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REFLEXÕES SOBRE A INTERNACIONALIZACÃO DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
REFLECTIONS ON THE INTERNATIONALIZATION OF BRAZILIAN SOCIOLOGY
RÉFLEXIONS SUR L'INTERNATIONALISATION DE LA SOCIOLOGIE BRÉSILIENNE
Revista Brasileira de Sociologia, vol. 1, núm. 1, pp. 67-98, 2013
Sociedade Brasileira de Sociologia

Artigos


Recepção: 1 Julho 2013

Aprovação: 1 Agosto 2013

DOI: https://doi.org/10.20336/rbs.24

RESUMO: Um dos custos da globalização cultural é o de termos que nos comunicar com o outro. Por toda parte se entende o diálogo entre cientistas como uma necessidade para o desenvolvimento de ciências mais robustas e de um mundo menos fragmentado. A opção de internacionalização pela via da língua inglesa levou à incomunicação nas ciências sociais. A abertura de novas frentes de internacionalização da sociologia que não se comunica nem em português (como no meio lusófono), nem em espanhol ou “portunhol” (como nas relações com a Espanha e América Latina), nem em inglês (como na globalização ampla), abre novas possibilidades de interlocução. Este artigo discute esses processos e aponta para uma reflexão acerca da necessidade de ampliação dos níveis de internacionalização.

Palavras-Chave: Internacionalização, Sociologia brasileira, Produção científica.

ABSTRACT: One of the costs of cultural globalizations is that we have to communicate with the other. Everywhere dialogue between scientists is understood to be a necessity for the development of more robust sciences and a less fragmented world. The option to internationalize through the English language has led to a lack of communication in the social sciences. The development of new alternative forms of internalizing sociology that are not communicated in Portuguese (as in the Lusophone environment) or in Spanish or “Portunish” (as in the relations between Spain and Latin America) or indeed in English (as in globalization more broadly) affords new possibilities for interlocution. This article discusses these processes and points to a reflection on the need to expand the levels of internationalization.

Keywords: Internationalization, Brazilian Sociology, Scientific Production.

RÉSUMÉ: Un des coûts de la mondialisation culturelle est celui de communiquer avec l’autre. Partout, le dialogue entre scientifiques est compris comme une nécessité pour le développement de sciences plus robustes et d’un monde moins fragmenté. L‘internationalisation par la langue anglaise conduit à la non communication dans les sciences sociales. L’ouverture de nouveaux fronts d ‘ internationalisation de la sociologie qui ne communique ni en portugais (comme dans le monde lusophone), ni en espagnol ou « portugnol » (comme dans les relations avec l’Espagne et l’Amérique Latine), ni en anglais (comme dans le monde globalisé), permet de nouvelles possibilités d ‘interlocution. Cet article traite de ces processus et montre l‘intérêt d’une réflexion sur la nécessité d ‘étendre les niveaux d ‘internationalisation.

Mots-clés: Internationalisation, Sociologie brésilienne, Production scientifique.

Introdução

O Aurélio define “internacionalização” como “o ato ou efeito de internacionalizar-se”, “Tornar-se internacional”. A palavra “internacional” comporta quatro definições: “Que se realiza entre nações. Relativo às relações entre nações. Que se espalha por várias nações. Cujo renome se estende a diversas nações.” (1986, 959) Dentro desta definição, gostaria de refletir sobre a internacionalização da Sociologia brasileira, sobre seu passado e, também, apontar caminhos para o futuro.

O primeiro ponto é a ideia de “nação” que, no caso brasileiro, corresponde, quase 100%, ao Estado-nação. Em muitos outros países, como Espanha, Índia, Rússia e até os EUA, este grau de correspondência é bem menor. Então, é preciso dizer que o sentido que se dá à internacionalização depende do contexto. No caso brasileiro, o termo sempre se refere às nossas relações com cientistas sociais e com as Ciências Sociais de outros países. É um processo de, por um lado, importação de saberes e de recebimento de alunos e professores e, por outro lado, de exportação de saber, professores e alunos, assim como de cooperação em empreendimentos internacionais.

Importação - Fontes internacionais na Sociologia brasileira

Uma primeira dimensão da internacionalização se refere ao local onde foram feitos os estudos superiores. Em 2009, um survey foi aplicado entre os associados da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Entre os respondentes, 2,6% tinham feito os estudos de graduação fora do país, 9,3% tinham feito o mestrado (n=454) e 16,5% seus doutorados (n=418). Ou seja, os sociólogos brasileiros são essencialmente produtos de universidades brasileiras. Portanto, existe um contingente muito significativo de professores, um em cada sete associados, que completou seu doutorado no exterior. Sabemos que as circunstâncias destes estudos foram as mais diversas. Alguns foram realizados com bolsas de agências brasileiras (que sofreram uma forte redução a partir dos anos 1980), outros com bolsas de instituições estrangeiras, alguns dos pesquisadores estavam no exílio e outros foram ao exterior por vontade própria. Estes profissionais, por causa de suas experiências pessoais, têm uma abertura à internacionalização que não é feita através dos livros, mas através da vivência, ou seja, de uma experiência internacional muito diferente da de seus colegas formados no país.

A receptividade das ideias - a internacionalização importação

Uma segunda dimensão da internacionalização influencia a atividade científica e a construção dos problemas de pesquisa. O survey aplicado entre os associados da SBS mostra que eles trabalham com toda a gama clássica de problemas e temas da sociologia. Ao examinar as bibliografias empregadas pelos colegas nos seus escritos, é possível observar que existe, como padrão, um grande uso de autores estrangeiros. Desde a década de 1930, formou-se, no país, a tradição de importar livros estrangeiros. A leitura intensiva desses livros foi feita e tentou-se, a partir dela, ver a aplicabilidade das ideias apresentadas para a compreensão da sociedade brasileira. O trabalho de Florestan Fernandes é exemplar neste quesito, já que às muitas fontes nacionais que ele empregou foram acrescentadas outras da sociologia internacional, tais como Comte, Spencer, Durkheim, Weber, Sombart, Tönnies, Mannheim, Merton e outros, sem esquecer autores internacionais e nacionais da tradição marxista. Ou seja, a sociologia brasileira bebe em muitas fontes, mas quase todas, quando não são brasileiras ou latino-americanas, são da Europa ocidental ou norte-americanas. Até hoje, esta orientação existe no coração da formação sociológica no país. Manuel Palacios da Cunha e Mello (1999, p. 75-6) confirma isto ao demostrar que entre os dez autores mais citados em teses brasileiras em Ciências Sociais, cinco eram franceses, dois alemães, dois brasileiros e um norte americano. O ingresso nos programas de pós-graduação fica dependente da habilidade do aluno de ler em uma ou duas línguas estrangeiras. Esta obrigatoriedade permite aos professores empregarem um leque amplo de fontes estrangeiras e dar uma orientação cosmopolita a seus alunos. Com frequência, misturam-se ricas bibliografias internacionais e nacionais. Minhas próprias observações à sociologia brasileira são mais abertas a variadas influências estrangeiras do se costuma ver na maioria dos países anglófonos, francófonos e hispanófonos. Ou seja, tenho a impressão de que nossos trabalhos são influenciados por uma bibliografia internacional mais ampla do que a que influencia os trabalhos dos autores daquelas comunidades linguísticas e tradições.

