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Ensino de projeto de arquitetura e de desenho urbano: projeto para quem?

Teaching architecture and urban design: project for whom?

Antônio Tarcísio da Luz Reis
Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil

Ensino de projeto de arquitetura e de desenho urbano: projeto para quem?

Arquisur revista, vol. 12, núm. 21, pp. 78-97, 2022

Universidad Nacional del Litoral

Recepción: 31 Marzo 2022

Aprobación: 19 Mayo 2022

Resumo: Este artigo tem como objetivo reforçar a importância da ideia de «projeto para quem’ através da abordagem da área de estudos «Ambiente e Comportamento» no ensino do projeto de arquitetura e desenho urbano, consolidada por mais de 20 anos em uma turma da disciplina de Introdução ao Projeto Arquitetônico II (IPA II), situada no 2º. Semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Assim, os procedimentos metodológicos utilizados na disciplina incluem a apresentação e a discussão de conceitos, visando a formação de um repertório para o aluno, a realização de análises, avaliações e sínteses. Dentre os conceitos abordados estão aqueles relacionados à estética e à composição arquitetônica, à função e à inserção da edificação em seu contexto, fundamentados em teorias e resultados de pesquisas sobre as relações entre o ambiente construído e os seus usuários. As análises e avaliações incluem aquelas realizadas em aula, com base em determinados projetos arquitetônicos, assim como através de dois exercícios, enquanto as sínteses constam em outros dois exercícios, incluindo o projeto de uma residência com base nas necessidades dos moradores de uma casa existente selecionada pelo aluno e nas características arquitetônicas, urbanas e geográficas da área onde essa casa se situa, conectando o aluno com a realidade. Dentre os resultados obtidos está o fato de que os projetos realizados pelos alunos tendem a ter uma maior qualidade estética e funcional do que os projetos das casas selecionadas, vários desses elaborados por arquitetos.

Palavras-chave: ensino de projeto de arquitetura, ensino de desenho urbano, usuários.

Abstract: This paper aims to reinforce the importance of the idea of «project for whom' through the approach of the «Environment and Behavior» study area in the teaching of architectural and urban design, consolidated for more than 20 years in a class of the Introduction to Architectural Design II (IPA II), located on the 2nd. Semester of the Architecture and Urbanism Course at the Faculty of Architecture of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS). Thus, the methodological procedures used in the discipline include the presentation and discussion of concepts, aiming at the formation of a repertoire for the student, carrying out analyses, assessments and syntheses. Among the concepts discussed are those related to aesthetics and architectural composition, the function and insertion of the building in its context, based on theories and research results on the relationship between the built environment and its users. The analyzes and evaluations include those carried out in class, based on certain architectural designs, as well as through two exercises, while the syntheses are contained in two other exercises, including the design of a residence based on the needs of the residents of an existing house selected by the student and in the architectural, urban and geographic characteristics of the area where this house is located, connecting the student with reality. Among the results obtained is the fact that the designs carried out by the students tend to have a greater aesthetic and functional quality than the designs of the selected houses, many of which were elaborated by architects.

Keywords: teaching architecture, teaching urban design, users.

1. INTRODUÇÃO

Partindo do princípio de que arquitetura trata da organização dos espaços visando um melhor uso, uma melhor experiência espacial por parte de seus usuários, parece fundamental entender como a arquitetura pode melhor atender as necessidades desses usuários em termos estéticos e funcionais. Neste sentido, o ensino do projeto de arquitetura e desenho urbano deveria incluir o conhecimento existente acerca das percepções, atitudes e comportamentos dos usuários de diferentes edificações e espaços abertos (Reis & Lay, 2006). Contudo, a prática profissional parece revelar carências na formação, já que muitos projetos deixam de responder às necessidades de seus usuários, inclusive projetos de arquitetos conhecidos internacionalmente. Por exemplo, o projeto vencedor para o Centro do Estado de Illinois («State of Illinois Center», atual «James R. Thompson Center – JRTC; Figura 1) em Chicago, projetado por Helmut Jahn, com 17 pavimentos (em torno de 93 metros de altura) e aberto em maio de 1985, apresenta uma série de problemas relatados pelos usuários tais como: falta de conforto térmico no verão e no inverno em função da extensa área envidraçada voltada para sul, falta de conforto acústico devido à transmissão do som gerado no vasto átrio nos escritórios com planta livre nos diversos andares, falta de privacidade e medo ou ansiedade excessiva e persistente devido à altura (acrofobia) em função da existência de locais de trabalho adjacentes ao grande vazio do átrio central (Mitchell, 1993).

Centro James R. Thompson, Chicago
Figura 1.
Centro James R. Thompson, Chicago
Fonte: autor.

Figura 1.
Figura 1.

Centro James R. Thompson, Chicago

Fonte: autor.

