Dossiê

O centenario de Luiz Gonzaga: a construcao da identidade sertaneja

The centenary of Luiz Gonzaga: the construction of the sertaneja identity

Maria Isabel Amphilo
Universidade Metodista de São Paulo, Brasil

O centenario de Luiz Gonzaga: a construcao da identidade sertaneja

Revista Internacional de Folkcomunicação, vol. 16, núm. 36, pp. 163-181, 2018

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Recepção: 03/07/2018

Aprovação: 11/07/2018

Resumo: Este artigo trata da análise do especial sobre o centenário de Luiz Gonzaga, através do estudo das identidades culturais para a preservação do patrimônio cultural imaterial. Abordamos a importância do estudo das identidades culturais na contemporaneidade, na formação e na preparação do profissional de jornalismo, visando um processo de mediação mais eficiente e de um jornalismo mais humanizado. O corpus analisado foi a reportagem sobre o “Centenário de Luiz Gonzaga”, elaborado e apresentado pelo programa Globo Rural, em 13.12.2012.

Palavras-chave: Globo Rural, Luiz Gonzaga, Jornalismo, Patrimônio Imaterial, Identidade Cultural.

Abstract: This article deals with the analysis of the special TV show about the centenary of Luiz Gonzaga, through the study of cultural identities for the preservation of intangible cultural heritage. We analyze the importance of the study of cultural identities in contemporary times, in the formation and preparation of the professional journalism, aiming at a more efficient mediation process and a more humanized journalism. The corpus analyzed was the reporting on the "Centenary of Luiz Gonzaga", elaborated and introduced by the program Globo Rural, on 12.12.2012.

Keywords: Globo Rural, Luiz Gonzaga, Journalism, Intangible Heritage, Cultural Identity.

Introdução

A sociedade brasileira foi estruturada a partir de duas importantes economias: do ciclo do açúcar e do ciclo do ouro, sob o modo de produção escravagista e de relações sociais estabelecidas entre a casa grande e a senzala. Mas, com o passar dos anos, aconteceram processos de aculturação e miscigenação cultural e racial no Brasil. Porém, em contrapartida, havia os movimentos de resistência, que procuravam preservar as suas identidades culturais de origem, baseadas na memória, nas expressões religiosas e culturais, na oratura e na contação de histórias de seus povos e tribos de origem preservando, assim, na oralidade, seu patrimônio cultural imaterial. (MEDINA, 1996).

Stuart Hall (2006) afirma que as identidades modernas estão entrando em colapso, devido a mudanças estruturais que estão modificando as sociedades.

Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados. Esta perda de um “sentido de si” estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento – descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos – constitui uma “crise de identidade” para o indivíduo. (HALL, 2006, p. 9)

Ou seja, as identidades que por tanto tempo estabilizaram as sociedades, atualmente encontram-se em colapso, devido a diversos fatores que buscaremos abordar no decorrer desta investigação, desestabilizando o espaço social nacional. O fato é que o sujeito contemporâneo vive momentos de crise identitária que necessitam ser estabilizadas para o equilíbrio social nacional e global.

Embasamento teórico e metodológico

O problema de que se ocupa esta pesquisa é a importância do estudo das identidades culturais na contemporaneidade, na formação e na preparação do profissional de jornalismo, visando um processo de mediação mais eficiente e de um jornalismo mais humanizado e solidário. O problema prático, conforme Jorge González (2007) é “uma situação experimentada no mundo que seja relevante e significativa, que não queremos que continue acontecendo e cujos custos materiais consideramos negativos”². Nesse sentido, ressaltamos que há na sociedade contemporânea uma crise das identidades e o retorno de movimentos de intolerância, que revelam preconceito e não-aceitação do outro-diferente, chegando à violência física e simbólica, agredindo o outro-diferente, simplesmente por ser diferente. Gimenez (2011, p.1) afirma que é com a crise do Estado-Nação, que tem ameaçada a hegemonia da soberania nacional na superestrutura e, simultaneamente, as reivindicações regionalistas e particularismos culturais na infraestrutura. Esta pesquisa buscará responder se a veiculação do Programa, de alcance nacional e internacional, através da Globo Internacional e da internet, contribui para a construção da identidade cultural, como também, diminui esse hiato entre as identidades, considerando o Brasil como um país multicultural, com uma diversidade cultural significativa. E, finalmente, como se estabelece o dialogismo entre o campo e a cidade; entre o local e o nacional; através do fator da identidade cultural e do conhecimento de traços da nossa brasilidade.

