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Pesquisas urbanas em Belo Horizonte: um panorama da produção de teses e dissertações nas três últimas décadas (1991-2020)
Luciana Teixeira de Andrade; Clarissa dos Santos Veloso
Luciana Teixeira de Andrade; Clarissa dos Santos Veloso
Pesquisas urbanas em Belo Horizonte: um panorama da produção de teses e dissertações nas três últimas décadas (1991-2020)
Urban research in Belo Horizonte: an overview of the production of theses and dissertations in the last three decades (1991-2020)
Investigación urbana en Belo Horizonte: un panorama de la producción de tesis y disertaciones en las últimas tres décadas (1991-2020)
Revista Brasileira de Sociologia, vol. 12, e-rbs.981, 2024
Sociedade Brasileira de Sociologia
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Resumo: O objetivo deste artigo é analisar a produção acadêmica na área dos estudos urbanos sobre Belo Horizonte e sua região metropolitana. Foi realizado um levantamento das teses e dissertações produzidas em programas de pós-graduação de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da UFMG e da PUC Minas, no período de 1991 a 2020. Esse corte temporal se justifica, uma vez que o estudo Belo Horizonte em tese, organizado pelos professores Berenice Guimarães e Sérgio de Azevedo, abordou o período anterior. Uma diferença significativa entre os estudos é que o primeiro compreende um período anterior à expansão da pós-graduação no Brasil. Entre as conclusões, pode-se destacar o fato de a cidade de Belo Horizonte ter sido a mais estudada. Já em relação ao recorte temporal das investigações, é notável a preocupação com o tempo presente. A atração pela formação da capital planejada, presente em muitos estudos anteriores, foi substituída por questões urbanas atuais. Em geral, os novos temas dialogam com as políticas públicas urbanas, os movimentos ou as práticas sociais em curso. Nota-se também a manutenção de algumas temáticas já consolidadas na investigação das cidades.

Palavras-chave: Estudos urbanos, levantamento bibliográfico, Belo Horizonte, região metropolitana de Belo Horizonte.

Abstract: This article aims to analyze the academic output within the field of urban studies concerning Belo Horizonte and its metropolitan region. Our investigation focused on theses and dissertations produced within postgraduate programs of Humanities and Applied Social Sciences at UFMG and PUC Minas from 1991 to 2020. This timeframe is chosen with justification, as it aligns with the study Belo Horizonte em tese (Belo Horizonte in thesis), organized by professors Berenice Guimarães and Sérgio de Azevedo, which delved into the preceding period. A noteworthy distinction between these studies lies in the first one encompassing a period predating the expansion of postgraduate programs in Brazil. Among the key findings, it emerges that Belo Horizonte itself arose as the focal point of investigations. In terms of temporal focus within these investigations, a pronounced shift towards contemporary issues is evident. The earlier emphasis on the genesis of the planned city, as observed in numerous prior studies, has given way to an exploration of current urban challenges. Broadly speaking, the newly explored themes engage with contemporary urban public policies, ongoing movements and social practices. Furthermore, it is discernible that certain enduring themes from prior city-centric research continue to persist.

Keywords: Urban studies, bibliographic survey, Belo Horizonte, Belo Horizonte Metropolitan Region.

Resumen: El objetivo de este artículo es analizar la producción académica en el área de estudios urbanos sobre Belo Horizonte y su región metropolitana. Se realizó un levantamiento de tesis y disertaciones producidas en programas de posgrado en Ciencias Humanas y Sociales Aplicadas, de la UFMG y la PUC Minas, en el período de 1991 a 2020. Este marco temporal se justifica, ya que el estudio de tesis de Belo Horizonte, organizado por los profesores Berenice Guimarães y Sérgio de Azevedo, abordó el período anterior. Una diferencia significativa entre los estudios es que el primero cubre un período anterior a la expansión de los estudios de posgrado en Brasil. Entre las conclusiones, podemos destacar el hecho de que la ciudad de Belo Horizonte fue la más estudiada. En cuanto al marco temporal de las investigaciones, es notable la preocupación con el momento actual. La atracción por la formación de una capital planificada, presente en muchos estudios anteriores, fue sustituida por las cuestiones urbanísticas actuales. En general, los nuevos temas dialogan con políticas públicas urbanas, movimientos o prácticas sociales en curso. También es posible notar el mantenimiento de algunos temas ya consolidados en las investigaciones sobre ciudades.

Palabras clave: Estudios urbanos, estudio bibliográfico, Belo Horizonte, Región Metropolitana de Belo Horizonte.