Contudo, essas evidências não tem impedido a desconsideração da acrofobia no projeto de átrios com grande altura e tampouco a consideração desses como grandes realizações arquitetônicas, conforme o caso do átrio mais alto do mundo no edifício Leeza SOHO projetado em Beijing pelo escritório da Zaha Hadid – ganhadora do Prêmio Pritzker em 2004 (o maior premio de arquitetura no mundo), com 45 pavimentos (aproximadamente 194 metros de altura) e finalizado em 2019. Neste sentido, Giovannini escreve:

O projeto da Torre Leeza SOHO da Zaha Hadid Architects (ZHA), que foi inaugurada em Pequim em novembro com um show de luzes galácticas no átrio, reinventa a tipologia do arranha–céus com escritórios. Espiralando 45 andares ao redor do átrio mais alto do mundo – 637 pés de altura [194,158 metros] – e curvado com a êntase de uma elegante coluna grega, pode ganhar fama por seu perfil flexível no horizonte e por uma sagacidade arquitetônica nunca vista desde o Edifício Chrysler. Mas é único porque se centraliza em um volume aberto em vez de um núcleo opaco, promovendo a interação social em um espaço tão compacto e íntimo como uma rua de Nova York (...). Enquanto exemplifica a regra de Vitrúvio sobre os edifícios que incorporam firmeza e comodidade, aqui o terceiro elemento – deleite – triunfa. (2020)

Adicionalmente, edifícios altos têm sido projetados e construídos sem que os seus impactos estéticos e funcionais sejam devidamente analisados durante o processo de projeto. Por exemplo, o edifício «20 Fenchurch Street» de Rafael Viñoly (Figura 2), também conhecido como «Walkie–Talkie» (devido à similaridade com um tipo de radiotransmissor, pois dilata de baixo para cima para gerar pavimentos com mais áreas nos níveis mais altos e mais lucrativos), concluído em abril de 2014, com 160 metros de altura e 37 andares, conquistou o prêmio «Carbuncle Cup» em 2015, atribuído pela revista «Building Design» ao edifício mais feio do Reino Unido concluído nos últimos 12 meses em relação à data do prêmio, com base na seleção por um painel de críticos a partir de uma lista compilada em função das indicações votadas pelo público. Ainda, a fachada convexa envidraçada voltada para sul concentra os raios solares e já provocou o derretimento de partes de um carro estacionado nas proximidades, danos nas fachadas e carpetes internos de algumas lojas e tem gerado excesso de ventos em sua base (conforme também verificado in loco), fortes o suficiente para derrubar algumas pessoas (Wainwright, 2015).

«Walkie Talkie» – 20 Fenchurch Street, Londres
Figura 2
«Walkie Talkie» – 20 Fenchurch Street, Londres
Fonte: autor.

«Walkie Talkie» – 20 Fenchurch Street, Londres
Figura 2.
«Walkie Talkie» – 20 Fenchurch Street, Londres
Fonte: autor.



A importância de se considerar a relação de uma edificação com o seu contexto também foi negligenciada na implantação do «20 Fenchurch Street». Conforme salientado por Wainwright (2015), este edifício fica longe do planejado aglomerado de arranha–céus em Londres, em um local caracterizado por edificações com poucos pavimentos; um dos funcionários da sede do «Royal Institute of Town Planners», a duas quadras de distância do «Walkie–Talkie», menciona a magnitude do problema: “É um lembrete diário (...) para nunca mais permitir que tal desastre de planejamento aconteça novamente”. Contudo, Wainwright (2015) destaca que, mesmo assim, o ex–planejador–chefe de Londres – Peter Rees, considera o empreendimento um grande sucesso, informando que a permissão foi concedida porque esse edifício funciona como «a figura de frente na proa de nosso navio (...) uma plataforma de observação onde você pode olhar para trás, para a vibração da sala de máquinas da cidade atrás de você». Logo, essas associações simbólicas, fruto das visões de uma pessoa, não correspondem ao efeitos estéticos e funcionais percebidos por diversos usuários da cidade de Londres. Neste sentido, o presidente do júri da «Carbuncle Cup» e editor da «Building Design» – Thomas Lane, salienta que «é um desafio encontrar alguém que tenha algo positivo a dizer sobre este edifício» (Wainwright, 2015). Assim, a implantação de muitos edifícios tem desconsiderado a magnitude do impacto na paisagem urbana, impactos esses que têm se revelado como negativos em relação a vários aspectos, principalmente aqueles causados por edifícios mais altos (por exemplo, Antocheviz, 2020; Gregoletto, 2019; Gregoletto & Reis, 2012).

