Dossiê

DOI: https://doi.org/10.5212/RIF.v.21.i46.0006
Resumo: O texto se propõe a refletir a respeito de algumas cosmovisões e cosmopercepções imagéticas dos povos de matriz africana em São Luís-Maranhão a respeito do cruel contexto pandêmico da Covid-19 enfrentado nos anos de 2020-2021, evidenciando seus impactos, além das suas formas políticas de (re) existências, tendo como foco a festa do Divino Espírito Santo, o ‘Divino do/ no Reviver’, organizada pela Yalorixá Bianca Lopes no Centro Histórico da capital ludovicense. Como metodologia transitaremos de uma perspectiva pós-colonial/ estruturalista ao pensamento decolonial (KRENAK, 2020). Dentre os instrumentos investigativos destacamos o valor da pesquisa de campo antropológica. A problemática apontou - quais os sentidos e significados das imagens de interdição festiva na pandemia?! Os resultados demonstram as ‘desobediências pandêmicas divinas’ como elemento de continuidade do ‘fazer ritual’.
Palavras-chave: Divino do Reviver, Festas, Covid-19.
Abstract: The text proposes to reflect on some cosmovisions and imagery cosmoperceptions of peoples of African origin in São Luís-Maranhão regarding the cruel pandemic context of Covid-19 faced in the years 2020-2021, highlighting its impacts, in addition to its forms policies of (re)existences, focusing on the feast of the Divine Holy Spirit, the 'Divino do/ no Reviver', organized by Yalorixá Bianca Lopes in the Historic Center of the Ludovicense capital. As a methodology, we will move from a postcolonial/structuralist perspective to decolonial thinking (KRENAK, 2020). Among the investigative instruments, we highlight the value of anthropological field research. The problem pointed out - what are the senses and meanings of the festive interdiction images in the pandemic?! The results demonstrate the 'divine pandemic disobedience' as an element of continuity of doing ritual.
Keywords: Divine of Reviver, Parties, Covid-19.
Resumen: El texto propone reflexionar sobre algunas cosmovisiones y cosmopercepciones imaginarias de los pueblos de origen africano en São Luís-Maranhão sobre el cruel contexto pandémico de la Covid-19 enfrentado en los años 2020-2021, destacando sus impactos, además de sus formas políticas de (re)existencias, con foco en la fiesta del Divino Espíritu Santo, el 'Divino do/ no Reviver', organizado por Yalorixá Bianca Lopes en el Centro Histórico de la capital ludovicense. Como metodología, pasaremos de una perspectiva poscolonial/estructuralista a un pensamiento decolonial (KRENAK, 2020). Entre los instrumentos de investigación, destacamos el valor de la investigación antropológica de campo. El problema señalado - ¿cuáles son los sentidos y significados de las imágenes de interdicción festiva en la pandemia?! Los resultados demuestran la 'desobediencia pandémica divina' como elemento de continuidad del 'ritual de hacer’.
Palabras clave: Divino do Reviver, Fiestas, Covid-19.
Introdução
A pandemia da COVID-19 causada pelo Novo Coronavírus (SARS COV-2) que atingiu o mundo inteiro de forma brutal, e que foi declarada como novo surto pela OMS desde 30 de janeiro de 2020, promoveu uma série de impactos, mudanças e transformações nos âmbitos socioculturais, além de reflexos acentuados em setores da economia, educação, saúde, entre outros obrigando a população mundial a criar estratégias de sobrevivências em meio as orientações sanitárias da Organização Mundial de Saúde- OMS (a questão do isolamento social em destaque) em meio a essa crise. No dia 05 de maio de 2023 a OMS anunciou que a pandemia da Covid-19 deixou de representar uma emergência de saúde pública internacional (ESPII) não significando o fim total da mesma (ROCHA, 2023).
Dentre as diversas causas e implicações desse contexto pandêmico, o professor Boaventura Sousa Santos (2020, p. 4) alerta que ao analisarmos esse momento vivido pelo mundo e especialmente pelo planeta terra não deve ser observado a partir de uma ótica ‘maniqueísta’ entre o bem e o mal, ou o ‘normal’ em oposição ao ‘novo normal’, assim como algo recente ou uma explosão momentânea. Como ele aponta (2020, p. 4) desde a década de 80 em que o Neoliberalismo vem se impondo como versão dominante do Capitalismo, as relações sociais têm sido reduzidas ao mercado financeiro impactando a um estado contínuo de distúrbios e alterações de crise. De acordo com o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o setor cultural teve acentuados impactos com a evolução da Covid-19, a partir de uma rápida retração dos empregos nessa área, que decaiu de 5,5 milhões de pessoas ocupadas no mercado de trabalho cultural para 4,6 milhões no terceiro trimestre de 2020 (GOES et al., 2022).
