Editorial
RBS v. 12 – 2024
RBS v. 12 – 2024
Revista Brasileira de Sociologia, vol. 12, e-rbs.1040, 2024
Sociedade Brasileira de Sociologia
Received: 01 January 2024
Accepted: 01 January 2024
Tendo completado 10 anos de existência, a Revista Brasileira de Sociologia mantém seu propósito de ser um periódico especializado, destinado a dar vazão ao conhecimento sociológico produzido no Brasil e internacionalmente. A valorização da sociologia como prática processual, pensada como “padrão cumulativo de experiências” se mantém ativa na RBS, que vem convocando à publicação “pesquisas em andamento e experimentos sociológicos em fase de maturação”, como afirmava Irlys Alencar Barreira no editorial do primeiro número da revista.
O projeto de criação de uma revista da SBS era um sonho antigo, compartilhado por muitos presidentes e secretários gerais da entidade. A revista surgiu concretamente na gestão da Presidente Irlys Barreira (2012-2014), que convidou o então 1° Secretário da SBS, Rogério Proença Leite, para elaborar um projeto de revista e assumir a função de primeiro editor-chefe. A ideia era lançar a revista no XVI Congresso Brasileira de Sociologia, em 2013, em Salvador, Bahia.
Assim, foram planejados os dois primeiros números inaugurais da novíssima Revista Brasileira de Sociologia da SBS: mediante convite, foram solicitadas contribuições a alguns colegas que são parte da história viva da Sociologia no Brasil. O primeiro número teve como tema o artesanato intelectual, tema geral do próprio XVI Congresso. Neste número inaugural, colaboraram: Gabriel Cohn, Soraya Vargas Côrtes, Tom Dwyer, César Barreira, Paulo Henrique Martins, Irlys Barreira, Franz Josef Brüseke, Jessé Souza, José Machado Pais, Ricardo Ramalho e Ilse Scherer-Warren.
O segundo número, também inaugural e ainda voltado à discussão sobre o artesanato intelectual da sociologia, foi estruturado mediante convite direto a autores e também pelas primeiras submissões, via edital. Neste número, colaboraram: José de Souza Martins, Heraldo Pessoa Souto Maior, José Vicente Tavares dos Santos, Celi Scalon, Maria Stela Grossi Porto, Renan Springer, Roberta dos Reis Neuhold, Jorge Ventura, Ludmila Ribeiro, Tom Dwyer, Maria Ligia de Oliveira Barbosa, Eugenio Braga, Maria da Glória Gohn, Andre Veiga Bittencourt.
A publicação desses dois primeiros números foi recebida com grande entusiasmo pela comunidade acadêmica brasileira. Mesmo sem qualis, sem indexação e sem métricas de impacto, era grande a procura de autores que queriam publicar seus artigos na Revista que, agora, fazia parte da história da sociologia brasileira. Percebia-se a enorme generosidade de todos os colaboradores que submetiam suas contribuições, simplesmente porque queriam fazer parte desse momento da Sociedade Brasileira de Sociologia, mesmo que a publicação não “contasse” naquele momento para os sistemas de avaliação indexada.
Durante todo o período de consolidação da Revista, todos os Presidentes e Diretoria da entidade apoiaram vivamente o projeto, sem haver nenhuma interferência. A Revista se manteve em total independência, mas sempre naturalmente alinhada com os propósitos da SBS.
Hoje, outros desafios se descortinam no campo por vezes árido das publicações científicas. Em um contexto de crescente pressão por publicações e de inúmeras crises sociopolítico-econômicas, a RBS, como a maior parte dos periódicos das áreas das ciências humanas, com frequência vivenciou desafios e precisou superar inúmeras dificuldades. Cabe destacar que a Revista se manteve firme em sua política editorial criteriosa, com rigoroso processo de avaliação cega por pares, acesso aberto, gratuito e universal, aderência ao campo especializado da Sociologia. Na mesma direção, mantém-se atenta e decidida no combate às formas predatórias de publicação com excessivas e duvidosas coautorias, plágios/autoplágios e/ou autoria incerta decorrentes do uso dos recursos de IA.