Ainda, o edifício residencial e comercial Turning Torso (Figura 3) com 54 andares e 190,4 metros de altura, concluído em 2005 no novo bairro de Västra Hamnen, em Malmo, Suécia, projeto do arquiteto Santiago Calatrava e inspirado na escultura «Twisting Torso» (Torso torcido) de sua autoria, faz uma torção de 90 graus, desde a planta térrea até à cobertura e recebeu o prêmio «10 Year Award» do Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano («Council on Tall Buildings and Urban Habitat» – CTBUH) por sua contínua valorização da área circundante e desempenho satisfatório em uma série de aspectos, incluindo meio ambiente, engenharia, deslocamento vertical, e significado simbólico de sua imagem (Rosenfield, 2015). Conforme Timothy Johnson, Vice–Presidente do Conselho de Curadores do CTBUH o «Turning Torso» «... é um daqueles exemplos soberbos que foram além da criação de uma torre exclusiva e ajudaram a moldar um tecido urbano totalmente novo e revigorante» (Rosenfield, 2015).

Figura 3
Figura 3

«Turning Torso» – Malmo, Suécia

Fonte: autor



Entretanto, contrariando essa visão, verificou–se em visita ao local em 2016 que a vitalidade e qualidade do Bairro de Västra Hamnen, em Malmo, não parece depender da existência e interferência do «Turning Torso», mas das qualidades relacionadas ao desenho urbano do bairro, baseado no urbanismo tradicional, onde as edificações com alturas máxima de cinco pavimentos definem os espaços abertos e mantém uma relação direta com os mesmos através das portas e janelas, além da criação de contatos diretos com a água e a vegetação, valorizando a experiência urbana (Figura 4). Adicionalmente, verifica–se que a planta gerada pela forma do «Turning Torso» desfavorece o arranjo do mobiliário e os espaços de circulação nos apartamentos (Figura 3).

Bairro de Västra Hamnen, Malmo, Suécia
Figura 4.
Bairro de Västra Hamnen, Malmo, Suécia
Fonte: autor.



Parece que o projeto de edifícios muito altos também tem sido estimulado em várias escolas de arquitetura. Por exemplo, como trabalho de conclusão do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRITTER) foi realizado em 2010 um arranha–céu com 256 metros de altura (equivalente a 85 pavimentos) no Bairro Floresta em Porto Alegre, embora o Plano Diretor impeça a construção de edifício alto com mais de 18 pavimentos (equivalente a 52 metros de altura) (Vargas, 2015). Contudo, mesmo que não fundamentadas no conhecimento existente, esse projeto recebeu manifestações favoráveis por parte do Secretario de Urbanismo na época tais como: «Que tal um prédio de 260 metros no Quarto Distrito? (...) Quem disse que não pode torre em orla?» (Vargas, 2015).

Por sua vez, o projeto do Centro de Desenvolvimento do Bronx para abrigar crianças com necessidades mentais especiais, por Richard Meier (ganhador do Prêmio Pritzker em 1984) e Associados, construído em 1976 em Nova York, embora tenha recebido elogios de críticos americanos de arquitetura e vários prêmios de arquitetura, incluindo o do Instituto Americano de Arquitetos em 1977, após a sua ocupação apareceram críticas relacionadas, por exemplo: à falta de segurança em função de determinadas soluções arquitetônicas tais como caixas de escada e guarda–corpos muito abertos e uso de vidro não temperado em muitas áreas; e à aparência não aconchegante dos blocos de quatro pavimentos revestidos com chapas de alumínio polidas (Mitchell, 1993).

Adicionalmente, formas inusitadas com excesso de variações, com comprometimento da ideia de ordem, tendem a ser estimuladas como sinônimo da criatividade do arquiteto e de sua competência, pelo menos pela mídia, sem que se entendam os efeitos estéticos gerados por tais formas, como essas são percebidas pelas pessoas. Neste sentido, os resultados de várias pesquisas (por exemplo, Reis et al., 2011, 2014; Reis et al., 2019) tem mostrado a importância das ideias de ordem e de estímulo visual para as avaliações estéticas de pessoas com diferentes níveis e tipos de formação educacional, com as edificações com composições caracterizadas por estas ideias tendendo a gerar respostas estéticas mais positivas do que aquelas onde essas ideias não são claras ou não estão presentes. Uma avaliação estética da inserção da Pirâmide do Louvre (Reis & Souza, 2016), realizada com respondentes brasileiros e franceses, também mostra a relevância das ideias de ordem e de estímulo visual para explicar a avaliação positiva dessa adição por separação (Figura 13), pela expressiva maioria desses respondentes. Complementarmente, os resultados dessas pesquisas reforçam a importância da estética formal, a parte da estética empírica que trata da estrutura das formas (Nasar, 1994) e do processo de percepção visual, em detrimento da estética simbólica, a parte da estética empírica que trata do conteúdo das formas (Nasar, 1994) e do processo de cognição. Tal importância está em explicar as reações estéticas dos diferentes grupos, em corroborar que as relações percebidas através do processo de percepção são funcionalmente independentes do processo de cognição (Weber, 1995). Esses resultados também confirmam a possibilidade das reações estéticas das pessoas serem explicadas através dos procedimentos da estética empírica, cuja abordagem procura entender as razões para tais reações (Lang, 1987). Por outro lado, tais resultados contradizem a estética filosófica já que esta pressupõe que «a beleza está nos olhos de quem vê» e, logo, que as reações estéticas dependem, fundamentalmente, de cada pessoa e não das características do que é observado (por exemplo, Reis et al., 2011). Neste sentido, Ruskin (1885 apud Lang, 1987) já destacava no final do século XIX que valores estéticos não podiam ser objeto de estudos científicos, ideia esta que ainda parece prevalecer no ensino da arquitetura em diversos cursos no Brasil e em outros países.