Carátula del artículo

Artigos

Pesquisas urbanas em Belo Horizonte: um panorama da produção de teses e dissertações nas três últimas décadas (1991-2020)

Urban research in Belo Horizonte: an overview of the production of theses and dissertations in the last three decades (1991-2020)

Investigación urbana en Belo Horizonte: un panorama de la producción de tesis y disertaciones en las últimas tres décadas (1991-2020)

Luciana Teixeira de Andrade
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil
Clarissa dos Santos Veloso
Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
Revista Brasileira de Sociologia, vol. 12, e-rbs.981, 2024
Sociedade Brasileira de Sociologia

Recepción: 20 Noviembre 2023

Aprobación: 12 Junio 2024

Introdução

Os levantamentos da produção bibliográfica sobre a sociologia urbana no Brasil se deparam com a dificuldade de organização e classificação, dada a vasta produção e a diversidade temática, além da frágil fronteira entre as pesquisas sobre o fenômeno urbano e aquelas que abordam fenômenos que ocorrem no meio urbano. A isso acresce-se o fato de a sociologia urbana ter perdido, paulatinamente,  sua hegemonia no estudo da temática urbana, compondo hoje o campo do que se convencionou chamar de estudos urbanos, uma área plural, com um número muito grande de trabalhos, o que coloca dificuldades imensas para quem pretende minimamente compreendê-la.

Ainda que para os cientistas sociais seja importante apreender como sua área de conhecimento se constrói e se desenvolve, a multidisciplinariedade e, por vezes, a interdisciplinaridade das pesquisas é hoje um fato inelutável. Daí que, acompanhando a tendência internacional, os levantamentos bibliográficos sobre os temas urbanos no Brasil passaram a adotar a denominação estudos urbanos. As catalogações e meta-análises dos estudos urbanos brasileiros incluem, entre outros, os trabalhos de Valladares (1990) sobre o Rio de Janeiro, de Guimarães e Azevedo (1995) sobre Belo Horizonte, de Mendoza (2005), Arantes (2009), Moya (2011) e Freire-Medeiros e Magalhães (2019) sobre São Paulo, e as reflexões sobre cidades brasileiras (Frehse; Leite, 2010; Frúgoli Jr, 2005; Guimarães et al, 2018), como veremos, em mais detalhes, nas tipificações apresentadas adiante.

As teses e dissertações sobre os temas urbanos, que analisamos neste artigo, cresceram substancialmente nos últimos anos, acompanhando a expansão da pós-graduação no Brasil. Apesar dessa produção abarcar diversas áreas do conhecimento, sua análise será, em grande parte, marcada pela formação das autoras nas Ciências Sociais. Nosso objetivo é compreender os temas e as questões que mais orientaram as pesquisas das teses e dissertações, bem como as continuidades e as mudanças que se processaram nas últimas décadas. Procuramos também estabelecer um diálogo entre os estudos produzidos em Minas Gerais atualmente e no passado, e entre estes e aqueles produzidos em outros estados. Esses levantamentos são importantes para que a área se reconheça nas suas tradições, assim como nas aberturas que foram se construindo, seja em relação ao diálogo com outras disciplinas, seja em relação às novas áreas temáticas.

Feitas essas breves considerações, o artigo continuará apresentando uma proposta de classificação tipológica dos levantamentos sobre temas urbanos, a metodologia empregada no levantamento realizado, as principais temáticas abordadas pelos pesquisadores, assim como outras características das produções e de seus autores.

Tipos de levantamentos

Entre os levantamentos e análises da produção dos estudos urbanos no Brasil, foi possível identificar dois tipos mais frequentes. O primeiro deles refere-se aos levantamentos sistemáticos, feitos a partir de uma ou mais fontes e que classificam a produção por temas, orientações teórico-metodológicas, espaços e temporalidades das investigações, entre outros critérios. Nos seus primórdios, tais levantamentos deram origem a obras em formato de catálogos precedidos de uma introdução analítica (Valladares, 1988, 1990; Guimarães & Azevedo, 1995). Esse tipo de produção foi mais comum na era pré-digital, quando o acesso a obras, como artigos, teses e dissertações, demandava a consulta a bibliotecas físicas, localizadas em diferentes universidades e centros de pesquisa do país. Daí a importância de tais catálogos na organização e difusão dos estudos. A grande dispersão física dos estudos era também um limite à abrangência desses catálogos, em geral restritos à produção sobre uma cidade.

