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A imagem como elemento constitutivo do discurso da Agência de Cooperação Internacional
Douglas Junio Fernandes Assumpção; Analaura Corradi
Douglas Junio Fernandes Assumpção; Analaura Corradi
A imagem como elemento constitutivo do discurso da Agência de Cooperação Internacional
The image as an element constituting the speech of the International Cooperation Agency
La imagen como elemento constitutivo del discurso de la Agencia de Cooperación Internacional
Revista Internacional de Folkcomunicação, vol. 17, núm. 38, pp. 95-111, 2019
Universidade Estadual de Ponta Grossa
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Resumo: Este artigo visa em analisar, as imagens vinculadas na página principal do website da Agência de Cooperação Internacional do Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia (IMAZON). No qual se indaga se as imagens da Amazônia, contida na página principal, são relevantes para a construção e/ou manutenção do imaginário amazônico a partir de suas representações. Tendo como processo metodológico suporte a análise de discurso de Charaudeau (2008) identificando assim os elementos expressivos que caracterizam Amazônia nas imagens. Estabelecendo uma construção simbólica, sobre a região, apresentando elementos e valores construtivos, para construção do imaginário Amazônico.

Palavras-chave:ImagemImagem,DiscursoDiscurso,AmazôniaAmazônia,Cooperação InternacionalCooperação Internacional.

Abstract: This article aims to analyze the images linked in the main page of the website of the International Cooperation Agency of the Institute of Man and Environment in the Amazon (IMAZON). In which one inquires whether the images of the Amazon, contained in the main page, are relevant for the construction and / or maintenance of the Amazonian imaginary, from its representations. Having as methodological process support the discourse analysis of Charaudeau (2008), thus identifying the expressive elements that characterize Amazonia in the images. Establishing a symbolic construction, on the region, presenting elements and constructive values, for the construction of the Amazonian imaginary.

Keywords: Image, Speech, Amazon, International cooperation.

Resumen: Este artículo pretende analizar las imágenes vinculadas en la página principal del sitio web de la Agencia de Cooperación Internacional del Instituto del Hombre y del Medio Ambiente en la Amazonia (IMAZON). En el que se indaga si las imágenes de la Amazonía, contenida en la página principal, son relevantes para la construcción y / o mantenimiento del imaginario amazónico a partir de sus representaciones. Con el proceso metodológico apoyo el análisis de discurso de Charaudeau (2008) identificando así los elementos expresivos que caracterizan a la Amazonía en las imágenes. Estableciendo una construcción simbólica, sobre la región, presentando elementos y valores constructivos, para la construcción del imaginario Amazónico.

Palabras clave: Imagen, Discurso, Amazônia, Cooperación Internacional.

Carátula del artículo

Dossiê

A imagem como elemento constitutivo do discurso da Agência de Cooperação Internacional

The image as an element constituting the speech of the International Cooperation Agency

La imagen como elemento constitutivo del discurso de la Agencia de Cooperación Internacional

Douglas Junio Fernandes Assumpção
Universidade da Amazônia, Brasil
Analaura Corradi
Universidade da Amazônia, Brasil
Revista Internacional de Folkcomunicação, vol. 17, núm. 38, pp. 95-111, 2019
Universidade Estadual de Ponta Grossa

Recepção: 08/04/2019

Aprovação: 19/06/2019

Introdução

Ao discutir sobre Amazônia vista inicialmente como um lugar exótico, com uma biodiversidade exuberante estabelece-se um complexo simbólico. Porém o modo com que se estabelece a construção simbólica sobre a região advém de um processo midiatizado, que assenta através de seus símbolos, valores construtivos para uma idealização. Deste modo, nesses processos de midiatização há os elementos constituintes das mensagens: texto e imagens. Entre os imagéticos tem-se a fotografia, que corrobora para o enriquecimento visual do produto midiático.

Beltrão (1971) ativa a ideia de que a forma expressiva, em especial pelo conteúdo imagético, na sociedade evidencia as formas de comunicação dando lhe uma ordem de ideia e propósito comum. Assim, esta pesquisa, interliga-se aos estudos de Folkcomunicação, uma vez que (BELTRÃO, 1980, p.28) aponta que Folkcomunicação trata-se de um processo artesanal e horizontal, semelhante a comunicação interpessoal uma vez que as mensagens são elaboradas, codificadas e transmitidas em linguagens e canais familiares a audiência.