Contudo existe a necessidade de fundamentação para os projetos de arquitetura e de desenho urbano, seja em relação à estética, seja em relação à função, pois a arquitetura e os espaços abertos públicos devem responder às necessidades de seus usuários e não somente às visões e intuições de seus projetistas. Logo, é importante que no ensino de projeto de arquitetura e de desenho urbano seja considerado para quem é o projeto, e, logo, as necessidades dos usuários das edificações e dos espaços abertos. Neste sentido, a área de estudos «Ambiente e Comportamento» (também referida como «Percepção Ambiental» ou «Psicologia Ambiental») trata da investigação das relações entre as características físico–espaciais do ambiente construído e as atitudes e os comportamentos dos indivíduos, focando, principalmente, na aplicação de métodos das ciências sociais para analisar e avaliar a qualidade das edificações e dos espaços abertos (Lay & Reis, 2005; Bechtel & Churchman, 2002; Mitchell, 1993; Rapoport, 1977; Lynch, 1960). Essa área de estudos tem se consolidado em nível internacional através, por exemplo, de congressos como os da EDRA (Environmental Design Research Association) e os da IAPS (International Association of People–Environment Studies) e de periódicos tais como Environment and Behavior e Journal of Architectural and Planning Research. Embora a inclusão da área de estudos «Ambiente e Comportamento» no ensino da arquitetura, seja através de disciplinas específicas ou incluídas no ensino do projeto de arquitetura e desenho urbano, tenha sido adotada e sua importância salientada, também em cursos de arquitetura no Brasil, desde, pelo menos, 1990 (por exemplo, Elali, 2002; Moreira et al., 2016; Ornstein, 2002; Salama, 1998; Tokman & Yamacli, 2007; Villa et al., 2018), tal inclusão ainda pode ser considerada incipiente, havendo a necessidade de uma maior divulgação e reflexão cerca dos benefícios dessa área de estudos para a formação dos arquitetos.

Portanto, este artigo tem como objetivo reforçar a importância da ideia de «projeto para quem» através da abordagem da área de estudos «Ambiente e Comportamento» no ensino do projeto de arquitetura e desenho urbano, consolidada por mais de 20 anos em uma turma da disciplina de Introdução ao Projeto Arquitetônico II (IPA II), situada no 2º. Semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Assim, os procedimentos metodológicos utilizados na disciplina incluem a apresentação e a discussão de conceitos, visando a formação de um repertório para o aluno, a realização de análises, avaliações e sínteses. Dentre os conceitos abordados estão aqueles relacionados à estética e à composição arquitetônica, à função e à inserção da edificação em seu contexto, fundamentados em teorias e resultados de pesquisas sobre as relações entre o ambiente construído e os seus usuários. As análises e avaliações incluem aquelas realizadas em aula, com base em determinados projetos arquitetônicos, assim como através de dois exercícios, enquanto as sínteses constam em outros dois exercícios, incluindo o projeto de uma residência com base nas necessidades dos moradores de uma casa existente selecionada pelo aluno e nas características arquitetônicas, urbanas e geográficas da área onde essa casa se situa, conectando o aluno com a realidade.