Bibliotecas

Alguns alunos brasileiros observam que estes bancos de dados ignoram, por exemplo, uma grande parte da produção intelectual latino-americana e, por esta razão, questionam sua legitimidade. Alice Abreu observou que apenas 3% das revistas de sociologia indexadas no Latindex aparecem no Institute for Scientific Information (ISI, a instituição que produz a Social Science Citation Index) Abreu (2007). Este enviesamento me fez decidir não trabalhar com os dados do ISI ao construir minha reflexão sobre a internacionalização da sociologia brasileira. Todos nós sabemos que o mundo é desigual. Internacionalizar a produção sociológica brasileira requer que os membros de nossa disciplina busquem estratégias, individuais ou coletivas, de combate a este tratamento desigual.

Movimentos coletivos e contra-hegemônicos

Por causa dos problemas que acabei de elencar, autoridades científicas e pesquisadores em vários países elaboraram políticas para construir suas próprias bases de dados. França, China e Polônia estão entre eles. Temos o mais tradicional “Latindex” (www.latindex.unam.mx), e na última década surgiu “Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal” – Redalyc (http://redalyc.uaemex.mx) um outro indexador. No Brasil, o SCIELO (http://www.scielo.br) é resultado de um grande esforço para disponibilizar a produção nacional e internacional on-line. Na medida em que bancos de dados alternativos se firmam, crescem e aumentam os números de fontes indexadas e de usuários e é possível imaginar a emergência de inéditos horizontes para a internacionalização das Ciências Sociais. Porém, a capacidade dos sistemas hoje dominantes de reagir e incorporar os emergentes projetos não deve ser desprezada.

Exportação e intercâmbio - A Internacionalização estreita

A internacionalização da Sociologia brasileira tem várias dimensões, entre as quais a que chamo de “internacionalização estreita”, que se relaciona prioritariamente com os países próximos, em termos geográficos ou linguísticos. Ou seja, é uma estratégia muito diferente da “internacionalização ampla”, que busca publicar e interagir com os centros de poder, já que ela corre em paralelo a estes centros.

A vida associativa é um importante articulador da internacionalização estreita. A Associação Latino-americana de Sociologia (ALAS) teve um papel importante ao longo dos últimos 50 anos, seja no período das ditaduras, seja nos períodos democráticos. Durante a ditadura, permitiu aos sociólogos brasileiros manter contatos regulares com colegas latino-americanos e, no decorrer do processo de redemocratização, estabeleceu um espaço para se debater a fundo as diversas transições à democracia que ocorreram de modo quase simultâneo em nossa região. Vários artigos, livros e intercâmbios foram produzidos neste período. (Trinidade et alii, 2006) Hoje, a democracia se consolidou como forma de governo em quase toda a região e, em vários países, cientistas sociais passaram a fazer parte das elites políticas.

Existem duas áreas geográficas no Brasil, muito diferentes entre si, de onde se pode esperar uma construção de distintas agendas de ensino e pesquisa internacionais. A primeira é a região pan-amazônica e a segunda é a região de fronteira dos países do cone sul. Uma associação regional, tal como a ALAS, e outras instâncias, especialmente a Clasco e a Flacso, permitem a construção de um espaço comum. Universidades de vários países se organizaram e constituem espaços formalizados para esta cooperação regional: na região norte, a Associação das Universidades Amazônicas (Unamaz) e, no cone sul, o Conselho de Reitores da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM). A formação de alunos, os intercâmbios entre docentes e uma multiplicidade de contatos se fazem, alguns dos quais institucionalizados e outros menos. Ainda me parece cedo para falar na construção de agendas específicas de ensino e pesquisa em Sociologia, mas, em questões pontuais, tais como migração, interculturalidade, tráfico de drogas e meio ambiente é possível perceber o espaço para esta cooperação.

A construção de uma internacionalização lusófona

Na língua fica o coração das culturas e das relações entre os povos. O desenvolvimento das Ciências Sociais lusófonas reflete uma estratégia de internacionalização em bases linguísticas. Criado em 2005, o Programa de Cooperação em Ciências Sociais para os Países de Língua Portuguesa conta com o apoio do CNPq. Renato Lessa (2009) avaliou o programa numa entrevista: “não estamos preparados ainda para aceitar o fato - não a ideia, o fato - de que a língua portuguesa é uma língua internacional, uma língua que conecta comunidades intelectuais diferentes, que praticam modalidades diferentes até do português, tem sensibilidades diferentes, tratam de objetos diferentes, tem diversidade teórica interna, ou seja, tem os requisitos mínimos para você chamar de comunidade científica internacional....” Acredito que ainda é cedo para falar da construção de um meio onde a unidade linguística permite o estabelecimento de uma comunidade sociológica lusófona. Porém, existe um movimento intelectual e institucional, ao mesmo tempo, identitário e anti-hegemônico, que busca criar esta comunidade (Almeida, 1998). Já foram organizados onze congressos bienais Luso-Afro-Brasileiros de Ciências Sociais. Existe uma consciência de que seria necessário estimular pesquisas comparativas entre estes países, avançar no intercâmbio de docentes e alunos e investir na qualidade do jornal científico Revista Travessias. O sistema Scielo é um recurso que contribui para o fortalecimento do movimento lusófono, porque é construído em português. A nova “Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa”' (http://www.ailp.ics.ul.pt) foi fundada por ocasião da 118 edição deste congresso, em 2011, em Salvador, BA, e foi registrada em março de 2012.

A exportação e o intercâmbio – A Internacionalização “ampla”

A ampla internacionalização da sociologia pressupõe uma comunicação humana cujos limites são negligenciados na maioria das reflexões conduzidas sobre o tema. Nas ciências naturais e exatas, em que a formalização é muito maior e nas quais muitos objetos científicos independem do contexto cultural, a comunicação se faz por equações, taxonomias e fórmulas que fazem parte de seu patrimônio comum e o inglês tem o papel de língua franca.

