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As intencionalidades tácitas dos atos de fala compromissivos em enunciados da série La casa de las flores

The tacit intentionalities of compromising speech acts in utterances from the series La casa de las flores

Pedro Adrião da Silva Júnior
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil
Joilton Garcia do Amaral
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil

As intencionalidades tácitas dos atos de fala compromissivos em enunciados da série La casa de las flores

Travessias, vol. 16, núm. 3, e29498, 2022

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob CC-BY-NC-SA 4.0, que permite o compartilhamento do trabalho com indicação da autoria e publicação inicial nesta revista.

Recepción: 04 Octubre 2022

Aprobación: 04 Noviembre 2022

Resumo: A Pragmática estuda os usos da linguagem em diversos contextos comunicativos e, mediante uma de suas subáreas, a teoria dos atos de fala, analisa as intencionalidades existentes em determinada situação comunicativa. Com isso, o objetivo principal desta pesquisa é analisar os atos de fala compromissivos em enunciados da série La casa de las flores. Para nossa investigação sobre a Pragmática e os atos de fala, embasamo-nos em autores como Lopes (2018), Levinson (2007), Escandell Vidal (1996) e Searle (1994). Como metodologia, adotamos uma abordagem qualitativa, com propósitos descritivos e explicativos. Como resultado da análise, verificamos as intencionalidades presentes nos enunciados, porém, para identificá-las, é necessário possuir dados acerca da história da série, dos aspectos individuais dos personagens e do modo de interação entre eles, da narrativa não-linear etc. Por fim, averiguamos que o emissor ancora seus propósitos argumentativos na realização de três tipos de desejos: individual, de terceiros ou de ambos, a depender dos fatores argumentativos utilizados para alcançar esses objetivos.

Palavras-chave: Pragmática, atos de fala compromissivos, La casa de las flores.

Abstract: Pragmatics studies the uses of language in various communicative contexts and, through one of its subfields, the theory of speech acts, analyzes the intentionality existing in a given communicative situation. Thus, the main objective of this research is to analyze the compromising speech acts in utterances from the series La casa de las flores. For our investigation of Pragmatics and speech acts, we draw on authors such as Lopes (2018), Levinson (2007), Escandell Vidal (1996), and Searle (1994). As methodology, we adopted a qualitative approach, with descriptive and explanatory purposes. As a result of the analysis, we verified the intentionalities present in the statements, however, to identify them, it is necessary to have data about the history of the series, the individual aspects of the characters and the mode of interaction between them, the non-linear narrative, etc. Finally, we ascertained that the sender anchors his argumentative purposes in the realization of three types of desires: individual, third-party, or both, depending on the argumentative factors used to achieve these goals.

Keywords: Pragmatics, compromising speech acts, La casa de las flores.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Entender o significado literal de um enunciado, muitas vezes torna-se difícil, dado que, o enunciador, na produção de sua fala, deixa mensagens implícitas, na busca de um dado propósito comunicativo. Essa enunciação tácita, a depender do contexto e dos elementos de comunicação utilizados por nós, indivíduos, pode assumir significados distintos, a partir de várias óticas.

Uma relevante área da Linguística que se ocupa de analisar esses significados implícitos é a Pragmática, posto que ela analisa a relação do que é enunciado com o contexto no qual a linguagem está inserida. Em outras palavras, estuda os usos da linguagem nos mais variados contextos, uma vez que os fatores linguísticos inerentes ao contexto em uso, tais como o enunciador, o destinatário, a situação na qual os falantes se encontram, etc. Há uma subárea da Pragmática que investiga as intencionalidades existentes nos enunciados escritos ou verbalizados, a saber: os atos de fala. Em virtude do que foi apresentado, resolvemos direcionar nossa pesquisa para o estudo dos atos de fala compromissivos presentes em enunciados de uma série televisiva mexicana: La casa de las flores.

Concernente à problemática que norteia o nosso estudo investigativo, nossa indagação consiste em: o enunciador se compromete na produção de um ato compromissivo pautado na sua própria vontade, no desejo de terceiros ou no interesse de ambos? Como hipótese, partimos do pressuposto de que um indivíduo, ao proferir algo, muitas vezes, talvez tente agradar ao próximo e não a si mesmo. Porém, essa atitude pode ser vista como um fator argumentativo do falante. Logo, buscamos averiguar em que se pauta os propósitos comunicativos do falante a partir da análise pragmática dos atos de fala compromissivos.

Diante disso, surgem nossos objetivos, os quais dividimos em geral e específicos. O objetivo geral consiste em analisar os atos compromissivos presentes na série La casa de las flores. Os objetivos específicos se subdividem em três, são eles: classificar os atos compromissivos existentes no capítulo 11 da 3° temporada da série La casa de las flores; interpretar os atos compromissivos mediante os aspectos tácitos inseridos na comunicação; verificar os propósitos comunicativos do enunciador ao proferir os atos compromissivos.