No Estado do Maranhão o setor cultural sofreu bastante com as implicações pandêmicas enfrentadas no seu período mais crítico (2020-2022), atingindo todo um ciclo de festas religiosas, manifestações folclóricas e culturais em sua ampla diversidade, afetadas especialmente pela orientação sanitária da OMS a respeito da não aglomeração de pessoas. Como ilustração apontamos aqui algumas das principais festas realizadas, a partir de um calendário cultural maranhense diverso, as de Carnaval, dos Santos Juninos (São João no Maranhão) e as devocionais em louvor ao Divino Espírito Santo, realizadas ao longo do ano inteiro em todo Estado.
Como objetivo geral desse trabalho tivemos a incumbência de estabelecer um diálogo reflexivo sobre algumas das principais cosmovisões e cosmopercepções do povo de santo maranhense (devotos/ festeiros de Espírito Santo) a respeito das consequências e alterações do cotidiano dessas comunidades diante da pandemia da Covid-19. Um dos imbróglios destacados com relação ao tema tratado é que o isolamento social como um dos meios mais fortes de prevenção ao novo coronavírus ao mesmo tempo que interditou várias festas do Divino Espírito Santo em São Luís e no Estado, alterando não só os calendários de realização dessas festas, mas todo um complexo simbólico ritual próprio dos povos tradicionais de matriz africana e de suas relações intrínsecas com o Divino não conseguiu ‘silenciar’ ou obstruir as suas realizações de maneira total.
A partir de uma perspectiva de pensamento decolonial (BERNADINO-COSTA; MALDONADO-TORRES; GROSFOGUEL, 2019), que orientou nossa metodologia de pesquisa, analisaremos o contexto estudado a partir da festa do Divino sob a coordenação da Ialorixá Bianca Lopes realizada no Centro Histórico de São Luís-Maranhão, muito conhecido a partir da categoria ‘Reviver’ em alusão ao projeto de revitalização arquitetônica, ocorrido nesse espaço no ano de 1987 na capital ludovicense. A própria festa do Divino Espírito Santo coordenada pela festeira Mãe Bianca passou a ser conhecida como o ‘Divino do/ no Reviver’ pelas pessoas e pela comunidade festeira do Divino.
Dentre as expressivas centenas de festas e ‘salvas’ em louvor ao Espírito Santo na capital ludovicense selecionamos, nesse momento, focalizar a ‘Festa do Divino do/ no Reviver’ em face de participarmos da mesma como ‘festeiro’, a priori como padrinho da tribuna (ano de 2015/ 2016) e, atualmente, de modo ‘vitalício’ apadrinhando a mesa de bolo da casa. É importante destacar que no contexto das problemáticas levantadas por esse estudo a respeito das festas populares e a pandemia com destaque para o Divino Espírito Santo no Maranhão, elencaremos algumas textualidades imagéticas concernentes as ideias de ‘interdição’- o silenciamento das caixas ou das vozes das ‘esposas do divino’, as maestras ou condutoras- as caixeiras; e as ‘desobediências’ ou ‘insurgências divinas’ por meio da realização da festa mesmo em meio as restrições pandêmicas.
Imagens cosmológicas e perceptivas: o silenciar das caixas do Divino Espírito Santo em tempos de pandemia
O ano de 2020 demarcou de maneira acentuada o estado pandêmico crítico inicial, que atualmente conseguimos reverter, a princípio o mundo inteiro se deparou com recomendações e orientações restritivas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para efetivarmos o isolamento social como uma das medidas principais para conter o vírus. Um ‘momento de parada, de ‘autorreflexão’, ‘de afastamento’, ou seja, esse ‘silenciamento’ e o ‘não silenciamento’ dos tambores e das caixas do Divino Espírito Santo no Maranhão estiveram ligados a imagens cosmológicas e perceptivas plurissignificativas a respeito do entendimento que as comunidades tradicionais culturais maranhenses e os povos de matriz africana tiveram a respeito da própria pandemia.
