ARTIGO ORIGINAL
Sociodrama na visibilidade trans: Estimulando o protagonismo identitário
Sociodrama in trans visibility: Stimulating identity protagonism
Sociodrama en la visibilidad trans: Estimulando el protagonismo identitario
Sociodrama na visibilidade trans: Estimulando o protagonismo identitário
Revista Brasileira de Psicodrama, vol. 33, e0925, 2025
Federacao Brasileira de Psicodrama (FEBRAP)
Recepción: 23 Octubre 2024
Aprobación: 12 Marzo 2025
RESUMO: Este artigo apresenta uma pesquisa socionômica, crítica e qualitativa, utilizando métodos de ação para coleta e análise de dados a partir de uma intervenção psicodramática voltada para a comunidade local e focada na visibilidade identitária de pessoas LGBTQ+. O sociodrama teve como objetivo promover o reconhecimento das identidades trans, sem as imposições do regime binário de gênero. O trabalho visa contribuir para a compreensão de como o psicodrama pode enfrentar a transfobia, o racismo e a LGBTfobia, como também atuar no fortalecimento das identidades dentro de estruturas grupais, à medida que os participantes reconhecem e afirmam sua matriz de identidade social e histórica marcada por violência e processos de libertação.
Palavras-chave: Psicodrama, Pessoas transgênero, Grupos de treinamento de sensibilização, Identidade de gênero.
ABSTRACT: This paper puts forward a socionomic, critical, and qualitative research, using action methods to collect and analyze data from a psychodramatic intervention, aimed at the local community and focused on the identity visibility of LGBTQ+ people. Sociodrama aimed to promote the recognition of trans identities, free from the constraints of the binary gender ideologies. The work seeks to contribute to the understanding of how psychodrama can address transphobia, racism, and LGBTphobia, as well as strengthen identities within group structures, as participants recognize and affirm their social and historical identity matrix marked by violence and liberation processes.
Keywords: Psychodrama, Transgender persons, Sensitivity training groups, Gender identity.
RESUMEN: Este artículo presenta una investigación socionómica, crítica y cualitativa, utilizando métodos de acción para recolectar y analizar datos de una intervención psicodramática, dirigida a la comunidad local y enfocada en la visibilidad identitaria de personas LGBTQ+. El sociodrama tuvo como objetivo promover el reconocimiento de las identidades trans, sin las imposiciones del régimen binario de género. El trabajo busca contribuir a la comprensión de cómo el psicodrama puede enfrentar la transfobia, el racismo y la LGBTfobia, así como fortalecer las identidades dentro de las estructuras grupales, a medida que los participantes reconocen y afirman su matriz de identidad social e histórica marcada por la violencia y los procesos de liberación.
Palabras clave: Psicodrama, Personas transgénero, Grupos de entrenamiento sensitivo, Identidad de género.
INTRODUÇÃO
A transgeneridade pode ser compreendida como toda identidade de gênero que difere daquela atribuída no nascimento. São corpos que, muitas vezes, não correspondem ao gênero pelo qual as pessoas os percebem, devido à fixação na compreensão binária. Algumas pessoas trans, não como regra, mas como possibilidade, buscam realizar modificações físicas para alcançar maior satisfação com sua identidade, de maneira semelhante às mulheres cis que escolhem colocar implantes de silicone para reafirmar seu lugar de mulheridade.
O psicodrama e os estudos sobre relações de gênero ainda são campos vastos e pouco desbravados, mas sabemos que Moreno (1959/1993) não media esforços para trabalhar com grupos minoritários e excluídos da sociedade hegemônica. Ele buscava, por meio de seu método de ação, reconhecer e motivar as pessoas a reivindicarem seus direitos. Um exemplo disso é o caso das prostitutas em Viena, onde ele conduzia grupos terapêuticos semanais, proporcionando um espaço para que elas se reconhecessem como cidadãs.
Inspirado pelos movimentos de sindicalização de LaSalle e Marx, Moreno (1989/2014), em sua autobiografia, relata que não estava ali para ensinar, mas para ser um meio de união entre elas por meio de grupos terapêuticos, valorizando esse processo mais do que o aspecto econômico. Segundo o autor, as prostitutas eram estigmatizadas e vistas como pecadoras desprezíveis. A partir dos encontros, elas começaram a se ajudar mutuamente, a buscar seus direitos e a fundar uma organização com dirigentes eleitas.
