Artigos e Ensaios
O discurso da série documental “Amazônia Sociedade Anônima” sobre a Amazônia brasileira
The discourse of the documentary series "Amazônia Sociedade Anônima" on the Brazilian Amazon
El discurso de la serie documental "Amazonia Sociedad Anónima" sobre la Amazonia brasileña
O discurso da série documental “Amazônia Sociedade Anônima” sobre a Amazônia brasileira
Revista Internacional de Folkcomunicação, vol. 17, núm. 39, pp. 197-214, 2019
Universidade Estadual de Ponta Grossa

Recepção: 01/05/2019
Aprovação: 18/06/2019
Resumo: Este trabalho analisa o discurso da série documental “Amazônia Sociedade Anônima” sobre a Amazônia brasileira, exibida em 2015 pelo programa Fantástico da TV Globo. Na fundamentação teórica recorremos a Benchimol (2009), Borges (2011), Martino (2007) e outros. Utilizamos como metodologia Pesquisa Bibliográfica, Documental e Análise do Discurso (AD) de linha francesa. Aponta-se para uma romantização da Amazônia e para o fato de que os problemas sociais e conflitos derivados das agressões ao meio ambiente, aos povos originários, ribeirinhos, agricultores familiares e quilombolas, na Amazônia, são minimizados, isolados ou tratados como irrelevantes.
Palavras-chave: Amazônia, Brasil, Série, Fantástico, Discurso.
Abstract: This paper analyzes the discourse of the documentary series "Amazônia Sociedade Anônima" on the Brazilian Amazon, shown in 2015 by TV Globo's Fantástico program. As a theoretical basis, we refer to Benchimol (2009), Borges (2011), Martino (2007) and others. We used as methodology Bibliographical Research, Documentary and Discourse Analysis (AD) of french line. It is pointed to a romanticization of the Amazonia and to the fact that the social problems and conflicts derived from the aggressions to the environment, to the original, riparian, family and quilombola farmers in the Amazonia are minimized, isolated or treated as irrelevant.
Keywords: Amazonia, Brazil, Series, Fantástico, Discourse.
Resumen: Este trabajo analiza el dircurso de la serie documental "Amazonia Sociedad Anónima" sobre la Amazonia brasileña, exhibida en 2015 por el programa Fantástico de la TV Globo. En la fundamentación teórica recurrimos a Benchimol (2009), Borges (2011), Martino (2007) y otros. Utilizamos como metodología la investigación Bibliográfica, Documental y Análisis del Discurso (AD) de línea francesa. Se apunta a una romantización de la Amazonía y al hecho de que los problemas sociales y conflictos derivados de las agresiones al medio ambiente, a los pueblos originarios, ribereños, agricultores familiares y quilombolas en la Amazonia, son minimizados, aislados o tratados como irrelevantes.
Palabras clave: Amazonia, Brasil, Serie, Fantástico, Discurso.
Introdução
A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, com mais 6,5 milhões de quilômetros quadrados, compartilhados por oito países sul-americanos (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana e Suriname) e uma colônia francesa (Guiana Francesa). A nível nacional, a chamada Amazônia Legal (que se toma para esse estudo), estende-se pelos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins e parte do Maranhão.
Na região vivem por volta de 25 milhões de pessoas (IBGE, 2011), incluindo mais de 342 mil indígenas de 180 etnias distintas, ribeirinhos, extrativistas e quilombolas. Ainda há que se considerar os povos originários não contactados. Esse território é estratégico por que além de garantir a sobrevivência desses povos, fornecendo alimentação, moradia e medicamentos, tem uma relevância que vai além de suas fronteiras. É fundamental no equilíbrio climático global e influencia diretamente o regime de chuvas do Brasil e da América Latina.
Com todas essas dimensões e importância para o Brasil e o Mundo, a Amazônia atrai olhares, também, por suas riquezas naturais. Mas o processo de exploração dessas riquezas quase nunca leva em consideração a necessidade de preservar as florestas, os animais e os povos que habitam o local. Desde os anos de 1970, o desmatamento da região alcançou o número alarmante de 18% do território. E esse número é resultado do projeto de colonização da área, iniciado durante o regime militar, que distribuiu incentivos para que milhões de brasileiros ocupassem aquela fronteira dita como “vazia”, para integrá-la à economia nacional.
Desde o início desse processo de “neocolianismo interno”, a Amazônia vem sofrendo diversas investidas em nome de um suposto desenvolvimento nacional. E como resultado dessas iniciativas, instalou-se um prolongado e feroz processo de desmatamento da região, para dar lugar a instalação de projetos capitalistas de grandes proporções, que provocaram gigantescos e irreversíveis danos tanto ao meio ambiente, quanto aos povos que vivem e necessitam do bioma de pé e saudável.