A socióloga nigeriana Oyéronké Oyêwumí (2021) no seu estudo ‘A Invenção das Mulheres- construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero’ vai operacionalizar as categorias ‘cosmologia e cosmopercepção’ aliadas ao contexto polissêmico iorubá para contrapor o pensamento ocidental euro-cristão, que pauta o gênero como um princípio organizador fundamental dessas sociedades (2021, p. 21). Essa estudiosa vai pontuar que a sociedade iorubá, assim como outras sociedades em todo mundo, foi analisada a partir de conceitos ocidentais de gênero (binaridades/ dicotomias/ Macho-fêmea), assumindo que o gênero é uma categoria universal e atemporal.
A cosmologia e cosmopercepção iorubá, antes do processo de colonização do Ocidente, de acordo com essa intelectual (2021, p. 21) não se organizava a partir de uma interpretação biológica ou fundamentada nessa dicotomia hierarquizante Macho-fêmea/ Homem-mulher em constante relação uns com os outros, apresentando a questão da senioridade. Ambos os conceitos contextualizados ao universo africano, especialmente aqui aos povos Iorubás dialoga com vários aspectos importantes das culturas de matriz africana na diáspora, assim como no território brasileiro, dentre elas as formas de ver o mundo e de se relacionar com ele, tendo as suas tradições orais (a oralidade- a fala) e todo um complexo cultural específico (mitos, ritos, rituais, costumes, danças, músicas, línguas, religião etc.) como elementos preponderantes (ABIMBOLA, 2011).
Ao lançarmos olhares a respeito dessas cosmovisões e cosmopercepções tendo como objeto de análises, a festa do Divino Espírito Santo5 especialmente na ilha de São Luís-Maranhão teremos como narrativas preponderantes as vozes das populações tradicionais de matriz africana ou afrodescendente a partir dos seus territórios de axé, e de seus protagonismos como perpetuadoras dessa tradição cultural popular festiva de origem devocional europeia. Seguindo os mecanismos jurídicos (decretos nº 35.672 de 19/03/2020 e 498 de 24/03/2020, governo federal e estadual-AL/MA., respectivamente) que estabeleceram o estado de calamidade pública no Brasil e Maranhão diante da proliferação da Covid-19, além da portaria6 nº 38, de 10 de junho de 2020, todos baseados nas orientações da Organização Mundial de Saúde- OMS, a maioria das festas do Divino Espírito Santo em São Luís foram suspensas. A tradicional festa do Divino Espírito Santo na cidade histórica de Alcântara (1988, p. 21) que é usualmente realizada a partir da quinta-feira da Ascensão do Senhor ao Domingo de Pentecostes, datas móveis do mês de maio por decisão dos seus organizadores (as) não foi realizada nos anos de 2020 e 2021.
O antropólogo João Leal (2017, p. 26) afirma que não é fácil apontar as origens exatas das festas do Divino Espírito Santo em Portugal, pois há três versões ou narrativas de origem que devem ser observadas: 1) a Isabelina, que faz alusão à Rainha Santa Isabel (1271-1336) como introdutora do culto ao Espírito Santo com a construção da Igreja dele na cidade portuguesa Alenquer; 2) a Franciscana, proposta pelo historiador Jaime Cortesão, que evidencia que a ordem franciscana ou os ‘franciscanos espirituais’, apontavam a ‘chegada de uma idade do Espírito Santo’. Baseados em ideias críticas e libertárias em relação ao poder e domínio da Igreja Católica, os franciscanos espirituais negavam a autoridade papal e criticavam as altas hierarquias eclesiásticas; as festas do Espírito Santo surgem como resultado, segundo eles, das alianças entre príncipes e monarcas (a exemplo de D. Dinis) com os franciscanos espirituais com propósitos subversivos ao poder e domínio religioso da igreja. 