Atualmente, com as ferramentas digitais, tais levantamentos passaram a compor os bancos digitais colaborativos, como o UrbanData-Brasil/CEMData.1 A confecção desses bancos demanda um rigoroso trabalho de classificação e de apresentação das produções, para que elas possam servir de base a outros estudos. As produções decorrentes desses levantamentos panorâmicos são importantes para mostrar as tendências mais gerais da área (Freire-Medeiros & Magalhães, 2019), já os aprofundamentos analíticos são mais comuns nos estudos que partem de um recorte temático ou de uma fonte mais restrita de pesquisa, como se verá no segundo tipo. Há, ainda, os balanços mais gerais da produção, que não se configuram estritamente como levantamentos bibliográficos sistemáticos, uma vez que a seleção é de natureza qualitativa e se pauta na relevância dos trabalhos para a área do conhecimento (Blay, 1974; Frúgoli Jr,, 2005; Moya, 2011).

Um segundo tipo de levantamento é o temático, que parte de um recorte dentro da produção sobre o urbano ou de uma fonte específica de pesquisa. Nesse grupo estão tanto os trabalhos que focam em uma das áreas do conhecimento que compõem os estudos urbanos (Dantas & Silva, 2018), quanto aqueles que focam em um determinado recorte temático, como a produção sobre o urbano pela Escola de Chicago (Mendoza, 2005) ou os estudos urbanos na vertente marxista (Arantes, 2009). Nesses casos, o mais comum é que o recorte temático se limite a uma cidade, a um estado ou a certas instituições.

Outros exemplos desse segundo tipo de levantamento são os trabalhos cujo recorte é a própria fonte de pesquisa, como aqueles que analisam as produções de grupos de trabalhos sobre a temática urbana em congressos na área (Frehse & Leite, 2020; Guimarães et al.., 2018) ou em um periódico específico da área (Freire-Medeiros et al.., 2022). Há ainda contribuições importantes que focam na trajetória profissional e na produção de acadêmicos estudiosos do urbano. Nesses casos o levantamento se restringe à produção do biografado (Mendoza, 2005; Barreira, 2010; Conceição, 2017; Clementino, 2021; Gondim, 2022).

Mais recentemente, os estudos urbanos passaram a contar com outro tipo de produção, como os podcasts, as entrevistas, as palestras e os debates em vídeo, que, em breve, deverão ser objeto de organização e análises.

Este trabalho apresenta os resultados de um levantamento sistemático como o descrito no primeiro tipo. Trata-se de um levantamento das teses e dissertações produzidas nas duas principais universidades de Belo Horizonte: a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). O próximo tópico abordará a metodologia do levantamento e seus resultados quanto ao tipo de produção, instituições e autores.

Metodologia empregada no levantamento das teses e dissertações

O levantamento das teses e dissertações foi realizado durante o isolamento social ocorrido na pandemia de Covid-19, mais especificamente, nos anos de 2020 e 2021. As medidas de afastamento social exigiram de nós, pesquisadores, mudanças rápidas nos projetos de pesquisa em andamento, assim como nos projetos de nossos orientandos, principalmente aqueles que envolviam contatos físicos com outras pessoas.

A ideia desse levantamento, no entanto, não surgiu no período da pandemia. Ela vinha sendo cultivada devido a uma exitosa experiência anterior, que resultou no livro Belo Horizonte em Tese (Guimarães & Azevedo, 1995), uma importante referência nas pesquisas do urbano na cidade, mas que não foi atualizada. Nossa pesquisa, ainda que baseada em uma metodologia distinta do Belo Horizonte em Tese, procurou dar continuidade e estabelecer um diálogo entre esses dois momentos em que os levantamentos foram realizados (1994 e 2020).

Tendo em vista o número reduzido de pesquisadores2 e a concentração da pós-graduação em duas universidades, a UFMG e a PUC Minas, estas foram selecionadas para esta pesquisa.3 Realizamos, nos repositórios online dessas instituições, o levantamento de teses e dissertações sobre o tema urbano com foco na cidade de Belo Horizonte e municípios de sua região metropolitana (RMBH). Ou seja, nosso objeto de interesse é o fenômeno urbano-metropolitano. Abarcamos teses e dissertações defendidas nas três últimas décadas, entre 1991 e 2020, nos programas de pós-graduação dispostos no Quadro 1.

Quadro 1
Programas de pós-graduação incluídos no levantamento

Fonte: Dados da pesquisa “A produção sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020)”.

A UFMG e a PUC Minas dispõem de repositórios online que agregam as produções de todas as áreas do conhecimento dessas universidades. O repositório institucional da UFMG4 foi criado, em 2015, para unificar em uma plataforma a produção intelectual da universidade, antes distribuída em repositórios dos programas de pós-graduação. A Biblioteca Digital da PUC Minas5 também é um esforço para disponibilizar em um único portal as teses e as dissertações produzidas nos seus programas de pós-graduação.