Dentre essas instalações, destaque para o agronegócio, voltado principalmente para a bovinocultura e a produção de soja, manejo agrícola que necessita de extensas áreas territoriais, assim como construções de hidrelétricas, extrativismo predatório de minerais, e projetos de integração regional, principalmente a partir de 1959 quando foram ‘‘lançados e iniciados os grandes projetos dos eixos rodoviários de integração da Amazônia com o restante do país’’ (BENCHIMOL, 2009, p. 482). Além das iniciativas de desenvolvimento industrial, levados à região com maior expressão durante as décadas de 1960 e 1970, através de ações da Superintendência de Desenvolvimento de Amazônia (SUDAM).
A chegada desses projetos à Amazônia e os graves problemas causados ao meio ambiente e às populações locais, deu origem a um prolongado processo de conflitos, a partir do momento em que essas populações se organizaram para reivindicar reparos pelos danos sofridos e que seguem sofrendo cotidianamente.
Com todo esse dinamismo e características, a Amazônia também atrai olhares externos, que apreendem sua realidade com distintas abordagens, seja por meio de livros, filmes, programas de televisão, séries, documentários, e etc., que trazem consigo diversas verdades, mitos e imaginários. A grande maioria dessas abordagens converge para idealizar a região como um ator com indispensável potencial produtivo e grande capacidade para contribuir com o desenvolvimento econômico nacional.
Essa concepção faz com que grandes empreendimentos sejam direcionados para se instalarem nas dependências da Amazônia. Convergindo com esse entendimento desenvolvimentista, muitas são as produções que tratam da região amazônica como algo utópico e, assim, a imaginação abre caminho, inclusive, para a construção de uma Amazônia romantizada, livre de problemas e capaz de absorver e se recuperar de todos os danos sofridos e sem estendê-los à população. Os principais propagadores dessa perspectiva são os meios de comunicação.
Nesse sentido, Benchimol (2009) explica que o rádio e a televisão estão destruindo de forma traiçoeira saberes, labores e viveres “por meio dos programas e telenovelas, transmitindo formas alienígenas, alheias e alienadoras, quando não guerrilheiras e narcotraficantes” (BENCHIMOL, 2009, p. 20).
Como exemplo desse tipo de produção, mais especificamente audiovisual, têm-se a série “Amazônia Sociedade Anônima S/A”, produzida em 2015, contendo cinco (05) episódios de em média 10 minutos cada um, pelo cineasta Estevão Ciavatta e exibida pelo programa dominical da TV Globo, Fantástico.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar a representação da Amazônia brasileira na série “Amazônia Sociedade Anônima (S/A)”, tomando como recorte o último episódio dessa produção audiovisual. Para tanto utilizamos como metodologia a Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Documental e Análise do Discurso (AD) de linha francesa. Todos os episódios da série estão disponíveis para acesso livre na página da produtora Pindorama Filmes, na plataforma de compartilhamento Youtube.
Nessa série, a Amazônia brasileira é apresentada com abrangência, mas padece de certas limitações, porque são retratadas todas as grandezas, potencialidades e importância da região, mas quase sempre voltadas para o lado do desenvolvimento econômico e produtivo, relatados como “sustentáveis”. Os problemas sociais e conflitos derivados das agressões ao meio ambiente, aos povos originários, ribeirinhos, agricultores familiares e quilombolas são minimizados, isolados ou tratados como irrelevantes.
Amazônia: História, dimensões, fronteiras, problemas e potencialidades
A Amazônia, “el corazón continental de la América del Sur” (OTCA, 1992, p. 7), é considerada o território com a maior biodiversidade da terra, abrigando metade das espécies terrestres. Possui presença transfronteiriça, estendendo-se por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Suriname, as Guianas e Venezuela.
O conjunto desses oito países representaram aproximadamente 315 milhões de pessoas em 2007 e um território de mais 13 milhões e 614 mil Km². A região amazônica em seu conjunto possui 6 milhões e 635 mil Km² aproximadamente. Essas dimensões e significados principalmente comparados a países europeus são impressionantes. Comparando só o tamanho da Amazônia brasileira (4 275 000 Km²) com a Europa, Amayo (2007) diz que seria igual ao território correspondente a Europa Ocidental (3 769 861 Km²) mais a Ucrânia (603 700 Km²) na Europa Oriental (BORGES, 2011, p. 32).
Ainda de acordo com Borges (2011), com essa área de mais 6,6 milhões de Km², compartilhada por oito países e uma colônia, onde se encontra uma porcentagem incalculável de riquezas naturais, a região apresenta certo desafio em precisar as “extensões exatas e as porções que pertencem a cada país [...]. É quase impossível de se conseguir as mesmas definições e unidades” (BORGES, 2011, p. 31). Isso porque cada nação amazônica utiliza, “soberanamente, [...] o que politicamente lhe é mais conveniente” (BORGES, 2011, p. 31).