Segundo Benevides e Nogueira (2021), a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em pesquisas do ano de 2020, estima que 90% da população trans brasileira têm a prostituição como principal fonte de renda e única possibilidade de subsistência. Nesse sentido moreniano, buscamos abordar o protagonismo identitário das pessoas trans, que constituem a população-alvo deste trabalho. Esse conceito e reflexão visam ressaltar a importância da luta dos grupos marginalizados por seus direitos, assim como a coparticipação na promoção da visibilidade trans, tornando nossas identidades cada vez mais vivíveis e legíveis. Um grupo que, com frequência, tem sua espontaneidade–criatividade desencorajadas pelos preconceitos, sendo o ápice desse desencorajamento a violência transfóbica que ceifa a vida de muitas de nós1 (Vomero & Nery, 2023).
Segundo Oliveira (2019), noticiado pela Antra, no Piauí, a média de vida de pessoas trans é de, no máximo, 30 anos. Chegar à idade adulta, estar vivo, ter um trabalho formal e atuar ou pertencer à área da educação representa um ato de resistência gigantesco, dada a frequente exclusão que essa comunidade enfrenta. Não é por falta de habilidade ou inteligência que muitas pessoas trans acabam buscando trabalhos informais. Elas enfrentam dificuldades significativas para desenvolver seu potencial devido à falta de um ambiente acolhedor onde possam se reconhecer e se compreender verdadeiramente. Em outras palavras, é a transfobia, intrinsecamente ligada ao racismo e ao classismo, que condena as pessoas trans a trabalhos informais. Conforme a Antra (2020), estima-se que apenas 4% das mulheres trans possuem empregos formais, enquanto 6% atuam em atividades informais e subempregos, e a grande maioria, cerca de 90%, sustenta-se por meio da prostituição.
Esse modelo é apresentado como um espelho, sugerindo: “sigam este exemplo, mas façam exatamente como estamos dizendo, e não da forma que vocês poderiam alcançar”. Contudo esse espelho é apenas uma ilusão, pois ele mesmo impede que determinados espaços possam ser efetivamente ocupados por pessoas trans. A segunda autora desenvolveu uma crítica a esse espelho, aprofundando a ideia de um euísmo-narcisismo da branquitude e da cisgeneridade, que não reconhece o que está fora desse modelo de realidade (Vomero, 2022).
É nesse contexto que a comunidade trans acaba não se percebendo, enfrentando dificuldades para diferenciar entre sua própria identidade, as exigências sociais impostas e as possibilidades reais disponíveis, resultando em uma falta de clareza constante. Compreendemos esse fenômeno como um comportamento sócio-histórico-cultural, em que pessoas cis e brancas continuam a se relacionar e compreender o mundo com base em sua própria imagem-espelho euísmo-narcisismo, inferiorizando o que está fora da cisnorma (Vomero, 2022). Não deveria ser nesse olhar e, através do espelho, que passaríamos a entender quem somos e quem é esse outrem? Por meio do reconhecimento do eu e do tu? Como uma pessoa trans faz o seu reconhecimento dentro de uma realidade cisdominante? O reconhecimento do “Eu”, de acordo com as contribuições de José Fonseca (2012), dá-se à medida que me percebo e consigo me olhar de dentro para fora, como um espelho que reflete as coisas ao redor e como o sedento que busca a água com o desejo de bebê-la. Isso ocorre por meio do processo corpóreo de amadurecimento socioemocional e relacional.
O reconhecimento do “Tu” acontece quando percebo a relação estabelecida com o outro, decorrente de um símbolo imaginário, no qual inicialmente entendo o outro como eu o vejo, e logo o reconheço como ele realmente é. Na relação “Eu-Tu”, o reconhecimento do duplo se manifesta como a conexão desses dois momentos, aplicados à inter-relação que se forma na organização afetiva e dialética no contexto de presença e ausência (Fonseca, 2012).
Para Vidal e Ferracini (2024), o psicodrama está intimamente ligado às questões identitárias, interessando-se em promover autenticidade e espontaneidade no processo de reconhecimento do que está interno. Assim, pessoas trans podem reconfigurar seu percurso como seres inseridos na matriz da identidade, buscando compreender a expressividade do Eu, do Tu e do Outro na vivência social, superando as conservas limitantes do preconceito e da transfobia.
Nessa perspectiva, é importante trazer a público essa experiência para que questões identitárias não sejam mais relativizadas ou excluídas da sociedade. É crucial reconhecer que esse público, muitas vezes, não consegue se inserir plenamente no campo social devido à falta de oportunidades para exercerem o seu protagonismo e à não percepção de suas potencialidades. É sabido que, nesta realidade cis-heterodominante, pessoas trans são subalternizadas, ainda mais quando consideramos os marcadores sociais de raça, gênero, classe e sexualidade. Não é à toa que muitas mulheres trans e travestis sobrevivem como profissionais do sexo, pois a lógica ciscapitalista exerce uma grande força para que essas pessoas não alcancem espaços de poder.