Ao tratar da Folkcomunicação, evidencia-se não se trata apenas de estudos voltados, apenas, as questões folclóricas e culturais mais em todos “procedimentos comunicacionais pelos quais as manifestações da cultura” (HOHLFELDT, 2013, p. 877) tendo assim os sites das Agências de Cooperação Internacional na Amazônia como um elo desta manifestação sobre a região amazônico.

A partir desta ideia menciona-se que ao pensar a região Amazônia, torna-se necessário compreendê-la partir de dois pontos de vista. O primeiro está relacionado ao real, ou seja, entender a partir de seus aspectos físicos, biológicos, as vidas e os seus desenvolvimentos e, o segundo, que é foco deste artigo, o viés da construção simbólica que emerge como expressão e formação da imagem da Amazônia, que pode acrescentar ou subtrair dados informacionais dos produtos midiáticos.

A Amazônia surge, então, como um complexo simbólico, no qual os registros e composições visuais evidenciam ou ocultam a capacidade expressiva desta imagem construída materializada, no caso, nas fotografias potencializadas no e para o aspecto midiatizado sobre a região.

Assim destaca-se, neste trabalho, as imagens vinculadas na página principal do website do Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia (IMAZON)³, Instituição ligada a Agência de Cooperação Internacional (ACI), seja nos aspectos de financiamento e/ou cooperações em projetos de desenvolvimento na região. Questiona se as imagens da Amazônia, contida na página principal do IMAZON, são relevantes para a construção e/ou manutenção do imaginário amazônico a partir de suas representações?

Pretende-se entender as referidas representações tendo como suporte a análise de discurso de Charaudeau (2018), identificando assim os elementos expressivos que caracterizam Amazônia nas imagens.

Os tópicos que estruturam este artigo apresentam as formas e modos que se estabelecem a construção simbólica região Amazônica pelas imagens no site, e nas considerações finais apontam para a generalização da construção simbólica, a produção no modo exógeno, tendo como o indicativo o meio ambiente ser tema e sempre foco das atenções dos interagentes. Assim, como destaca as observações de quais os elementos visuais presentes que fortalecem, via as imagens, um imaginário da região.

Cooperação internacional e Amazônia

Ao debruçar-se sobre Amazônia, em sua construção simbólica depara-se com diversos interesses socioculturais, científicos e econômicos sobre a região que não vêm apenas dos/nos programas governamentais e/ou de instituições internacionais que colaboram como o processo de desenvolvimento da região. Advém, também, dos interesses de evidenciar, via essa construção, as suas potencialidades e a visibilidade de seus atrativos.

Pressler (2012) destaca que o interesse de estrangeiros de explorar a região Amazônica é antigo. Ressalta que na década 1940 com a proposta de implementação de centros de pesquisa na Amazônia, de cunho técnico científico, a fim de atender demandas globais sobre a região houve um empenho considerável em materializar os respectivos interesses pela área.

Amazônia abre se como um caminho para ser o objeto de pesquisa internacional. Domingues e Petijean (2009 p. 288) mostram que “Amazônia é vista como um imenso laboratório da natureza tropical que dependia de uma ação conjunto de cientistas de vários países e diferentes disciplinas para fazer frente ao aumento crescente da população mundial”.

O autor supracitado mostra que, ainda há várias iniciativas de exploração da Amazônia pelo viés internacional, mas salienta que grande parte dos projetos que envolvem a região parte de atividades em parcerias com ACI.

Araújo (2002, p. 255) reforça e exemplifica os procedimentos:

As ONGs recebem apoio financeiro internacional. Com isso tornam-se agentes de uma ordem internacional globalizada, pela via do discurso que acompanha as doações: multiculturalista, etnicidade, fragmentação, excluídos, margens tudo isto é parte de um novo “imperialismo simbólico’’, ou de uma “vulgata planetária’’, como diz Bourdieu. Mas, ao mesmo tempo, são submetidos às pressões locais. A polifonia é intensa, a articulação tensa, o hibridismo disputa terreno com predacionismo.

