I. ESCENARIOS
O itinerário intelectual de Eliseo Verón na França
The intellectual itinerary of Eliseo Verón in France
O itinerário intelectual de Eliseo Verón na França
deSignis, vol. 29, pp. 17-25, 2018
Federación Latinoamericana de Semiótica
Resumo: Eliseo Verón (1935-2014) foi um dos pesquisadores em ciência da informação e da comunicação dos mais respeitados na França, um dos mais ecléticos – e, sem dúvida, um dos mais exigentes. Ele manteve-se paradoxalmente marginal no meio acadêmico francês – e sua morte, vinte anos após o retorno à Argentina, só deu lugar na França a pequenas manifestações[2]. Foi agora portanto aproveitar a ocasião para traçar algumas linhas de seu itinerário intelectual na França. Tratar-se de uma seleção pessoal, de um testemunho, longe de um real trabalho de história das ideias que permanece a ser feito.
Palavras-chave: ciencia da informaçao, historia das ideáis, Semiotica, Veron.
Abstract: Eliseo Verón (1935-2014) was a major Latin-American but also French sociologist and semiotician who was the author of essential contributions to the field of media research. Although his work has had a high impact in the French and Spanish-speaking areas, it is less well known to the Anglo-Saxon world.
Keywords: Communication Sciences, History of Ideas, Semiotics, Veron.
1. LUGARES DE EXERCÍCIO: DA ACADEMIA AO SETOR PRIVADO
Retomemos de início alguns elementos do primeiro percurso acadêmico de Eliseo Verón, rapidamente associado à França. Na verdade, estudou filosofia na Universidade de Buenos Aires, de 1956 a 1961, depois obteve uma bolsa do CONICET[3] argentino que lhe permitiu passar dois anos no Laboratório de Antropologia Social do Collège de France em Paris, então dirigido por Claude Lévi-Strauss. Tratava-se na realidade de uma escolha circunstancial, pois o projeto de origem era trabalhar com Maurice Merleau-Ponty, mas ele faleceu em 1961. Mesmo se tinha decidido não prosseguir numa carreira de antropologia, essa temporada foi a ocasião para Verón traduzir para o espanhol a Antropologia Estrutural de Lévi-Strauss, publicada pelas edições da Universidade de Buenos Aires (Editorial Universitária de Buenos Aires – Eudeba) em 1961, pouco tempo após a edição original de 1958[4]. Igualmente importante, ao menos para a orientação posterior de seus trabalhos, Verón também acompanhou o seminário de Roland Barthes na École Pratique des Hautes Études.
Verón retornou em seguida a Buenos Aires, onde ensinou sociologia na Faculdade de Filosofia e de Letras da Universidade de Buenos Aires, depois no Instituto Torcauto Di Tella, onde dirigiu o Centro de Pesquisas Sociais (Centro de Investigaciones Sociales). Foram anos já difíceis em razão da distância que ele manteve do peronismo então dominante. Em 1970, obteve uma bolsa da Fundação Guggenheim em sociologia; depois, em 1971, retornou à França, onde permaneceria – com exceção do ano universitário de 1973-1974 –, por quase 25 anos.
Já professor na Argentina, Eliseo Verón obteve rapidamente o status de diretor de Estudos associado na École Pratique des Hautes Études (EPHE), que se tornaria a École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) em 1975. Durante esse período, foi membro do CETSAS (Centro de Estudos Transdisciplinares Sociologia, Antropologia, Semiologia)[5], no qual estava próximo de Roland Barthes e de Christian Metz e contribuía regularmente para a revista Communications, tendo coordenado o número 28, publicado em 1978, Ideologias, discursos, poderes (Communications 1978). A revista publicava a lista das atividades dos membros do CETSAS, o que nos permite seguir a evolução das pesquisas de Verón. Ficamos sabendo, por exemplo, que seu seminário na EPHE de 1971-1972 trazia o título “Perspectivas semióticas nas Ciências Sociais. Problemas de teoria e de pesquisa” e que ele dava aulas na Universidade Paris I sobre “Ideologia e comunicação de massa no processo de desenvolvimento” (Communications 1973). No ano seguinte, o seminário é intitulado “Ideologia e teorias do discurso, pesquisas sobre as operações ideológicas na produção do discursivo”.