Há um paradoxo entre comemorar as conquistas de mulheres travestis e seus pioneirismos no acesso às universidades. Exemplos notáveis incluem Megg Rayara, a primeira travesti negra a obter um doutorado em Educação no Brasil pela Universidade Federal do Paraná em 2017, aos 42 anos. Megg é professora, pesquisadora e autora do livro Nem ao Centro nem à Margem: Corpos que Escapam às Normas de Raça e de Gênero (2020) (Pinto, s.d.). Outro exemplo é a professora e pedagoga Letícia Nascimento, a primeira mulher travesti a ocupar uma cátedra em uma universidade pública piauiense, na Universidade Federal do Piauí, e autora do livro Transfeminismo, de 2021 (Lopes, 2021).
Não podemos olhar para essas histórias sem um pensamento crítico e cair na lógica neoliberal da meritocracia, que sugere que, se elas chegaram lá, todas também podem. As universidades são espaços de poder que existem há anos, daí o paradoxo: a alegria pelas conquistas e o sentimento de injustiça pelo fato de serem poucas. Como mencionado anteriormente, não é por falta de potencial, mas sim de oportunidades. Enquanto uma mulher cis branca tem acesso livre, uma mulher travesti negra enfrenta todas as portas fechadas, lutando arduamente para abri-las.
Para pensar em possíveis maneiras de incluir pessoas trans nos espaços de poder, os objetivos específicos deste trabalho são: criar um espaço acolhedor para as pessoas trans; realizar o sociodrama intitulado “Com quem você me lembra?”; buscar formas de resistência e empoderamento para promover melhorias coletivas e integração social de forma cocriativa; compreender os impactos da intervenção no processo de reconhecimento das pessoas trans e, por fim, contribuir para uma pesquisa atualizada no campo da socionomia sobre relações de gênero.
O objetivo geral é analisar e fortalecer a visão identitária que os protagonistas têm de si mesmos, ou seja, promover o reconhecimento do Eu das pessoas trans sem as imposições violentas do regime binário de gênero. Compreendemos que a abordagem psicodramática pode influenciar essas pessoas na superação dos conflitos estabelecidos, na detecção e no tratamento desses conflitos por meio da ação e na construção de novas formas de relacionamentos.
A partir das contribuições de Vomero (2024), ao pensarmos em gênero como uma categoria de análise, podemos nomear essas violências como conservas corporais, pois, segundo a autora, toda violência sobre o corpo-território constitui exercícios de poder contínuos, atualizados e ao mesmo tempo preservados através de conservas coloniais e corporais, para que a norma não seja abalada. A conserva corporal opera para marcar, controlar, regular e normalizar o corpo, mantendo, assim, seu comportamento disciplinado e útil dentro de um regime binário: definindo o que é homem ou mulher, lícito ou ilícito, permitido ou proibido e correto ou incorreto.
Ao propor o fortalecimento do reconhecimento do eu nas existências trans, é importante incorporar o conceito de autodeterminação. Para Vomero (2024), a autodeterminação surge como uma forma de resistência às normas que controlam os corpos, impondo limitações, obrigações e proibições rigorosas. “A norma é a própria conserva corporal e, ao mesmo tempo, uma via aberta — por mais fechada que pareça estar — à revolução histórica da criatividade e da performatividade corporal. Atravessá-la é um ato revolucionário, espontâneo e criativo” (Vomero, 2024, p. 46-47). Ao atravessá-la, uma nova conversa se instala.
Este estudo é uma pesquisa socionômica, crítica e qualitativa, utilizando métodos de ação para coleta e análise de dados. Para a construção do referencial teórico, foram selecionados artigos e livros relevantes nas bases de dados da Revista Brasileira de Psicodrama, do Google Acadêmico, Pepsic e SciELO, que abordam temas relacionados a psicodrama e pessoas trans, transexualidade e socionomia. As palavras-chave utilizadas como descritores do DeCS/MeSH foram: “psicodrama”, “LGBTQ+”, “grupos” e “identidade de gênero”, sendo utilizados na coleta de dados e no critério de inclusão e da pesquisa.
Visto que há poucos trabalhos no que refere à atuação psicodramática com pessoas trans, reconhecemos a relevância social não apenas deste trabalho, como também do sociodrama como meio de promover inclusão ao facilitar a expressão da espontaneidade-criatividade e da autenticidade no processo de autopercepção, além de abrir novas perspectivas para a inserção dos protagonistas no cenário real social.