Segundo o índice Translationum, da UNESCO, “a língua a partir da qual se traduz mais, desde 1979, é a inglesa (813,739 obras), seguida pela francesa (154,739 obras), pela alemã (136,597 obras) e, depois, pelas línguas russa, italiana e espanhola. Apesar de a língua inglesa ser a principal língua a partir da qual se traduz, verifica-se que, ao mesmo tempo, muito pouco se traduz para o inglês. As línguas para as quais se traduz com maior frequência são a alemã (241,364 obras), a espanhola (183,420 obras), a francesa (164,366 obras) e a inglesa (102,366 obras), seguidas pelas línguas japonesa, holandesa, portuguesa e russa” (Calvet, 2007, p. 52-3) Ou seja, o pensamento (que sejam romances, ciências sociais ou livros de auto-ajuda) publicado em inglês em forma de livros se espalha pelo mundo, enquanto o pensamento elaborado em outras línguas não tem a mesma receptividade no mundo anglófono.

Leeuwen et al., (2001) examinaram revistas incluídas na Science Citation Index (SCI) da ISI. Descobriram que textos publicados em línguas diferentes da inglesa têm um impacto muito abaixo do impacto dos artigos publicados em inglês. O fato repercute de maneira negativa sobre a avaliação das instituições, o que acaba forçando a publicação em revistas indexadas e publicadas em inglês. Na base da análise das publicações em uma faculdade de medicina alemã, observou-se que, aproximadamente, 80% das fontes indexadas são publicadas em inglês.

No Brasil, Renato Ortiz (2006, 2008) elaborou uma reflexão profunda e sofisticada sobre a questão da língua franca nas Ciências Sociais. Seu raciocínio leva-nos a concluir que é impossível desenvolver ciências sociais de qualidade através de recurso a uma língua franca. Para explicar a sociologia que se faz em um país para alguém de outro país é necessário prestar atenção à narrativa e ao desenvolvimento conceitual e situar os dois em seus contextos linguísticos e sócio-históricos. Um resultado prático desta reflexão é a necessidade de adoção de uma estratégia muito mais complexa de internacionalização do que o “tudo em inglês” que envolva, apesar de todos os custos financeiros e das dificuldades envolvidas, o emprego de uma mistura de recursos tecnológicos e traduções de alta qualidade.

A Associação Internacional de Sociologia (ISA) e a questão linguística

Embora a ISA tenha o espanhol e o francês como suas línguas oficiais, é o inglês que funciona como a língua dominante em todas as instâncias da entidade: em quase todos os comitês de pesquisa, na grande maioria das apresentações, na direção e nas revistas internacionais. A questão linguística tem sido objeto de debate na ISA desde antes de 1998, quando Alain Touraine presidiu uma comissão que preparou um relatório sobre a questão. A comissão alertou sobre o duplo risco de criar, de um lado, uma torre de Babel e, de outro, uma exclusão linguística. Existe uma tensão permanente em torno destes dois polos. “[P]ara evitar o isolamento, professores e estudantes de todos os países devem apreender o inglês e pelo menos mais uma língua estrangeira... ao estudar um autor ou escola de pensamento, autoridades universitários e de centros de pesquisa devem garantir que têm conhecimento suficiente, pelo menos passivo, da língua na qual as obras originais foram publicadas.” (Touraine, 1998, p. 13) Aliás, quem perde com o monolinguismo são as pessoas e as sociologias que são monolinguísticas. Para elas, falta tudo: acesso a textos não traduzidos, a noção de alteridade linguística, uma ideia sobre as complexidades da comunicação humana e uma apuração conceitual. Um relatório da British Academy constatou que “a falta de capacidade linguística inflige uma real desvantagem em acadêmicos em muitas partes do sistema universitário britânico, e diminui a capacidade competitiva do sistema como um todo.” (British Academy, 2009) Touraine (1998, p. 10) dá uma ilustração:

Muitas vezes usamos a mesma palavra para realidades diferentes. O que provoca repetidos e sérios erros e também obstáculos à comunicação. State, État, Staat, Estado não se referem à mesma realidade... A dificuldade pode ser vencida pelo uso de noções na sua língua original. Em todos os países devemos falar de Handeln, Stand, raison d’État, conscience collective, desarrolismo, Establishment, dharma etc.

Na visão da comissão, a ISA também deve facilitar o desenvolvimento de relacionamentos entre países não-ocidentais, sobretudo através do compartilhamento de perspectivas e de pesquisas comparativas. A Sociologia é uma disciplina com capacidade de esclarecer o que pode ser transmitido de uma cultura para outra e, também, o significado de um mesmo termo (ex. violência, juventude, idoso) em culturas diferentes. Também tem capacidade de esclarecer como a atividade intelectual é contingente e repousa sobre a sociedade e a história do lugar onde é produzida. Na visão da comissão, a ISA deve formar um grupo encarregado de investigar estes temas e, a partir disso, contribuir na redefinição da relação entre o universal e o particular.

A ISA e o Brasil

A ISA foi estabelecida no clima do pós-segunda grande guerra e a UNESCO teve um papel fundamental nos seus primeiros anos. Um dos frutos da fundação da ISA foi um estímulo à formação de sociedades científicas de sociologia em bases nacionais. O objetivo foi aumentar a cooperação científica entre as nações e a compreensão mútua. No primeiro momento, as associações foram fundadas, principalmente, na Europa. A SBS nasceu em 1950, após a Sociedade de Sociologia de São Paulo ter recebido uma carta da ISA, convidando-a a fundar uma sociedade nacional e a se associar.

Nos últimos congressos mundiais de sociologia organizadas pela ISA, uma das maiores delegações tem sido a brasileira: em Gotemburgo, no ano de 2010, foi a nona com 185 inscritos, em Durban, em 2006, foi a sétima com 109 inscritos e em Brisbane, em 2002, a oitava com 78 inscritos. Nossas agências de fomento apoiam muito generosamente esta participação. Em 2002, o número de brasileiros associados a ISA era 75, em 2012, chegou a 250. Enquanto a ISA teve um aumento geral de 63% no número de associados, entre 2002 e 2012, os associados brasileiros cresceram em 233%, uma das taxas de crescimento mais expressivas no mundo. (fonte: dados da ISA) Gerações de jovens pesquisadores do mundo inteiro se iniciam na sociologia internacional através dos congressos da ISA e também da participação nas reuniões anuais ou bienais dos comitês de pesquisa temáticos. Ao longo dos anos, sociólogos brasileiros foram eleitos para a direção de vários comitês de pesquisa da ISA e, também, para a direção da entidade. Membros da alta direção da ISA têm sido convidados para os congressos bienais da SBS desde, pelo menos, o de Brasília, em 1999.