Dessa forma, a RBS consolidou-se como um periódico respeitado pela coletividade acadêmica e que espelha o objetivo da Sociedade Brasileira de Sociologia de promover o fortalecimento qualitativo e institucional da Sociologia no Brasil, difundir e divulgar o conhecimento científico e se posicionar como um canal de qualificado debate sociológico.
Nos últimos anos, a RBS vem fazendo um esforço significativo de profissionalização e de aproximação da comunicação entre autores e autoras e editores e editoras. A liderança ativa e a interlocução eficiente entre a Revista Brasileira de Sociologia e a Sociedade Brasileira de Sociologia foi e é fundamental neste processo, afinal, a RBS tem um importante papel institucional na afirmação da sociologia enquanto um conhecimento especializado.
Neste início de 2024, a revista se renova e reestrutura, buscando expandir-se internacionalmente e, também, melhor atender os interesses de estudantes, docentes, pesquisadoras e pesquisadores ao agilizar seus processos e disponibilizar mais prontamente ao público o conhecimento sociológico produzido pela comunidade acadêmica. Assim, a revista remodelou sua equipe editorial, reorganizou funções internas e passou a publicar em fluxo contínuo, compondo um único volume anual.
A reestruturação vem acompanhada de uma preocupação crescente com a qualidade das publicações e com as boas práticas editoriais e científicas. Atenta às boas práticas, a revista modificou seu sistema de divulgação de pareceres, tornando o trabalho editorial e a comunicação com autoras e autores um expediente fundamental no compromisso ético e político que garanta, ao mesmo tempo, o rigor científico e o respeito pessoal.
O empenho em refletir sobre a produção do conhecimento, e o esforço reflexivo da Sociologia sobre a sociedade e suas importantes transformações recentes, nos conduz também ao engajamento na promoção da diversidade, o que faz com que a RBS passe a adotar procedimentos atentos aos diferentes determinantes da produção científica, incluindo, em suas decisões finais, variáveis regionais, de gênero, de raça e uma política de parentalidade. Inovando, a Revista engaja-se na promoção da equidade e procura firmar exemplo na direção de ações que visem reduzir as desiguais condições de publicação. Mais diversa e mais ampla, a RBS será, portanto, expressão mais fiel da comunidade acadêmica que faz dela revista de qualidade e excelência.
Anualmente a RBS publicará três dossiês temáticos, todos selecionados por chamadas públicas e organizados por pesquisadoras e pesquisadores do Brasil e do exterior. Além disso, estreitando os laços com as estruturas institucionais da Sociedade Brasileira de Sociologia, a partir de 2024, a revista passa a receber, em fluxo contínuo, artigos selecionados internamente aos Comitês de Pesquisa e indicados para o fluxo editorial. Acompanhando as inovações, a RBS lança a seção Programas de Pesquisa em Sociologia. Coordenada pela equipe editorial, ela pretende posicionar a revista na definição dos modos de fazer, dos eixos de análise e das linhas gerais que definem a construção de objetos e o encaminhamento de problemas de pesquisa em diferentes áreas da sociologia.
A seção Futuros Passados, dedicada à seleção de produções relevantes para pensar o presente e o futuro da sociedade e da sociologia brasileira, inscreve-se no papel institucional da RBS enquanto revista dedicada ao reforço e consolidação da produção sociológica nacional. Assim, textos hoje inacessíveis ou de relevância significativa à sociologia brasileira são recolocados em circulação, sempre renovados e atualizados em seu diálogo com a produção sociológica atual.
Por fim, a seção Sociologies in Dialogue seguirá apostando na internacionalização da sociologia brasileira, no oferecimento ao público acadêmico do Brasil de produção internacional relevante para o avanço do conhecimento, e também no oferecimento da produção nacional ao público estrangeiro, reforçando o papel central da produção do conhecimento sociológico brasleiro e tornando o processo de internacionalização uma via de mão dupla. A sociologia brasileira se inscreve, assim, no contexto transnacional de produção do conhecimento.