2. IPA II – PROCEDIMENTOS, CONCEITOS, ANÁLISES, AVALIAÇÕES, SÍNTESES E RESULTADOS

Os conceitos ou fatores de coerência formal abordados em uma turma de IPA II que tratam da estética e da composição arquitetônica estão relacionados, essencialmente, à estética formal, e às ideias de ordem e estímulo. A necessidade de ordem para o ser humano é independente da experiência prévia, do processo de aprendizado, e está relacionada ao funcionamento orgânico adequado nos níveis fisiológicos e psicológicos, e, assim, a percepção de ordem, de unidade e de uma estrutura na organização dos elementos na composição arquitetônica é uma condição para uma percepção apropriada da forma, para uma reação satisfatória ao estímulo (Weber, 1995; Von Meiss, 1993). Adicionalmente, a ordem necessita estar acompanhada de estímulo visual, e, conforme a escala da edificação ou das edificações, de claros contraste (s) ou relações de oposição, para evitar a monotonia; assim, uma composição arquitetônica com regularidade entre os elementos e escala acentuada tende a ser menos satisfatória do que uma com tais características mas que também inclua contraste (s) entre os elementos arquitetônicos (von Meiss, 1993). Portanto, com base na percepção visual estruturada nas características neurológicas dos indivíduos, nos princípios de organização perceptiva e nas evidências geradas pela Teoria da Gestalt, os fatores formais ou de composição arquitetônica baseados nas ideias de ordem e estímulo visual são fundamentais e se aplicam ao ensino da estética do projeto de arquitetura e de desenho urbano voltados para pessoas em diferentes contextos culturais e temporais (Weber, 1995).

Assim, dentre os conceitos abordados na disciplina que tratam da estética e da composição arquitetônica, com base na percepção visual, estão aqueles incluídos nas seguintes categorias: fatores de unificação dos elementos – grupamento por proximidade, grupamento por similaridade, grupamento por fundo comum, e grupamento por orientação dos elementos; fatores determinantes da regularidade na relação entre elementos – textura, ritmo, hierarquia; fatores relacionados à compatibilidade formal na relação entre elementos – contraste, simplicidade, complexidade, contradição ou ambiguidade; fatores relacionados ao equilíbrio na relação entre elementos – simetria, balanço assimétrico, e peso visual na composição (Tabelas 1–4).

Fatores de unificação dos elementos arquitetônicos
Tabela 1.
Fatores de unificação dos elementos arquitetônicos

A apresentação dos conceitos também é acompanhada de indicações de leitura aos alunos, incluindo o livro Repertório, Análise e Síntese: uma introdução ao projeto arquitetônico (Reis, 2002) e de artigos publicados que tratam da estética da arquitetura e do desenho urbano, assim como de dissertações de mestrado e teses de doutorado orientadas na linha de «Percepção e Análise do Espaço Urbano» (abordagem na área de estudos «Ambiente e Comportamento» ou da «Percepção Ambiental») no PROPUR – Programa de Pós–Graduação em Planejamento Urbano e Regional (por exemplo, Antocheviz, 2020; Figueiredo, 2018; Gregoletto, 2019; Reis & Lay, 2006; Reis, 2014; Reis et al., 2019; Reis et al., 2011, 2014; Reis & Souza, 2016). Nesse sentido, o conhecimento gerado pelas pesquisas na Pós–Graduação, assim como pelas pesquisas específicas do autor, tem contribuído para o ensino de projeto de arquitetura e desenho urbano na graduação. Este fato vai ao encontro da importância da proximidade da pós–graduação (através do conhecimento produzido em dissertações de mestrado e teses de doutorado na área de projetos de arquitetura e desenho urbano) e da graduação, proximidade esta já mencionada como um dos caminhos possíveis para otimizar a qualidade do ensino de projeto na graduação (Ornstein, 2002).

Fatores determinantes da regularidade na relação entre elementos
Tabela 2.
Fatores determinantes da regularidade na relação entre elementos
Fonte: autor

Fatores relacionados à compatibilidade formal na relação entre elementos
Tabela 3.
Fatores relacionados à compatibilidade formal na relação entre elementos
Fonte: autor.

Fatores relacionados ao equilíbrio na relação entre elementos
Tabela 4.
Fatores relacionados ao equilíbrio na relação entre elementos
Fonte: autor

Relacionada às análises desses conceitos que tratam da percepção visual e da composição arquitetônica, são apresentados três projetos de arquitetos argentinos, em Buenos Aires (Figuras 5, 6 e 7), através de várias imagens de cada projeto, sendo solicitado aos alunos, ao longo de, pelo menos, 10 anos, que avaliem as aparências dos projetos e os ordenem do mais para o menos satisfatório. Assim, em pelo menos 20 avaliações, considerando que a disciplina é ministrada duas vezes ao ano (1º. e 2º. semestre), o projeto do MALBA (Figura 5) ficou em 1º. lugar na avaliação estética de todos os alunos (normalmente, em torno de 15 alunos por semestre), enquanto as avaliações do Banco Hipotecario (Figura 6) e da Biblioteca Nacional (Figura 7) tem tido pequenas variações entre as diferentes turmas, com o Banco ou a Biblioteca tendo uma pequena preferência em relação ao outro. Esses resultados são explicados pelas ideias de ordem e estímulo, claramente mais presentes (e assim percebidas pelos alunos) no MALBA. Por outro lado, as diferenças entre o Banco Hipotecario e a Biblioteca Nacional, quanto a estas ideias, não são substanciais, o que explica o fato de não haver uma marcada diferença entre as avaliações estéticas desses dois projetos por parte dos alunos.

MALBA, 2001; AFS Arquitectos
Figura 5.
MALBA, 2001; AFS Arquitectos
Fonte: autor.