Convergindo com a afirmação de Borges (2011), Diego Martino (2007) reforça que cada país amazônico tem suas próprias formas de delimitar a região amazônica, e aponta como exemplo o Brasil, que delimitou a região através da “llamada ‘amazonia legal’[...] que con 5,[2] millones de kilómetros cuadrados, en sus márgenes incluye otros tipos de ambientes además de la selva amazónica” (MARTINO, 2007, p. 4).
A Amazônia Legal brasileira é uma região administrativa definida pela Lei 5.173/1966 e está distribuída por nove Estados (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, parte do Tocantins e do Maranhão). Possui uma área de cerca de 5.217.423 km², que corresponde a 61% do território brasileiro, abrigando, além do bioma Amazônia, 20% do bioma Cerrado e parte do Pantanal Matogrossesense.
Congregando uma biodiversidade sem paralelos, a Floresta abriga aproximadamente 25 milhões de pessoas (IBGE, 2010), entre indígenas (342 mil) de 180 etnias distintas, ribeirinhos, extrativistas e quilombolas e os povos originários não contactados, que não entram nessa contabilidade. Essa quantidade corresponde a 12% da população brasileira, dos quais 70% vivem em cidades e vilarejos.
Além disso, possui por volta de 40 mil espécies de plantas, mais de 400 de mamíferos e cerca de 1.300 de pássaros, 3 mil espécies de peixes, além das milhões de espécies de insetos e um número indefinido de micro-organismos, sendo que apenas o 10% dessas espécies estão catalogadas.
O bioma Amazônico brasileiro, ecossistema interligado pela Floresta Amazônica e pela Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas é um dos mais complexo e importante do mundo, 60% dele pertence ao território brasileiro, ou seja, 4,2 milhões de km², o que corresponde a 49% do território nacional. Sua cobertura vegetal estoca entre 80 e 120 bilhões de toneladas de carbono, que tem papel decisivo no controle do aquecimento global.
Ademais disso, a Amazônia acomoda a maior bacia hidrográfica do planeta, a Bacia Amazônica, com extensão de 7,05 milhões de quilômetros quadrados, e comporta “o maior manancial de água doce do mundo” (MARGULIS, 2003, p. 6). Isso significa que apenas a região amazônica responde sozinha, por quase um quinto das reservas mundiais de água doce (MARGULIS, 2003).
Todas essas características, que fazem da região única, o que desperta interesses que vão para além da simples contemplação, e se centra no fascínio pela exploração de seus recursos. Desde o período colonial, com a exploração do Pau Brasil, passando pelo Ciclo da Borracha (1879-1912 e 1942-1945), período desenvolvimentista (1956-1961 e 1964-atual), até os dias atuais, a Amazônia continua sendo espaço de exploração do capitalismo predatório.
A inciativa de exploração dos recursos da Amazônia quase sempre está relacionado à condicionante do desenvolvimento nacional. Como a proposta política de Juscelino Kubitschek de integrar a região ao restante do país, principalmente, por via terrestre, e que tinha como foco facilitar a integração econômica.
O impacto dessa nova política de integração nacional iria continuar na década dos anos 70, quando o I Plano Nacional de Desenvolvimento estabeleceu como objetivo nacional a integração física, social e econômica da Amazônia com o Nordeste, pela construção da Transamazônica (BR-230) e o programa de colonização e assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para Rondônia, bem como a política de incentivos, fiscais que criou o Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam), em ação paralela à instituição do Finor para o Nordeste e do Fiset para os investimentos setoriais de reflorestamento, pesca e turismo, na forma do Decreto-Lei n.º 1.376, de 1974 (BENCHIMOL, 2009, p. 483).
Para executar esse projeto de ‘’desenvolvimento’’ da região amazônica, considerando a baixa densidade demográfica da área, criou-se um forte movimento de “neocolonização interna”, que alcançou sua máxima durante a ditadura militar. Sob a égide de levar povo sem terras para onde existia terra em abundância, os governos enviaram milhares de pessoas, principalmente nordestinos, para ocupar o território “vazio”.
A proposta governista tinha como foco colonizador implantar projetos de “assentamentos agrícolas, fazendas de gado, exploração madeireira, garimpagem, construção de barragens e hidrelétricas, mineração, construção de rodovias e ferrovias, distritos industriais, etc. (BENCHIMOL, 2009, p. 485). Os imigrantes, ao chegarem na nova terra, enfrentaram inúmeras dificuldades, como o desconhecimento do local, as largas distâncias, a falta de infraestrutura, ausência de serviços públicos e etc.
Esses fatores, com o passar dos anos tornou a região, praticamente uma terra sem leis, abrindo caminhos para o surgimento de conflitos agrários, originados pela grilagem de terras, o estabelecimento de latifúndios, por meio da concentração de terras, e mais grave, os problemas ambientais provocados pelo desmatamento.