Outras iniciativas de internacionalização ampla

O arcabouço internacional descrito até agora não contemplou todos os tipos de apoio de agências governamentais à internacionalização, nem as outras formas que as sociedades cientificas buscam para estimular o intercâmbio entre pesquisadores e estudantes de diferentes países. O apoio ao financiamento busca estimular intercâmbios com universidades e centros nos países ricos, mas proporciona muito pouco as trocas sul-sul. Há cátedras para docentes brasileiros em várias universidades no norte e os acordos tais como CAPES -DAAD-CNPq e Capes-Cofecub buscam incentivar parcerias entre universidades.

Identificamos uma grande estrutura de poder e de apoio, além de alguns elementos cruciais no sistema. Agora, resta saber como os sociólogos brasileiros se comportam. A diretoria da SBS, na gestão 2007-2009, decidiu conhecer melhor um conjunto de aspectos de seus associados. Para isso, realizou um survey on-line com todos os 911 associados, no primeiro semestre de 2009. No formulário, preenchido via internet, constavam 39 perguntas, respondidas, total ou parcialmente, por 477 membros, ou seja, um pouco mais que a metade (52%) dos associados da época. Com base nas respostas do perfil geral dos associados, é possível dizer que é um grupo predominantemente constituído por acadêmicos.

Dificuldades de se publicar em inglês

A sociologia publicada em língua inglesa, em vez de se basear nas obras de uma comunidade poliglota que cruza as fronteiras linguísticas, é monoglota e estreita, apesar de ser considerada “internacional”. Esta é uma equação que não fecha, pela qual os menos internacionalizados, se tomamos a variedade de fontes usadas como critério de internacionalização, são considerados os mais internacionalizados porque publicam em inglês. É uma questão que tem pouco a ver com o mérito, e mais com o poder de definir o que é mérito. O antropólogo português Pina Cabral explica a situação de maneira sucinta e que é condizente com a experiência de muitos colegas brasileiros. “Ora, poder-se-ia dizer que só é possível ultrapassar a falta de “futuridade” “publicando e sendo citado no índice ISI” (Pina Cabral, 2007, p. 235) Para o autor, os limites na capacidade de publicar daqueles cientistas sociais que não fazem parte do circuito de poder central são dados nos centros de poder.

Não basta “descobrir” coisas importantes para ganhar prémios Nobel e fazer patentes milionárias nas ciências sociais por maioria de razão. A actividade científica... é uma actividade social e como tal está imersa em todo um esquema de reprodução que passa pela existência de hegemonias o poder militar, político, económico e o poder cultural, intelectual e científico cruzam-se. Não basta publicar obras consideradas de valor em língua inglesa para assegurar a futuridade do que publicamos. Mais cedo ou mais tarde se revela que as coisas que os colegas citam (e que, portanto, têm futuridade) têm menos a ver com o que lá está escrito e mais a ver com o que eles próprios “ganham” ao citá-las.... Por exemplo, é mais interessante/chique citar Foucault (e isto porque Foucault é a coqueluche americana, nada a ver com francofilia) do que Thales de Azevedo, mesmo quando o que se está a dizer tem mais a ver com a brilhante obra deste último que, aliás, a maioria de nós simplesmente desconhece. (Pina Cabral, 2007, p. 235-6)

Ele também observa, junto com colegas brasileiros, que muitas vezes, mesmo sendo um intelectual cuja obra é publicada em inglês, ao enviar artigos, ele é frequentemente avaliado por assessores que não têm um nível suficiente para fazer um trabalho sério. Isso faz com que os artigos sejam avaliados “como se fossem obras de iniciantes”.

Temos de produzir obras de elevado nível científico, empiricamente correctas e teoricamente consequentes, plenas da melhor scholarship. Tal, porém, não chega para assegurar que a nossa obra tenha futuridade. Para isso, teremos sempre de passar por um trabalho de constituição social, porque a ciência é uma actividade social. (Pina Cabral, 2007, p. 236)

Uma profecia que se auto-realiza

A formulação genial de W. I. Thomas, de que, se as pessoas definem uma situação como sendo real, será real nas suas consequências, contribui para explicar o reduzido nível de internacionalização da sociologia brasileira. Não publicamos em inglês porque sabemos que as cartas estão marcadas contra nós e, quando publicamos, existe uma grande probabilidade de que o texto será ignorado.1 Submeter qualquer artigo para publicação é sempre um trabalho que exige muito tempo e preparar artigos numa língua estrangeira requer despesas importantes em tradução e revisão. Porém, aquelas revistas científicas que usam um sistema de “assessores anônimos” [blind referees] não permitem ao autor ter um grau razoável de certeza de que ele alcançará seu objetivo. Não somos atores ingênuos, sabemos que muito do rico contexto da sociedade brasileira não interessa àqueles que detêm o poder de definir o “universal”' em termos do paradigma ocidental dominante. Por esta razão, colegas enxergam a publicação em inglês como não sendo um objetivo realista.

Se as pessoas definissem a publicação internacional como um empreendimento difícil, árduo, mas que deve ser um objetivo de qualquer cientista, o resultado, conforme a visão de W. I. Thomas seria o oposto, ou seja, resultaria em estímulo ao trabalho e uma abertura ao diálogo internacional amplo.

O impacto internacional da Sociologia Brasileira

Há alguns anos, a Associação Internacional de Sociologia fez uma votação das mais importantes obras do século 20. Apenas um autor brasileiro estava entre os primeiros cem. O livro escolhido não é de nenhum dos “três porquinhos”, que foram pouco traduzidos em inglês e até hoje são pouquíssimo conhecidos nos centros metropolitanos.2 O livro “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”, de Fernando Henrique Cardoso, em coautoria com Enzo Faletto (1970), empatou na 400 posição com livros de Giddens, Schutz, Bourdieu, Dahrendorf, Kanter e Goffman.3 Este livro, e outros de teóricos da dependência, tiveram um grande impacto nas Ciências Sociais ocidentais na década de 70.

Neil Smelser escreveu: “...linhas de teoria constituíram um assalto na validade universal da teoria da modernização. Várias teorias sobre o desenvolvimento na América Latina (Frank, 1967; Cardoso & Faletto, 1979) argumentaram que o processo de desenvolvimento, ou a falta deste, não deve ser descoberto nos mecanismos internos à sociedade (ex. empreendedorismo, a resistência das instituições tradicionalistas) mas, em vez disso, na situação internacional do país sob investigação. Estes teóricos argumentaram que o processo de desenvolvimento nas sociedades dependentes (antigas colônias, países de desenvolvimento recente) era freado e formatado com frequência pelo fato de que as sociedades dominantes (EUA e Europa Ocidental) constrangeram suas economias, os sistemas de classe e o sistema político através de políticas de dominação, da penetração de corporações multinacionais e da manipulação de capital internacional e do crédito.... Os exemplos também demostram a natureza da tentativa e a fragilidade dos esforços nas ciências sociais a gerar conhecimento que atinge o status de aplicabilidade internacional.” (Smelser, 1991, p. 29) Ou seja, uma das grandes contribuições deste caso de internacionalização do conhecimento sociológico brasileiro foi demostrar que a pretensa universalidade da teoria de modernização, tão cara à sociologia ocidental, era falsa.