Conforme Jorge González (2007, p. 66), o problema prático motiva uma pergunta de investigação, que, por sua vez, define um problema de conhecimento, encontra uma resposta de pesquisa e ajuda a resolver o problema prático proposto para a investigação. Assim, a pergunta de investigação que propomos é: como o estudo das identidades pode proporcionar subsídios para realização da mediação cultural num contexto de crise de identidades no cenário nacional e global? Uma pesquisa divulgada pelo jornal O Povo revela que 90% das mulheres nordestinas têm medo de serem agredidas. Essa pesquisa “tinha por objetivo promover o debate e o diálogo para ‘o aprimoramento do atendimento realizado pelas instituições policiais às vítimas de violência sexual em todo o país”. (ROSSI, 2016) Outra pesquisa, realizada pelo Banco Mundial (ONUBR, 2017), revela que o feminicídio subiu 75% nas regiões norte e nordeste entre 2003 e 2013. Em relação à xenofobia, em âmbito nacional, pesquisas revelam que houve um aumento de 633% de denúncias de xenofobia, em 2015, sendo que 273% foram relacionadas à intolerância religiosa. (XAVIER, 2016) Evidenciando a crescente intolerância religiosa no país, principalmente em relação aos negros que seguem religiões de matrizes africanas. Vale salientar que crianças e idosos foram citados nesta pesquisa como vítimas de violência.

Temos como hipótese que a dialogicidade entre o jornalista-autor e as narrativas artísticas e culturais nas regiões brasileiras talvez não tenham tanto reflexo nas editorias chamadas de cultura, quanto poderiam ter, promovendo a integração nacional e a valorização das culturas locais e regionais, não as considerando fragmentadas do restante do país, ao contrário, integrando-as às outras culturas como partes de um todo nacional, unificadas pela língua e outras características que formam o sentimento de brasilidade.

Como justificativa, entendemos que o jornalismo tem o poder da mediação na diversidade cultural, através dos meios de comunicação social. Nesse sentido, focaremos na relação dialógica, de sintonia entre o jornalista e os agentes populares, em que algumas vezes se podem detectar casos de subversão autoral, em que o profissional pode estar tão afeto ao contexto, que se apropria dos bens simbólicos e recria conteúdos, e não somente reproduz informações. Sob o signo da relação dialógica (MEDINA, 2006) é possível construir os elos sociais, resgatar a memória, fortalecer o sentimento de pertença, construindo a aproximação através do diálogo dos afetos ao contexto identitário, através das práticas culturais. Assim, entendemos que em determinados momentos e contextos, a cultura detém o soft power³, como poder aglutinador de um povo, através do fator da identidade cultural.

A atualidade do tema das identidades culturais assume a centralidade das pesquisas das ciências sociais na contemporaneidade, devido aos impactos do fenômeno da globalização, além dos conflitos identitários, que necessitam de mediação sócio-cultural. Por sua vez, a globalização reforçou a busca pelas identidades e, também, pela mediação dessas identidades, que se tornou tarefa jornalística. Com o crescimento cada vez maior de estrangeiros no país e a nova lei de migração, que regulamenta a mão de obra estrangeira no Brasil, faz-se necessária a incursão da uma disciplina nos cursos de jornalismo, que dêem conta dos estudos das identidades, das crises identitárias, do xenofobismo e como realizar a mediação em situações de crises, seja em âmbito nacional, ou internacional.

Causa de preocupação jornalística no contexto globalizado das grandes metrópoles, conforme Bauman (1999, p. 9) “(...) é a progressiva ruptura de comunicação entre as elites extraterritoriais cada vez mais globais e o restante da população, cada vez mais localizada”. Há um problema comunicacional, conforme Bauman, que já fora detectado por Luiz Beltrão, em 1967, que questiona se esse problema não seria uma “ameaça à unidade nacional, aos programas desenvolvimentistas, aos nossos ideais políticos e à mesma sobrevivência do homem brasileiro, como tipo social definido, o alheamento em que nós jornalistas (...)” nos mantínhamos (BELTRÃO, 2001, p. 74).

A realidade brasileira era constatada por sociólogos, psicólogos socais, antropologistas, políticos e economistas: dois brasis se defrontavam. Um em franco desenvolvimento cultural e econômico, outro, marginalizado, entravando os planos de progresso. Um respondendo com maior ou menor desenvoltura aos apelos dos meios de comunicação coletiva; outro não suscetível dessa influência e, por conseguinte, alienado dos objetivos pretendidos pela elite. Um acreditando nas metas desenvolvimentistas e mudando os seus padrões de comportamento ao influxo das ideias e das técnicas novas, difundidas sobretudo pelos veículos jornalísticos; outro crendo apenas nos seus “catimbós” e rejeitando até mesmo uma argumentação lógica, fundamentada em causas e efeitos para a aferrar-se aos seus preconceitos, hábitos e costumes tradicionais, e permanecendo surdo às mensagens jornalísticas convencionais. (BELTRÃO, 2001, p. 74, grifo nosso).