Em 1973-1974, Verón passa um ano na Argentina (Communications 1974), mas ele retorna no ano seguinte ao seio do que se torna a EHESS (École des Hautes Études en Sciences Sociales). Em 1976-1977, seu seminário traz o título “Ideologia e teoria do discurso, Encadeamentos. Pesquisas sobre a sequenciação”[6], e ele dá cursos na França, Itália e Espanha sobre “Sociedade e comunicação na América Latina”, “Sócio-semiótica” e “Ideologia e discurso da informação” (Communications 1977).
No final dos anos 1970 esse período mais acadêmico termina. Os resumos do CETSAS ainda testemunham. Se em 1978-1979 Verón citava pesquisas sobre o discurso político peronista (que iam resultar na publicação, com Silvia Sigal, de De Perón ou morte: os fundamentos discursivos do fenômeno peronista, em 1986), o descritivo do ano 1979-1980, tornado mais detalhado, testemunha a sua passagem para o setor privado:
Análise dos modos de construção do acidente nuclear de Three Mile Island nos três suporte (rádio, televisão e imprensa escrita) das mídias informativas francesas. À luz dessa pesquisa, completada no final do ano 1979, problemas teóricos são abordados: leis de funcionamento da rede mass-midiática da informação; relações entre o funcionamento discursivo das mídias e o funcionamento da “realidade social” nas sociedades industriais mass-midiáticas. (Communications 1981a)
A análise do acidente de Three Mile Island em questão é uma pesquisa conduzida para a Electricité de France (Communications, 1981b) a respeito do tratamento dado pelas mídias ao acidente nuclear, realizada por Verón e bancada por um gabinete do Conselho em Comunicação, o gabinete Jean-Michel Bourdier. Ela culminou na publicação de uma obra importante, sobre a qual voltarei mais adiante. No momento, as publicações que figuram nos resumos de atividades daquele ano são os relatórios de estudos correspondentes (datados de 1979 e 1980). O título de seu seminário da EHESS permanece, no entanto, acadêmico: “Ideologia e teoria do discurso, ‘Pesquisas sobre a circulação dos discursos’”; e ele dá aulas em Urbino, em Montreal e em Laval (Québec).
As razões pelas quais Eliseo Verón se voltou assim para o setor privado eram epistemológicas mas, igualmente, materiais. Seu posto de diretor de Estudos Associado na EHESS, um status reservado aos estrangeiros, foi renovado regularmente sob a presidência de Jacques Le Goff, mas este apoio desaparece com a chegada de François Furet, em 1977. A partir do ano 1980-1981, Verón figura nos resumos das atividades do CETSAS como professor no IEDES – Instituto de Estudos do Desenvolvimento Econômico e Social, Universidade Paris I (Communications 1981b). Tratava-se, na verdade, de um compromisso que o encarregava de dar aulas e não de um verdadeiro posto estatutário; era preciso dali por diante ganhar a sua vida em outro lugar.
Entretanto, essas considerações materiais não foram as únicas que motivaram a sua escolha. Na França, a pesquisa acadêmica em Ciências Sociais gozava nessa época de muito pouco financiamento. Ora, Verón não admitia não poder submeter suas teorias a provas empíricas mais próximas possíveis da vida social:
De certa maneira, creio que nos tornamos mais precisos quando trabalhamos com pesquisa aplicada [...]. A pesquisa aplicada oferece acesso a uma experiência concreta do funcionamento das instituições de nossa sociedade do que um pesquisador puramente “acadêmico” possa ter. (Entrevista de Eliseo Verón para H. Hotier, Communication et organisation, n. 2, 1992)
Uma longa passagem pela área privada, de uns quinze anos para o período francês, iria lhe proporcionar a ocasião dessa confrontação. Primeiro ele começou como diretor de Estudos no escritório Jean-Michel Boudier, para o qual realiza o estudo sobre o acidente de Three Mile Island. Ele passou em seguida para o SORGEM, de 1981 a 1987, ano em que fundou, com Alain Mergier, a Sociedade Causa Rerum, onde permanecerá até o seu retorno para a Argentina em 1995.