As consequências desse novo processo de povoamento na Amazônia, se de um lado veio contribuir para a expansão demográfica e da fronteira agrícola, pecuária e mineral e a criação de novos centros de produção industrial, de outro lado deu origem, também, ao surto de muitas tensões sociais, conflitos de terras, disputas de posse, invasões de áreas indígenas, dada a precariedade e desordem de nossa estrutura fundiária. Também o impacto ecológico da devastação da floresta tornou-se crítico em muitas áreas de expansão e penetração dessa fronteira humana, especialmente nas áreas de transição do cerrado para a mata densa, por intermédio da ocupação por grandes fazendas pecuárias, em função dos incentivos fiscais e colaboração financeira proporcionados pela Sudam e Finam, e depois pela intensificação dos assentamentos de colonos e trabalhadores sem-terra da reforma agrária (BENCHIMOL, 2009, p. 486).
Após a instalação dos primeiros imigrantes na Amazônia e as iniciativas integracionistas mobilizadas pelos governos vigentes, que promoveram a interligação com o restante do país, surgiram novos fluxos migratórios. Dessa vez, foram para a região, gaúchos, paranaenses, paulistas, mineiros e capixabas, levando consigo “as fazendas de gado, as serrarias, as plantações de terra firme, a mineração e o impacto da tecnologia industrial que ameaçam romper o delicado equilíbrio dos nossos complexos ecossistemas” (BENCHIMOL, 2009, p. 18).
Nesse aspecto, entendemos que o desenvolvimento da agricultura e da indústria na Amazônia, trouxe muitos fatores que deixaram vulneráveis as diferentes espécies, tanto de animais e plantas, como minerais da região, tendo como impacto, por exemplo, o desmatamento.
Cuando se inició el desarrollo de la agricultura y la ganadería así como la explotación forestal. Se deforestaron más de cien millones de hectáreas para dedicarlas a pastos y cultivos, las que están ahora en su mayoría degradadas y abandonadas por no ser compatibles con las características ecológicas únicas de la región. Los bosques también fueron degradados por la exportación forestal (OTCA, 1992, p. 8).
O desmatamento não somente desencadeia uma perda de árvores, mas também, do habitat dos animais, provocando danos à biodiversidade, a alteração do ciclo da água, e os mecanismos da regeneração do solo (MARTINO, 2007). Segundo Margules (2003), não há um consenso sobre quais são os principais agentes envolvidos neste processo de desmatamento no Brasil. Mas aponta para evidências de que “a pecuária é a principal atividade econômica na região e que são os médios e grandes pecuaristas os maiores responsáveis pelos desmatamentos” (MARGULES, 2003, p.14).
Para Martino (2007), a construção e pavimentação de estradas também são grandes responsáveis por parte do desmatamento do território:
Apertura de la selva con nuevas carreteras es un importante factor en el proceso de deforestación. Luego de la apertura de un camino comienza el proceso de extracción de madera y de ocupación de tierras por parte de pequeños productores que practican agricultura de tala y quema.” (MARTINO, 2007, p. 5).
Martino dar conta ainda, da existência de outras atividades que implicam diretamente nas causas do desmatamento, como a extração madeira nos anos 1940. A maior parte dos países amazônicos iniciaram grandes programas de colonização, evolvendo a agricultura e a pecuária, que aceleram o desmatamento. O Brasil, por exemplo, “entre los años 1975 y 1989, ha deforestado 560.000 km² y mantiene un ritmo promedio de deforestación anual de 21.300 km²” (OTCA, apud SALATI et al., 1992, p. 64).
Nesse sentido, o grande desafio que se enfrenta na Amazônia da atualidade, é “conciliar e promover o uso inteligente dos recursos naturais com as necessidades da melhoria da qualidade de vida de sua população dentro da perspectiva solidária e diacrônica das gerações atuais e futuras” (BENCHIMOL, 2009, p. 23). Para tanto, ressaltar o autor, se faz necessário incentivar a ‘‘formação de uma economia agromercantil-extrativa, aproveitando a vocação florestal e fluvial da região como imperativo de sobrevivência’’ (BENCHIMOL, 2009, p. 17).
Amazônia Sociedade Anônima S/A
A série, “Amazônia Sociedade Anônima S/A”, foi dirigida por Estevão Ciavatta, diretor, roteirista e produtor de cinema e televisão. Ele é sócio de uma empresa de “comunicação especializada na criação e produção de conteúdo audiovisual, abrangendo as mídias TV/Cinema/Publicidade/Música/Internet e mídia impressa”, chamada Pindorama Films, que como lema tem “Criando conteúdo. Produzindo árvores”.