Luiz Beltrão (1918-1986), primeiro doutor em Comunicação no Brasil, abordou essa questão da ruptura comunicacional entre as elites e a população brasileira, que impedia os processos de desenvolvimento nacional. Tratava-se de um entrave nos processos comunicacionais que passava pela questão identitária, pois os grupos identitários locais/regionais precisavam ser incluídos nos processos comunicacionais globalizados, necessitando da mediação jornalística para operacionalizar a comunicação no espaço social. Sabemos, é claro, que há certas informações que são transmitidas pelos veículos de comunicação em linguagem erudita visando, justamente, a incompreensão das camadas iletradas da população, para que seus projetos desenvolvimentistas sejam aprovados na Câmara e no Senado Federal sem maiores problemas de manifestações dos grupos identitários e movimentos sociais.

Do mesmo modo, o povo faz circular as informações necessárias entre os grupos identitários, através dos meios informais de comunicação, das mídias independentes, que publicam na internet, contando com os líderes de opinião, bem como, através das linguagens simbólicas das manifestações folclóricas e práticas culturais, como o carnaval, em que se faz necessária a participação de folkcomunicadores, que são especialistas em cultura popular, para que façam a interpretação simbólica dos elementos utilizados em determinadas práticas, para que a elite e a população possam compreender o sentido e o significado das mensagens que estão sendo transmitidas naquele contexto sócio-cultural.

A crise das identidades pode gerar conflitos significativos, no contexto nacional e internacional, ameaçando a paz local, regional e, até, mundial. Nesse contexto de crise em que vivemos, o profissional de comunicação e o jornalista têm um papel primordial de mediador de identidades. Os cidadãos do mundo globalizado, no exercício da profissão, precisam estar preparados para contextos de crise, em que há violência simbólica e física. O profissional precisa estar preparado para “o fazer jornalístico” em diferentes contextos identitários e, principalmente, saber dos conflitos entre as identidades existentes.

Direito ao acesso ao patrimônio imaterial

Os bens culturais são de natureza imaterial, portanto, são considerados patrimônio imaterial de um povo, ou até, da humanidade, dependendo da sua dimensão. Assim, as práticas culturais e manifestações simbólicas, com suas determinações, são consideradas patrimônio imaterial de uma cultura. A Cultura é um bem simbólico que está garantido na Constituição brasileira, de 1988, na seção II, artigo 215: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, art. 215). A Constituição brasileira garante, portanto, o direito ao cidadão a ter acesso aos bens culturais, através do Plano Nacional de Cultura, visando além do desenvolvimento cultural do país:

I. defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005); II. produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005); III. formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005); IV. democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005); V. valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005).

A Constituição brasileira defende que o patrimônio imaterial deve ser protegido pelo Estado, bem como, preservado e transmitido de geração a geração, garantindo a preservação da identidade cultural do nosso povo e seus bens simbólicos e práticas culturais. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) conceitua patrimônio imaterial, como:

Entende-se por “patrimônio cultural imaterial” as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. (CONVENÇÃO, 2006, p. 4)

A convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, da Unesco, defende o patrimônio cultural imaterial como fonte de diversidade cultural e garante o desenvolvimento, considerando, ainda, a interdependência entre o patrimônio cultural imaterial e o patrimônio material cultural e natural. Visto que, devido ao fenômeno da globalização, há forças simbólicas que ora dialogam com as comunidades e ora agem de maneira intolerante, colocando em risco de deterioração e destruição dos patrimônios culturais imateriais, como os dialetos e culturas indígenas. Por isso, a importância da convenção em preservar, incentivar o respeito e a conscientização e a cooperação para que se cumpra a Convenção.

A diversidade cultural brasileira e a preparação do profissional

O profissional da comunicação estabelece uma relação de diálogo e está afeto àquela identidade do Outro, na relação sujeito-sujeito. O caso inverso também pode ser percebido, quando o profissional torna-se “desafeto” à sua cultura de origem e absorve, por modismo, valores estrangeiros. Outro aspecto a ser estudado é que a diversidade cultural brasileira e a pluralidade de suas manifestações e produções de bens simbólicos podem ser incompatíveis com o que é exposto nos meios de comunicação de massa (MORAES, 2008). E quando as práticas culturais e folclóricas são expostas nas denominadas editorias de cultura dos jornais brasileiros, questiona-se a falta de profundidade, em termos de conhecimento do significado das representações simbólicas. Aí torna-se oportuna a reflexão profunda e a realização da “mediação cultural” realizada pelo jornalista, enquanto sujeito-produtor de sentidos, e não apenas um reprodutor de informações esquemáticas, ou versões desenraizadas.

Só um mediador que estuda as culturas do local ao universal, passando pelo regional e nacional, poderá atuar como agente de mediação social. Só o jornalista que se aperfeiçoa para poder criar, terá alguma possibilidade interveniente no processo de mediação social. Só o mediador que se obriga a um projeto de pesquisa cognoscitiva terá competência para modificar o status quo (hegemonia do emissor) e praticar um discurso polifônico e polissêmico. (Medina, 1996, p. 20, grifo da autora).