Enquanto uma nova e importante inovação teórica feita no Brasil não chegar aos ouvidos da “Sociologia mundial”, somos obrigados a falar do impacto internacional da Sociologia brasileira através de outros meios: publicações de artigos indexados e participações em congressos internacionais.

Sociological Abstracts é o mais completo banco de dados do mundo de artigos publicados em revistas de Ciências Sociais e de papers apresentados em congressos selecionados. A grande maioria das publicações incluídas é em língua inglesa. Ao examinar duas dimensões da presença da Sociologia brasileira nestas bases, ou seja, o número de autores radicados no Brasil e o número de artigos classificados como tendo o Brasil como seu assunto, conseguimos fazer um cálculo cru sobre o peso da produção brasileira e sobre o Brasil dentro do total dos artigos e papers indexados. A Tabela 1 é fruto destes cálculos.

Tabela 1
Brasil no Sociological Abstracts 1980-20104

Embora o número bruto de autores que trabalham em instituições brasileiras tenha aumentado mais de 13 vezes entre 1980 e 2010, a porcentagem que eles representam entre todos os autores indexados nunca chegou a ultrapassar 1 por cento do total. Observamos um enorme crescimento no número de textos cujo assunto é o Brasil (um aumento de quase 25 vezes no período). Os dados sugerem que este crescente interesse pelo Brasil não é acompanhado por um aumento equivalente de publicações por autores que trabalham em instituições brasileiras! Ou seja, em termos relativos, a conclusão provisória, com base em uma tabela que precisaria ser reconstruída com uma apuração mais exaustiva, é de que a sociologia brasileira é cada vez menos relevante como produtor de conhecimento indexado internacionalmente sobre o Brasil!

Para tentar examinar mais profundamente dimensões da internacionalização da Sociologia brasileira, recorri ao survey feito em 2009 com os associados da SBS.

Tabela 2
Publicação académica nos últimos IO anos, por tipo de veículo, no Brasil ou no exterior

Perguntou-se a respeito da publicação de artigos, capítulos e livros no Brasil e no exterior ao longo da última década. Em torno de 70% dos associados publicaram artigos e 70% publicaram capítulos no Brasil, porém apenas 25% tem produção internacional em cada uma destas modalidades, no total 61,7% não publicaram nada no exterior em uma década! O survey revelou que é grande o número de membros com artigos e capítulos publicados no país: 226 dos membros publicaram livros no Brasil, 30 no exterior; 320 capítulos de livros no Brasil e 118 no exterior; 341 artigos em revistas acadêmicas nacionais e 120 no exterior. Ou seja, sociólogos brasileiros dão maior importância, de modo parecido a sociólogos em outros países, à publicação de artigos e capítulos no seu próprio país e língua. Esta opção pode ser interpretada de diversas maneiras. Pode ser vista como parte da tradição brasileira de querer ser relevante no próprio país, ou pode ser vista com uma fuga do rigor, das cartas marcadas e das possíveis humilhações de uma avaliação internacional de seu trabalho. Ou, simplesmente, da aceitação de artigos e capítulos por assessores brasileiros quando estes não são solicitados ou aprovados no exterior. Uma pequena parte desta produção no país circula internacionalmente, seja no mundo lusófono, seja entre brasilianistas alojados nas universidades, sobretudo norte-americanas. Porém, resta saber mais sobre a natureza “internacional” de nossa produção científica.

Internacionalizar o conhecimento produzido no Brasil virou uma prioridade das mais diversas autoridades na área da ciência e tecnologia, inclusive para as Ciências Sociais. Até agora, demostramos que três quartos dos associados da SBS publicam dentro das fronteiras nacionais. Em algumas poucas disciplinas (ex. matemática, física) o grau de internacionalização - medida em citações por artigo5 se aproxima daquele observado nos países desenvolvidos de língua inglesa. Porém, nas ciências sociais, estamos muito distantes desta situação. A produção nacional e internacional varia de maneira sistemática, não sabemos por que, nem como.

Parece-me que há uma assimetria nítida entre os sociólogos que se formaram em uma instituição nacional e uma internacional. Estes últimos têm horizontes mais amplos e maior familiaridade com as linguagens e os códigos envolvidos com as atividades em ambiente internacional, também têm redes de contatos que levam a convites. Uma consequência disso é que serão mais motivados a publicar e participar em congressos porque sabem mais, ao enviar seus trabalhos, a respeito das chances reais de sua publicação ou aceitação internacional. O contraste com os colegas formados no país é grande: nem conhecimento, nem redes de contatos, nem formação no padrão internacional a maioria parece ter.

Separei a amostra em dois grupos, aqueles com mestrado elou doutorado no exterior, e aqueles cuja formação foi feita no país. Depois, busquei descobrir se os primeiros tinham uma inserção internacional diferente dos demais. As variáveis escolhidas para mensurar o grau de internacionalização foram: publicação em livros internacionais, publicação em revistas indexadas no exterior e publicação de livros no exterior. Descobri que, em todos os casos, ter um diploma superior no exterior está associado de maneira significativa com uma maior internacionalização da produção.

Tabela 3
Capítulos de livros publicados no exterior x local de pós-graduação do autor

Tabela 4
Artigos indexados publicados no exterior x local de pós-graduação do autor

Tabela 5
Livros publicados no exterior x local de pós-graduação do autor

Algumas análises mais apuradas foram feitas, excluindo-se os 17 estudantes associados a SBS do cálculo. Em primeiro lugar, descobriu-se que 62% dos membros da SBS não tinham publicado nada fora do país nos últimos 10 anos! Aproximadamente 1/3 (27 em 72) daqueles que se formaram no exterior tinham dois ou mais tipos de publicações internacionais (capítulos, artigos ou livros), contra apenas 15% (53 em 348) daqueles formados no Brasil. Destes formados no país, 67,5% não publicaram nada no exterior nos últimos 10 anos, enquanto 33% daqueles formados no exterior tiveram este fim. Ou seja, a correlação entre formação no exterior e publicação no exterior é alta.