Banco Hipotecario, 1966; Clorindo Testa
Figura 6.
Banco Hipotecario, 1966; Clorindo Testa
Fonte: autor.

Biblioteca Nacional, 1992, Clorindo Testa
Figura 7.
Biblioteca Nacional, 1992, Clorindo Testa
Fonte: autor.

Além desses e outros conceitos (não apresentados neste artigo), relativos à composição arquitetônica, serem apresentados e explicados em aula através de diversas fotografias (exemplificados nas Tabelas 1–4), são identificados pelos alunos em um exercício (exercício 1; Figuras 8 e 9); esse exercício envolve quatro projetos de arquitetos conhecidos internacionalmente (muitos ganhadores do Prêmio Pritzker) e um projeto de uma residência selecionados por cada aluno, projetos estes que também são avaliados esteticamente. Ainda, a apresentação do exercício um (1) em um painel A0 envolve a aplicação das ideias de ordem e estímulo em sua composição ou design gráfico.

Adicionalmente, essas ideias são consideradas na elaboração de uma maquete (exercício 2; Figura 10) e no projeto de uma residência (exercício 4; Figuras 15 e 16). Assim, além da aquisição de um repertório, conceitos relacionados à ideia de ordem e estímulo são identificados, avaliados e aplicados pelos alunos nos referidos exercícios. A elaboração da maquete também visa estimular o aluno a explorar a geração da forma arquitetônica através das três dimensões, facilitando a visualização das relações formais entre os elementos arquitetônicos e da existência de ordem e estímulo.

Exercício 1_análise estética_Alice Tremarin Testa
Figura 8
Exercício 1_análise estética_Alice Tremarin Testa
Fonte: acervo do autor.

Exercício 1_análise estética_ Letícia Richter
Figura 9.
Exercício 1_análise estética_ Letícia Richter
Fonte: acervo do autor.

Exercício 2_maquete_ Ravel Andrade
Figura 10.
Exercício 2_maquete_ Ravel Andrade
Fonte: acervo do autor

A apresentação dos fatores relacionados à organização funcional, tais como dimensionamento espacial, acessibilidade, privacidade, conforto lumínico ou luminoso, conforto térmico, ventilação cruzada e visibilidade (Tabela 5), também visa a análise (exercício 3; Figura 14) e síntese de tais fatores no projeto da residência (exercício 4; Figuras 15 e 16). Assim como os conceitos relacionados à estética, esses fatores são considerados através da abordagem da área de estudos «Ambiente e Comportamento» e, portanto, incluem as relações entre as características dos espaços e as percepções, atitudes e comportamentos dos usuários. Nesse sentido, esses fatores também são avaliados pelos alunos nas residências selecionadas através das seguintes perguntas aos seus moradores e usuários frequentes: 1) Em geral, você acha a sua residência? Muito satisfatória, satisfatória, nem satisfatória e nem insatisfatória, insatisfatória ou muito insatisfatória; 2) Mencione os principais aspectos positivos nessa residência; 3) Mencione os principais aspectos negativos nessa residência; 4) Caso você tivesse a oportunidade, o que melhoraria nessa residência?; 5) Em um novo projeto, quais os principais aspectos a serem considerados? As respostas para essas questões servem de base para a análise realizada no exercício 3 e para o projeto da residência (exercício 4). Logo, esse projeto, apresentado no final do semestre, é elaborado com base nas necessidades dos moradores e usuários frequentes da casa existente selecionada pelo aluno e nas características arquitetônicas, urbanas e geográficas da área onde essa casa se situa, conectando o aluno com a realidade. Embora o conceito de visibilidade (Tabela 5) esteja incluído no grupo dos fatores relacionados à organização funcional, devido a sua consideração no projeto também estar relacionada a aspectos funcionais das aberturas, visibilidade trata da qualidade estética das visuais para o exterior a partir do interior da edificação.

Fatores relacionados à organização funcional
Tabela 5.
Fatores relacionados à organização funcional
Fonte: autor.

Além da apresentação, esses conceitos são discutidos através de vários exemplares arquitetônicos, alguns dos quais revelam problemas de falta de privacidade visual no interior da edificação, tal como aqueles provocados pela falta de divisão entre a cozinha e a sala em apartamentos no conjunto habitacional Rubem Berta em Porto Alegre (Figura 11), o que acarretou a adição de divisões por parte de vários moradores (Reis, 1997).

Apartamento original e adições de divisão entre a cozinha e a sala – conjunto Rubem Berta
Figura 11.
Apartamento original e adições de divisão entre a cozinha e a sala – conjunto Rubem Berta
Fonte: autor.

Conjunto habitacional Killingworth, Inglaterra
Figura 12.
Conjunto habitacional Killingworth, Inglaterra
Fonte: autor.