Assim, entendemos que o jornalista não é somente um mediador social e cultural, mas também um mediador-autor de narrativas identitárias na contemporaneidade. A contribuição para o Jornalismo que se pretende é analisar e explicar as mediações entre o jornalismo e a construção da identidade cultural na contemporaneidade, buscando identificar na reportagem, a mediação dialógica construída entre o jornalista, a identidade e a cultura logal/regional/nacional. É importante salientar que “a dialogia interdisciplinar e as descobertas transdisciplinares são, portanto, as essências do aprendizado dos que atuam nos meios de comunicação” (MEDINA, 2008: 10). O preparo do profissional de jornalismo, que deve ser interdisciplinar, contando com conceitos advindos da antropologia cultural e da sociologia da cultura, visando um melhor preparo ao realizar o fazer jornalístico, no âmbito cultural, ao noticiar, opinar e interpretar eventos culturais, ou na realização de crítica jornalística.

Globo Rural: Especial Centenário do “Rei do Baião”

A comemoração do centenário do “Rei do Baião”, como era conhecido Luiz Gonzaga, leva ao sertão quatro repórteres que vão em busca da experiência in loco. Os mediadores se lançam no sertão a buscar detalhes importantes que talvez passassem despercebidos na enxurrada de informações sobre o “desbravador do sertão”. A matéria “Centenário de Luiz Gonzaga será comemorado nesta quinta-feira (13)” (online), que foi ao ar em 12.12.2012, com Beatriz Castro falando de Salgueiro/PE fez a chamada para a grande reportagem “Luiz Gonzaga faria 100 anos nesta quinta-feira (13), que viria no dia seguinte, 13.12.2012, que trouxe: Amanda Dantas falando de Caruaru/PE; Paulo Ricardo Sobral, de Sta. Maria da Boa Vista/PE; e Giuliano Roque, da cidade de Exu/PE, terra natal de Luiz Gonzaga. O “Rei do Baião” emergiu na grande mídia, quando os artistas que na época faziam sucesso no país, estavam no eixo sudeste-sul. O rapaz do sertão toma coragem e deixa a sua realidade de seca e sofrimento tão latentes e vai em busca do sonho do sucesso, no “sul-maravilha”. O sotaque sertanejo acompanhado à sanfona e, principalmente, as letras que falavam da caatinga, da aridez e falta de chuva, da tristeza de ter que deixar a sua terra para não morrer, da religiosidade, da dura realidade do sertão brasileiro. Luiz Gonzaga cantava o sertão, na sua mais profunda essência. Todas essas múltiplas determinações fizeram de Luiz Gonzaga uma figura emblemática da cultura sertaneja. A representação social do sertanejo que com sua coragem e intrepidez veio em busca do seu sonho.

O legado de “Gonzagão”

A produção simbólica de “Gonzagão” é patrimônio cultural imaterial da cultura brasileira. A importância de Luiz Gonzaga está na sua ousadia em cantar a realidade sertaneja, com todas as suas especificidades: o sotaque, a sanfona, as letras que falavam da dura realidade do sertão, aliadas às criticas emitidas, fizeram com que o ritmo diferente trazido para o sudeste-sul fosse visto com simpatia, pelos nordestinos que aqui viviam e seus descendentes. A identidade cultural expressa, manifesta, proporcionou a Luiz Gonzaga ser um agente-mediador cultural apresentando a cultura sertaneja até então pouco conhecida e difundida. Pode-se afirmar que Luiz Gonzaga foi o grande desbravador responsável pela disseminação da cultura nordestina-sertaneja.

O legado do “Rei do Baião”, ritmo utilizado por Luiz Gonzaga para a elaboração de suas melodias, vinha recheado de expressões culturais e sotaques específicos do sertão. A produção simbólica elaborada por Luiz Gonzaga “cheirava” a terra sertaneja. Uma identidade cultural de um dos nossos “brasis” fora apresentada à grande mídia, que abraçou a identidade sertaneja apresentada com todas as suas especificidades. Uma de suas canções mais conhecidas “Asa branca” (1947) tornou-se o hino do nordestino, que como a ave “asa-branca”, com uma enorme dor no peito, mas uma esperança e coragem admiráveis, deixava sua terra e vinha trabalhar nas grandes construções no sul-sudeste.

As representações simbólicas das produções culturais de Luiz Gonzaga “refletem” a realidade sertaneja de sua época. Na música citada, por exemplo, temos a representação da ave “asa-branca” que deixa o sertão e, comparativamente, o sertanejo se despede de seu amor e de suas relações sociais, para tentar a vida em outro lugar, mas com a esperança de voltar, com a chuva. Essa música simboliza muito fortemente o sentimento do sertanejo de não querer ir embora de sua terra, mas pela necessidade, quando a vida está em risco. Na literatura, paralelamente, nos lembramos da obra de João Cabral de Melo Neto, “Morte e Vida Severina”, que é um auto de natal pernambucano, em que uma vida nasce no contexto de morte. A esperança no caos.