Existe uma vasta bibliografia internacional que examina os problemas e as dificuldades do processo de internacionalização do conhecimento sociológico: a falta de domínio da língua inglesa, as diferenças entre os padrões de produção científica estabelecidos nos países centrais e nos países de periferia, a falta de uma ousada produção teórica e científica brasileira, a burocratização da vida universitária no país ou, simplesmente, falar da resistência à concorrência científica internacional. O teor desta bibliografia diz respeito às grandes dificuldades enfrentadas por intelectuais dos países em desenvolvimento para publicar nas principais revistas editadas nos países centrais, mesmo quando, como é o caso da Índia e outras antigas colônias britânicas, as pessoas dominam a língua inglesa (Ooman, 1991, Smelser, 1991, 2003, Dwyer, 2010, Abreu, 2011).

De um lado, a política científica nacional privilegia a formação no país e, de outro lado, a internacionalização da disseminação da ciência. Os dados demonstram que, para a sociologia, na medida em que a formação é feita cada vez mais no país, deve-se esperar uma produção sociológica ao mesmo tempo mais nacional e menos internacional.6Parece que estamos diante de um impasse, diferente das chamadas ciências exatas em que as equações e algoritmos substituem o vernáculo como meio de expressão.

Mas onde se publica internacionalmente e o que isto diz sobre a Sociologia brasileira? Construída a partir da indicação de até três revistas internacionais por cada entrevistado, a tabela 6 tenta averiguar se isto está acontecendo. As porcentagens são calculadas a partir do total das revistas mencionadas e cujo nome foi identificado durante o processo de tabulação (n=120).

Tabela 6
Revistas internacionais nas quais os associados da SBS publicaram dois artigos ou mais

A Tabela 6 revela uma nítida preferência por publicação em revistas regionais (5 das revistas são especializadas na América Latina ou no Brasil) e treze são em línguas latinas: quatro são publicadas em espanhol, cinco em francês, duas em português e duas são bilíngues, espanhol-português. Apenas cinco das 18 revistas preferidas são publicadas em língua inglesa que, por melhor ou pior, virou a língua franca da Sociologia mundial. Com uma exceção (Daedalus), as revistas mencionadas são especializadas. Esta dupla face, de muitas publicações em todos os tipos de veículos nacionais e a publicação internacional concentrada em línguas latinas, contribui para esconder a Sociologia brasileira do crivo de um público internacional.

Parece que a situação é complicada, os sociólogos brasileiros publicam muito pouco nas revistas internacionais indexadas pela Sociological Abstracts e quase todos ignoram as mais conceituadas revistas internacionais, por exemplo, usam pouco esta bibliografia em seus cursos. As bibliografias dos programas de pós-graduação testemunham o fato. Grosso modo, nossa produção indexada, mesmo sendo pequena, adquire pouca visibilidade fora de nossa vizinhança, porque não é publicada nos veículos de maior prestígio e em língua inglesa.7

Agora, vou passar a verificar se as instâncias que regulam a sociologia mundial dão algum sinal de estar cientes dos impasses detectados. Eloísa Martín, antropóloga e professora da UFRJ é editora da revista Current Sociology, (ISA), escreveu: o “World Social Science Report” (UNESCO, 2010, p. 143-4, 153) notou que a internacionalização das publicações favoreceu as regiões dominantes: Europa e os EUA. De fato, mais que 80% das revistas acadêmicas nas ciências sociais são publicadas em língua inglesa, de dois terços das publicações mais influentes na área são publicadas em apenas quatro países: EUA, Inglaterra, Holanda e Alemanha. Em mesmo tempo Oceania, América Latina e a África contribuem menos que 5% dos artigos no mundo.” Current Sociology tem acompanhado esta tendência. Porém, ela notou que 6% dos autores da revista eram da América Latina, 3,2% africanos e 2% do Oriente Médio e, no seu papel de editora, ela assumiu o compromisso de tornar o jornal cada vez mais plural e aberto do ponto de vista geográfico. (Martin, 2013) São muito poucas revistas que têm uma política expressa de apoiar ativamente autores cuja língua materna não é o inglês,8 a conceituada International Journal of Urban and Regional Research é uma delas onde autores brasileiros publicam.

No congresso Mundial de Sociologia, em Durban, em 2006, aprendemos que, para publicar “internacionalmente”, nossos colegas israelenses são obrigados a escrever sobre a única coisa que interessa a chamada 'Sociologia internacional', o conflito entre os povos israelense e palestino. Assim, temas tradicionalmente importantes de ponto de vista da produção de conhecimento e da formulação de políticas públicas perdem espaço porque não resultam em publicações que “contam pontos” (Azarya, 2006). Em Taipei, aprendi, em uma reunião de presidentes das associações nacionais de sociologia patrocinada pela Associação Internacional de Sociologia (ISA), em 2005, que os sociólogos formados nos Estados Unidos são quase os únicos que conseguem publicar naquelas revistas que a agência de avaliação nacional considera como “internacionais”, ou seja, as publicações de qualidade internacional dos cientistas sociais formadas no próprio Taiwan, na França, na Alemanha ou no Japão não são reconhecidas como internacionais. (Chang et alii, 2010)

No livro Southern Theory, Raewyn Connell reflete sobre como pesquisadores originários de países da periferia, mesmo quando dominam o inglês, como é o caso dos seus compatriotas australianos, enfrentam severas dificuldades em se fazer ouvir nos debates internacionais e publicações (sobretudo de livros). Ela escreve, “textos são também objetos materiais produzidos por editoras e sujeitos à legislação de direitos autorais. Aquelas obras publicadas na periferia sempre conheceram dificuldades de circular nos centros metropolitanos e em outras partes da periferia.” (Connell, 2007, p. 219)

Congressos e a internacionalização

Na tabela 7, podemos ver que a ampla maioria dos associados da SBS participou de congressos nacionais e internacionais ao longo da última década. Mais que dois terços participaram ativamente nos congressos da ANPOCS e/ou da SBS. Uma proporção ligeiramente menor apresentou papers em congressos internacionais, ou seja, o número bruto de pessoas que apresentaram em congressos e seminários é mais que o dobro daqueles que publicaram internacionalmente em periódicos ou capítulos de livros.

Até agora, vimos que a publicação internacional é difícil para aqueles pesquisadores que residem no Brasil, especificamente, e na periferia do sistema de produção científica, de maneira mais geral. Porém, muito menos difícil é participar em eventos internacionais. Infelizmente, o survey não permite saber se os seminários e congressos internacionais são regionais, linguísticos ou se têm uma abrangência internacional maior. É necessário perguntar a respeito de seu impacto sobre a cultura geral dos colegas e do ponto de vista da abertura intelectual. Ou seja, se a exposição intelectual nestes congressos contribui para fazer uma diferença na vida intelectual do pesquisador. Além disso, precisamos compreender a natureza da ligação entre estas participações e a internacionalização dos conhecimentos produzidos pela sociologia brasileira. Infelizmente, não temos evidências de que estas apresentações são transformadas em publicações internacionais.