O resumo de atividade do CETSAS registra em 1980-1981 os últimos traços da transição:
Em seguida às análises do discurso da informação, tomando como ponto de partida o acidente nuclear de Three Mile Island, um novo tipo de economia discursiva é abordado: o do discurso político. Sob o título de Jogos de linguagem e estratégias discursivas na campanha presidencial 1980-1981, essa pesquisa comporta uma análise das eleições presidenciais como processo múltiplo de trocas discursivas mantidas midiaticamente. No plano da descrição, trata-se de recuperar as estratégias discursivas que caracterizam cada uma das posições no campo do político e a evolução dessas estratégias no tempo. No plano teórico, trata-se de verificar um número de hipóteses sobre a natureza do discurso político e sobre sua especificidade no interior da rede dos discursos sociais. (Communications 1981b)
A pesquisa em questão era baseada em um trabalho do Conselho para a campanha eleitoral de François Mitterrand, que ganharia a eleição presidencial de 1981. Esse trabalho foi essencial para o candidato, uma vez que, quando do último debate televisionado com seu principal adversário, Valéry Giscard d’Estaing, ele conseguiu emplacar a famosa réplica “eu não sou seu aluno e você não é meu professor” – de fato, uma aplicação, preconizada por Verón, dos modelos de comunicação de Gregory Bateson[7]. Como frequentemente, esse trabalho de campo deu lugar a análises aprofundadas, sob a forma de artigos publicados tanto na França (1989: 113-126; 1995: 17-18) quanto em outros lugares e a um livro, Le corps du president, que infelizmente jamais foi publicado.
Eliseo Verón aparece uma última vez no resumo do CETSAS em 1981-82, onde estão citados o trabalho sobre a campanha presidencial e a colaboração com Sílvia Sigal sobre o discurso peronista (Communications 1983). Em seguida, o CETSAS tornou-se o CETSAP (Centro de Estudos Transdisciplinares Sociologia, Antropologia, Política) e Verón não figurou mais nos resumos de atividade[8]. No entanto, ele nunca deixou de ensinar no setor público (com numerosas horas de aulas no CELSA-Paris IV, Paris III, Bordeaux...). Ele, enfim, obteve um “verdadeiro” posto de professor em 1992 na Universidade de Paris VIII (dita Vincennes, em Saint-Denis)[9]. Em 1995, ele retornou definitivamente para a Argentina.
2. ARTIGOS E LIVROS QUE MARCARÃO A PESQUISA FRANCESA
2.1. Construir o acontecimento
Verón ia compartilhando largamente com o meio acadêmico o que ele aprendera no contato da vida social “real”, analisando e teorizando de modo a alargar a abordagem de maneira incomensurável. Desse modo, seu primeiro livro em francês, Construir o acontecimento: as mídias e o acidente de Three Mile Island, publicado em 1981, dava conta do estudo, do qual já fora tema, da cobertura pela imprensa escrita, pela televisão e pelo rádio do acidente nuclear que ocorreu perto de Harrisburg, nos Estados Unidos, em 1979. Uma das principais conclusões da pesquisa, que havia explorado os numerosos percalços e incertezas do evento, era que a imprensa deve se dar conta de um acontecimento como tal e que os atores implicados têm todo o interesse em lhes fornecer uma informação clara e coerente.
O livro que surgiu daí deu aos pesquisadores franceses uma espécie de escola de análise qualitativa de mídias, levada em grande escala, exaustiva e comparativa. A demonstração do aporte de um trabalho empírico era límpida, assim como ele escreveria mais tarde:
Como sempre é o caso, quando nos interessamos pelos discursos sociais, a descrição precisa de uma démarche comparativa: a análise trabalha sobre os equívocos interdiscursivos; e a economia discursiva própria a um certo tipo só é perceptível pelo estudo de suas invariantes (e partindo de suas possíveis variações), definindo sua especificidade e portanto sua distância em relação a outros discursos. (Verón 1983: 98-120)
Por outro lado, o livro se estende muito pouco sobre o quadro teórico e metodológico do estudo. Outras publicações virão completando-o largamente.