No Museu do Forró (1999), a repórter Amanda Dantas, que fala de Caruaru (PE), apresenta peças que foram do artista, objetos pessoais e entrevista Regina Lucia de Oliveira, diretora do museu. Regina gentilmente explica que o acervo foi doado por Edelzuita, último amor de Luiz Gonzaga. O material foi trazido ao museu em 1999 e as peças mais procuradas pelos visitantes são a sanfona e a indumentária do Rei do Baião, que ressalta peças 15 a 18 mil turistas, a sala do “Centenário do Gonzagão”, que tem o objetivo de divulgar toda a trajetória de Luiz Gonzaga, com peças elaboradas por artistas de Caruaru e região.

A importância da empatia entre o jornalista e o entrevistado

No Município pacato de Exu, localizado na Chapada do Araripe, com cerca de 30 mil habitantes, cuja principal atividade econômica é a agricultura. Orgulho é uma palavra recorrente na reportagem. Exaltam seu nobre cidadão que tornou a cidade conhecida. Mudando o cenário, imagens da caatinga, vegetação típica dessa região do semiárido nordestino brasileiro, o repórter está em Santa Maria da Boa Vista. Paulo Ricardo Sobral ressalta que Luiz Gonzaga se inspirou em sua realidade contextual e em cenas do cotidiano para elaborar verdadeiras poesias sertanejas, em suas músicas. O repórter manifesta-se afeto e empático ao contexto. A seguir, em contraste, aparece o Rio São Francisco, conhecido como o “Velho Chico”. Na Ilha de Nossa Senhora de Fátima o repórter busca homônimos do “Rei do Baião”, que se dedicam à agricultura, mas no período de descanso tocam sua sanfona, instrumento musical que se tornou marca identitária da região, devido ao Rei do Baião.

O jornalista, entre outros profissionais, é um leitor cultural. A leitura que se transforma na narrativa jornalística poderá ou não conter as digitais de uma sociedade, se captar o mundo à volta pelo radar de fina sintonia da sensibilidade solidária. Será uma obra de autoria, se criar nexos dos sentidos da realidade pela razão complexa. E estará apto a produzir uma narrativa original, reconhecida pelas formas inovadoras da arte, em oposição às formulas burocráticas da inércia do poder. (Medina, 2008, p. 10)

A sintonia fina (MEDINA, 2011) entre o repórter e os entrevistados, além da simpatia, traz a espontaneidade necessária para o sertanejo mostrar sua identidade e suas atividades. “A competência do mediador social, nos leva, trialeticamente, à ética, à técnica e à estética.” (MEDINA, 1996, p. 20). A consciência identitária e cultural, no contexto social a que o repórter é enviado são importantes para o desenvolvimento da reportagem, estabelecendo, a situação de dialogia com o entrevistado.

Na região de Exu, o orgulho de ser sanfoneiro é latente. Luiz Gonzaga, afirma o repórter, apresentou ao país “os elementos sertanejos, a religiosidade, a musicalidade, e a bravura de seu povo”. Seu Luiz Gonzaga da Silva, também é sanfoneiro e mostra com orgulho, que desde criança aprendeu a tocar sanfona e conta sua vida ao repórter. O sertanejo mostra seu orgulho de ter o nome de Luiz Gonzaga ao dizer que este nome lhe foi dado em homenagem ao “Rei do Baião”, o que aumenta a autoestima do sertanejo, que muitas vezes é visto através do estereótipo social. Essa homenagem é uma forma da cidade e da região cultivarem a memória identitária, de que ali um dia viveu um cidadão da terra que trouxe autoestima ao seu povo e à sua gente.

O jornalista afeto ao contexto identitário

A festa no interior é um momento de intensa troca de experiências, de movimentação da economia local e regional, mas também de práticas culturais e manifestações folclóricas. Momento em que marcas identitárias nos saltam aos olhos, pois emergem elementos específicos daquela localidade e da região. As representações simbólicas presentes nas práticas culturais sustentam a festa e são elas que trazem o “sabor” daquela localidade. Ouvir Luiz Gonzaga é bom, mas ouvir Luiz Gonzaga, em sua terra natal traz uma sensação emotiva muito forte. É um conjunto de determinações que formam um contexto identitário que promove a sensação única de estar como que “vivendo” a realidade sertaneja cantada em versos pelo Rei do Baião.