Vale ressaltar que a escolha de uma linguagem voltada para o masculino nesta escrita — “os protagonistas” — é uma reverência à memória viva da resistência de Xica Manicongo, figura resgatada pela pesquisa do antropólogo Luiz Mott em 1990. Em seus estudos sobre sodomitas no Brasil, por meio de documentos encontrados na Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal, Mott identifica Xica Manicongo como uma referência inicial para a comunidade LGBTQ+, especialmente para as pessoas trans. Ela é considerada a primeira travesti registrada, sequestrada do Reino do Congo, carregando consigo sua ancestralidade (Damásio, 2023).
No século XVI, foi escravizada e vendida a um sapateiro, que a renomeou como Francisco. No entanto Xica resistiu ao uso do nome masculino, mantendo seu sobrenome Manicongo, que significa “realeza do Congo”. O ato de resistir era uma forte rejeição aos tratamentos masculinos que lhe eram impostos socialmente. Embora haja poucos registros históricos sobre pessoas trans no Brasil, em 1951, tribunais de ofícios documentaram casos que contribuíram para o reconhecimento da vivência de Xica Manicongo como parte da representatividade trans (Damásio, 2023).
Podemos pensar nessa referência à ancestralidade das travestilidades como uma forma de o uso do masculino simbolizar a luta de Xica Manicongo contra a tentativa de apagamento de sua identidade e modo de existir. A forma como Xica se apresentava sugere que não se reconhecia dentro do gênero masculino que lhe foi imposto, tampouco dentro das perspectivas coloniais de gênero. Por isso, o uso do masculino alude a uma forma de resistência dentro da linguagem, em saudação a Xica e a outros masculinos, que nem sempre são lidos como o masculino cis universal. Assim, ao empregar o masculino, o texto ressalta esse contexto histórico de opressão e resistência como uma conserva colonial e corporal (Vomero, 2022, 2024), que permanece inalterado, resultando ainda em inúmeras mortes — tanto materiais quanto simbólicas — como no apagamento das masculinidades trans que desviam da linguagem universal.
Atividades realizadas
No dia 30 de janeiro de 2024, às 13 horas, no auditório de uma Universidade do Piauí, onde aconteceu a 1ª Confluência Travesti e Transgêneres, sendo um trabalho que oferece apoio às pessoas trans, promovendo suas habilidades laborais para inseri-las no mercado de trabalho. Além disso, disponibiliza assistência psicológica voluntária e possibilita a realização de cursos em parceria com os projetos de acolhimento a pessoas trans. O evento foi realizado no formato de roda de conversa, por meio de uma tenda das vivências. Essa tenda foi inspirada em Meneses (2017) e está conectada à teoria da tenda dos afetos em educação popular de saúde do EdPopSUS, uma perspectiva educativa que proporciona um espaço de acolhimento, conversação e cuidado diferenciado e compartilhado.
O evento problematizou questões sociais, políticas e democráticas, caracterizando-se como uma tenda por ser um local de inclusão e abrigo, um dispositivo que abrange grupos invisibilizados pela sociedade. Realizado em parceria com algumas instituições e coletivos que assistem pessoas trans na comunidade da cidade onde ocorreu, o sociodrama contou com 19 participantes, entre eles pessoas brancas, negras, pardas; heterossexuais, lésbicas, gays, cisgêneros, não binários e trans.
Na ocasião, havia um núcleo de enfermeiras realizando testagem de infecções sexualmente transmissíveis, representando o Centro de Testagem e Acolhimento. É um direito de todos receberem assistência em contextos de saúde, apesar da persistente exclusão e marginalização desse suporte com base em critérios capitalistas e elitistas.
Durante o mencionado evento, foi vivenciada uma experiência psicodramática intitulada “Com quem você me lembra?”, inspirada na proposta de Moreno (1953/1992), que buscava proporcionar aos participantes um encontro consigo mesmos, um enlace identitário ao olharem para dentro.
No contexto da intervenção, foram utilizadas as cinco etapas fundamentais do Psicodrama: aquecimento inespecífico e específico, dramatização, compartilhamento e processamento, sendo este último abordado exclusivamente neste artigo.
Este artigo segue as diretrizes da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, garantindo a proteção e o sigilo das informações, com a remoção de quaisquer dados que possam identificar os participantes. Na Resolução 510/16, menciona-se também o anonimato de instituições e, assim, em conformidade com o artigo V dessa resolução, o texto oferece um aprofundamento teórico baseado em situações observadas em campo, analisadas criticamente, e emergidas de forma espontânea, respeitando os princípios éticos de pesquisa com seres humanos.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Os aquecimentos
Para iniciar a atividade, foi fornecida uma explicação inicial sobre o processo, com o objetivo de familiarizar os participantes com o espaço e promover o sentimento de pertencimento ao grupo. A diretora pediu que formassem um círculo no centro e, sentados, compartilhassem um pouco de si. Após todos se apresentarem, foram encorajados a se levantar e explorar o espaço ao redor, mantendo contato visual. Em seguida, foi pedido que formassem duplas de forma espontânea. Cada pessoa foi então instruída a imaginar-se segurando um lápis (dedo indicador) e desenhar uma representação de si mesma — ou algo que desejassem em si —, no parceiro da dupla, como se este fosse um espelho. De maneira simplificada, descrevemos aqui o processo de aquecimento inespecífico e a transição para o aquecimento específico.