2.2. O eixo YY
Um artigo publicado em 1983 com o título “Ele está ali, eu o vejo, ele me fala” teve também um forte impacto (Verón 1983: 98-120). Publicado em um número da revista Communications consagrado à “Enunciação e Cinema”, ele analisa a dinâmica dos olhares no cerne de um jornal televisionado. O artigo começa com uma tomada de posição epistemológica particularmente importante, na qual Verón se situa claramente no cruzamento da sociologia e da semiótica. Em seguida, vem a análise da dinâmica dos olhares no jornal televisionado e primeiramente o olhar câmera que adota o apresentador principal. Essa figura, os olhos nos olhos, característica do jornal televisionado e que pode dar a entender ao telespectador, como evoca o título do artigo:
“Ele [o apresentador] está ali, eu o vejo, ele me olha”. Verón chama-o de eixo Y-Y[10]. Adotá-lo, ele analisará, é uma operação de desficcionalização do discurso, de “prova” de um regime do real próprio ao discurso da atualidade. Verón cita em nota Roland Barthes sobre esse tema: “(...) a linguagem, por natureza, é ficcional; para tentar torná-la não ficcional, é preciso um enorme dispositivo de medidas (...)” (Barthes 1980: 134).
A partir de um comentário da apresentação de uma nova fórmula do jornal do Canal 1, Verón desenvolve uma análise peirceana do dispositivo fundado sobre a palavra, a imagem e o contato. Esse último, “a camada metonímica de produção de sentido”[11], está ligada ao corpo, no caso presente aos olhares. A dinâmica do olhar do apresentador, em torno do eixo Y-Y, permite então a articulação das sequências do jornal no espaço da bancada ou nos das telas incrustadas. O apresentador é um meta-enunciador com o qual o telespectador poderá se identificar.
Esse artigo teve um forte impacto junto aos pesquisadores que analisavam a informação televisionada – aliás, ele foi reproduzido pela revista Réseaux em 1986 e em 1997. Graças a essa abordagem, a análise do jornal televisionado e da televisão em geral deixava de ser centrada sobre a única imagem que parecia até então ser a principal especificidade da mídia: a dinâmica e o controle do contato com o telespectador tornaram-se elementos essenciais.
2.3. O contrato de leitura
Aqui está um outro conceito que muito claramente foi desenvolvido no quadro de pesquisas para o setor privado. Trata-se do modelo do contrato de leitura, descrito pela primeira vez em uma publicação do setor publicitário (intelectualmente muito dinâmico nesse período), a revista do Instituto de Pesquisas e de Estudos Publicitários (IREP), em 1985 (1985: 203-230; 1988). Para Verón, cada título – tratava-se, então, da imprensa escrita, mas o principal pode ser estendido a outras formas – propõe um “contrato” a seus leitores baseado em uma proposição de conteúdo mas também de modo de enunciação.
Ao mesmo tempo teórico e empírico, o artigo explica longamente a noção de enunciação tal qual a desenvolveu o linguista Antoine Culioli; ele ilustrou com inúmeros exemplos, em particular com a análise de capas de revistas. Sua primeira aplicação foi um estudo realizado para a revista feminina francesa Marie Claire, destinada a compreender a maneira pela qual um título pode guardar seu lugar em um mercado fortemente concorrencial, tratando-se aqui da imprensa feminina, onde numerosos títulos aparentemente similares – todos falam de moda e de beleza nesse caso – se chocam.
A diferença não reside no conteúdo, muito similar de um título a outro, mas no modo de dirigir-se, na maneira como a mídia se dirige ao seu leitor, construindo um enunciador e um destinatário em seu texto. Leitor ou leitora fica livre, então, para aceitar a posição que lhe é oferecida, para aceitar essa posição de contrato, de comprar e de ler a revista – ou de lhe recusar para preferir um título concorrente.