Como referencial teórico, embasamo-nos em autores como Lopes (2018), Levinson (2007) e Escandell Vidal (1996), com seus estudos acerca da Pragmática e seus aprofundamentos teóricos na teoria dos atos de fala. Além dos estudos desses pesquisadores, utilizamos o aporte investigativo dado por Searle (1994) com sua classificação dos atos de fala.

Como metodologia, elaboramos uma pesquisa com abordagem qualitativa. Do ponto de vista de sua finalidade, nossa investigação possuiu um foco descritivo e explicativo, haja vista que realizamos uma análise do corpus de estudo, descrevendo e interpretando os atos de fala compromissivos.

A justificativa da elaboração desse estudo, particularmente na ideação da problemática, explica-se pela tentativa de demonstrar que os propósitos comunicativos gerados pelos atos compromissivos podem estar relacionados a desejos pessoais, à vontade de agradar determinada pessoa ou à tentativa de mútuo benefício. Com isso, elegemos, como gênero de análise, uma série de TV, posto que julgamos possuir um conteúdo contemporâneo que demonstra situações fictícias da vida real, de modo a utilizar textos que se aproximam do uso real da língua.

Quanto à divisão da pesquisa, primeiramente, abordamos, brevemente, os estudos acerca da Pragmática, adentrando na teoria dos atos de fala proposta por Searle (1994). Dando continuidade, explanamos os aspectos metodológicos, apresentando a classificação da pesquisa, o corpus e os procedimentos adotados. Por fim, expomos um breve resumo acerca da série La casa de las flores e realizamos a análise dos enunciados.

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA ÁREA DA PRAGMÁTICA

O modo como nos falamos e os significados dados a essas práticas comunicativas variam a depender do que externamos em nossas comunicações diárias. Tendo em mente essa proposição, percebemos que uma sentença pode ter seu sentido estabelecido de acordo com seu uso particular em determinada comunidade e não apenas no significado de uma palavra ou expressão, haja vista que cada comunidade possui regras que são seguidas pelos sujeitos no modo de se expressar. Além disso, cada coletividade possui culturas distintas, fontes de conhecimentos e comportamentos os mais variados possíveis (MUNZ, 1999).

Diante do exposto, esse comportamento linguístico é examinado pela Pragmática, porque essa área se preocupa em analisar fatores que se relacionam à organização da comunicação oral e os elementos implícitos que dela são resultantes, como a relação entre enunciador e interlocutor, o ambiente no qual a linguagem é produzida e a interação com os participantes da enunciação, dentre outros aspectos (AMARAL, 2021).

Esse uso linguístico é regido por regras pautadas em relações sociais. Logo, conforme Lopes (2018, p. 15), “apontar para a regra que preside ao uso de uma expressão linguística num determinado jogo de linguagem[1] é apontar para uma prática consensual de uso que existe na comunidade”.

Tendo em mente o exposto, a Pragmática passa a ser considerada uma área que possui como campo de estudo o uso da linguagem nos mais diversos contextos, dada a forma de comunicação entre os falantes. Portanto, por envolver indivíduos, esse uso é considerado heterogêneo, pois apresenta variados usos em múltiplos contextos (SILVA JÚNIOR, 2021).

Dados esses usos linguísticos, a Pragmática se responsabiliza por analisar[2] “os fatores extralinguísticos que determinam o uso da linguagem, precisamente todos aqueles que não se podem fazer referência em um estudo puramente gramatical”[3] (ESCANDELL VIDAL, 1996, p. 14), ou seja, uma análise que ultrapassa o âmbito gramatical, pois foca nos elementos tácitos existentes nos mais variados contextos de comunicação, haja vista a existência de palavras que, a depender da situação de uso, possuem um significado além do dicionarizado.

Com isso, na linha dos estudos de Levinson (2007), é importante salientar que a sintaxe estuda as palavras e suas divisões e a semântica o seu sentido, já a Pragmática é responsável por estudar o uso dessas palavras em contexto. Sendo assim, essa área da Linguística ocupa-se da análise da relação do que é enunciado com o contexto no qual a linguagem está inserida, em busca de elementos comunicativos implícitos.

Destarte, um estudo pragmático leva em consideração “as condições que determinam tanto o uso de um enunciado concreto por parte de um falante concreto em uma situação comunicativa concreta, como sua interpretação por parte do destinatário”[4] (ESCANDELL VIDAL, 1996, p. 14).