Moreno (1946/2006) aborda que as imagens simbólicas contribuem para a eficácia do atendimento e para a escolha do protagonista. Essas imagens funcionam como indicadores dos desejos dos protagonistas em sua “imago”, estimulando e aumentando a espontaneidade e a criação de ideias. Isso ajuda a sair da automação da conserva cultural da exclusão, direcionando-se para o aqui-agora e para a dramatização na ação.
Esse aquecimento tem a finalidade de preparar o tema protagônico, ajudando a entender as possibilidades de observar no outro aspectos presentes em seus imaginários ideais. Isso envolve o que foi introjetado em seu campo imagético e é externalizado como uma visualização no espelho, proporcionando uma melhor percepção dos outros (e de si) no trabalho. Dessa forma, os participantes podem perceber como os outros se colocam em posturas e reproduções de ação, gerando consciência de si mesmos e das suas expressões, observadas em forma de insights.
A cena: quem você me lembra?
Após o desenho, foi dada a seguinte consigna: os participantes deveriam olhar para seus desenhos imaginários (ou na realidade suplementar) e dizer quem este os lembrava, podendo ser pessoas, desenhos, personagens reais ou imaginários. Após compartilharem suas lembranças, deveriam expressar que corporeidade gostariam de ter e vivenciar essa experiência, imaginando como seria se fossem esses personagens. Isso envolvia adotar a fisicalização desses personagens, incluindo o modo de falar, andar e se portar.
Aqui, propriamente, ocorreu a cena em que cada um disse ao outro quem aquela pessoa lhes lembrava, seja do mundo real ou do mundo fictício. Alguns foram vistos como personagens de desenhos, pessoas famosas e até sentimentos e temores relacionados à assunção do protagonismo de sua sexualidade. Isso incluiu discussões sobre as consequências do preconceito na vida pessoal e profissional. Nesse momento, estamos trabalhando com os papéis imaginários que, por meio da dramatização, puderam ser concretizados no palco (Naffah Neto, 1979).
É como se o parceiro fosse um espelho no qual cada pessoa pudesse perceber, por meio dos personagens, ideias que poderiam ser aplicadas em seu cotidiano. Por exemplo, se o personagem é mais agitado, a pessoa poderia identificar características dessa animação que se refletem em sua própria rotina. Não se trata de atribuir um personagem ao outro, mas de se auto-observar nesse personagem, trazendo as possibilidades que ele oferece para sua vida e cocriando estratégias a partir dessa percepção inicial.
Durante essa etapa, fortaleceram-se ao propor formas criativas de enxergarem a si mesmos por diferentes perspectivas, não apenas através de desenhos ou da visão de outras pessoas, mas também na habilidade de inovar ao enfrentar desafios, buscando a autoaceitação e a compreensão de seu espaço, sem naturalizar seus direitos e deveres frequentemente negados. Isso implica na capacidade simbólica de reivindicar esses direitos através da autopercepção, promovendo uma espécie de contágio de saúde de forma espontânea e criativa, como se desenrolou na cena.
Reconheceram que até mesmo seres fictícios têm limitações e exploram suas potencialidades de forma criativa. No contexto do grupo, ao reconhecerem e interagirem com os outros em diferentes contextos e diferentes personagens, os membros do grupo também experimentam novas formas de se verem e se posicionarem, seja em termos de identidade individual, gênero autodeclarado ou expressões de sexualidade. Esse processo é orientado pela percepção dos outros, que oferece uma nova perspectiva sobre si mesmos, como se estivessem vendo a si mesmos através dos olhos dos outros (o espelho de si pelo outro).
