivas, e autorisei as collectorias de Marvão, e Independencia a fornecerem ás ditas commissões o dinheiro preciso até a quantia de 200$ reis.
Finalmente hoje cessarão os receios, e com quanto não esteja liquidada toda a despesa, calculo que não será maior de 2 contos de reis (Piauhy, 1863a, p. 10).
Se no relatório anterior de 1862 a vila de Príncipe Imperial (Crateús) tinha sido pouco afetada no tocante a infectados e, consequentemente, mortos pelo cólera, esse número se modifica significativamente no relatório de 1863. Se em documento prévio indicava-se a inexistência de vítimas, em novo surto de cólera na vila o número de acometidos aumenta substancialmente para 313 e dentre esta cifra 52 pessoas vindo a óbito.
O documento em si não traz muitas novidades. Limita-se, mais uma vez, a informar as medidas tomadas pela administração provincial para enfrentar a enfermidade, como a nomeação de uma Comissão Sanitária, distribuição de alimentos e remédios, contratação de funcionários específicos para lidar com a conjuntura, como o farmacêutico Antonio Mavignier Lopes Gama, além de enfermeiros para auxiliar com os doentes e coveiro para ajudar no enterro dos mortos.
Além disso, toma também medidas profiláticas com relação a outras vilas da província, algumas mais próximas de Príncipe Imperial, como Marvão (Castelo do Piauí) e Independência, outras mais distantes como Campo Maior. Apesar de se tratar de ações preventivas podem também simbolizar o medo pelas autoridades públicas da epidemia tornar a grassar em outros espaços da província.
Interessante ainda o destaque feito pelo documento acerca do enfrentamento do “mal” com “coragem” por parte dos habitantes de Príncipe Imperial. Em um contexto de desconhecimento acerca de como se efetuava a transmissão da doença25 parece-nos pouco provável que a população de fato tenha enfrentado a enfermidade com coragem, ainda que segundo o documento, ajudaram uns aos outros no combate a esta.
A mudança no discurso sobre a doença de seu antecessor aproxima-se mais de um enaltecimento da própria gestão26, ao inferir que se a população recebeu o mal com coragem isto relacionou-se com as medidas tomadas pela província consideradas enquanto eficazes e suficientes para combater o cólera neste momento.
Findado o ano de 1863 o cólera só voltou a ser mencionado no relatório do presidente da província do Dr. Franklin Americo de Menezes Doria de 186627. Em um momento em que a província enfrentava nova epidemia de varíola28 desde setembro de 1865 até o primeiro semestre de 1866, tendo afetado Teresina, Parnaíba, Oeiras, São Gonçalo, Barras, dentre outras localidades não mencionadas. No final da nota relacionada a saúde pública, no entanto, tem-se uma nova menção ao cólera na província do Piauí, conforme pode-se observar no trecho a seguir:
O estado sanitario da provincia pareceu a pouco ameaçado da cholera-morbus, enquanto se aceitou a noticia do reapparecimento de tal flagello na provincia do Ceará, visinha d’esta. Similhante noticia chegou a ser-me transmitida officialmente pelas principaes auctoridades da Parnahyba, acompanhada da declaração de que um dos vapores costeiros, de volta da Fortaleza e surto no porto da Amarração, não tinha trazido limpa a carta de saude. Isto supposto, apressei-me em dar todas as providencias que reclamava tão grave communicação, mas felizmente foi em breve desvanecida a ideia da invazão da cholera-morbus no Ceará (Piauhy, 1866a, p. 20).
Ainda que o Piauí não volte a vivenciar nova epidemia de cólera permanece na província um imaginário do medo acerca da doença e dos efeitos que esta poderia ter caso novo surto epidêmico voltasse a grassar nas vilas e cidades piauienses. Mesmo que a doença não tivesse de fato ressurgido a simples possibilidade de isso ocorrer já provoca o receio por parte da administração pública ao ponto de verem nisto uma ameaça ao estado sanitário do Piauí.
Interessante ainda que o medo em torno da doença neste momento relacionou-se com a existência de novo surto epidêmico do cólera na província vizinha do Ceará, especificamente no distrito vizinho de Amarração, e em função da passagem de embarcação que vindo da capital cearense havia feito escala nesta última que mantinha contato constante com Parnaíba.