Ciavatta nasceu em 9 de março de 1968 no Rio de Janeiro, tem em seu currículo a direção de programas para a televisão, como os premiados “Brasil Legal”, "Central da Periferia” e “Um Pé De Quê?”, além do curta-metragem, “Nelson Sargento no Morro da Mangueira”, “Veneno e Antídoto – Uma Visão da Violência na Colômbia”, média metragem em parceria com o Grupo Cultural AfroReggae, e “Programa Casé – O que a Gente não Inventa não Existe”, documentário sobre a história do rádio e da TV no Brasil. E a série Amazônia Sociedade Anônima, doravante Amazônia S/A, entre outros.
Amazônia S/A é uma série documental de 2015, que trata sobre o desmatamento da Amazônia Brasileira e as possíveis soluções que há para chegar a desmatamento zero. A série é composta de 5 episódios, os quais têm aproximadamente dez minutos cada um. Foi exibida pelo programa “Fantástico”, da rede Globo.
A série desvenda a importância da região para o futuro econômico e climático do Brasil, além de levantar discussões sobre problemas como desmatamento, impactos causados por obras de infraestrutura – tais como as hidrelétricas – e o destino que terão os 20% de terras públicas devolutas ainda não regularizadas na Amazônia (REVISTA ECOLÓGICO, 2015)⁴.
O primeiro episódio chamado, “Amazônia S/A”, faz uma introdução da série utilizando informes relacionados às caraterísticas como flora, fauna, diversidade étnica entre outras, da região amazônica, dando a conhecer dados: “tem a maior biomassa florestal do planeta, a maior concentração de biodiversidade da Terra, a maior bacia hidrográfica do mundo, onde vivem mais de 180 etnias indígenas e que será impactada com grandes obras de infraestrutura na ordem de 100 bilhões de reais até 2020”. Essas informações são citadas em voice over⁵ por Fernanda Montenegro, a narradora do documentário.
Posterior a esse início, é feito um apanhado do desenvolvimento da Amazônia no futuro, trazendo a soja, a carne e a madeira como as principais abordagens, assim como diversos depoimentos para maior explicação do audiovisual. O segundo episódio chama-se “na pata do boi”, e fala do desmatamento por meio da retirada de madeira ilegal nos últimos 45 anos, por parte da grilagem de terras. Destaca também, a utilização da terra para o uso da pecuária e ser vendida nos próximos 15 anos. “Apesar da pecuária extensiva ainda ser a grande vilã do desmatamento, conquistas e avanços aconteceram nos últimos anos como a moratória da soja e os projetos bem sucedidos de pecuária intensiva” (AMAZÔNIA S/A, 2015).
O terceiro episódio, “fronteira agrícola”, coloca como principal objeto o desenvolvimento da Amazônia e do Brasil, por meio da agricultura como a soja, o milho e o algodão. Mas, além disso, fala do aumento da pecuária, que vem provocando desmatamento, em conjunto com o agronegócio.
O episódio quatro, intitulado “Combustível do Futuro”, mostra a Amazônia como o futuro do Brasil, pensando um modelo econômico-estratégico para o crescimento, que torne a região no maior produtor brasileiro de minério, energia elétrica, soja, carne, madeira, e etc. E o episódio cinco, analisado neste trabalho, chamado, “O Brasil do futuro e o país do presente”, mostra as formas de se chegar ao suposto desmatamento zero, pondo os indígenas, ribeirinhos, quilombolas, seringueiros e caboclos, como os principais atores que podem contribuir para esse objetivo, já que eles possuem conhecimentos da região que os cientistas não dispõem.
Abordagem da série sobre a Amazônia
O universo dessa pesquisa consta da série documental, “Amazônia Sociedade Anônima (S/A)”, composta de cinco episódios de aproximadamente 10 minutos cada um, que foram exibidos polo programa Fantástico da TV Globo, em 2015. Adota-se como recorte o quinto episódio da série, intitulado “O Brasil do futuro e o País do presente”.
Adotamos como metodologia a Análise do Discurso (AD) de linha francesa com o intuito de identificar a “formação discursiva” construída a partir do coletivo de enfoques dado pela série à Amazônia. De acordo com Orlandi (2010, p. 43), uma formação discursiva “se define como aquilo que em uma formação ideológica dada – ou seja, a partir de uma posição dada em uma conjuntura sócio-histórica dada – determina o que pode e deve ser dito”.
Nesse aspecto, faz-se necessário entender as implicações ideológicas que os discursos evocados pela série carregam, uma vez que, os objetos de estudo apreendidos pelas análises discursivas são partes extraídas do contexto sócio-histórico, no qual atuam os sujeitos discursivos. Como uma “prática social”, o discurso se apresenta com regras e normas e são práticas polifônicas e referenciais, ou seja, para se constituírem como tal, evocam e referem-se a outros discursos já produzidos (ORLANDI, 2010). Para tanto, realizamos análise e interpretação dos discursos presentes nos conteúdos do material estudado, extraindo os apontamentos sobre os aspectos que concernem à realidade da Amazônia em seus contextos históricos, fronteiriços e potenciais.