Durante a dramatização, emergiram personagens como “Paola Bracho”, “Gato Félix”, “Betty Boop”, “Dora Aventureira” e sentimentos de alegria, cansaço, bondade, força, entre outros que não foram mencionados devido à verbalização introvertida de alguns participantes. A introversão verbal, nesse caso, segundo Giro, Oliveira, Musleh e Prado (2015), está ligada ao que não é dito, mas expressado. Esse fenômeno faz parte do conceito de ressonância corporal, que se refere aos processos comunicativos do corpo por meio da não verbalização. Isso está associado às diversas e sistemáticas formas de silenciamento e violência que afetam a população LGBTQ+, em especial as pessoas transgênero. Uma vez introjetada, essa experiência pode resultar em uma postura cristalizada, manifestando-se como timidez e desajuste na hora de posicionar suas ideias. Nesse sentido, é necessário observar, na aplicação do psicodrama relacionada a questões de gênero, a dialética entre corpo, conserva e comunicação.
Segundo Giro et al. (2015), o que é dito corresponde à identificação (oralidade), enquanto o que não é dito refere-se à sensação (corporeidade). O medo do julgamento, o juízo de valores e a baixa autoestima também estão relacionados a esses silêncios no campo expressivo. Assim, aqueles que assumem um personagem representam uma forma de comunicação verbal, enquanto aqueles que permanecem introvertidos são aqueles que sentem, mas não conseguem traduzir essas emoções em palavras. Contudo isso não significa que uma experiência anule a outra; nem sempre a expressão verbal e a sensibilidade emocional caminham juntas.
A atividade foi finalizada com um abraço, que emergiu espontaneamente, talvez devido ao compartilhamento de sonhos e sofrimentos no palco e pelo sentimento de acolhimento. Isso proporcionou aos participantes a oportunidade de se perceberem de maneiras que fogem às normas sociais impostas sobre questões de gênero, permitindo, assim, um reconhecimento mais profundo do eu e do tu, livre das armadilhas do cis-heteropatriarcado, mesmo que por milésimos de segundos. Vale ressaltar que nesse ato final os participantes sorriram uns para os outros e partilharam mensagens de como foi gratificante e importante esse contato.
De acordo com Cardoso Jr. (2021), a cena no psicodrama culmina em trazer para ação o que antes era entendido no campo social, possibilitando o jogo cênico. É nesse sentido que os praticantes adquirem outras percepções de suas realidades através do ato de vivenciar.
Ao falarmos de identidade, é importante refletir sobre tudo que fomos, somos e haveremos de ser, e é nessa conjuntura que se faz pertinente perguntarmos: com quem você me lembra? Tanto para nós mesmos como para as demais pessoas, pois as lembranças têm grande impacto sobre nossa construção como seres autônomos e autênticos. Afinal, essa lembrança sempre carrega uma carga socioemocional e afetiva, pertencente ao nosso universo subjetivo.
Foi possível perceber que, através da sintonia estabelecida nas interações entre as oito duplas e um trio, a espontaneidade e a criatividade foram liberadas pelo desenho, que se manifestou como a expressão do “meu desejo no outro”, assim como pela livre expressão dos personagens no palco dramático. Isso permitiu a revisão e a reavaliação de posturas e posições tanto internas quanto externas, promovendo bem-estar psicológico pela superação de possíveis conservas corporais na realidade suplementar. Para pessoas trans, isso significa criar um espaço seguro para expressar como desejam ser reconhecidas. Quando uma pessoa trans compartilha com sua dupla de quem ela se lembra através dos atributos desenhados pelo próprio desejo em si mesma, ela está revelando aspectos pessoais e encontrando espaço para enfrentar seu sofrimento em uma realidade cisnormativa que frequentemente desencoraja a expressão de sua espontaneidade-criatividade.
A inclusão de pessoas cis mostra que a comunidade, ao adotar o símbolo “+”, não exclui outras expressões de gênero e sexualidade. Esse movimento permite que pessoas cis se vejam como aliadas potentes na promoção de apoio à comunidade LGBTQ+. Além disso, essa perspectiva ajuda a entender que a transição de gênero não se resume apenas a reconhecer-se em uma identidade diferente da designada ao nascimento. A transição também envolve uma transformação de vida e uma mudança nas expectativas sociais. É um processo que agrega o que é distinto e o que é semelhante, promovendo uma compreensão mais ampla sobre a transgeneridade e a cisgeneridade.
Por meio da dramatização, foi possível fortalecer o reconhecimento do eu e do tu, especialmente com a participação de pessoas cis na cena. Essas pessoas puderam, de alguma forma, reconhecer as identidades trans no grupo, criando uma oportunidade significativa de entendimento e empatia. Esse reconhecimento mútuo não apenas fortalece o sentido de pertencimento e validação para pessoas trans, mas também desafia e transforma percepções preconcebidas dentro do grupo (dramático e/ou social), promovendo um ambiente mais inclusivo e sensível para todos os participantes.