A passagem desse vapor por espaços contaminados pela enfermidade e a apresentação de uma carta de saúde29 que não se encontrava limpa foi motivação suficiente para que a administração pública tomasse medidas profiláticas e, embora estas não tenham sido mencionadas, provavelmente tratou-se de destinar espaço para quarentena de infectados, atendendo ao Decreto n. 828 de 29 de setembro de 1851 (Brasil, 1851) do governo imperial.
Imperioso indicar ainda a atribuição feita em 1867 pelo médico Simplicio de Souza Mendes à Divina Providência ou ao clima do Piauí o fato de o cólera asiático não ter assumido novo caráter epidêmico na província ou mesmo de não ter provocado tantas mortes como em outras localidades. No Relatório do Presidente da Província Dr. Adelino Antonio de Luna Freire há uma transcrição do relatório do citado médico para informar sobre o estado de saúde pública e a vacinação de varíola na província. Sobre o cólera tem-se o seguinte:
- Seja um favor providencial, seja o effeito necessario e immediato de causas naturaes e permanentes, o que é certo é que este nosso clima - apezer de secco e quente, mas ventilado e rarefeito - tem-nos posto até hoje ao abrigo d’essas grandes calamidades e pestes, que sôem invadir todo o litoral do Imperio de annos á esta parte, e que, mercê de Deus, ou não tem podido ainda vencer as barreiras supremas que se lhe oppoem, ou encontrão logo tantas forças neutralisadoras e dissolventes, que nos é grato dizer; suas consequencias fataes são nenhumas e desconhecidas, attendendo-se ao caracter violento, pernicioso e geralmente mortifero, que a sciencia e um obituario espantoso lhes assignalão quasi sempre, n’aquelles logares por onde passão, se demorão ou reinão periodica ou constantemente sob a forma endemica, contagiosa, e sui generis epidemica. Assim é, que nem a febre amarela, o tiphos, e sobre tudo a cholera-morbus aziatica, ou esporadica, mesmo tão temivel e como que aclimatada nas outras provincias, nesta - em boa hora o dizemos - continua desconhecida e mui distante de todas as mais tristes previsões desta pacífica e bondosa população (Piauhy, 1867, p. 56).
Por quais motivos, então, o cólera não teria tomado proporções similares a outras províncias, a exemplo da Bahia onde as mortes chegaram a 36 mil pessoas ou à Paraíba com o número estimado de 30 mil (David, 1993)? Para o médico Simplicio de Souza Mendes naquele momento duas explicações tornavam-se possíveis: a religiosa/espiritual/divina e a científica.
Conforme já indicado sempre que a epidemia sai de cena a Divina Providência reaparece e, se o “mal” deixa de agir perante a província isso se deve pela ação divina que interveio e pôs fim ao flagelo que havia anteriormente sido imposto. Nesse caso, no entanto, além da Divina Providência o médico que atesta sobre a situação de salubridade pública da província busca outra explicação para o fato de a doença ter terminado e não ter ocorrido outro surto epidêmico: recorre-se a ciência, especificamente a teoria miasmática30.
A partir desta o médico indica como o clima, especificamente a ventilação dos espaços, possivelmente evitou que as previsões trágicas dadas pela ciência em outras localidades não se concretizassem no Piauí livrando suas populações, portanto, de conjunturas mais problemáticas com doenças como o cólera, a febre tifoide e a febre amarela, esta última também com surtos epidêmicos na década de 1860 conforme Nunes (2007).
No entanto, se o cólera não teve o mesmo efeito no Piauí nesta época que em outras províncias brasileiras ou mesmo países talvez possamos sugerir que isto seja em decorrência da quantidade reduzida de pessoas que viviam no território piauiense e, especialmente, nos espaços urbanos, locais de maior contaminação da doença neste período, segundo David (1993).
No quadro 1 podemos observar os números demográficos em 1865, a partir de dados presentes no relatório do 2º Vice-Presidente da Província José Manoel de Freitas apresentado à Assembleia Legislativa em 21 de julho de 1868 (Piauhy, 1868), dos espaços atingidos pelo cólera nos anos anteriores. No quadro 2 o número de pessoas mortas pelo cólera nas localidades afetadas.