O repórter Giuliano Roque fala sobre a festa e entrevista o Presidente do Coral de Aboios, com oito integrantes e faz a apresentação dos músicos, que cantam a emblemática “Asa Branca”. Enquanto cantam, o repórter faz a incursão da informação da localização da festa, que acontece no Parque Asa Branca, na cidade de Exu. A seguir, o repórter pede que um cantador faça um repente com as palavras “Globo Rural” e “Luiz Gonzaga”. O cantador pensa por um instante e logo inicia seus versos, acompanhado pelos músicos do coral de Aboios, porém após alguns versos o repórter rompe com a cantoria e agradece o cantador, que não esconde sua decepção em não poder seguir com a manifestação da sua arte.

Em 1998, o Globo Rural exibe uma reportagem especial sobre os “Aboios: o canto do vaqueiro”, em comemoração à Edição 900, apresentado por Helen Martins e Vico Iasi. Na reportagem, a jornalista pede a alguns aboiadores que cantem o seu aboio e o que se tem são variações na cantoria. A dialogia e a sintonia entre a repórter e o entrevistrado se desenvolve de maneira solidária, em que o aboiador desafia a repórter a aboiar: “Não quer dar uma aboiadinha também, não?” A repórter, por sua vez, aceita o desafio e os dois cantadores vibram com sua participação. Realiza-se ali, na interação cultural, a empatia e o jornalismo solidário.

Narrativa mítica: a “asa branca”.

A narrativa mítica, a partir de Luiz Gonzaga, traz a possibilidade de uma outra narrativa, que não a da seca, da realidade de morte, de ausência de vida. Contar a história a partir da bravura de uma gente que, no seu contexto, de escassez de água, mas de uma fé quase que palpável de tão concreta, através de tantos elementos simbólicos da religiosidade nordestina, é falar de um povo que não tem medo da “lida” na lavoura. E por depender diretamente da natureza para o êxito de seu trabalho, essa gente apega-se a sua fé. O que Luiz Gonzaga expressa lindamente na canção Asa Branca “eu perguntei a Deus do céu, ai por que tamanha judiação”. O agricultor fala com Deus do céu, um Adeus distante, que não ouve suas orações e não manda chuva. O sertanejo se pergunta: por que tamanha judiação? Há uma crença religiosa popular que acreditava que sofrimento é consequência de pecado, por isso a pergunta. Já o termo judiação faz uma analogia aos judeus, que tanto sofreram com perseguições, torturas e mortes.

Se a mestiçagem é nosso signo cultural e, dessa maneira, assumimos a heterogeneidade como marca identitária, como afirma Raul Vargas (2008), a narrativa mítica da bravura do nordestino que sai de sua terra para ganhar o País e contar a história de sua gente, através da música e da poesia, faz emergir no imaginário coletivo uma saga diferente da que é contada nos livros, fazendo aflorar a autoestima e fomentar uma identidade. Na reportagem se vê o diálogo caloroso e solidário entre o repórter e o entrevistado, que com um sorriso no rosto e com uma sanfona nos braços, não esconde o orgulho de ser homônimo se uma figura emblemática para a cultura nordestina, mais especificamente do semiárido.

Quando Luiz Gonzaga assume todo o sentimento no qual passa seu povo na situação da seca e consegue expressar, através de seus versos e no choro da sanfona, o sentimento da alma nordestina vendo perder-se o gado e a plantação frente à seca. A música enquanto expressão artística tem esse poder de provocar sensações, como de alegria ou tristeza, através da sua execução. Então, os versos que expressam a tristeza do agricultor e pecuarista, são complementados com os sons dos instrumentos, mas mais especificamente da sanfona, em que o próprio som já é um canto de lamento. Lembrando que essa região do nordeste tem um canto típico que é o aboio. O aboio é um canto de lamento trazido pelos árabes, que era um canto sem palavras; eram sons produzidos pelos vaqueiros para conduzir o gado. Porém, o aboio em versos tem origem moura, trazidos da Ilha da Madeira pelos portugueses, e abordam temas agropastoris.

O ritmo do baião nessa canção a alegria da alma do sertanejo. Apesar do ritmo mais cadenciado da canção “Asa branca”, o que proporciona uma ligeira sensação de alegria, a letra é um canto de lamento agropastoril. A alegria está na analogia com a ave asa-branca, que voa pra longe do seu ninho, mas depois volta. O artista trata, então, do desejo do retirante de retornar à sua terra, assim que o período de estiagem passar. O desejo de retorno à terra, à sua família, ao seu lugar de pertença, é algo muito forte, levando o sertanejo às lágrimas quando expressa a saudade do seu lar, da sua gente. Por isso, quando Luiz Gonzaga vem para o Rio de Janeiro ele encontra na comunidade nordestina, retirante, exilada, um terreno fértil para expressar sua arte e saciar no exilado a sua sede por elementos identitários de sua terra, de sua região. O “Gonzagão” apresentava-se com uma indumentária toda de vaqueiro e seu chapéu de couro característico e, principalmente, seu sotaque nordestino, que logo criava no espectador o elo identitário. Normalmente, migrantes (e imigrantes também) costumam-se reunir em alguma local (casa, restaurante etc.), em que possam relembrar sua terra e sua essência, sua nordestinidade, através de elementos identitários, como: alimentos regionais, músicas de cantores regionais, dança, bebidas e diálogo,