Nos relatos sobre a construção simbólica da região Amazônica, Orlandi (1990) destaca que em meados dos séculos XVI e XVII, o discurso foi atrelado ao dos viajantes sobre a região, tanto dos aspectos científicos, religiosos e políticos, permeava em suas formas pelos caminhos da literatura. Forma de relato que induz e percorre o campo da sedução, levando o “receptor” a construir com os seus elementos um contexto imaginário no qual se identifica com e na região.

Nesta perspectiva, retoma Pressler (2012) que, nos anos 1980, o discurso distancia-se da literatura e a abordagem sobre a região centrava-se sobre questões informativas e científicas, com foco nos itens de desenvolvimento e de segurança. Pois, foi o período em que a Amazônia emergiu no imaginário midiático envolvendo questões ecológicas. Assim Dutra (2009) colabora que na construção dos elementos simbólicos, fundamenta-se num processo imaginário coletivo, alimentado pela midiatização da região em diversas plataformas comunicacionais.

Assim a forma que se estabelece a construção simbólica da região adquire uma roupagem, dita adequada, à medida dos e para os receptores da informação, a partir da estrutura e do formato informacional, apresentado pela mídia em suas plataformas específicas, buscando uma relação entre o real e o imaginário construído sobre e para a Amazônia, compactuando-se como única proposta de mensagem comunicativa.

Imagem e imaginário

Não é fácil estabelecer um contexto sobre Amazônia, pois o emprego de elementos simbólicos surge, então, como fluxo complexo, no qual os registros e composições visuais evidenciam a capacidade expressiva que é potencializada ou minimizada, nas imagens, neste estudo, como um dos aspectos midiatizados sobre a região.

Assim a mídia constrói a imagem, neste caso via a fotografia do website, visando manter uma ligação com o interagente, estabelecendo um processo de construção e manutenção dos elementos, que se constituiu como um contrato de leitura.

Charaudeau (2018) diz que um contrato de comunicação prevê uma intencionalidade entre o emissor e receptor (no caso da web, um interagente), criando uma ligação comunicacional entre ambos. Pois Charaudeau (2018, p. 68) mostra que “seu interlocutor, ou destinatário deve ser capaz de compreender os tensionamentos dos enunciados”.

O corpus aqui analisado evidencia estes enunciados, partir dos elementos simbólicos que emergem sobre a região Amazônica. Semprini (1996 p. 178) expõe que “em aparência, então o discurso sobre a natureza se instala parasitando um amplo leque de gêneros reconhecíveis e bem construídos, mas que são a priori externos”. Desta forma, há um fazendo para compreender a construção simbólica da Amazônia envolvendo elementos, que abordem as imagens e suas relações com o imaginário num contexto complexo e amplo.

Araújo (2007) ao citar Said (1985) discorre que se aceita o fato que as representações se interlaçam, criando uma espécie de labirinto, que o coloca para além da verdade, qual se julga como, ela mesma e seus enlaces, como a representação em si. O caminhar pela Amazônia e suas representatividades, torna-se um meio no qual os processos simbólicos se misturam e materializam entre o que é real e imaginário.

Ao questionar sobre o imaginário e real, nota-se que as relações, se confundem. No entanto os termos, muitas vezes, constroem e legitimam fatos, atos e/ou ações a partir de elementos ou ações que auxiliam a relatar de contexto histórico, por exemplo.

Ao discutir sobre o real, neste trabalho, leva-se em consideração, que Salles (2004, p 134) ao citar Pierce (1992) relata que o “real possui determinadas características, independentemente de qualquer pessoa sobre ela pensar ter ou não tais características”. Portanto, tem-se o real como uma ideia e/ou representação, que se cria a partir de uma realidade/fato, ou seja, advém de um conhecimento.

De encontro Ibri (1999, p.288) relata que “estas representações, em especial, tentam evidenciar que a verdade e a representação estão em constante processo de evolução, ainda que indeterminado de uma representatividade final, diante da impossibilidade de criação deste imaginário”.

Em outras palavras, o limite entre o real e o imaginário, revela-se variável, enquanto o território atravessado por esse limite permanece, ao contrário, sempre e por toda parte idêntico, já que nada mais senão o campo inteiro da experiência humana: a curiosidade dos horizontes demasiados distantes do espaço e do tempo, terras desconhecíveis, origens dos homens e das noções; a angústia inspirada pelas incógnitas inquietantes do futuro do presente; a consciência inspirada do corpo vivido, atenção dada aos movimentos involuntários da alma, aos sonhos, por exemplo; a interrogação sobre a morte; os harmônicos do desejo e de sua representação; a imposição social geradora de encenações de evasão ou recusa, tanto pela narrativa utópica ouvida ou lida e pela imagem, quanto pelo jogo, pelas artes da festa e espetáculo (Patlagean, 1900 p 291).