Inicialmente fizemos buscas por palavras-chave nos repositórios, mas logo percebemos que esse não era um método muito eficaz. Várias produções escapavam a esse critério de pesquisa, seja pela dificuldade de prevê-las antecipadamente em função da criação de novos temas relacionados aos temas urbanos, seja por uma falta de critérios comuns no emprego das palavras-chave pelos autores. Passamos então a examinar individualmente cada um dos títulos e dos resumos das produções dos programas de pós-graduação elencados na tabela anterior.

Apesar de o levantamento ter se adequado bem às condições de pesquisa durante a pandemia, nos deparamos com algumas dificuldades e limites. Além da indisponibilidade de algumas das teses e dissertações na íntegra, tivemos que interromper o levantamento quando os repositórios de bancos de teses e dissertações ficaram fora do ar. Outro problema foi a duplicidade de bancos de dados, com acervos distintos de um mesmo programa de pós-graduação da UFMG. Isso demandou contatos com os responsáveis pelos cadastros e uma revisão refinada de ambos os bancos: o do repositório institucional geral e aqueles disponibilizados nos sites dos programas de pós-graduação.6

À medida que o levantamento ia sendo feito, as informações eram inseridas em uma planilha do Excel. O Quadro 2 sintetiza a estrutura das colunas da planilha que agrega em suas linhas as 670 teses e dissertações levantadas.

Quadro 2
Estrutura do Banco de Dados "Estudos sobre o urbano na RMBH"

Fonte: Dados da pesquisa A produção sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).

A Tabela 1 mostra a totalidade das produções dividida entre as duas instituições pesquisadas, UFMG e PUC Minas. A UFMG, instituição mais antiga e com maior número de programas de pós-graduação (11), participa com 458 produções, o que corresponde a 68,36% do total. Já a PUC Minas, com oito programas, aparece com 212 produções, ou 31,64%. A produção relativamente alta da PUC (dado o número menor de programas e a idade deles) quando comparada à UFMG, tem a ver com a produção de dois programas com área de concentração e linhas de pesquisa em temas urbanos: Ciências Sociais e Geografia.

Tabela 1
Instituição de origem das teses e dissertações produzidas nos Programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)

Fonte: Dados da pesquisa “A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020)”.

A Tabela 2 classifica as produções em dissertações ou teses, sendo 76,42% da produção levantada de dissertações e 23,58% de teses.

Tabela 2
Tipo de produção, dissertações e teses, produzidas nos Programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)

Fonte: Dados da pesquisa A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).

A Tabela 3 apresenta o sexo dos autores, identificado a partir dos nomes que constam como autoria dos trabalhos. A produção do sexo feminino se destaca, com 62,54% do total das teses e dissertações. Uma participação feminina superior à da pós-graduação nacional, segundo dados da Capes referentes a 2021,7 os quais revelam que 54% dos estudantes em cursos de pós-graduação stricto sensu são do sexo feminino. Além disso, as pesquisadoras representam 58% do total de bolsistas stricto sensu da Capes.

Nossos resultados também podem ser contrastados com achados e tendências identificadas por Artes (2018) quanto à paridade de sexo na pós-graduação brasileira, com base nos censos demográficos de 2000 e 2010. Apesar de identificar predomínio de homens, tanto em 2000 quanto em 2010, houve aumento da participação feminina de um censo para outro. O acesso às etapas mais elevadas de escolarização passou a ser uma realidade para as mulheres, em especial após os anos de 1980.

Tabela 3
Sexo dos autores das dissertações e teses, produzidas nos Programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)

Fonte: Dados da pesquisa A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).

A Figura 1 classifica as dissertações e teses pelo ano em que foram finalizadas, passando, assim, a constar nos repositórios institucionais.


Figura 1
Período de finalização das teses e dissertações produzidas nos programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)
Fonte: Dados da pesquisa A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).

O crescimento expressivo da produção, a partir dos anos 2000, relaciona-se com o aumento das matrículas na pós-graduação em todo o país, como pode ser visto na Figura 2, que abrange um período bem maior do que nossa pesquisa, de 1987 a 2018. Nela é possível perceber a expansão a partir de 1998. Entre todo o período representado no gráfico (1987 e 2018), as matrículas na pós-graduação brasileira passaram de 37.233 para 288.538, um acréscimo de 675%. Apesar de as matrículas no mestrado serem superiores às do doutorado, foi neste último nível que elas mais cresceram. O crescimento total das matrículas está relacionado ao aumento de vagas, mas, principalmente, à criação de novos cursos em ambos os níveis. A evolução de cursos nesse mesmo período foi de 419% (Cabral, 2020).


Figura 2
Evolução do número de matrículas na pós-graduação brasileira de 1987 a 2018
Fonte: Cabral (2020).