Ao que tudo indica, outros peregrinos do espaço público, observadores participantes, garimpeiros da voz coletiva ou repórteres de fina sintonia com o cotidiano podem traçar a narrativa da contemporaneidade com essa respiração social. Mas, acima de tudo, são os poetas que percebem e proclamam a identidade que define em um território. (MEDINA, 2008, p 10)

É interessante como o repórter Paulo Ricardo Sobral consegue fazer a sua leitura cultural e elabora a reportagem, juntamente com a equipe, de maneira a construir uma narrativa de fina sintonia com a realidade contextual do agricultor, ou agropecuarista, mostrando a conexão entre o trabalho braçal na lavoura e expressão da arte através da música, na execução da sanfona, nos mostrando os diferentes “Luiz(es) Gonzaga(s)” de hoje, que carregam o nome do ilustre representante da cultura sertaneja, e com ele o desejo e a responsabilidade de preservar a identidade cultural da região com um orgulho estampado no rosto de seus artistas. “O ato jornalístico exige um olhar sutil e indiscreto do leitor cultural; uma visão complexa apta a recolher a polifonia e a polissemia do contexto sociocultural; e a relação dinâmica entre eu e o outro.” (MEDINA, 1996, p. 33)

As canções do Rei do Baião expressavam o sentimento de tristeza do sertanejo pela escassez da chuva, mas também, mostrava sua alegria, quando cantava “eu vou mostrar pra vocês como se dança um baião”. Podemos interpretar como se ele dissesse, “eu vou mostrar pra vocês como é que um nordestino vive a expressa sua felicidade”. A alegria da gente mestiça, que trazia através dos costumes de família, através das gerações, a alegria e a espontaneidade das danças indígenas e africanas, que foram, de alguma forma, se misturando e fizeram emergir outros ritmos e sons pelo país afora.

A narrativa jornalística apresenta Luiz Gonzaga não somente como uma produção cultural, mas como representação simbólica do sertanejo, como figura emblemática e referencial da cultura sertaneja. “Mais do que talento de alguns, poder narrar é uma realidade vital” (MEDINA, 2003, p. 47). Recontar a história sob uma outra ótica, proporcionando sentimentos e perspectivas distintas levando o povo à reflexão sobre a realidade, contudo não perdendo a doçura, a ternura, a alegria, que são essências para se continuar vivendo, mesmo em situações limite.

Martín Sagrera (1967), em “La función social del mito”, aborda a função unificadora e dirigente do mito, ou seja, ele tem o poder de reorientar a sociedade, reorganizar, reelaborar as relações. “O mito é, pois, a expressão cognoscitiva por excelência da unidade social”10 (SAGRERA, 1967, p. 70, tradução nossa). Luiz Gonzaga através de sua vida, sua história, além da expressão da sua arte, cantando sua terra, seu povo, sua gente, seus conflitos, seus sonhos e frustrações, vocalizou o mito do “nordestino vencedor”. Gonzagão trouxe uma outra face positiva de identidade cultural em que o nordestino se orgulhava, por seu sotaque, seus ritmos, sua religiosidade, sua culinária, sua maneira de ser e ver o mundo. Ao contar a história do nordestino da perspectiva da bravura e do herói, nos lembramos da “jornada do herói”, que através dos arquétipos e das forças inconscientes na concepção freudiana explica a ideia de monomito, que está estruturado em três partes: a partida (ou separação), a iniciação e o retorno.

A partir dessa concepção da “jornada do herói” podemos inferir sobre a construção da figura emblemática de Luiz Gonzaga, em que se construiu a jornada do herói, na medida em que: 1. ele sente o desejo de buscar seu sonho; ele toma a decisão de ir; então, ele sai de sua terra e vai para o sul em busca do seu sonho. 2. passa por muitas dificuldades, mas luta e batalha com bravura de um guerreiro, consegue realizar seu sonho do sucesso. 3. Prepara-se para o retorno à sua casa, à sua família. Então, Luiz Gonzaga consegue fazer o trajeto do herói e, por isso, aliado a determinados elementos culturais e a sua expressão artística, ele realiza com êxito e se torna o herói de seu povo e representante do sertanejo, da cultura sertaneja, da cultura nordestina, do nordestino guerreiro, que luta pelos seus sonhos.

Considerações finais

A partir da leitura cultural, pudemos perceber do emblemático Gonzagão, a construção da identidade cultural sertaneja e, mais, de uma narrativa mítica realizando outra possibilidade de história. Uma outra história possível, de um sertanejo e sua bravura, que saiu da sua gente e foi para o sudeste contar as histórias do seu povo, através da música e da sanfona, que era seu instrumento, sua marca registrada. Luiz Gonzaga é um personagem que o sertanejo de orgulho de se identificar.