Assim, entendemos que a formação discursiva apreendida a partir do quinto episódio da série, universo dessa análise, é a seguinte: apresenta-se uma visão romantizada, “hollywoodiana”, sobre a Amazônia brasileira, em que é destacada sua grandiosidade e importância para o Brasil e o mundo. Admite-se a existência de conflitos de distintas naturezas na região, mas não suas causas. Além disso, a produção audiovisual centra-se claramente em defesa da utilização da Amazônia para o famigerado “desenvolvimento” nacional.
Para constituir-se discursivamente, o episódio 5 da série evoca as vozes de treze (13) atores políticos, além da voz da narradora (Voice Over). São eles: Adalberto Veríssimo: agrônomo brasileiro que trabalha no Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia; Antônio Nobre: do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Juarez Saw: Cacique da aldeia Sawré Muybu; Eduardo Viveiros de Castro: antropólogo e pesquisador em etnologia indígena; Rodrigo Junqueira: Instituto Socioambiental - MT; Adriana Ramos: Coordenadora do Programa de Política e Direito Socioambiental; Zé Pretinho: morador do Assentamento Zumbi dos Palmares - MT; Julio Tota: doutor em clima e ambiente e docente da Universidade Federal do Oeste de Pará (UFOPA); Odila Bodinho: moradora da Reserva Extrativista de Tapajós; Jeremias Dantas: cooperativista; Fábio Carvalho: Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodivercidade (Icmbio); Izabella Teixeira: ex-ministra do Meio Ambiente; Paulo Adário: um dos fundadores da Greenpeace.
Na abertura do episódio, o texto narrado dá o tom do conteúdo, destacando que na última década o Brasil realizou a maior contribuição da história para o controle do aquecimento global. “Se somarmos a redução de gases do efeito estufa geradas por tecnologias limpas, não chega perto do resultado obtido com a redução do desmatamento na Amazônia” (AMZÔNIA S/A, 2015).
O primeiro ponto a se destacar nessa análise, é que a série traz como narradora a maior atriz brasileira de todos os tempos, Fernanda Montenegro. A primeira latino-americana e a única brasileira já indicada ao Oscar de melhor atriz, e melhor filme estrangeiro, por seu trabalho no longa metragem, Central do Brasil em (1998), e a primeira a ganhar o prêmio de melhor atriz do planeta, o Emmy International, considerado o Oscar da TV mundial, na categoria de melhor atriz, pela atuação na série especial, Doce de Mãe, em 2013, repetindo o feito em 2015.
Montenegro já ganhou dezenas de prêmios, entre nacionais e internacionais, em seus mais de sessenta anos de carreira. Foi condecorada em 1999 com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, a maior comenda civil do Brasil, em reconhecimento a sua contribuição para as artes cênicas brasileiras. Em 2013, a atriz foi eleita a 15ª celebridade mais influente do Brasil pela revista Forbes. Por esses feitos ela é considerada tanto pelo público quanto pela crítica, uma das maiores artistas dos palcos e da dramaturgia brasileira da história.
A voz marcante e conhecida da respeitada atriz é uma poderosa ferramenta que atribui legitimidade ao discurso proferido pela série, e constrói novos significados sobre os fatos narrados por ela. Como, por exemplo, a importância, ou a falta dela, dada à figura do Cacique indígena, Juarez Saw, que, embora represente na série, os grupos étnicos amazônicos que mais sofrem os impactos causados pelas investidas desenvolvimentistas na Amazônia, aparece somente por 18 segundos e apenas uma vez em todo o episódio analisado.
Tantos projeto que está vindo para o nosso lado com isso a gente se preocupa muito nós munduruku a gente não quer perder a floresta, os peixes vai perder. Essas árvores vai secar. Então a nossa luta, ela não vai ser fácil pro governo também (SAW, 2015).
Na tentativa de legitimar a ida/permanência de complexos industriais e de investimentos de distintas procedências para a Amazônia, é reforçado a carência de desenvolvimento científico e tecnológico na região. Um dos agentes políticos entrevistados ressalta que em toda a região norte, existem 5 mil doutores, enquanto que somente a Universidade de São Paulo (USP) possui 8 mil profissionais com titulação de doutor.
Notamos que há uma predominância do discurso desenvolvimentista, em que o potencial econômico da região amazônica é confrontado com a necessidade de proteção do meio ambiente. Essa percepção fica clara, não somente na narrativa textual, mas também, na abordagem feita através dos enquadramentos bem elaborados, das fotografias limpas e dos planos audiovisuais escolhidos estrategicamente para destacar que, a grandeza da Amazônia é suficiente para comportar desenvolvimento e proteção ambiental, sem que uma inabilite a outra.