Tabela 7
Participação em eventos científicos

Aproximadamente 14% dos associados não participaram nos últimos anos nem de eventos internacionais tampouco de eventos nacionais. Dos que participam de congressos nacionais, 70% também participam em eventos internacionais. Porém, o mesmo não pode ser dito para publicações, a maioria daqueles que publicam nacionalmente não publicam internacionalmente. No total, descobrimos que, excluindo-se os alunos, 42% dos ativos em eventos nacionais e internacionais, não publicam no exterior. Se participar em congressos internacionais e nacionais, as chances de não publicar no exterior são 42%; 96% daqueles que não participam de eventos nacionais e internacionais, não publicam no exterior (Deste último grupo, 47% não publicam no país, enquanto entre aqueles que participam dos dois tipos de congresso apenas 5% não publicam no país, estes são os que mais publicam em todas as 3 modalidades nacionais, 59%). 98% daqueles que não publicaram nada nos últimos 10 anos eram formados no país, enquanto apenas 2% daqueles formados fora faziam parte deste grupo.

Os dados demostram que a participação em eventos nacionais e internacionais é altamente correlacionada com a formação internacional. Isto sugere que devemos iniciar duas investigações mais amplas, uma sobre as outras disciplinas para ver em qual medida variam do padrão da sociologia, e outra sobre as estratégias e as qualificações daqueles formados no país que têm uma inserção internacional. A Tabela 8 demonstra um significativo grau de correspondência entre o associado ter sido formado no exterior e sua participação em congressos internacionais. Todavia, mesmo entre os associados que não se formaram no exterior, há um alto grau de participação internacional, 60% deles apresentaram pelo menos um trabalho em um congresso internacional nos últimos dez anos.

Tabela 8
Trabalhos apresentado em eventos internacionais

Um novo horizonte da “internacionalização mais ampla” com países não ocidentais

A emergência da noção do “Sul Global” levou a um certo redirecionamento da internacionalização da Sociologia brasileira que chamo de “internacionalização ainda mais ampla”. O livro Diálogos Tropicais: Brasil e Índia foi precursor de uma série de esforços que aumentaram ao longo dos últimos anos. Os organizadores se inspiram em um texto de Gilberto Freyre que compara a Índia (sobretudo Goa) e o Brasil, “os numerosos orientalismos dissolvidos no complexo brasileiro da cultura. Mais numerosos do que a que geralmente supomos. (...) Donde o brasileiro vir encontrar na Índia a imagem de muito traço de sua cultura e muito valor de sua paisagem (1980, 256 e 261)”. Eles comentam que é uma “tese original que merece a consideração séria, muito além de lusotropicalismos de historiadores e cientistas sociais” (Loundo & Misse, 2003, p.16). Na ocasião do XII Congresso Brasileiro de Sociologia (CBS), uma socióloga indiana, Sujata Patel, proferiu uma das conferências, em que buscou expor elementos da teoria social indiana, na esperança de estabelecer um diálogo com o Brasil (Patel, 2006).

Imediatamente após o fim do Apartheid, houve um interesse mútuo de sociólogos da África do Sul e do Brasil em conhecer os países melhor. Dentre as questões científicas que permitem imaginar pesquisas comparativas entre estes países, desigualdades, raça, educação, violência e trabalho se destacavam. A fundação do Fórum de diálogo IBAS, uma associação política de três das maiores democracias multiculturais entre os países em desenvolvimento - Índia, Brasil e África do Sul, - ajudou a consolidar a ideia de que seria possível desenvolver novos horizontes de cooperação (http://www.ibsa-trilateral.org). Ao introduzir o livro States of Mobilisation?, os organizadores escreveram “Dadas as amplas similaridades de estruturas políticas democráticas, as economias emergentes que fazem os três estados de renda média na presença de desigualdades persistentes nestes países, uma análise de relações entre a sociedade e o estado nos países IBAS tem um valor para a compreensão de como democracias podem ser aprofundadas para transformar a capacidade de resposta dos estados às demandas da cidadania” (Mohanty, Thompson & Coelho, 2010, p. 1-2).

Em 2007, no XIII CBS, uma mesa redonda discutiu a “Sociologia nos países BRICS”. Assim, abriu-se um campo de interlocução com a Rússia, China e África do Sul (não havia representação indiana prevista). Este esforço teve desdobramentos no XIV CBS, quando Li Peilin, então presidente da Sociedade Chinesa de Sociologia, proferiu uma conferência sobre os migrantes na China, seu status econômico e visão de mundo, e demonstrou o excelente nível técnico da sociologia chinesa (Li & Li, 2011) Desde sua vinda ao Brasil, o diálogo entre sociólogos dos países BRICS se intensificou e levou a uma série de projetos de publicação, da qual o primeiro livro já saiu em inglês LI et ali. 2013) e mandarim. Mais dois livros estão sendo planejados e a ISA acolheu propostas de mesas redondas sobre estes projetos no congresso de Gotemburgo (2010) e Yokohama (2014). As associações científicas de Sociologia em cada país membro estão apoiando a intensificação deste diálogo. Assim, abre-se uma nova e possível interlocução, um novo campo de diálogo internacional.

A interlocução com a China e a Rússia demostra que o tema da língua pode ser tratado de maneira diferente. Quando as discussões são multilaterais recorre-se ao inglês para evitar a Torre de Babel. Porém, em três dos cinco países BRICS, o domínio da língua inglesa é mais a exceção do que a regra, mesmo entre os intelectuais. Na ocasião do lançamento da versão em mandarim do livro “Estratificação Social nos Países BRIC”, a Academia de Ciências Sociais organizou um seminário em Pequim, no mês de outubro de 2011. As delegações russa e brasileira eram aproximadamente do mesmo tamanho, uma meia dúzia de pessoas cada, e a chinesa muito maior. Observei que um ponto de convergência foi estabelecido. Ao se falar em inglês, os erros de um e de outro acabavam sendo nivelados, por isto, houve mais vontade de falar porque, na ausência de pesquisadores anglófonos, houve menos medo de errar.