Assim a “realidade” e o “imaginário” encontram-se entrelaçados, porque a realidade permitirá vivenciar momentos/ações que ficarão registrados na memória e que, ao transmitir este acontecimento, tende a formular uma materialização do pensamento, havendo, assim, uma construção da realidade a partir do imaginário.

Amazônia em imagens no site Imazon

Amaral Filho (2016 p. 104) mostra que “A Amazônia é tratada como um discurso que tem origem em um imaginário cultural formatado por uma ideia de natureza a partir do paradoxo entre o paraíso terrestre e o inferno tropical”. Observa-se que no processo construção simbólicas, em especial da Amazônia, desenvolve-se desde seus aspectos históricos, no qual se destaca através dos séculos, seja por meio dos relatos dos viajantes sobre a região, pelos seus documentos relatórios, ou mesmo através da literatura integrava em suas narrativas, uma construção inventada sobre a região. Assim Aragon (2007) discorre: “A Amazônia representa um processo de constante invenção e reinvenção, seja para justificar sua exploração, seja para criticar sobre sua preservação e conservação”.

Aragon (2007), em seu texto, apresenta uma constante tentativa, por diversos campos de estudos, em buscar uma única Amazônia. Parte desta tentativa encontra-se o IMAZON, que usa dados de pesquisas e imagens, para propagar o desenvolvimento da região.

Ao relatar sobre essas imagens vinculadas no website, evidencia-se o que Sontag (1986. p. 139) relata “fotografia restaura a relação mais primitiva – a identidade parcial da imagem e do objeto – o que é certo é que os poderes da imagem são agora sentidos de um modo diferente”. Neste modo, a sensibilidade que é invocada pelo registro imagética perdura no tempo e no espaço, porém a sua construção imaginada, de um fato real ali registrado no passado, hoje faz parte da construção imaginada.

O website do IMAZON, tela principal, foi captura no dia 11 de fevereiro de 2019, apresentou-se com as seguintes imagens, em destaque, e analisadas: (Figura 01). A seleção pelas imagens da página principal trata-se e evidencia um panorama atual da Amazônia.


Figura 01
Imagem da página principal do website IMAZON com as imagens de analise em destaque
IMAZON (2019)

O website do IMAZON, em sua página inicial está composta por 11 figuras, as quais traçam características simbólicas sobre a região. No primeiro momento, localizado no topo, há a imagem da floresta em tons de marrom e laranja, sendo um destaque, ocupando toda a extensão de largura da página (frontal).

Acompanhando a leitura visual, em tamanho médio, as imagens fazem parte do tópico NOTÍCA EM DESTAQUE, as quais são compostas por itens de noticiários sobre: Produção audiovisual na região; Duas imagens representam mapas, referenciando uma pesquisa sobre queimadas na Amazônia; seguindo por uma matéria de Desmatamento. Neste contexto, as imagens dos mapas acerca das queimadas da região não serão analisadas. Esse estudo analisará, apenas, as imagens fotográficas.

Na base do website encontra-se o tópico #FOTODODIA, representado por seis imagens que são acompanhadas de textos, integrando assim o repertório de notícias.

Dando continuidade a análise, priorizando, apenas o uso de imagens fotográficas, o website IMAZON, apresenta a Figura 02. Que demonstra na primeira composição imagética da região um trecho de floresta, vista da aparentemente da margem oposta ao um rio ou lago ou a partir de uma embarcação, capturando em plano aberto o composto de água, mata ciliar e algumas espécies de árvores de porte grandioso. A imagem indica um contraponto com a luz solar, indicando um amanhecer se considerar as tonalidades translúcidas apresentadas. Traz consigo chamada legenda localizada sobre a imagem do lado direito em letra brancas: “Promover conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia”.