Há um forte destaque para a capacidade de produção de energia “limpa” na região amazônica, como a de origem solar e eólica e a uma pré-disposição para abrigar gigantescas hidrelétricas. Desde a representação do animal mais pequeno, até a imensidão da Floresta Amazônica, as dimensões trazem consigo a ideia de que a região tem capacidade para suportar as mais distintas agressões e autorregenerar-se sem cobrar custos aos seus algozes.
Para reforçar o potencial e uma possível vocação da Amazônia para o desenvolvimento nacional, são mostradas, sempre através de Planos Gerais, obras de grandes hidrelétricas em construção, ressaltando que essa matriz energética “limpa” não provoca desmatamento. Embora não deixem de retratar a existência do desmatamento, não o relaciona diretamente com os grandes projetos de infraestrutura. Omitindo, assim, a real dimensão dos impactos que essas obras trazem para a realidade dos povos e animais que habitam a região e os danos, muitas vezes irreversíveis, que causam ao meio ambiente.
Como o conhecimento que se tem do “cosmos” de organismos que habitam o território amazônico é mínimo – uma pontinha do iceberg – do que, de fato, se precisa saber do funcionamento da floresta, cada vez que um projeto se instala na região, sob a justificativa de desenvolvimento tecnológico, pode representar um “holocausto tecnológico” de espécies desconhecidas.
Não há esforços para abordar os inúmeros conflitos que existem na região. Cada vez que fala desses problemas, as imagens trazem relatos de experiências bem-sucedidas de superação deles. Como, por exemplo, a criação de reservas extrativistas, áreas de manejo florestal, entre outros, como resultado de mobilização social em defesa da Amazônia.
Quando o destaque é para o compromisso assumido pelo Brasil de alcançar o desmatamento zero até 2020, é reforçada a necessidade da mobilização social em defesa da Amazônia, mas não se discute cobrar responsabilidade dos que lucraram com o desflorestamento. Há também, um contraste entre pontos de vistas, no que diz respeito ao desmatamento zero.
Enquanto uma agente política fala que, para se zerar o desmatamento é necessário entender como se compensa o avançado do processo de desmatamento líquido, qual o tempo de regeneração da floresta, o que a Amazônia oferece para a geração atual e o que pode ser utilizado sem desmatar ainda mais, o agente seguinte enfatiza que esse processo é de extrema urgência e não importa o adjetivo que se aplique à palavra desmatamento, interessa é que se acabe com ele.
Todos convergem que é necessário adotar medias, ainda que paliativas, para proteger a Floresta Amazônica, enquanto ainda se pode. Algumas das formas sugeridas são a criação de unidades de conservação ambiental, destinação de territórios às comunidades quilombolas, demarcar terras indígenas e incentivos ao protagonismo do desenvolvimento e do progresso social na Amazônia.
Apresenta-se o gigantismo amazônico, exalta a importância e as necessidades da região, defende as garantias de direitos básicos às comunidades e vislumbra até, uma conexão harmônica entre índios e fazendeiros.
Nesse último há uma contradição, pois se ressalva que na região impera o agronegócio, o que não permite uma convivência saudável com os povos tradicionais. Há um contraste entre a necessidade de proteger a biodiversidade da Amazônia combatendo o desmatamento da floresta e a necessidade de utilizar o potencial amazônico para promover o desenvolvimento do Brasil, sob a égide da sustentabilidade ambiental.
A narrativa que encerra o episódio e a série, “Amazônia Sociedade Anônima S/A”, aborda a diversidade de etnias e culturas da região, destacando os povos indígenas, caboclos, seringueiros, ribeirinhos e quilombolas, mas trata de criar um paradigma ao deixar transparecer que existem dois brasis, porque ao referir-se aos povos não amazônicos que migraram para a região, como os gaúchos, capixabas, mineiros e nordestinos, os chama de “brasileiros”, como se os demais não gozassem dessa prerrogativa.
A Amazônia, maior concentração de biodiversidade do planeta, abriga também uma grande diversidade de etnias e culturas: povos indígenas e caboclos seringueiros, ribeirinhos, quilombolas, além de brasileiros gaúchos por capixabas e mineiros e nordestinos, que migraram para a região nos últimos 40 anos. E só há uma maneira de garantir um futuro sustentável e próspero para a Amazônia: reconhecer que há muitas amazônias, muitos interesses legítimos e que não haverá futuro para ninguém, se a floresta for destruída (MONTENEGRO, 2015).
Além disso, deixa evidente que são esses migrantes quem possui a capacidade de garantir o futuro sustentável e próspero para a Amazônia, mesmo sendo eles os próprios responsáveis por grande parte do desgaste florestal. Assim, ratificam que a região agrega muitos interesses legítimos, mas também, muitos que não possui legitimidade, embora esses não apareçam nas narrativas.