3) a Joaquimita, que segundo João Leal (2017, p. 32) foi também uma narrativa elaborada no Brasil, assim como a Franciscana, mas pelo filósofo Agostinho Silva muito influenciado pelo historiador Jaime Cortesão em conexão com o pensamento do monge italiano Joaquim de Flora (profecia das 3 eras- Pai, Filho e Espírito Santo) e sua forte devoção ao Espírito Santo, a partir da chegada da idade do Espírito Santo como um período de abundância. As festas ao Divino seriam uma espécie de comemoração prévia do advento da terceira era- com as crianças exercendo o poder e o triunfo da igualdade social. Outras versões do aparecimento das festas do Divino Espírito Santo são atreladas as cidades de Coimbra, de Cintra, como afirmam alguns antigos cronistas (Frei Manuel da Esperança e Bispo D. Fernando Correia de Lacerda), estendendo-se para todo o território português, fixando-se de maneira especial na Ilha dos Açores, a partir do séc. XV, com a chegada da pia (instituição donatária, devota e crente na terceira pessoa da Trindade- Espírito Santo) sendo trazida tanto pelos capitães donatários quanto por devotos e crentes, como muito bem afirma, o folclorista Carlos Lima (2022a, p. 6). Essa festa foi trazida para o Brasil no séc. XVI, de acordo com Câmara Cascudo (1962), e existe (ou existia) no Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul (LIMA, 2002b, p.3) É notório que tanto a devoção quanto a festa tem se irradiado em todo território nacional, a exemplo da festa do Divino Espírito Santo no Maranhão, que migrou tanto para o Norte (Belém) quanto para o sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo). Como aponta a pesquisadora Michol Carvalho (2010, p. 9) a festa do Divino Espírito Santo chega ao Maranhão nos percursos da colonização portuguesa no séc. XVII, com a vinda dos casais de colonos vindos das ilhas açorianas, que aportavam no Estado entre 1615 e 1625, levando este culto festivo para a cidade de Alcântara-Ma., sendo irradiada posteriormente para as camadas sociais populares, especialmente as mais pobres, a exemplo dos negros escravizados e população negra afrodescendente ou povos tradicionais de matriz africana a partir das casas de culto ou terreiros (CARVALHO, 2010; AIRES, 2014; GOUVEIA, 1997).
Na capital maranhense, a ilha de São Luís, são realizadas inúmeras festas do Divino Espírito Santo, além de homenagens devocionais por meio de ‘salvas festivas’ ao longo de todo ano sendo complexo apontar com exatidão um quantitativo das mesmas muitas vezes em face dos cadastros7 não expressarem a realidade em sua totalidade. O que podemos afirmar com veemência é que nos anos de 2020-2021 em que fomos acometidos por esse estado pandêmico crítico a maioria das festas do Divino Espírito Santo no Maranhão, São Luís, Alcântara etc., silenciaram diante das medidas sanitárias e dos protocolos referentes ao combate ao Novo Coronavírus em contrapartida nem todas!
A partir das cosmologias e cosmopercepções dos povos de matriz africana em São Luís (‘pretagonistas divinos’) de que esse é um .momento difícil e complexo’, e que ‘precisamos ter fé e coragem para enfrentar as dificuldades’, inclusive de ‘levar o Divino para a rua’ para pedir saúde e paz no mundo diante dessa pandemia’, como pontuou nossa interlocutora principal, a Ialorixá do Candomblé Angola e devota, Bianca Lopes (2022), que nos afirmou:
Nas ruas que nós passávamos pela manhã, depois da missa e quem estava lá, testemunhou esse momento, as pessoas desciam dos casarões, né... pedindo a Deus, pedindo saúde! As pessoas desciam às ruas pedindo ao Divino que passasse essa fase que estamos passando...Pessoas choravam, né de emoção! Então, nós levamos a fé e nós mostramos que quem nos manda é a nossa fé e o Divino! E o desafio que encontrei foi somente isso: de pessoas tirar nossa coragem e dizer que a polícia ia proibir o Divino! (Entrevista com Bianca Lopes, maio 2022).
Nesse relato de Mãe Bianca podemos perceber fortemente alguns elementosplurissignificativos com relação às cosmologias e cosmopercepções relativas ao DivinoEspíritoSanto e a sua atuação diante do estado calamitoso da pandemia: a cura, a saúde, a salvação diante do caos, a força, o ashé, a fé como mola transformadora etc. As cosmologias e cosmopercepções dos povos de matriz africana no Maranhão, especialmente em São Luís, a exemplo do ‘Divino do Reviver’, vão estabelecer interconexões simbólicas importantes entre universos míticos- culturais e sagrados, reatualizando espaço e tempo, resistindo e salvaguardando um continuum civilizatório, presentes em suas interações e coletividades (PEREIRA, 2021, p. 72).