Figura 02
Imagem principal do site IMAZON
IMAZON (2019)

Ao acessar o website, o interagente, depara-se com a imagem desta floresta junto a uma margem de rio e/ou lagoa, elementos que compõem diversas paisagens do real contexto da região da Amazônia. A escolha do contraste entre o contraluz, os tons solar e inferência dos marrons e laranja induz a perspectiva de grandeza, infinitude e continuidade do contexto floresta, estabelecendo o imaginário simbólico de imensidão em mata e água. O contraste das tonalidades da imagem tem como inferências o texto da chamada legenda, que usa a cor branca induzindo uma quebra para um processo de “paz”. A frase indica ao interagente um (re) pensar os contextos de referência de atos e atitudes sobre os itens de conservação, do que existe e de sustentação de um desenvolvimento, que implica em perpetuação de seus recursos ao bem-estar dos que dependem ou vivem na área.

O elemento representativo, que colabora com fortalecimento da região é a floresta, pois Marcher e Paula (2008. p. 438) discorre que esta perspectiva em ter a “Amazônia vista como uma reserva, de selvagem, de mistérios, de biodiversidade e de patrimônio genético da Terra”. Esta visão, segundo os autores, trata-se de apresentar “exuberância do verde da floresta, um território a ser descoberto pelos brasileiros, ora como patrimônio do planeta ameaçado de extinção, fazendo parecer que a floresta esta com seus dias contatos” (MARCHER; PAULA, 2008. p. 438). Nessa composição imagética, o simbolismo indica uma floresta escura que pode acalentar seus tons com a luminosidade do amanhecer e ter um futuro almejando de positividade.

A expressão, chamada legenda marcada na imagem, “Promover conservação e desenvolvimento Sustentável na Amazônia” reforça a ideia apresentada pelos autores, evidenciando em colaboração com a composição da imagem, somando o texto as imagens da floresta, mata e rio um discurso institucional de conhecimento sobre questões ambientais, sobre a região a amazônica pertencente do âmbito da IMAZON. Na figura 03 há duas imagens de matérias vinculadas ao site.


Figura 03
Imagens notícia em destaque do site IMAZON
IMAZON (2019)

As duas imagens comportam diferentes situações contextuais da região. Mostra no primeiro momento, do lado esquerdo da página, sob viés de um plano aberto, de uma área coberta com uma estrutura rudimentar de madeira, em que visualiza-se 3 (três) pessoas com adereços indígenas frente a uma câmera fotográfica, e ao fundo três pessoas com vestimentas claras. em postura de estar prestando atenção para as ações dos três personagens iniciais. Observa-se, também, que câmera fotográfica integra a composição da imagem, reforçando à atratividade, dos personagens iniciais.

Através do imaginário simbólico, nessa imagem, quem está com o poder de expressão/fala são os usuários de adereços indígenas, que exercem a percepção de direito a fala do nativo da região, que ao longo dos tempos sofrem de omissão de sua fala e sofrem com sequentes processos de opressão. Já os demais indivíduos da foto estando de roupas simples e claras, sem ostentação, buscam estabelecer uma igualdade de condição e com postura que denotam o interesse de ouvir os demais. A inclusão da imagem da máquina fotográfica reforça o poder de fala das pessoas, em foco, nesse contexto. A legenda da foto se apresenta como título na matéria jornalística, estabelecendo um link para o interagente obter mais informações no sistema (Ler Mais) “Tomada de preços para produção de audiovisual”. No contexto geral, o imaginário simbólico induz que, os indígenas terão coparticipação nessa produção midiática.

Tomada de preços para produção audiovisual”, chamada que acompanha a figura 03, apresenta o envolvimento da mídia, com assuntos ambientais, em especial com a região Amazônica que visa buscar, através da midiatização, signos que evidenciam o cotidiano da região, as trocas e traduções simbólicas da região se estabelece, frente às lentes para construção real ou imaginada da região, estimulada, pela criação/ ou desmitificação dos elementos simbólicos e de registros imagéticos. Loureiro (2001 p.58) discorre que esta percepção da região, que solidifica pelo simbolismo amazônico, perpassa pela “criação via do imaginário estético-potencializantes da cultura amazônica”.

Assim a construção do simbolismo da região estrutura-se, especialmente, nas imagens do website que permitem registrar, há elementos e/ou simbologias ligados ao real da região, a fim de torná-las auto referenciais para sustentação da concepção deste imaginário amazônico.