O compartilhamento
Nessa etapa, foi compartilhada a dificuldade enfrentada no contexto da empregabilidade, incluindo o preconceito vivenciado, o desafio do uso de roupas consideradas inadequadas e a falta de integração com a sociedade. Também foram compartilhadas experiências de marginalização devido à falta de acesso à educação, à luta contra a pobreza e ao racismo enfrentado por mulheres trans e periféricas. Uma das participantes relatou ser mãe solteira de um filho diagnosticado com transtorno do espectro autista, enfrentando a opressão social e assumindo um papel ativo na luta por seus direitos.
É relevante destacar que as pessoas trouxeram para o centro da cena e do compartilhamento questões ligadas aos marcadores sociais de gênero, raça, sexualidade e classe. Foi mencionado que não se trata apenas de ser trans, mas também da realidade de que uma grande parte da população trans é negra, enfrentando dificuldades significativas para receber tratamento humanizado em espaços sociais e serviços de saúde. Além disso, a busca por empregos também representa um desafio, pois muitas vezes são discriminadas devido à falta de condições para se vestir de acordo com as expectativas sociais, ou pela aparência envelhecida ou debilitada devido às marcas dos sofrimentos em vida.
Os participantes também relataram que se sentiram motivados a buscar oportunidades de trabalho e a ingressar na universidade, e muitos não sabiam que era possível ocupar posições de destaque na sociedade. Além disso, mencionaram que falar sobre suas dores os tranquilizava e que frequentemente buscavam essa escuta e acolhimento.
Por outro lado, as pessoas cisgêneros destacaram a importância de compreender as dores causadas pela exclusão que as pessoas trans enfrentam. As enfermeiras do Centro de Testagem e Acolhimento, que também participaram da vivência, mencionaram a relevância de conhecer a vulnerabilidade para melhorar o atendimento e superar estigmas associados à testagem de doenças sexualmente transmissíveis. Também comentaram que, em alguns casos, o carinho excessivo pode, na verdade, agravar o sofrimento das pessoas trans durante o atendimento na instituição. Isso porque esse sofrimento abordado acaba gerando desconfiança e até medo, já que a comunidade trans é violentada até por falsos sentimentos direcionados e pela falta de um sentimento de pertencimento. Muitas pessoas trans enfrentam exclusão ao saírem de casa e chegam aos lugares com receio de serem novamente rejeitadas. Logo percebemos como as existências trans vivem constantemente em regulamento com as normas, o que pode gerar um grande desgaste social e emocional.
O link com a atualidade
O link com a atualidade se evidencia quando as demandas surgidas na etapa de dramatização se entrelaçam com as histórias de vida dos participantes. Esse movimento reflexivo trouxe ao grupo o desejo de atuar coletivamente, especialmente no âmbito do coletivo participante do evento. Decidimos, então, direcionar nossos esforços para projetos sociais que promovam cidadania, buscar parcerias que abram oportunidades de trabalho para as pessoas trans do grupo e desenvolver uma comunicação acolhedora que ofereça diversos tipos de suporte.
Podemos também refletir sobre como o contexto social vivido pelos participantes se manifestou no contexto dramático, abrangendo o período da pandemia, a transfobia, a necessidade de se reinventarem, o preconceito e a falta de oportunidades de trabalho. A realidade suplementar proporcionou um espaço para que os participantes expressassem seus sentimentos, repensassem suas situações e encontrassem acolhimento e estratégias de enfrentamentos no grupo.
O psicodrama permite que a interação com os egos auxiliares, sejam eles pessoas ou lugares, crie oportunidades de debate e fortalecimento dos vínculos dentro da comunidade. Em outras palavras, toda a sociedade pode se tornar um ego auxiliar, desde que esteja aberta a compreender e acolher a diversidade. Assim, esses espaços de partilha e desenvolvimento de potencialidades podem gerar novas estratégias para enfrentar demandas, permitindo que o indivíduo se veja e cocrie um espaço de autogestão de seus conflitos, promovendo uma reflexão crítica dentro da sociedade.
O Psicodrama, fundado como um projeto que era ao mesmo tempo um produto da Modernidade, mas também com elementos de críticas à sociedade da época, ainda permanece com sua potência de resistência. O agente criativo é uma possibilidade de contribuição psicodramática, pois enseja uma visão de sujeito em íntima conexão com o mundo, com uma forte presença, esforçando-se para recuperar a vivacidade de um corpo percipiente em ação para a transformação de si e do contexto.
(Vieira, 2017, p. 66)O psicodrama, em seu cerne, propõe reconhecer o poder que as pessoas têm de criar possibilidades mesmo diante de suas limitações. Essa prática se apresenta como uma estratégia de resistência e possibilidade de sonhar, algo fundamental para a comunidade trans, ao trazer a perspectiva de que o mundo pode ser um lugar de possibilidades. No entanto é necessário ter uma visão ampliada sobre o que se deseja mudar e buscar essa transformação tanto em si mesmas quanto em suas histórias. Para isso, as pessoas trans precisam realizar um movimento interno, coletivo e agregador, capaz de provocar reações no mundo externo, onde a segregação dessa comunidade é constantemente reforçada.