A pesquisadora Michol Carvalho (2010, p. 10) ao refletir a respeito das festas do Divino no Maranhão, o ‘Divino Maranhense nas casas de culto’, pontua que ao longo desse período festivo instaura-se o “Cosmo do Divino”, no qual espaço e tempo são ressignificados, a partir de novas conexões costuradas por teias de fé e devoção. Concordamos com a estudiosa (2010, P. 10) que essa festa é uma tessitura a ser compreendida em seus detalhes e minúcias, pois os elementos principais dessa festa (os agentes- caixeiras, império, símbolos sagrados, a tribuna etc.) esbanjam a todo instante textos e experiências plurissignificativos tanto reatualizando no presente o tempo histórico passado, quanto recriando uma forma de organização sociopolítica na realeza, constituindo um “Império do ‘Divino para o Divino’.
Evidenciamos que para além do reconhecimento e identificação das espacialidades desse “Cosmo Divino” e categorização da festa como o “Império Divino para o Divino” (BARBOSA, 2006; CARVALHO, 2010) em um Estado e Capital Ludovicense de predominância negras, é urgente e necessário, descolonizar muitas dessas epistemologias analíticas acerca dessa festa e reforçar ainda mais nossos “Pretagonismos” (FRANÇA; RAYMUNDO, 2022) como agentes imprescindíveis nas (re) criações, ressignificações e (re)existências dessa mesma festa, a partir da ideia de um ‘Império Pretuguês’ (GONZALEZ, 2010, p. 72) na diáspora ou de um ‘Império Divino Pretuguês Maranhense’ para o Divino.
Desobediências e insurgências divinas: o Divino ‘do’/ ‘no’ Reviver
Apesar da Covid-19 em 2023 ter deixado de ser uma emergência de saúde global pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os cuidados pandêmicos devem ainda ser implementados, pois ainda somos de qualquer forma sujeitos (as/ es) aos impactos destrutivos desse vírus8. Todos os cuidados e medidas sanitárias da OMS e demais setores responsáveis (estaduais, municipais e locais) a partir das ferramentas jurídicas (decretos e demais orientações) em relação tanto à prevenção quanto ao combate a essa doença tiveram uma acentuada ressonância nas comunidades culturais e populares maranhenses, especialmente entre os povos tradicionais de matriz africana na ilha de São Luís, ‘Pretagonistas Fazedores/as/ xs da Festa de Espírito Santo’ ou ‘Pretagonistas Divinos Maranhenses’.
Nosso trabalho não tem o intuito de apontar dados quantitativos ou mesmo de rotular ‘quem realizou ou não’ a festa do Divino Espírito Santo ao longo da pandemia; ou mesmo de modo maniqueísta classificar aqueles/ as que ‘respeitaram’ ou ‘desrespeitaram’ esse momento a partir de suas ‘desobediências e insurgências divinas’. Como um diálogo antropológico mais uma vez evidenciamos que nossa preocupação foi refletir a respeito dos sentidos e significados que levaram alguns donos (as/ xs)- devotos/ as/xs a festejarem Espírito Santo nesse contexto, a exemplo aqui, de Bianca Lopes, Ialorixá e devota/ fazedora de festa do Divino Espírito Santo do/ no Reviver!
De acordo com Bianca Lopes (2022) as dificuldades de ‘botar o Divino na rua’ na pandemia foram muitas, desde o suporte financeiro dos seus apoiadores (as) até as críticas da própria comunidade festeira geral da cidade, entretanto, a sua iniciativa apresentou significações plurais desde a ‘coragem de fazer’ até a própria manifestação de fé e o apoio incondicional de suas caixeiras:
O principal desafio de fazer a festa na pandemia foi das pessoas chegarem até a mim e dizer que não iria participar, devido o processo sanitário e muitas pessoas ficavam me tirando força; me dizendo: não, tu é um doido fazer! E não sei o quê e não sei o que mais! Então, eu achei assim, as pessoas que nos ajudaram, tipo assim, alguns políticos, que sempre ajudaram nas camisas e outras coisas que a gente pede nos fecharam as portas e disseram que não iam participar para não ter suas imagens vinculadas a uma quebra sanitária. E a gente via que naquele processo de ano passado (2021!) já estava caminhando bem para as vacinas e todo mundo já tinha vacinado pelo menos a 1ª dose! Eu já estava com minha segunda dose já, e na época, todas as caixeiras já estavam vacinadas! E eu sentei com elas mesmo, só com elas e disse: Gente, vamos fazer o Divino!? Vamos botar o Divino na rua?! Vamos pedir para o Divino graças a essas pessoas! E então, foram elas em si que me deram força também. E eu achava que só elas iriam participar com os impérios, só! Eu não achei que desse essa dimensão que deu, quando nós botamos o Divino na rua! (LOPES, Bianca. Entrevista, Maio 22).