As diferentes formas de perceber a região via diversas lentes, permite evidenciar uma Amazônia por uma sensibilidade simbólica, que colabora para fomentação de uma visualidade midiatizada da região. Loureiro (2001 p. 59) relata que “é graças a estas formas peculiar do olhar do homem da região (que a Amazônia, que sempre se constituiu para os viajantes e estudiosos um espaço delimitado de geografias e cultura), tornou-se também uma extensão ilimitada às instigações do imaginário”.

A segunda imagem, localizada mais à direita de página Apresenta uma visão área de floresta priorizando as copas de grandes árvores características da região Amazônica, e nessa imagem mostra uma fumaça encobrindo quase a sua totalidade.

Sobreposta a foto em si há um cartaz com moldura amarela com os dizeres “Nosso patrimônio Ameaçado” sendo que a expressão “Nosso Patrimônio” está em branco no topo do cartaz em fonte pequena e a expressão “Ameaçado” está em fonte grande na cor amarela dividida em trechos “Ame-Aça-Do”, ainda nesse cartaz aparece umas manchas escuras, como se houvesse a inferência visuais de papel queimado.

Considerando essa imagem pode-se estabelecer que, o imaginário simbólico induz as consequências das queimadas na região, pelo menos em duas formas, uma na foto da floresta, onde a fumaça se apresenta bem clara e branca na borda superior de foto e vai inferindo na cor verde da floresta, estabelecendo no contexto um gradiente que percorre o verde efusivo da floresta até ao branco denso da fumaça, mostrando a possibilidade de se perder essa floresta para a queimada e a sobreposição do cartaz ressalta como moldura o verde e amarelo, símbolo de cores representativa do país Brasil, e usa como imagem interna, também mostrando danos da queimada. Denota que mesmo tendo a fala que o patrimônio é nosso pode ser ameaçado e se perder pelo descaso. Outra forma a ser exemplificada é a quebra da palavra “Ameaçado” – “ame” de amar, “aça” de assar/queimar, “do” de “dar” indicando que é necessário agir.

Nota-se pelo registro da imagem, que a Amazônia vem sendo cenário de conflitos ambientais. O relato de destes conflitos, seja de desmatamento, queimadas ou desastres ambientais colaboram para uma percussão negativa da região.

As imagens, vinculadas na figura 03, apresentam diversos simbolismo imaginários da região, por exemplo: índios, floresta, mata fechada por grandes árvores, cores- verde e amarelo entre outras.

A figura 04 apresenta três imagens, vinculadas ao tópico #IMAGENSDODIA, o qual apresenta reportagens em menor destaque no layout da página do website, porém enfatizando a uso da imagem.


Figura 04
Imagens tópico #ImagensdoDia do website IMAZON
IMAZON (2019)

A Floresta representada pela primeira imagem, em plano maior o tronco da árvore, imagem de baixo para cima, mostra a extensão de sua altura, entre o chão e o céu, onde seus galhos se interlaçam e se ramificam ficando a sua copa dominando o segundo plano da imagem. A frase “Terras indígenas garantem direitos e protegem floresta” é a legenda que acompanha a imagem. Desta forma induz o imaginário que o tronco único ereto sustenta as ramificações de forma única e protetora, tanto o tronco em sua função de sustentação como os ramos de proteção. A partir dessa proteção a legenda relaciona o povo indígenas com as mesmas características da árvore, sendo únicos protetores dos recursos naturais.

A imagem ao meio, da figura 04, apresenta um grupo de cinco pessoas que estão de pé dentro de uma mata semifechada de floresta, sendo que uma pessoa aparenta explicar algo para os demais, todos atentos na ação / explicação. Com a legenda “A sociedade engajada pela educação ambiental nas comunidades: o programa de agentes ambientais da calha norte”.

A imagem induz ao imaginário que mesmo com a mata semifechada é possível realizar ações de interação, considerando a apoio da legenda que detalha a coexistência entre um programa de educação ambiental, as pessoas da comunidade da área Calha Norte o ambiente em si

A terceira fotografia ao lado direito é uma imagem aérea de uma área de floresta com as inferências de desmatamento e acumulo de troncos das arvores que foram arrancados e a legenda que a acompanha diz: “Alerta desmatamento do SAD indicam forte pressão sobre a terra indígena Apyterena”.