Apesar de o levantamento aqui apresentado ter sido realizado em vários programas de pós-graduação, em função da temática analisada – os estudos urbanos –, 474, ou 70,75%, das teses e dissertações foram produzidas em curso de pós-graduação nas áreas das Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia e Ciência Política), Arquitetura e Urbanismo e Geografia.

Análise temática

O objetivo desta seção é apresentar a classificação das teses e dissertações por temas. Uma referência importante para essa tarefa foi o livro Belo Horizonte em Tese, publicado por Guimarães e Azevedo em 1995, com o levantamento bibliográfico de estudos urbanos sobre a RMBH. Nele, as primeiras produções catalogadas são da década de 1920 e as últimas de 1994, totalizando 74 anos. Outra caraterística foi a não redução a algumas áreas do conhecimento. Ao contrário, tudo o que havia sido produzido sobre Belo horizonte e sua região metropolitana até 1994 foi catalogado, incluindo, entre outras, as áreas da saúde e da engenharia (Guimarães & Azevedo, 1995).

Como a comunidade e a produção eram relativamente pequenas se comparadas ao que temos hoje, isso foi possível. Também devido ao baixo número de programas de pós-graduação stricto sensu à época, foram incluídas no levantamento monografias de três cursos de especialização. Além disso, a equipe realizou levantamentos junto ao UrbanData, ao Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro – Iuperj, onde foram identificadas seis produções, à Universidade de São Paulo (USP) com 17 produções, à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com nove produções, e à Universidade de Brasília (UnB) com duas, “bem como consultamos listagem de teses e dissertações sobre Belo Horizonte de diversos cursos e núcleos de pós-graduação existentes no país” (Guimarães & Azevedo, 1995, p. 15). Nestes foram identificadas mais 20 produções.

Em relação aos trabalhos produzidos em universidades do exterior, o livro cita como fontes os contatos pessoais e institucionais, pois, como dito acima, a comunidade e a produção eram pequenas e, por isso mesmo, seu conhecimento era compartilhado pelos estudiosos do tema. Nessas instituições fora do país foram catalogados 29 trabalhos, 6,5% do total de 449 trabalhos, com destaque para a França, com 12 títulos. Do total geral de 449 produções, 75% tiveram como origem a UFMG.

Comparando os dois levantamentos, chama atenção o crescimento da produção. Se o Belo Horizonte em Tese catalogou 449 produções de várias instituições ao longo de 74 anos e em muitas áreas do conhecimento, o levantamento objeto deste artigo identificou 670 estudos em um período de 30 anos e apenas em algumas áreas do conhecimento. As dificuldades também foram de tipos diferentes. Todo o trabalho do Belo Horizonte em Tese foi feito manualmente, utilizando-se de fichas catalográficas, contando com pesquisas in loco e sem nenhum suporte eletrônico. Já o nosso contou com os registros eletrônicos, mas se restringiu a duas instituições devido ao número maior de produções. Em relação às áreas temáticas, nosso principal ponto de análise, o Belo Horizonte em Tese identificou 30. Estas, juntamente com outras utilizadas pelos estudos do UrbanData, foram as nossas principais referências.

No nosso estudo, a identificação dos temas foi feita inicialmente pelos títulos e resumos das produções levantadas. Na maioria dos casos, eles revelavam a temática principal. Nesse momento, uma certificação pelas palavras-chave foi um instrumento útil. Quando a dúvida permaneceu, outras partes das produções foram consultadas. Para esta apresentação, priorizamos a temática principal, uma vez que nosso objetivo foi caracterizar a produção na sua totalidade. Para estudos mais verticalizados sobre um dos temas abaixo elencados, é importante verificar o diálogo entre duas ou mais temáticas numa mesma produção. Ao final da classificação por temas, chegamos a 25 áreas temáticas, conforme dispõe a Tabela 4.

Tabela 4
Classificação das teses e dissertações pelo tema principal

Fonte: Dados da pesquisa “A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020)”.

Como se pode ver, há uma grande dispersão das produções por esses 25 temas. Essa dispersão não é uma característica brasileira. Loïc Wacquant (2023), no livro Bourdieu na cidade: desafios à teoria urbana, afirma que, nas últimas três décadas, a teoria urbana passou por uma dispersão e multiplicação. Dispersão em relação aos antigos paradigmas, como os da Escola de Chicago, as teorias neomarxistas e as abordagens político-econômicas inspiradas em Weber. E multiplicação pela entrada de novas abordagens, como as novas perspectivas do pós-modernismo, do feminismo, da semiótica, as pós-coloniais, entre várias outras. No caso das teses e dissertações aqui analisadas, encontramos tanto a manutenção de temas já consolidados na área dos estudos urbanos, ainda que alguns abordados com novas referências teóricas, assim como a emergência de temas novos.