A sintonia fina entre o repórter e o entrevistado em seu contexto possibilitou ao telespectador a sensação da importância da figura emblemática de Luiz Gonzaga e seu contexto de produção simbólica. Pois, o artista expressa, através do “gesto da arte”, a sua sensibilidade, suas ideias e pensamentos, como no caso, a música e o baião, enquanto ritmo alegre, com uma letra triste, como “Asa branca”.

Gonzagão denuncia, através da música, a realidade vivida no semiárido naquela época. Lembramos aqui de 1968, que foi o período de maior seca vivido na região e que resultou do êxodo de muitas famílias, que partiram para outras regiões do país. “O estudioso aí recolhe ferramentas mentais capazes de estabelecer conexões conceituais para ensaiar a compreensão dos conflitos que o cercam”. (MEDINA, 2008, p. 10) Assim, destacamos a importância singular de Gonzaga em tornar conhecidas as dificuldades pelas quais o povo passava, como também, os conflitos vividos na região, principalmente políticos. Dessa maneira, entendemos que o estudo das identidades culturais, do patrimônio cultural imaterial, enriquece muito o trabalho do jornalista, pois possibilita o conhecimento necessário para a realização de uma mediação mais humanizada, em sintonia fina, possibilitando um jornalismo solidário.

Referências

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Notas

2 “una situación experimentada en el mundo que sea relevante y significativa que no queremos que siga sucediendo y cuyos costos materiales consideramos negativos”.
3 “Os conceitos de soft power e high power foram elaborados recentemente pelo cientista político Joseph Nye Jr, para tratar da projeção norte-americana no mundo globalizado, em se tratando do desgaste da imagem dos Estados Unidos frente a comunidade mundial, devido ao seu insucesso com as Guerras do Iraque e perseguição a terroristas islâmicos. Para nós é interessante o conceito de soft power, que reflete o poder persuasivo da cultura, em relação a imposição de políticas econômicas e possíveis inovações e relações estabelecidas com países de cultura muito diversa, da cultura local, em que o poder brando tem grande poder diplomático e de persuasão nas negociações.” (AMPHILO, 2010, p. 113)
4 Luiz Beltrão de Andrade Lima (1918-1986) defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Brasília, em 1967. Publicada integralmente sob o título: Folkcomunicação: um estudo dos agentes e dos meios ligados direta ou indiretamente ao folclore, pela PUC-FAMECOS/RS, em 2001
5 Questão abordada em nossa tese de doutorado. (AMPHILO, 2010)
6 Ficha Técnica da Reportagem: Imagens: Augusto César, Edison Silva e Tony Lins; Repórter: Beatriz Castro.
7 Ficha Técnica da Reportagem: 1. Caruaru/PE, Repórter: Amanda Dantas; Sta. Maria da Boa Vista/PE, Repórter: Paulo Ricardo Sobral, Imagens: Sandro Ribeiro, Anastácio Alves, Samuel Moreira; Exu/PE, Repórter:Giuliano Roque
8 Asa branca é uma canção de choro regional (popularmente conhecido como baião) de autoria de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, composta em 3 de março de 1947. O tema da canção é a seca do Nordeste brasileiro que pode chegar a ser muito intensa, a ponto de fazer migrar até mesmo a ave asa-branca (Patagioenas picazuro, uma espécie de pombo também conhecidos como pomba-pedres ou pomba-trocaz).
9 Humberto Pereira era o editor-chefe, Gabriel Romeiro o chefe de redação e Lucas Battaglin o chefe de reportagem. A matéria tem a edição de Benê Cavechini e Helen Martins, a produção de Adir Santos, Consultor Baltasar da Costa, a abertura de Hans Donner, Nilton Nunes e Capi Ramazzina; e a música tema de Almir Sater. Som externo de Claudinei Ribeiro e Epitácio Araújo, a reportagem de: Ivaci Matias, José Hamilton Ribeiro, Sidnei Maschio, Ana Dalla Pria, Nelson Araújo e Vico Iasi. Repórteres cinematográficos: Jorge dos Santos, Francisco Maffezoli Jr. e Ivo Coelho. Edição de imagens: Olympio Giuzio, Dorival Roque e Orlando Daniel. Edição de arte: Djalma Albuquerque e Carla Durante. Cenário Alexandre Arrabal. Assistente de estúdio Maurício Adriano. Caracteres Renato Ramos. Direção de Tv Ilmar França. Coordenação Adelmo da Silva Santos. Gerencia de operações Fernando Gueiros. Diretor executivo de jornalismo Carlos Schroder. Diretor editorial Luis Erlanger. Diretor Responsável Evandro Carlos de Andrade
10 “El mito es, pues, la expresión cognoscitiva por excelencia de la unidad social.” (tradução nossa).
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