Verón aplicou seu modelo de análise, que explica muito eficazmente o funcionamento do mercado da imprensa, a inúmeros outros casos (do Le Monde à Eureka de Bayard Presse etc.). O conceito se tornou uma noção quase do senso comum no setor das mídias, mobilizado por muitas outras análises. No meio acadêmico, ele nem sempre foi bem compreendido, muito frequentemente confundido com a noção de “contrato de comunicação”, no entanto bastante distinta daquela desenvolvida por Patrick Charaudeau (juil-1994)[12].
2.4. Os espaços de comunicação
Verón desenvolverá também análises dos espaços enquanto suportes de comunicação. Examinará exposições (no Centro Georges Pompidou) ou museus (O Memorial de Caen) que ele analisa como mídias, mas também o Metrô e os aeroportos parisienses. Os princípios metodológicos continuam os mesmos: de início, uma análise fina do “texto” – imagens, escritos, espaços de circulação –, depois a observação de sua “recepção”, aqui pela análise dos percursos e entrevistas. Uma vez ainda, o método se tornará standard.
3. CONCLUSÃO: CONTRIBUIÇÕES FUNDAMENTAIS
Em todos os seus trabalhos, quer seja num quadro acadêmico ou no setor privado, Eliseo Verón desenvolveu abordagens intelectualmente muito exigentes, confrontando sempre modelos teóricos e análises empíricas. Os primeiros sendo fundados sobre a semiótica de Charles Sanders Peirce e desenvolvidos em diálogo com teóricos excepcionais, tais como Roland Barthes, Antoine Culioli ou Christian Metz[13].
Desses modelos teóricos abstratos ele fazia a base de suas pesquisas aplicadas, multiplicando as provas empíricas que lhe permitiam ir sempre mais longe, criando também para ele a frustração de não dispor de toda a lentidão necessária para aprofundar cada uma delas. De um ponto de vista metodológico, ele preconizava a associação sistemática da análise semiótica aprofundada do “texto”, qualquer que fosse ele, a um estudo sociológico/etnográfico de sua recepção:
Em semiologia, sempre foi mais fácil se inclinar sobre os próprios textos do que colocar questões sobre os modos de lê-los. (...) Quanto aos sociólogos, eles passaram a acumular informações sobre os leitores sem nunca se interrogarem em torno do funcionamento social dos discursos, e ainda menos sobre o processo de leitura. (1985)
Isso o colocava resolutamente na interseção entre disciplinas que, na França, se queriam radicalmente distintas. Esse ecletismo lhe havia permitido desenvolver conceitos indispensáveis para pensar tanto a comunicação midiática quanto métodos que têm sido largamente retomados.
4. ... MAIS UMA POSIÇÃO MARGINAL NA INSTITUIÇÃO ACADÊMICA FRANCESA
Se seus trabalhos são incontornáveis, ele foi relativamente pouco seguido no meio acadêmico francês, por diferentes razões. Seus modelos teóricos são exigentes: sua obra chave, A Semiose Social, que retoma o essencial de sua Thèse d’Etat, é bem mais difícil de início do que seus trabalhos mais aplicados. Por outro lado, seu objeto de pesquisa que eram as mídias podia, na França, ser considerado menor e pouco legítimo. Também a pesquisa pública francesa pouco desenvolveu a sociologia da recepção, em parte, sem dúvida, por falta de meios.
As clivagens disciplinares eram importantes na França, opondo sociólogos e semiólogos, deixando pouco espaço para quem atuava nessa oposição. Enfim, o meio acadêmico era muito reservado em relação ao setor privado, qualquer que fosse a qualidade das pesquisas que ali se desenvolviam, conduzidas quase sempre por pessoas oriundas de formação acadêmica de alto nível. Todas essas razões, e sem dúvida outras ainda, explicam o porquê dele não ter obtido na França o reconhecimento que seus trabalhos mereceriam. É reconfortante ver que a América Latina tem largamente reparado essa injustiça.
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Notas