Dentre alguns dos elementos que se destacam, aqui no discurso de Bianca Lopes, há potencialmente um misto de fé, devoção, coragem, confiança e amor pelo sagrado em fazer a festa do Divino Espírito Santo, por conseguinte, essa narrativa nos leva a analisar algumas funções importantes que engendram a ‘festa’ em si. A saudosa antropóloga Rita Amaral (1998, p. 14) aponta variadas significações nas múltiplas características e funções desempenhadas por essa categoria, a partir de uma visão durkheimiana e dos estudos depois dele: a) superação da distância entre os indivíduos b) a produção de um estado de ‘efervescência coletiva’ c) a transgressão das normas coletivas.
Diante de tais características durkheimianas apontadas, queremos chamar à atenção para o item ‘c’- transgressão de normas coletivas, que se configura como uma das funções importantes da festa aliada aqui ao contexto analisado. O estado pandêmico (anos 2020-2021) interditou festas do Divino Espírito Santo tanto nacionalmente quanto internacionalmente, a partir da não efetivação da mesma em outros países que a organizam em devoção a Espírito Santo (Portugal, Canadá, EUA, etc.) por conseguinte, todas as iniciativas de realização de festas do Divino em São Luís-Maranhão, a exemplo do ‘Divino no Reviver’ apenas exerceram suas motivações, a de propiciar ou negar uma determinada ordem; ou mesmo de promover uma ruptura total, a capacidade de contestar, anarquizar, demonstrando o poder subversivo e libertador que a festa carrega em si (DUVIGNAUD, 1983); a ‘ruptura de uma proibição solene’ (FREUD, 1974; CAILLOIS, 1998).
Aliada a essas funções plurissignificativas dessa categoria, somamos nossas análises às ideias legitimadas pelas formas de pensamento decolonial, que diferente de uma simples ‘disputa de narrativas’ é um ato político de (re)existências, de modos de saber, das nossas relações de poder e de gênero; ou seja, o ato festivo do Divino do/ no Reviver rompe com o Cis tema estabelecido (ODARA, 2020, p. 97). A partir dessa frase elucidativa de Bianca Lopes, ‘Eu achei que nossa festa abriu as portas para outros festeiros’ (ENTREVISTA BIANCA LOPES, 2022) vai colocar em prática tanto essas funções festivas já supracitadas quanto apontar uma motivação decolonial política de (re)existências, emancipação coletiva, e plural em consonância com as diferenças e com o outro- a pedagogia da desobediência (2020, p. 97) no fazer festivo do Divino na Pandemia em São Luís-Maranhão.


Essa devoção ao Divino Espírito Santo expressa por Bianca Lopes Nunes Espírito Santo, mulher transexual, negra, candomblecista e devota é uma herança e tradição familiar, vindo de sua mãe, Filomena Nogueira Nunes dos Santos (devota e festeira) e seu bisavô Antonio Teófilo Magalhães dos Santos, que foi um dos fundadores da centenária Irmandade da Santíssima Trindade9, ligada a antiga Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Mulatos10, localizada na época na rua Grande- Centro Histórico de São Luís. De acordo com a historiadora Luciana Lessa (2012, p. 55) as irmandades católicas eram confrarias ou associações originadas ainda no período medieval (sécs. XII e XIII) e que no Brasil, período colonial, que além de ter objetivos muito definidos, como a expansão da fé católica e submissão dos índios e negros ao sistema colonial e escravista, elas funcionavam como catequizadoras e como espaços politizados de ressignificação de simbologias sagradas africanas a partir do Catolicismo.
Com a demolição da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Mulatos no ano de 1939 como projeto arquitetônico e urbanístico da cidade, e posteriormente reconstruída no bairro do Monte Castelo, houve uma divisão e dispersão do povo da Irmandade da Santíssima Trindade. Como relata Bianca Lopes (2022) a irmandade possuía três objetos simbólicos de real valor, as três Coroas ou ‘Santas Croas’: do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ao visualizarmos a imagem da imperatriz na figura 1 podemos identificar nas suas mãos a ‘Coroa do Filho’, datada de 1889, e que foi herdada da Irmandade da Santíssima Trindade pelos avós de Bianca, tendo um valor simbólico devocional importante para dar início a festa analisada.