Dentre as 25 áreas temáticas, Habitação aparece em primeiro lugar. O interesse pela questão da moradia se manifestou em torno de dois focos principais: a) no déficit e na precariedade habitacional entre os setores populares e b) nas estratégias das políticas públicas e dos movimentos sociais para a solução do problema. Tal preocupação também se destacou no estudo de Guimarães e Azevedo (1995). Possivelmente, essa continuidade se deve à persistência do problema, mas também à existência de uma área bem consolidada de estudos, o que oferece um ambiente mais seguro para os que se iniciam na pesquisa acadêmica. Há, no entanto, algumas novidades, como as recentes ocupações urbanas. Retomadas pelos movimentos sociais, elas despertaram interesse entre novos pesquisadores.

As categorias I) Planejamento Urbano e Direito Urbanístico e II) Gestão e Política Institucional englobam estudos sobre orçamento participativo, plano diretor, legislação urbanística, trajetórias e arranjos institucionais municipais e metropolitanos. Nesse caso, o que parece ter impulsionado os estudos foram as mudanças institucionais e na participação social introduzidas no país com a redemocratização, a Constituição de 1988 e o Estatuto da Cidade de 2001. Entre as novidades, talvez a que mais se destacou tenha sido a experiência local com o Orçamento Participativo, uma vez que Belo Horizonte foi uma das cidades pioneiras na sua implementação. 

Crime e violência urbana aparece em quarto lugar e com uma nítida concentração no PPG em Sociologia da UFMG e nos PPG em Geografia e Ciências Sociais da PUC Minas. Na UFMG, essa concentração pode ser explicada, em grande parte, pela existência do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública, o CRISP, criado em 1996 e hoje com consolidada liderança na área. Nos PPG em Geografia e em Ciências Sociais da PUC Minas, essa concentração pode ser explicada tanto pelos convênios firmados com as forças policiais do Estado e do Município quanto pela liderança, nessa área do conhecimento, de alguns de seus professores. Outra razão que deve ser levada em consideração é a importância que a temática adquiriu no país com o aumento da criminalidade e da violência a partir dos anos de 1980.

As teses e dissertações sobre crime e violência tiveram como objeto principal a cidade de Belo Horizonte, bem como algumas regiões específicas e instituições, como complexos penitenciários, abrigos e escolas públicas. Os territórios da pobreza, como as favelas e as periferias, não aparecem como único foco. Eles estão presentes tanto quanto o Centro da capital mineira, mas em proporção menor do que os estudos que têm como objeto de pesquisa a cidade como uma totalidade.

Educação, em quinto lugar, e Movimentos sociais, em oitavo, apontam para a continuidade de temas já bastante consolidados e com grande tradição de estudos, como ocorreu com a habitação. Os estudos da categoria Educação privilegiam o sistema educacional em Belo Horizonte e sua clientela como um todo ou trazem abordagens sobre alguma escola da rede pública de ensino e sua inserção e atuação na cidade.

Os estudos sobre movimentos sociais, por sua vez, sugerem que as lutas pelo direito à cidade, em sua acepção ampla – habitação, mobilidade, saúde, educação, cultura etc. –, estão no bojo de ações coletivas organizadas na capital mineira e são assim investigadas. Destacam-se produções sobre a luta por moradia e sobre ocupações urbanas. Também vale considerar, a partir desta categoria, os avanços institucionais no campo das políticas públicas urbanas a partir dos anos 2000, como a criação do Ministério das Cidades, a aprovação do Estatuto das Cidades e a instituição do Conselho das Cidades, que foram acompanhados por uma efervescência de manifestações públicas que reivindicavam acesso aos serviços urbanos e por ocupações de terras e vazios urbanos.

Dois temas contemporâneos são, a saber, I) Meio ambiente e qualidade de vida e II) Mobilidade urbana, que aparecem, respectivamente, em sexto e décimo sexto lugar. No primeiro deles, um pouco mais consolidado, a cidade é vista não apenas nos seus aspectos materiais, mas também no que se refere à sua qualidade de vida e às suas relações com o meio ambiente urbano. Possivelmente, esse interesse tem relação com a queda da qualidade de vida em função do crescimento das cidades, mas também pela visibilidade que o tema ganhou a partir das várias conferências internacionais, entre elas a ECO-92. Já o tema da mobilidade urbana guarda relações com o do meio ambiente e com o direito à cidade, pela forma como passou a ser abordado recentemente pelos cientistas sociais.