Considerações finais
Passados quatro anos da exibição da série, “Amazônia Sociedade Anônima S/A”, o conteúdo exibido ganha outros contornos políticos e discursivos. A nova conjuntura política nacional, levada ao poder nas eleições de 2018, adota uma clara postura de agressão à Amazônia, através de incentivos à exploração de seus recursos e extermínio das populações que habitam esse território de relevância global.
A cúpula do governo pratica uma política anti-ambientalista e ameaça os avanços alcançados nas últimas décadas para manter a floresta de pé, contribuindo para o equilíbrio do clima. Logo no início da gestão, o Presidente da República cogitou retirar o Brasil do Acordo de Paris, tratado internacional pelo qual os países se comprometem a reduzir a emissão de gases de efeito estufa a partir de 2020.
A postura de condescendência aos crimes praticados contra a Amazônia está materializado nos discursos que negam os números do desmatamento, defende a exploração das riquezas naturais da região, ainda que isso gere consequência irreversíveis para a vida no planeta, relativiza, por exemplo, invasões de garimpeiros a terras protegidas, e até assassinatos de povos originários. Em julho de 2019 a Terra Indígena Wajãpi, no Amapá, foi invadida por garimpeiros que assassinaram o cacique Emyra Wajãpi. O fato foi desacreditado pelo Presidente, que propôs como solução para os diversos conflitos dessa natureza existentes na Amazônia, a “legalização dos garimpos”.
Essa formação discursiva do governo atual aparece na série exibida em 2015, ainda que de forma sutil e, em alguns aspectos, no âmbito do “não dito” (ORLANDI, 2010). Nesse sentido, podemos afirmar que a abordagem “desenvolvimentista”, trazida pelo produto audiovisual, está presente na plataforma do governo que gere o país, com uma estrutura mais agressiva, impulsando a indústria do agronegócio e as políticas ruralistas para região amazônica.
A relevância da Amazônia para a humanidade, nos aspectos ambientais, climáticos, culturais e políticos, é diretamente proporcional às suas dimensões territoriais. A região possui sentido estratégico para América Latina e o mundo e, por isso, é alvo constante de crimes de natureza diversa, e palco de problemas e conflitos desencadeados pelo desmatamento, instalação de grandes obras de infraestrutura, agronegócio, agropecuária, queimadas e etc., que impactam diretamente comunidades tradicionais de povos indígenas, ribeirinhos, agricultores, quilombolas, campesinos e outros.
É um avanço reconhecer e entender todas essas problemáticas, entretanto, faz-se necessário tirar do anonimato quem são e onde estão os causadores desses impactos, e cobrar deles responsabilidades e reparos a esses danos, levados a fundo em nome de um desenvolvimento que beneficia uma pequena parcela da sociedade. Não se pode promover um projeto desenvolvimentista vertical e seletivo em uma região tão dinâmica, sob a alegação de que as populações que vivem nela necessitam sair do isolamento e da pobreza.
É preceito básico para se pensar em estabelecer o desenvolvimento científico e tecnológico da Amazônia, promover um diálogo contínuo e efetivo com o conhecimento tradicional dos povos da região. Pois entendemos que qualquer iniciativa que não leve em conta essa condicionante pode provocar desequilíbrio ambiental, climático, extinção de espécies, alagamentos, assoreamentos de rios e etc.
Necessitamos também, refletir sobre o que significa isolamento e pobreza para essas populações e se elas querem, de fato, sair da situação em que se encontram, e sob quais condicionantes. Tampouco podemos alimentar essa concepção de que a colaboração da Amazônia é indispensável para o desenvolvimento nacional, sem fazer as ressalvas e reflexões necessárias, adotando as devidas precauções para garantir um efetivo desenvolvimento sustentável, sem ameaçar a vida no planeta, que a floresta preserva.
A série reforça em toda sua narrativa o mito de que a Amazônia brasileira é uma ilha, um espaço deslocado da América Latina. Não há qualquer referência aos demais países sul-americanos que compartilham o território amazônico com o Brasil. Além disso, se faz uma abordagem romantizada da Amazônia: gigante, imponente, de beleza incomparável, e responsável pela garantia de sobrevivência da humanidade, quando na verdade, a realidade é tortuosa.
A floresta não cobra os custos das agressões que sofre aos empresários e exploradores de seus recursos, que quase nunca são da região. O ônus fica para as populações locais, que encaram alagamentos de suas terras, secas e poluição dos rios, falta de peixes, doenças, conflitos territoriais e muitos outros. Mas, em um ponto o nosso entendimento converge com o que defende a série: se a floresta for destruída, o futuro de todos estará comprometido. Portanto, não restam dúvidas de que a Amazônia é um patrimônio florestal latino-americano e a joia da coroa ambiental do mundo que precisam ser preservados a todo custo.
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Notas