O uso constante deste tipo de registro já está simbolicamente registrado na memória coletiva ao se firmar os termos: floresta e desmatamento. Portanto, o imaginário induz que, com o passar dos tempos terá muito mais espaços sem árvores e a presença das pilhas de troncos e a legenda reforça o papel dessa ação na área destacada na imagem e na matéria jornalística.

Observa-se que na Figura 04, o IMAZON apresenta as mesmas construções simbólicas da região Amazônica como: Floresta, preservação, desmatamento.

Ao final, evidenciamos a presença de três imagens como apresenta a figura 5.


Figura 05
Imagens tópico #ImagensdoDia do site IMAZON (2ª parte)
IMAZON (2019)

As imagens são semelhantes em seu contexto geral são em plano aberto, aéreas capturando detalhes gerais da floresta em três momentos: o primeiro uma paisagem sem incidências significativas, tem a mata e contraponto em horizonte de céu azul, a segunda mostra um processo de queimada em ação, sendo que metade da imagem é mata fechada e outra parte encoberta pela fumaça totalmente destruída e a terceira paisagem é uma mata totalmente queimada com um pouco de fumaça, mas com espécies de mata que sobreviverem ao embate.

A sequência implica o passo a passo de destruição e consequências do fogo numa floresta, apesar do céu azul que induz a tranquilidade e a rotina de um ambiente tranquilo, tudo pode ser alterado.

A estrutura visual, mesmo o receptor não interagindo com conteúdo exposto, pode-se evidenciar esta construção simbólica de cada imagem.

Esses elementos simbólicos legitimam a percepção sobre a região, fazendo surgir como uma referência, fortemente, na construção da imagem da Amazônia, estabelecendo-se como elementos de representações marcantes sobre o mundo Amazônico.

O cenário da narrativa legendária do mito e da sua construção decorre da imaginação configurada segundo uma cultura. É o pertencimento cultural que estabelece a identificação entre o real e o imaginário, entre história e imaginário. As imagens cênicas e cenográficas se impõem como co-reais, oscilando entre o virtual e o real. O imaginário, pelo mito, converte-se em história. Caminha em sua realidade paralela no livre jogo entre real e surreal, fascinando pelo maravilhoso revelado, aproximando-se da criação artística. (LOUREIRO, 2009 p. 159).

Assim lembra-se de Baudrillard (1994 p. 25) que relata que “o conteúdo das mensagens, os significados dos signos em grande parte, são indiferentes”. O nosso empenhamento não os acompanha e os meio de comunicação nos orientam para o mundo, oferecem-nos para consumo de signos atestando, contudo pela caução do real.

A construção simbólica da região Amazônica se estabelece em uma manutenção da imagem, como elemento constitutivo dos discursos qual tem o foco a floresta, preservação, queimada, biodiversidade.

Considerações finais

Este estudo mostra que há muitos usos em estabelecer uma imagem concreta sobre a região Amazônica, pois as suas representações são reforçadas pelos contextos do imaginário cristalizado nos processos midiáticos. De modo geral, há nesse website o predomínio de imagens, que destacam a natureza, omitindo a presença dos que vivem na área.

As temáticas expostas pelo Imazon predominam o meio ambiente, foco de seus interesses e para a sua divulgação usa de imagens de paisagens com pouca referência aos habitantes nativos, expondo um pouco dos povos indígenas uma vez, como coparticipes de um documentário, o exótico sendo gravado para registro midiático, outra como protetor da floresta e por último, como elementos pressionados num processo de desmatamento.

As demais imagens não identificam pessoas ou personagens, a floresta é a coadjuvante das temáticas relacionadas ao meio ambiente, de forma que é a interagente ativa para maior envolvimento o simbólico imaginário cristalizado pelos processos midiáticos.

Material suplementar
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Notas
Notas
3 Disponível em: https://imazon.org.br/. Acesso em 11 fev. 2019.
4 ACI é uma organização pública ou privada que representa um pais, no exercício das atividades e em alguns casos trabalham com organizações sem fins lucrativos (PRESSLER, 2012).
5 Calha Norte abrange 379 municípios em oito Estados da Federação (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul ). Projeto Calha Norte é um programa de desenvolvimento em defesa da Região Norte do Brasil idealizado em 1985. Disponível em: https://www.defesa.gov.br . Acesso em 15 de fev.2019.

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Figura 03
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