Outro exemplo é a apresentação e discussão dos problemas de falta de clareza de acesso do espaço aberto público para o interior da edificação (quanto à visibilidade do próprio acesso e/ou do caminho de acesso) e de falta de definição e controle de território dos espaços abertos e a consequente falta de legibilidade e orientação espacial, tal como em muitos conjuntos caracterizados por implantações modernistas, como o premiado conjunto habitacional Killingworth (Figura 12) no nordeste da Inglaterra, cujos problemas associados a essas características, incluindo vandalismo, o levaram à demolição em 1988, 16 anos após a sua construção (Kellet, 1987).

Figura 12
Figura 12

Conjunto habitacional Killingworth, Inglaterra

Fonte: autor.



Nesse sentido, são comentados com os alunos os resultados da dissertação de mestrado intitulada «Orientação espacial em campus universitários modernistas e tradicionais» (Mano, 2016), elaborada na linha de «Percepção e Análise do Espaço Urbano» no PROPUR, que evidencia os problemas de orientação espacial associados à implantação modernista do Campus do Vale da UFRGS.

Por sua vez, os conceitos relativos à inserção da edificação no seu contexto construído e natural (Tabela 6), nomeadamente, compatibilidade formal e tecido/objeto, tratam da importância dessa relação e, logo da qualidade visual do ambiente urbano para o bem estar e o comportamento não somente dos usuários da edificação, mas também dos demais usuários do espaço urbano. Um exemplo positivo mencionado aos alunos é a adição por separação da Pirâmide do Louvre (Figura 13), que não toca na pré–existência (o antigo Museu) e a valoriza por meio do contraste gerado pela forma piramidal transparente e consequente estímulo visual, conforme evidenciado pela pesquisa realizada com brasileiros e franceses (Reis & Souza, 2016).

Fatores relativos à inserção da edificação no seu contexto
Tabela 6.
Fatores relativos à inserção da edificação no seu contexto
Fonte: autor.

Pirâmide do Louvre, Paris.
Figura 13.
Pirâmide do Louvre, Paris.
Fonte: autor



É destacada para os alunos a relevância do desenho urbano, de projetar com o contexto construído e natural, de considerar e analisar as características positivas e negativas do contexto visando intervenções que também contribuam para a qualidade urbana, incluindo as relações dos térreos das edificações com os espaços abertos públicos adjacentes, relações essas de fundamental importância, conforme já evidenciado por diversos estudos (por exemplo, Gehl, 2010). Nesse sentido, não condizem com tal relevância do desenho urbano respostas do tipo «I don’t do context» («Eu não faço/considero contexto»), dada por Frank Gehry (laureado com o Prêmio Pritzker em 1989) quando questionado sobre suas considerações acerca da adaptação da nova Escola de Direito ao belo campus da Case Western Reserve University em Cleveland (Gehl et al., 2006:46–47).

Após a apresentação desses e de outros conceitos são realizados os exercícios 3 (análise da residência selecionada pelo aluno; Figura 14) e 4 (projeto de uma residência; Figuras 15 e 16).

Exercício 3_análise funciopnal Letícia Richter
Figura 14.
Exercício 3_análise funciopnal Letícia Richter
Fonte: acervo do autor

Exercício 4_projeto residência_ Mateus Garcia
Figura 15.
Exercício 4_projeto residência_ Mateus Garcia
Fonte: acervo do autor

Exercício 4_projeto residência_ Letícia Richter
Figura 16.
Exercício 4_projeto residência_ Letícia Richter
Fonte: acervo do autor

As análises realizadas no exercício 3 possibilitam ao aluno simular uma situação real, de contato com os clientes e futuros usuários, e realizar análises necessárias para o projeto de uma nova residência no mesmo terreno da residência selecionada. Assim, o projeto da residência (exercício 4) é realizado com base em um conjunto de análises envolvendo os conceitos abordados e as relações entre aspectos da residência selecionada, seus usuários e características do contexto, remetendo ao conceito de «architectural programming» (programa arquitetônico), no âmbito da área de estudos «Ambiente e Comportamento». Tal conceito está vinculado ao ensino e à prática da arquitetura, e diz sobre a identificação das necessidades das pessoas em certo contexto, e de seus aspectos sociais, comportamentais, geográficos, culturais, climáticos, econômicos, etc. (Herchberger, 1985).

Ainda, a abordagem pedagógica adotada, envolvendo teoria e prática, tem o potencial de eliminar possíveis conflitos gerados pela separação entre aulas teóricas e de projeto, separação esta normalmente adotada nas escolas de arquitetura (Gerlenter, 1988). Essa separação não estaria funcionando adequadamente segundo as reclamações de muitos professores de teoria de que conceitos essenciais abordados em suas aulas, incluindo aqueles que tratam da relação entre o ambiente e as pessoas (Seidel, 1981), não têm sido incluídos nos projetos dos alunos, assim como de reclamações de professores de projeto de que os alunos não conhecem os conceitos básicos de determinado assunto, mesmo depois de vários anos de aulas teóricas sobre o mesmo (Salama, 1998).

3. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

Com base no apresentado, é reforçada a importância do conceito de projeto, das diretrizes ou ideias principais que fundamentam o projeto arquitetônico, através da apresentação e análise dos conceitos exemplificados, no âmbito da área de estudos «Ambiente e Comportamento» ou da «Percepção Ambiental». Esses conceitos são também considerados na caracterização das atividades que constituem o programa de necessidades, incluindo as relações internas entre tais atividades e as suas relações com os espaços abertos públicos e privados. Os resultados das sínteses dos conceitos abordados na disciplina revelam, ao longo dos vários semestres, uma evidente maior qualificação estética e funcional dos projetos realizados em relação à clara maioria dos projetos residenciais selecionados e analisados pelos alunos, muitos desses projetos de autoria de arquitetos. Essa maior qualificação está claramente evidenciada nas avaliações do professor e dos alunos, e são explicadas com base no conhecimento existente, incluindo os resultados de pesquisas envolvendo a estética empírica e, mais especificamente, a estética formal e as ideias de ordem e estímulo.

Portanto, tais resultados reforçam a importância da abordagem na área de estudos «Ambiente e Comportamento» adotada na disciplina ao longo dos anos, e, logo, a relevância do foco no entendimento das relações entre a arquitetura, o desenho urbano e as pessoas. Essa abordagem de ensino do projeto de arquitetura e de desenho urbano, baseada no questionamento e na necessidade de fundamentação (com base no conhecimento existente) das decisões de projeto e não simplesmente em visões ou crenças do arquiteto, parece fundamental para o avanço do ensino de projeto de arquitetura e de desenho urbano.

Neste sentido, tal ensino tem sido dominado em muitas escolas de arquitetura em diferentes países pela abordagem modernista de planejamento, sem que evidências acerca da adequação dessa abordagem sejam apresentadas e enquanto evidências existem acerca da adequação de um planejamento que favorece a relação entre as edificações e entre estas e os espaços abertos (por exemplo, Gehl, 2010). Conforme enfatizado por Nikos Salingaros:

Temos evidências contundentes que revelam o tipo de estrutura urbana viva que é responsável por uma maior qualidade de vida, e é o oposto do modelo Corbusiano … As escolas continuam a ensinar para seus alunos a mesma cidade modernista destruidora de tipologias. (Editorial, 2013:161)

Considerando, com base no exposto neste artigo, que a área de estudos «Ambiente e Comportamento» pode contribuir de forma significativa para o ensino do projeto de arquitetura e desenho urbano, é possível estimular o vínculo entre esta área de estudos e a abordagem pedagógica por meio, por exemplo, da vinculação dos conceitos e teorias da área no atelier de projeto, e da consequente consideração nos projetos das necessidades reais dos usuários das edificações e dos espaços abertos (por exemplo, Salama, 1998).

Por sua vez, além do estímulo ao uso da computação gráfica, uso este que tem contado com apoio de monitores em alguns semestres, os alunos tem sido estimulados a usar o BIM (Modelagem de Informação da Construção) a partir no 1º. semestre de 2021, principalmente para o projeto da residência, uso este que, conforme alguns alunos, tem facilitado o processo de projeto. Nesse sentido, tem sido salientado que as tecnologias disponíveis para a concepção dos projetos, relativas aos desenhos e à construção, devem atender aos conceitos e diretrizes baseadas no conhecimento, nas necessidades dos usuários das edificações e dos espaços abertos. Ainda, devido à pandemia do COVID–19, a abordagem adotada na disciplina foi testada no modo ERE (Ensino Remoto Emergencial) no 1º. semestre de 2021, com o aprendizado não sendo afetado negativamente, embora a preferência seja por aulas presenciais, segundo esses alunos. Contudo, conforme a expressiva maioria dos alunos do 2º. semestre de 2021, que já estão no 3º. semestre com aulas no modo ERE, o desejo é pelo retorno às aulas presenciais no próximo semestre, pelo menos, de algumas disciplinas, fundamentalmente, em razão do melhor aprendizado e da interação social com colegas e professores.

Finalizando, este artigo pode contribuir para a reflexão acerca da importância do ensino de projeto de arquitetura e de desenho urbano, com foco no «projeto para quem», na abordagem «Ambiente e Comportamento», e, logo, nas necessidades dos futuros usuários. Cabe destacar uma contribuição específica para o ensino da estética do projeto de arquitetura e de desenho urbano, nomeadamente, a consideração da abordagem envolvendo a estética empírica e, particularmente, a estética formal e as ideias de ordem e estímulo.

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