As origens da ‘Festa do Divino do/ no Reviver’ estão intimamente relacionadas ao contexto histórico dessa irmandade supracitada (fundada em 1889), composta majoritariamente por pessoas de cor, ligada à Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Mulatos, tendo a festa iniciada a partir da ritualística completa com caixas, impérios, e divino, no início do séc. XX, entre os anos 30-35. Primeiramente, começou no bairro do Gapara, na região oeste da cidade- Itaqui Bacanga em local espaçoso de muitos sítios, e teve naquele momento o protagonismo familiar das bisavós de Bianca e, posteriormente, migrou para os bairros de Fátima e João Paulo.
Entre os anos de 88-89, agora em um sítio para os lados da Santa Bárbara, Bianca Lopes toma a frente da Festa do Espírito Santo, pois segundo ela sua mãe, Dona Filomena, já estava de idade e doente. Essa festa era conhecida por todos/ as / es dessa região, dos bairros adjacentes de Tajaçuaba e Guarapiranga, que participavam dela também.
Posteriormente, ela migrou para a Vila Vitória permanecendo um tempo lá e, atualmente, com cerca de uma década em parceria com o Ponto de Cultura Catarina Mina, do produtor cultural e dançarino Ivan Madeira, a festa foi reterritorializada no Centro Histórico, sendo conhecida como a ‘Festa do Divino do/ no Reviver’.
Mesmo com a festa sendo realizada em pleno segundo ano de pandemia e com grande parte dos festeiros (as) vacinados (as) com a primeira dose da vacina da Covid-19, o Divino do/no Reviver ainda foi impactado pela pandemia, pois não apresentou a ritualística completa, a partir da realização das visitas e missa nas igrejas.
Elaboramos um quadro demonstrativo a respeito dos impactos do período pandêmico no calendário festivo do Divino Espírito Santo em algumas comunidades terreiros em São Luís (capital maranhense) e na cidade de Alcântara-Ma.:

Queremos destacar também algumas estratégias desenvolvidas tanto pelos grupos culturais maranhenses e manifestações em geral da Cultura Popular quanto pelos povos de matriz africana no Brasil e em nosso Estado, diante dos efeitos pandêmicos negativos e suas restrições de isolamento social, a quarentena e todas outras medidas sanitárias aplicáveis: a utilização das mídias sociais ou do cyberespaço com a realização de lives virtuais (NUNES; CAMPOS; CUTRIM, 2021) como alternativa de enfrentamento pandêmico.
A mediação tecnológica de acontecimentos diversos (apresentações, reuniões, festas etc.) de um plano real para o universo virtual propiciado por meio das mídias digitais (as chamadas lives), legitimando as campanhas do ‘fique em casa’ e ‘não espalhe o vírus’ foi uma alternativa utilizada pelas irmãs do saudoso pai Euclides, caixeiras da família Menezes (Graça Reis, Anunciação, Dindinha e Zezé), para realizar a festa de Espírito Santo diante dos impactos e restrições pandêmicas da Covid-19. Em novembro de 2020 em parceria com a Associação Cachuera no bairro Perdizes em São Paulo, essas mulheres realizaram por meio do canal do Youtube, intitulado ‘Itinerâncias de uma Jovem Caixeira’, o seu primeiro festejo totalmente virtual: ‘21ª festa do Divino Espírito Santo das Caixeiras Menezes’ (ITINERÂNCIAS DE UMA JOVEM CAIXEIRA, 2020).
Elas organizaram uma série de lives e vídeos ‘como forma de aquecer os corações dos devotos, cada um em suas casas, unidos, concentrados em louvar o divino, pedindo saúde para todos/ as / es (2020). O pesquisador e membro da Comissão Maranhense de Folclore Jandir Gonçalves (2022) nos relatou e exemplificou algumas experiências festivas do Divino Espírito Santo fora da capital ludovicense impactadas pela pandemia ao longo desses anos iniciais (2020-2021):
ANO 2020/ 2021: O Divino Espírito Santo em Santa Tereza, povoado da cidade de Viana-Ma foi realizado; Festa do Divino no Povoado Canta Galo em Itapecuru Mirim também; Festa do Divino no Povoado Queluz em Anajatuba-Ma.; Festa do Divino em Caxias-Ma. (foliões da Divindade- Cemitério Caldeirões); Outeiro/ Monção foi realizada com destaque para a corrida no rio (GONÇALVES, Jandir. Entrevista- Julho 2022).