Cultura, arte, políticas culturais, que aparece em sétimo lugar, pode ser relacionado com o tema Memória e Patrimônio Cultural em nono lugar. Nesses dois casos, vamos encontrar tanto abordagens das políticas públicas culturais e patrimoniais quanto estudos sobre a produção cultural e a relevância da cultura e da memória na dimensão cotidiana. I) Representações, sociabilidades, identidades e modos de vida e II) Espaço público e espaço urbano, décimo e décimo primeiro lugar, respectivamente, também reúnem estudos preocupados com a dimensão cotidiana e com a ação dos atores sociais, pela forma como constroem suas representações do mundo e suas interações. Fenômenos comumente abordados pelas noções de sociabilidades, identidades, modos de vida e as interações nos espaços públicos da cidade. Todos eles revelam um interesse para com as questões não exatamente materiais, mas culturais e simbólicas que, com a redemocratização do país, passaram a compor o leque mais ampliado dos direitos culturais, assim como entraram para a pauta de vários movimentos sociais.

Dentro do tema Grupos vulneráveis e setor informal, vemos a continuidade dos estudos sobre a pobreza urbana, mas com novas abordagens. Elas versam sobre a maior desproteção do trabalho e a vulnerabilidade de certos grupos sociais, como população de rua, ciganos, vendedores ambulantes e outros trabalhadores informais.

As temáticas relacionadas ao Lazer, turismo e esporte têm uma forte relação com o mestrado em Estudos do lazer, da UFMG, que concentra a maior parte dos estudos dessa categoria no nosso levantamento. No campo dos esportes, o futebol se destaca tanto em abordagens que tratam de torcidas organizadas e estádios de grandes clubes quanto naquelas que privilegiam projetos sociais em comunidades nas quais essa modalidade esportiva é mobilizada. O lazer e o esporte em espaços públicos da cidade também são tratados em trabalhos que discutem usos e apropriações e direito à cidade, assim como em saúde e cuidado com o corpo. Ainda que em pequeno número, nesta categoria observamos que há investigações sobre o carnaval em Belo Horizonte, o que pode estar ligado a um renascimento e uma multiplicação recentes de blocos e festejos carnavalescos na cidade.

Gênero e sexualidade, apesar de aparecer em décimo quinto lugar, com 24 produções, é claramente uma novidade em relação a levantamentos anteriores. Não que as questões de gênero não fossem trabalhadas anteriormente – a diferença se deve a sua emergência como uma área específica de estudos.

Relações étnico-raciais, em décimo sétimo lugar, provavelmente é uma área em ascensão, dada a força com que essa questão entrou para a agenda das políticas públicas e dos movimentos sociais. Segundo Luiz A. Campos (2015), este é um tema presente nas ciências sociais brasileiras desde a sua institucionalização, sendo que as pressões dos movimentos sociais, a incorporação pelo Estado das demandas por inclusão racial, como as ações afirmativas, além da sua politização, conferiram-lhe um novo impulso.

Essas explicações que procuramos construir para compreender a relevância, ou não, de uma temática relacionam-se a vários fatores, como as tradições de pesquisa no campo dos estudos urbanos e as demandas do tempo presente. É perceptível também como as questões de ordem social e política mobilizam parcela dos pós-graduandos jovens. As linhas de pesquisa já consolidadas dos programas tendem, por sua vez, a canalizar para elas parte dos estudos, assim como a presença de certas lideranças acadêmicas. Isso fica ainda mais claro quando se olha de forma individualizada para os programas de pós-graduação, e não para a totalidade das produções como nos propusemos a fazer aqui.

A cidade de Belo Horizonte desponta como objeto de estudo de grande parte das produções, e poucos são os estudos sobre outros municípios da região metropolitana. Nota-se também uma forte presença de políticas públicas e urbanas inovadoras como objetos das teses e dissertações, como nos já citados casos do Orçamento Participativo, em um determinado período, e das políticas patrimoniais, em outro. Neste último, parte do interesse pode ser explicada pela abrangência dessa política municipal. Ao proteger conjuntos urbanos em vez de imóveis isolados, essa política incide sobre extensas áreas da cidade, assim como tocou nos interesses de diferentes grupos sociais.

Uma dificuldade que encontramos no nosso levantamento foi classificar os estudos por categorias temporais minimamente homogêneas. As temporalidades variam muito e notamos que são poucos os estudos que seguem as divisões mais convencionais da história política do país. Alguns trabalham com décadas, outros com anos e há, ainda, os que preferem uma temporalidade bem mais restrita. A maioria adota temporalidades relacionadas ao objeto em estudo, como a duração de uma política pública ou ainda o momento de realização da pesquisa. Mas, em todos esses casos, foi possível notar uma preocupação muito grande com o tempo presente. A Belo Horizonte planejada, por exemplo, foco de muitas dissertações em décadas anteriores, cede lugar aos temas mais contemporâneos. As entrevistas, as observações e as análises de políticas públicas e da vida cotidiana ganham espaço em detrimento das pesquisas históricas em arquivos, fonte das teses que investigavam a constituição da cidade. 

