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Festschrift em homenagem ao Professor Antonio José Romera Valverde
Festschrift in honor of Professor Antonio José Romera Valverde
Festschrift en honor al profesor Antonio José Romera Valverde
Revista de Filosofia Aurora, vol. 35, pp. 1-3, 2023
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Editora PUCPRESS - Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Editorial


Recepção: 11 Maio 2023

Aprovação: 11 Maio 2023

DOI: https://doi.org/10.7213/1980-5934.35.e202330371

A partir desta edição, a Revista de Filosofia Aurora inaugura uma sessão temática em homenagem a um dos seus editores, o Professor Antonio José Romera Valverde, como celebração de seus setenta anos e, principalmente, de sua enorme contribuição para a pesquisa de Filosofia em solo brasileiro (VALVERDE, 2009; 2018a; 2018b; 2018). A Aurora tem a alegria de ter sido veículo de vários de seus artigos e, nesta ocasião, rende-se ao talento, à erudição e à acuidade teórica de um dos mais instigantes pensadores brasileiros. Mas o Professor Valverde é bem mais do que isso: é uma pessoa admirável, de uma rara educação e de um primoroso senso de fraternidade, cunhado com toques de humor e de humildade epistemológica exemplar. Apresentando-se como um dos maiores especialistas em Filosofia da Renascença, seus estudos têm alimentado um grande número de “seguidores/as”, entre colegas, estudantes e, principalmente, orientandos e orientandas de várias universidades nacionais e internacionais. A partir da “terra da garoa” e dos corredores da PUC-SP, sua presença inspira muitas pessoas. Algumas delas foram convidadas a participar desta homenagem. Por razões óbvias, os convites foram limitados, dado que a profusão de amigos/as exigiria um espaço que este veículo não dispõe. O que aqui se publicará, portanto, é apenas um exemplo do debate profundo que o Valverde mantém com seus interlocutores/as.

A Revista de Filosofia Aurora agradece profundamente ao Prof. Dr. Marcelo Perine por ter aceitado o convite para organizar esta homenagem. Não haveria uma pessoa mais disposta, compreensiva e conhecedora do trabalho do Valverde e, nisso, a Aurora teve muita sorte. As pessoas convidadas expressam o horizonte de diálogo que o próprio Valverde nutriu ao longo dos anos e do qual surgiram inúmeros e frutíferos debates.

O Festschrift ao Professor Antonio José Romera Valverde é um encontro de amigos e amigas que, simbolicamente, representam todos esses interlocutores. Trata-se da celebração de uma vida que se dispôs - como é o mais devido, filosoficamente falando - ao diálogo. E com isso, testemunha a urgência de uma prática que agora mesmo, desfalece na incapacidade de suportar o diferente, o dissonante e o contraditório. Como diálogo teórico, essa festa testemunha o que o próprio Valverde pratica: o sempre renovado gosto pelo debate, capaz de aceitar as diferenças e aprender com elas.

O Festschrift será publicado nos próximos quatro números da Revista de Filosofia Aurora e contará com artigos dos seguintes colegas: Celso Favaretto, Ericson Falabretti, Gian Luca Potestà, Ivan Domingues, Ivo Ibri, Marcelo Perine, Paulo Raphael de O. Andrade, Lilian Simone Fonseca, Luiz C. Bombassaro, Mario Porta, Sidnei Francisco e Wolfgang Leo Maar.

Para terminar este editorial, a Aurora publica um depoimento emotivo de uma das colegas e amigas mais diletas de Valverde, a Professora Salma Tannus Muchail. Com suas palavras, traduzimos tanto o sentimento de toda comunidade filosófica da Aurora, que também está cheia de Pedaços de lembranças:

“O pedaço mais longínquo talvez seja o da mineirice. O motivo da lembrança, entre outros, é que a mineirice do Valverde cruza com a minha em casual coincidência. É raríssimo encontrar, na grande metrópole paulistana, alguém que tenha conhecimento da pequenina ‘Cidade do Prata’, localizada no Triângulo Mineiro, onde nasci e vivi meus primeiros anos. Ora, pois não é que o Valverde, mineiro de Poços de Caldas, conhece pessoalmente minha querida e distante cidade? Dessa casualidade trago a referência a um livro, igualmente raro, cujo título é: Vamos esperar o sol... É uma coletânea escrita a várias mãos, em homenagem a Arnaldo Afonso de Souza (homem erudito, que sabia de cor Os Lusíadas, de Camões), também nascido no Prata, pai da Maria Helena e sogro do Valverde. Tive o prazer de receber um exemplar desta tão particular publicação. Nela encontro, entre outras, fotos do Colégio São Luiz, atual Colégio Estadual do Prata, onde habitei o universo das primeiras letras e dos primeiros números. Nesta coletânea, um texto bem-humorado do Valverde, pontilhado de sinais que lhe são característicos; com efeito, ali ele fala de ‘situações saia justa’, faz menção ao Renascimento, inventa a expressão ‘mineiraltices fundantes’.