É preciso considerar, portanto, que a população piauiense, especificamente das cidades e vilas afetadas, tratava-se de um número reduzido ao compararmos, por exemplo, com a Bahia e sua capital, Salvador, respectivamente em números aproximados de 1 milhão e 56 mil pessoas em 1855 (David, 1993).
Há de se considerar ainda a insalubridade de espaços que foram mais afetados pela enfermidade, como é o caso de Salvador, na explicação acerca do porquê o número elevado de mortes, segundo David (1993). Deste modo, no caso do Piauí, talvez o número reduzido de pessoas que viviam nos espaços mais afetados pelo cólera tenha contribuído para reduzir o contágio na província. Certamente a salubridade destes espaços também teve influência nesse contágio, assim como na Bahia, contudo nos faltam documentos31 para uma análise mais aprofundada neste aspecto.
Duas décadas depois32, o cólera tornou a ameaçar a província do Piauí e provocar o medo no imaginário da população e, especialmente, na administração pública. De acordo com Baptista e Nascimento (2018) em dezembro de 1884 o periódico “A Época” lança uma nota em que comenta sobre o reaparecimento do cólera na Europa.
A preocupação do periódico resvala na existência de um porto marítimo na província do Piauí que estabelecia contato diretamente com a Europa, portanto, sujeito ao aporte de embarcações contaminadas com a enfermidade. A nota questiona ainda o que o governo provincial estaria fazendo para evitar que a doença voltasse a grassar no Piauí, sugerindo que o lazareto33 que já havia sido construído na administração anterior na região de Amarração não seria o suficiente e apontando as medidas mais enérgicas tomadas pelo governo imperial, como o fechamento de portos, que poderiam ser tomadas como exemplos pela administração da província.
Ainda que o questionamento das medidas tomadas reflita diretamente em questões políticas, isto é, nas disputas entre o Partido Liberal e Conservador, conforme salientado por Baptista e Nascimento (2018), é interessante destacar que apesar disso novamente o cólera reaparece no discurso político enquanto um flagelo e este, por sua vez, responsável por trazer o medo às pessoas que viviam naquela época.
A remota possibilidade de a doença alcançar novamente o território piauiense, tornando-se novamente epidêmica é o bastante para assustar, bem como indagar as autoridades como evitar que este flagelo, que este mal, mais uma vez provoque vítimas, bem como pânico e medo não apenas entre as cidades e vilas costeiras, mas também entre aquelas do interior da província do Piauí.
O cólera, no entanto, não foi a única enfermidade no contexto dos anos 1860 a atingir um caráter epidêmico ou mesmo a modificar o cotidiano dos piauienses, bem como provocar medos e receios, além de medidas enérgicas por parte da administração pública e, talvez, atitudes desesperadas por parte de sujeitos acometidos por essas enfermidades, muitas vezes, mortais.
Considerações finais
Ao término desta narrativa sobre medo, doenças e morte ficam os ensinamentos de Albuquerque Junior (2017) sobre a impossibilidade de conhecer o mundo tal qual ele é. Ao historiador é necessário compreender que é possível abarcar apenas circunstâncias particulares sem a pretensão de se chegar a uma verdade inalcançável.
A historicidade encontra-se atrelada a essas questões no presente e no passado. Este último, deste modo, torna-se uma invenção composto por diferentes práticas e discursos realizados ao longo do tempo e quanto mais tentamos alcançá-los, mais o afastamos de ser conhecido. A História, neste ponto de vista, torna-se produtora de esquecimentos à medida que vai (re)construindo narrativas previamente produzidas sobre um passado que acreditava-se ser conhecido.
Deste modo, os objetos, documentos ou vestígios não trazem por si só a História ou mesmo o sentido desta. É preciso a criação de uma narrativa a partir de um conhecimento histórico previamente conhecido para que seja possível historicizar o documento. Só então este passa a ter um sentido e um significado histórico.
Foi essa historicidade e narrativa que buscamos criar ao refletirmos a partir dos relatórios de presidência da província do Piauí sobre o medo, doença e morte na segunda metade do século XIX, isto é, sobre as possíveis sensibilidades que os sujeitos que nesta época existiram vivenciaram ao se deparar com o cólera.