Considerações finais

Uma primeira constatação é que a área de estudos urbanos cresceu nas últimas décadas. Houve um crescimento quantitativo, mas também de abertura para novas abordagens, mesmo que, em alguns casos, a partir de temáticas já consolidadas.

A dispersão da área de que falamos segue, em parte, as mudanças de paradigmas, como apontou Wacquant (2023), mas também as transformações mais recentes nas cidades e nos interesses dos grupos que compõem essa ampla área dos estudos urbanos. No caso do Brasil, essa dispersão pode ser verificada na multiplicidade dos temas urbanos nos congressos da área, com foco, por exemplo, nas periferias, nos grandes projetos urbanos, no direto à cidade, nas mobilidades, nos espaços públicos e suas sociabilidades, nas etnografias urbanas, nos patrimônios, nos conflitos e movimentos sociais, no planejamento, na gestão urbana, na questão metropolitana, entre outros.

O viés empírico da maioria dos estudos segue uma tradição de envolvimento com o tempo presente e com as abordagens mais pragmáticas, voltadas para os problemas urbanos. No caso da produção dessas duas universidades mineiras, nota-se também um grande interesse pelos estudos locais e poucos estudos comparativos. Tendência essa já observada em outro levantamento sobre os estudos do crime no Brasil (Ribeiro & Teixeira, 2017). É provável que os incentivos da Capes para a internacionalização da pós-graduação, resultem em mais estudos comparativos.

Este levantamento mostra, por fim, a importância que a universidade e a pós-graduação têm na produção do conhecimento. Demonstra também como as cidades, na sua complexidade, suscitam diversas investigações, algumas ancoradas em referências mais consolidadas, outras mais diretamente relacionadas a alguma nova política pública, movimento ou prática social. Essa relação com o tempo presente mostra a capacidade da área de se renovar constantemente.

Material suplementario
Referências
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Wacquant, Loïc (2023). Bourdieu na cidade. Desafios à teoria urbana. Porto: Outro Modo.
Notas
Notas
2 Duas pesquisadoras e cinco bolsistas em períodos alternados.
3 Outra razão para esta escolha foi o número diminuto da produção de outras instituições, especialmente quando se referiam aos temas urbanos. Não foram contempladas as produções sobre Belo Horizonte realizadas em instituições brasileiras e estrangeiras. No livro Belo Horizonte em tese (1995) isso foi possível porque o grupo de pesquisadores sobre o urbano era bastante restrito, assim como os programas de pós-graduação. Com o crescimento da pós-graduação em todo o país essa busca demandaria equipe e tempo maiores para o levantamento.
6 É provável que que existam algumas lacunas na produção da UFMG. Durante nossos esforços para resolver os problemas da compatibilização dos dois bancos de dados, tivemos a informação de que foi a partir de 2002, quando a Capes começou a cobrar esses registros, que alguns dos Programas passaram a lançar com mais rigor as suas produções em repositórios. Em relação às produções atuais, identificamos algumas que conhecíamos e que não estavam nos bancos, provavelmente porque ainda entrariam. Problemas que não tivemos como sanar.
Financiamento Esta pesquisa contou com o apoio do CNPq, da Fapemig e do FIP da PUC Minas.
Notas de autor

landrade@pucminas.brclarissaveloso25@gmail.com

Quadro 1
Programas de pós-graduação incluídos no levantamento

Fonte: Dados da pesquisa “A produção sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020)”.
Quadro 2
Estrutura do Banco de Dados "Estudos sobre o urbano na RMBH"

Fonte: Dados da pesquisa A produção sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).
Tabela 1
Instituição de origem das teses e dissertações produzidas nos Programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)

Fonte: Dados da pesquisa “A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020)”.
Tabela 2
Tipo de produção, dissertações e teses, produzidas nos Programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)

Fonte: Dados da pesquisa A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).
Tabela 3
Sexo dos autores das dissertações e teses, produzidas nos Programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)

Fonte: Dados da pesquisa A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).

Figura 1
Período de finalização das teses e dissertações produzidas nos programas de pós-graduação da UFMG e da PUC Minas sobre a temática urbana (1991-2020)
Fonte: Dados da pesquisa A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020).

Figura 2
Evolução do número de matrículas na pós-graduação brasileira de 1987 a 2018
Fonte: Cabral (2020).
Tabela 4
Classificação das teses e dissertações pelo tema principal

Fonte: Dados da pesquisa “A produção acadêmica sobre o urbano em Belo Horizonte e na RMBH em três décadas (1991-2020)”.
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