Podemos observar que essas exemplificações fora da capital ludovicense, elencadas pelo pesquisador Jandir Gonçalves (2022) demarcam profundamente os atravessamentos e as relações estratégicas dos grupos e povos maranhenses festeiros e devotos de Espírito Santo na perpetuação de suas tradições. Outro ponto que queremos reiterar aqui, é que o universo divino no Maranhão é bem vasto e complexo, e muitas vezes, os enquadramentos quantitativos especialmente dos cadastros não conseguem ainda agregar e descrever com precisão toda a complexidade simbólica e ritual de festas presentes em nosso Estado e em São Luís, a exemplo do último cadastro realizado pela Secretaria de Cultura do Estado- SECMA/ Superintendência do Patrimônio Cultural/ Departamento de Patrimônio Imaterial, contestado pela comissão maranhense de festeiros do Divino Espírito Santo, coordenada pelo pai Eudivan ou Pai Bia do Cururuca, devido ao número incompleto de festas registradas (apenas cento e quarenta e uma festas no Estado inteiro!).
Pai Eudivan organizou de maneira estratégica uma participação (discurso politizado) da Comissão dos Festeiros e Organizadores de Festas do Divino Maranhense, no Forum Luminense de Gestores de Cultura, realizado em fins de maio de 2022 na cidade de Paço do Lumiar-Ma. Como representante desse coletivo ele pediu respeito, reconhecimento e mais apoio de maneira democrática a todas as festas do Divino no Estado, para além do tradicional festejo da cidade de Alcântara (OXALÁ, 2022).
Mais uma vez reforçamos que o discurso da incompatibilidade cadastral das festas do Divino Espírito Santo atualmente tanto na capital ludovicense quanto nas principais cidades maranhenses fazedoras dessa festa (Anajatuba, Bequimão, Bacurituba, Bequimão, Cajari, Caxias, Cedral, Codó, Humberto de Campos, Icatu, Itapecuru-Mirim, Matinha, Mirinzal, Paço do Lumiar, Palmeirândia, Penalva, Pinheiro, São Bento, Santa Helena, São José de Ribamar e Viana, entre outras) exposto por pai Eudivan é um fato histórico com desdobramentos passados, oriundo desde o antigo projeto “Divino do Maranhão” (anos 2000). Esse projeto se resumia aos recursos financeiros estatais destinados a apoiar às festas do Divino Espírito Santo no Maranhão, e que perdurou por mais de uma década, como apontou Michol de Carvalho (2010), entretanto, mesmo naquela época já existiam as críticas e reclamações dos festeiros (as/ xs) e da comunidade em geral relacionadas aos dados quantitativos cadastrais festivos que não refletiam a realidade.
Considerações finais
Por meio desse diálogo provocativo acerca das plurissgnificativas imagens divinas e das cosmovisões/ cosmopercepções dos povos de matriz africana diante do contexto pandêmico mundial pudemos compreender que as inúmeras potencialidades dos saberes orgânicos, culturais e ancestrais presentes nessa tradição festiva foram de suma importância nos enfrentamentos e combate a esse vírus letal. O Divino do/ no Reviver, de Mãe Bianca Lopes nos evidenciou que motivações permeadas de Fé, Coragem, Persistência promovem mudanças importantes em contextos adversos, especialmente depois que essa doença deixou de representar uma emergência de saúde global, pois ainda somos sujeitos/ as/ es aos seus efeitos e mutações, necessitamos ainda implementar cuidados em meio ao cenário de flexibilidades e de apontamentos de finalização total da pandemia.
As variadas estratégias desenhadas pelos festeiros (as/ xs)/ organizadores (as/ xs) do Divino no Maranhão no combate ao vírus, especialmente de Mãe Bianca, em meio às restrições sanitárias; aos apelos em relação aos sistema vacinal; ao próprio isolamento demonstram o caráter crucial da festa: o de promover mudanças, questionamentos e romper com padrões estabelecidos. O Divino do/ no Reviver comprovou isso e ‘abriu portas para outras festas acontecerem e muitas caixas voltarem a tocar’ (LOPES, 2022).
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Notas
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