No entanto não podemos idealizar a prática psicodramática, pois, como apontado por Sayre (2022), o cuidado oferecido muitas vezes falha em ser verdadeiramente transformador. Isso ocorre porque os sistemas de saúde e as práticas terapêuticas estão enraizados em normas cis-heteropatriarcais que limitam a autenticidade e a reciprocidade na relação terapêutica. A partir de sua experiência, Sayre (2022), psicoterapeuta queer, trans e não binário, percebe que sua própria vulnerabilidade possibilita um cuidado mais significativo. Nesse contexto, o psicodrama, quando praticado por alguém que compartilha dessas vivências, pode se tornar um espaço mais real de resistência e acolhimento das dores ocasionadas pela LGBTfobia.
Acreditamos que o contato com nossas vulnerabilidades pode facilitar o reconhecimento e a inclusão de identidades marginalizadas no campo psicoterapêutico, possibilitando um cuidado verdadeiramente transformador, e não paternalista ou salvacionista. Contudo acreditamos que, além das dores compartilhadas por fazer parte da comunidade LGBTQ+, não é necessário que vivamos as mesmas experiências dolorosas que nossos pacientes para que haja um reconhecimento. Todo profissional precisa estar conectado com suas próprias vulnerabilidades, pois, caso contrário, como poderá auxiliar no cuidado com as vulnerabilidades do outro? O que criticamos é que, em uma realidade marcada pelo racismo e pela transfobia, é necessário repensar o conceito de reconhecimento (Vomero, 2022, 2024), pois muitas vezes pessoas cis brancas negam a coexistência com travestis, pessoas trans e não binárias e pessoas negras e indígenas reforçando barreiras ao cuidado inclusivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos relatos podemos dizer que o sociodrama foi um espaço político de respeito e acolhimento para pessoas trans, pois se converteu em uma ferramenta possível no fortalecimento da autopercepção e de suas identidades, promovendo o reconhecimento pessoal e coletivo pelas interações com a sociedade e com o grupo. A abordagem psicodramática, a partir do tema protagônico que girou em torno do reconhecimento, também colocou as pessoas trans no protagonismo de suas próprias narrativas à medida que elas puderam entender quem são e o que podem fazer com essa visão pessoal.
Entende-se que o psicodrama é um forte aliado nas lutas por diversidade e equidade, à medida que o sociodrama consolidou formas de resistência e empoderamento, promovendo melhorias coletivas e integração social de maneira cocriativa. O próprio Moreno, que trabalhava com pessoas diversas, utilizou a produção criativa e as resistências no palco por meio da espontaneidade como ferramentas para fomentar essas transformações. Podemos afirmar que tanto as pessoas trans quanto as pessoas cis foram profundamente impactadas pela vivência, que influenciou diretamente no processo de reconhecimento do eu. Esses impactos, marcados por lugares de privilégio e de violência, permitiram que, de alguma forma, ambos os grupos fossem retirados de um papel exclusivamente de vítima ou de opressor, sendo deslocados para uma postura ativa, capaz de contribuir para mudanças e inclusões sociais.
Por fim, esta pesquisa, resultante de um trabalho social, crítico e político, contribui para a atualização do campo da socionomia no que tange às relações de gênero. Ao abordar de maneira mais aprofundada a subjetividade das pessoas trans por meio das lentes do psicodrama, a pesquisa oferece novas perspectivas e entendimentos sobre as relações de poder em nossa sociedade. Ela se aproxima do trabalho de Moreno com profissionais do sexo, distanciando-se do assistencialismo e enfatizando a formação de um grupo coletivo que, de maneira autônoma, buscou caminhos possíveis para lutar por direitos e se unir a organizações dirigidas, como o coletivo.
O psicodrama pode contribuir significativamente ao promover espaços de autorreconhecimento e identificação, transformando preconceitos e o sofrimento excludente em uma reflexão sobre a busca pela inserção social e pelo fortalecimento dos vínculos com o seu grupo socioidentitário. Não se trata de algo estático, mas de um movimento dinâmico que busca transformar as demandas apresentadas em elementos importantes na cocriação. À medida que essas dores e rejeições se tornam personagens da vida real, os sujeitos têm a oportunidade de estabelecer uma relação dialógica no palco da teatralidade humana.
AGRADECIMENTOS
Não se aplica.
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