Outro pedaço de lembrança é a vivência da dupla relação com o Valverde, primeiro como aluno, depois como colega. Trago como referência o trecho inicial de um discurso do Valverde, de 2004. Conferido a mim pelo Conselho Universitário da PUC/SP, o título de ‘professora emérita’ partiu da iniciativa do Valverde com o apoio de Márcio Alves da Fonseca, à época, respectivamente, chefe do Departamento e Coordenador do Curso de Graduação em Filosofia. Do discurso, a passagem inicial:

‘A memória afetiva viaja no tempo e como num processo de pentimento - pelo retirar das camadas sobrepostas de tinta numa mesma pintura - vejo-me seu aluno do Curso de Filosofia (...). Décadas após felicito a Professora-primeira, minha primeira professora de Filosofia (...)’. Hoje, outro tanto tempo depois, repito suas palavras de colega para saudar o aluno das primeiras lições.

Mais um ‘causo’, este bem mais recente, é a ‘aula magna’ do primeiro semestre de 2022, que tive a honra de ministrar para o Curso de Filosofia da PUC/SP, a convite do Programa de Estudos Pós-Graduados sob a atual coordenação do Professor Valverde. Desta aula, extraio dois traços que escolho aqui inserir para ofertar ao nosso homenageado. Primeiramente, algumas reflexões contidas naquela aula tratam de Dom Quixote e do Renascimento: ofereço-as por ser este o belo período histórico da filosofia ao qual o Professor Valverde escolheu dedicar-se. Em segundo lugar, uma certa mistura de pensamento e poesia que marca o estilo daquela aula, terminando com remissões a poetas mineiros (como Guimarães Rosa e Milton Nascimento): também lhe ofereço porque creio ser do seu gosto.

Finalmente, permito-me recolocar-me na posição de professora para externar uma suspeita que é também expressão de um desejo. Suspeito que o Valverde é um daqueles professores de filosofia que, além de ‘profissional’ do pensamento, traz (ou esconde) dentro de si uma certa chama de sensibilidade poética; afinal, é ele quem, há algum tempo, mesmo em ofícios burocráticos, saudava seus colegas com uma exclamação pouco usual, buscada em algum português clássico, e com certo tempero artístico. Repito a exclamação para reavivar aquela chama e com ela saudá-lo: Alvíssaras!”

Parabéns, caro amigo Valverde. Que tudo continue sempre azul!

Referências

VALVERDE, A. J. R. Apontamentos à fortuna crítica de Il Principe, de Machiavelli: de Gentillet a Gramsci e a recepção brasileira.Pensando: Revista de Filosofia (Ufpi), v. 10, n. 21, p. 26-43, 2019. DOI: https://doi.org/10.26694/.v10i21.9082.

VALVERDE, A. J. R. Trabalho, ócio, preguiça: cumpre imaginar Sísifo feliz! Revista de Filosofia Aurora, Curitiba: Editora PUCPRESS, v. 30, N. 50, p. 424-449, 2018b. DOI: https://doi.org/10.7213/1980-5934.30.050.AO04.

VALVERDE, A. J. R. Aportes a Oratio De Hominis Dignitate, de Pico Della Mirandola. Revista de Filosofia Aurora, Curitiba, v. 21, n. 29, p. 457-480, 2009. DOI: https://periodicos.pucpr.br/aurora/article/view/2608.

VALVERDE, A. J. R.; SGANZERLA, A. (Org.); FALABRETTI, E. (Org.) . O Pensamento Político em Movimento: Ensaios de Filosofia Política, II. 1. ed. Curitiba-PR: PUCPRESS, 2018a. v. 1. 518p .

Autor notes

a JRO é professor, Doutor em Filosofia, e-mail: jelson.oliveira@pucpr.br
b LPJ é professor, Doutor em Filosofia, e-mail: leo.junior@pucpr.br


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