Porém, para produzir um bom nível de diálogo científico, recorrer à tradução parece ser uma estratégia necessária, sobretudo, em diálogos bilaterais. Em dezembro de 2012, um outro seminário de dois dias foi organizado em Pequim para discutir os primeiros resultados de um survey comparado sobre valores, estilos de vida e horizontes de jovens universitários chineses e brasileiros. Seis pesquisadores compunham a delegação brasileira, entre os quais apenas três tinham fluência em inglês. Nas reuniões preparatórias para este projeto recorreu-se à tradução consecutiva português-mandarim-português, para garantir a qualidade da interlocução. No seminário, a estratégia era a mesma, assim, cada um tinha o direito de se exprimir na sua língua materna, misturando poesia e humor com fluência (o que é muito difícil de se fazer em outra língua), se exprimindo da melhor maneira possível. Neste seminário, os membros da delegação brasileira só usaram o inglês para se comunicar em ocasiões sociais! A Torre de Babel é sempre um grande risco nos processos de internacionalização, também a estratégia de “tudo em inglês” carrega, como vimos, riscos de outra natureza. Ambas as estratégias levam à “incomunicação” – à impossibilidade da comunicação (Wolton, 2009). É neste contexto que os tradutores exercem seu papel estratégico.

O preço da globalização cultural é o de termos que nos comunicar com o outro. Por toda parte se entende o diálogo entre cientistas como uma necessidade para o desenvolvimento de ciências mais robustas e de um mundo menos fragmentado. Vimos que a opção de internacionalização “tudo em inglês” levou à incomunicação nas ciências sociais. A abertura de novas frentes de internacionalização da sociologia que não se comunica nem em português (como no meio lusófono), nem em espanhol ou “portunhol” (como nas relações com a Espanha e América Latina), nem em inglês (como na globalização ampla), abre novas possibilidades de interlocução. No futuro próximo, alguns cientistas sociais brasileiros e dos outros países BRICS vão aprender as línguas dos outros e, tanto a interlocução quanto a compreensão passarão a um outro nível.

Várias obras brasileiras já foram traduzidas para o mandarim e nossos colegas chineses já leram autores, tais como Celso Furtado, Teotônio dos Santos e Fernando Henrique Cardoso. Os cientistas sociais chineses conhecem melhor o Brasil do que nós conhecemos a China! Acredito que este maior conhecimento dá à China uma vantagem sobre o Brasil nos negócios e em todas as formas de negociações bilaterais. Já expus longamente sobre o trabalho de Sun Leping que acho relevante para a construção do conhecimento sobre o Brasil (Dwyer, 2012). No futuro, teremos mais intercâmbio. Novas pesquisas comparadas serão elaboradas. Ao aprender sobre os outros, aprenderemos sobre nós mesmos. Por exemplo, alunos de pós-graduação na China são obrigados, como parte de sua formação, a fazer traduções reforçando o mercado editorial. Porque não se adota uma política parecida nas nossas pós-graduações? Temos muito a aprender!

Conclusão

A legitimidade da sociologia brasileira depende não apenas de sua capacidade de trazer contribuições para a compreensão do país. Me parece que a internacionalização da sociologia brasileira teria que se pautar na busca de responder a dois desafios: buscar construir o mais alto nível de diálogo científico, teórico e metodológico com os sociólogos (e outros cientistas) nas mais variadas regiões do mundo; e ajudar atores sociais brasileiros relevantes a compreender e a agir neste novo e complexo mundo no qual habitamos.

Nos centros tradicionais de poder no mundo, as definições e os critérios de excelência científica parecem ser definidos, mudanças serão normalmente incrementais, de vez em quando uma novidade aparecerá em cena. Paulo freire e Fernando Henrique Cardoso são entre os poucos cientistas sociais brasileiros que conseguiram projetar uma identidade intelectual atraente, respostas às grandes questões dos seus tempos, uma ambição teórica e visão do mundo – ou seja ter influência sobre o movimento das ideias. O caminho mais seguro de internacionalização científica é apreender a jogar o jogo, desenvolver um alto nível de competências teóricas e metodológicas, colocar questões que estimulam pesquisas comparadas e diálogos teóricos, e (agora que o Brasil está na moda) ficar atento às demandas internacionais de conhecimento sobre o Brasil.

Tanto os professores quanto os alunos vão continuar a buscar “experiências internacionais amplas”, no começo a maioria vai favorecer os centros tradicionais de poder. Alguns vão optar para uma internacionalização estreita, quando feita em nome de altos valores científicos ou na busca da construção da compreensão intercultural, esta opção se justifica plenamente. Porém, se não mudamos o nosso padrão de produção científica poucos vão ter uma influência internacional ampla.

Nos últimos anos, grandes e rápidas mudanças globais que surpreenderam a todos, um novo horizonte se abre – uma “internacionalização mais ampla”. No primeiro momento devemos conhecer e aprender com nossos parceiros. A legitimidade interna desta internacionalização vai depender da capacidade da sociologia aumentar a compreensão que os atores sociais brasileiros relevantes têm do novo e complexo mundo no qual habitamos.

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Notas

1 It is important to note that there exist specialists on Brazil Who are called “Brazilianists”. They normally (especially the more junior ones) write ignoring Brazilian production, and do so using concepts that are those of the central countries to fit their writings about Brazil into a supposedly “international” (but usually North American) perspective.
2 Uma busca na Amazon.com revela a tradução para o inglês apenas dos volumes a seguir: Prado jnr., C. The Colonial Background of Modern Brazil. University of California Press, 1967; Holanda, S. B. de. Roots of Brazil foi publicado pela primeira vez em inglês em outubro de 2012 pelo Kellogg Institute of International Studies; Gilberto Freyre, The Masters and the Slaves: A Study in the Development of Brazilian Civilization, foi publicado em 1987. Em 2012, Brazil: an Interpretation foi republicado após quase 9 décadas.
4 Esta pesquisa foi feita de maneira simples, on-line, selecionando as variáveis “instituição do autor Brasil” e “assunto Brasil” e anotando as contagens.
5 As tentativas de quantificação chegam ao ridículo, estatísticas sem sentido, as quais se atribui sentido. Infelizmente os científicos do mundo inteiro se entregam ao domínio dos indicadores e, com isto, se normaliza tudo. É preciso quebrar este domínio dos indicadores e das burocracias científicas.
6 Embora não constitua um objetivo deste artigo, existe um grupo de associados da SBS, a grande maioria formada no país, que não publicou absolutamente nada nos últimos 10 anos. Destes, alguns participam em congressos nacionais e internacionais e outros não participam em nenhum evento científico. É preciso fazer uma investigação aprofundada a respeito das causas – desta falta de produtividade.
7 Para muitas agências de fomento do mundo, a principal medida de prestígio hoje é o “fator de impacto”: Sci-Bytes> Highlighted Journals: Sociology, July 17, 2011, listou cinco revistas com o maior “Fator de impacto” na Sociologia: American Sociological Review, Annual Review of Sociology, American Journal of Sociology, Gender & Society e Sociological Methods & Research. http://archive.sciencewatch.com/dr/sci/ll/ju117-11 1/ (acesso em 5.04.13). As revistas nas quais os sociólogos brasileiros mais publicam são ausentes desta lista!


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