Assim, considerando as reações diversas que o ser humano pode ter frente ao medo e à morte e, tendo em vista ainda a conjuntura do Piauí enfermo na década de 1860, a narrativa construída ao longo deste artigo não nos parece improvável de ter se sucedido. De todo modo, faz-se necessário que novas pesquisas e novos documentos sejam utilizados para que as perguntas não respondidas e possibilidades elencadas ao longo deste trabalho possam ser exploradas.
Fontes
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PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Exm. Sr. Dr. Antonio de Britto Souza Gayozo passou a administração da provincia do Piauhy ao Exm. Sr. Prezidente Dr. José Fernandes Moreira no dia 13 de junho de 1862. Therezina: Tipographia Conservadora, 1862a.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio que o Exm. Prezidente da Provincia do Piauhy Dr. José Fernandes Moreira apresentou á Assembleia Legislativa Provincial por occasião de sua installação no dia 10 de novembro de 1862. Therezina: Tipographia Conservadora, 1862b.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Exm. Sr. Presidente Dr. José Fernandes Moreira passou a Administração da Provincia do Piauhy ao Exm. Sr. Dr. Pedro Leão Vellozo no dia 1 de julho de 1863. Therezina: Typographia Progressista, 1863a.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Exm. Sr. Presidente Dr. Pedro Leão Vellozo passou a Administração da Provincia do Piauhy ao Exm. Sr. 2º Vice-Presidente Dr. Antonio de Sampaio Almendra no dia 4 de dezembro de 1863. Therezina: Typographia Progressista, 1863b.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio apresentado á Assembleia Legislativa do Piauhy no dia 12 de julho de 1865 pelo Prezidente da Provincia o Exm. Sr. Dr. Franklin Americo de Menezes Doria. San’Luiz: Typ. de B. de Mattos, 1865.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio apresentado á Assembleia Legislativa do Piauhy no dia 9 de julho de 1866 pelo Prezidente da Provincia o Exm. Sr. Dr. Franklin Americo de Menezes Doria. San’Luiz: Typ. de B. de Mattos, 1866a.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Excellentissimo Senhor Dr. Franklin A. de Menezes Doria entregou a Administração ao Excellentissimo 2º Vice-Presidente Dr. José Manoel de Freitas no dia 3 de agosto de 1866. San’Luiz: Typ. de B. de Mattos, 1866b.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Excm. Vice-Presidente da Provincia do Piauhy Dr. José Manoel de Freitas passou a Administração ao Excellentissimo Presidente Dr. Adelino Antonio de Luna Freire no dia 5 de outubro de 1866. San’Luiz: Typ. de B. de Mattos, 1866c.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio apresentado á Assembleia Legislativa do Piauhy no dia 9 de setembro de 1867 pelo Prezidente da Provincia o Exm. Sr. Dr. Adelino Antonio de Luna Freire. San’Luiz: Typ. de B. de Mattos, 1867.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio apresentado á Assembleia Legislativa do Piauhy no dia 21 de julho de 1868 pelo Segundo Vice-Presidente o Exm. Sr. Dr. José de Manoel de Freitas. San’Luiz: Typ. de B. de Mattos, 1868.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Exm. Sr. Desembargador Delfino Augusto Cavalcanti D’Albuquerque passou a Administração da Provincia do Piauhy, em 4 de agosto de 1876 ao Exm. Sr. Dr. Luiz Eugenio Horta Barbosa. Theresina: Typ. do Piauhy, 1876.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa do Piauhy, em sua sessão extraordinaria de 13 de abril de 1877 pelo Exm. Senr. Dr. Gracilliano de Paula Baptista Presidente da mesma Provincia. Theresina: Typ. da Moderação, 1877.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Excellentissimo Senhor Dr. João Pedro Belfort Vieira, passou a administração da Provincia do Piauhy, Excellentissimo Senhor Dr. Manoel Idelfonso de Souza Lima, 4º Vice-Presidente da mesma Província no dia 11 de dezembro de 1879. Theresina: Typ. do Semanario, 1879a.
PIAUHY. Presidência da Província. Relatorio com que o Exm. Sr. Dr. Sancho de Barros Pimentel passou a administração da Provincia do Piauhy ao Exm.º Sr. 4º Vice-Presidente Dr. Constantino Luiz da Silva Moura no dia 13 de dezembro de 1878. Theresina: Typographia da Imprensa, 1879b.
Referências
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Notas