Apresentados esses conceitos, daremos continuidade, no tópico seguinte, aos aportes teóricos de Searle para a teoria dos atos de fala, especialmente, para os atos de fala compromissivos, por ser o objeto de estudo da nossa investigação.

2.1 A PERSPECTIVA DE SEARLE QUANTO AOS ATOS DE FALA

A depender da situação comunicativa, a linguagem pode possuir vários significados, além do que está expresso nos enunciados. Sob essa concepção, a Pragmática se preocupa em averiguar as intencionalidades ocasionadas pelos usos linguísticos nos mais diversos contextos. Essas intenções são analisadas mediante os atos de fala, estes considerados a unidade básica de uma comunicação.

Constituindo uma ampla linha de pesquisa do campo da Pragmática, a teoria dos atos de fala foi formulada por Austin[5] e, posteriormente, desenvolvida por Searle, sendo ambos tidos como os precursores dos estudos pragmáticos. Diante do que foi dito, e conforme o objeto de estudo desta investigação, apresentaremos apenas as contribuições de Searle para essa teoria tão difundida.

Dando seguimento, para elaborar sua versão dos atos de fala, Searle (1994) considera um aperfeiçoamento das convenções e intencionalidades presentes nos atos de fala propostos por Austin, focando, dessa forma, nos atos ilocucionários. À vista disso, o autor afirma que, ao falarmos, seguimos regras, cujos critérios consistem em produzir atos de fala. Tais atos são realizados mediante perguntas, ordens, promessas etc.

Consequentemente, na linha de pensamento de Searle (1994), na realização de distintos atos ilocucionários, há a possibilidade de haver a mesma referência e a mesma predicação, inclusive se elas estiverem separadas dos atos. Diante disso, ao emitir um enunciado, o falante realiza ao menos três tipos diferentes de atos de fala, como podemos verificar a seguir:

a) Atos de emissão, ao proferir palavras;

b) Atos proposicionais, ao ser feita a predicação e a referência;

c) Atos ilocucionários, ao utilizar expressões de mandato, de pergunta etc.

Conforme Searle (1994), a referência é um ato de fala que possui o compromisso de explicar a função da emissão de um enunciado referencial no ato ilocucionário, cuja emissão serve para separar ou constatar algo em particular. A predicação analisa o conteúdo proposital do ato ilocucionário, ainda que seja um momento dele, “em contraposição à referência, que embora separada do ato ilocucionário como um todo, é uma abstração, contudo, é um ato independente” (OLIVEIRA, 2006, p. 200).

Os atos ilocucionários, ao serem realizados, produzem atos de emissão e proposicionais. Estes não são produzidos individualmente, logo, ao serem realizados, são usuais na produção dos atos ilocucionários. Em contrapartida, os atos de emissão, para serem realizados, não necessitam da produção do ato ilocucionário ou do proposicional, uma vez que podem possuir diversos propósitos comunicativos a depender do contexto no qual estão inseridos. Em suma, enquanto os atos de emissão emitem sequências de palavras, os ilocucionários e os proposicionais emitem palavras no interior das orações, a depender das intenções dos contextos comunicativos nos quais são realizados (SEARLE, 1994).

Após esses estudos, Searle percebe que, quando falamos, estamos sujeitos a produzir algum tipo de ação verbal (LEVINSON, 2007), cujas produções são divididas em atos assertivos, diretivos, compromissivos, expressivos e declarativos. Considerando que nossa pesquisa versa apenas sobre os atos compromissivos, discorremos, a seguir, sobre os conceitos e exemplos dessa nomenclatura.

Os atos ilocucionários compromissivos são produzidos quando o emissor se compromete em realizar alguma ação futura (podendo, também, não a realizar), seja usando ou não um verbo performativo (PAPI, 1996). Segundo Diniz e Silva (2016), a definição dos compromissivos é isenta de críticas, porque, segundo a concepção de Searle, as demais categorias apresentam verbos catalogados de modo confuso. Esta autora também defende que o reconhecimento dos Compromissivos como atos de fala inequívocos no que tange ao propósito ilocucionário “é conceber o ato de prometer como uma ação que não se realiza sem que se diga o que deve ser dito em um contexto bem definido”.

Nesse tipo de ato, o emissor demonstra uma disposição em querer fazer algo para seu interlocutor. O exemplo de seu uso está expresso no seguinte trecho retirado do segundo episódio da terceira temporada da série La casa de las flores (NETFLIX, 2020):

Purificación: Ay, Paulina. Imposible sacarla de la cárcel.

Ernesto: ¿Cómo?

Purificación: Es broma, va a salir. Claro que va a salir. Yo la voy a sacar.[6]

Tendo em vista o exemplo dado e o contexto em questão, há um diálogo entre dois sujeitos falando sobre um terceiro indivíduo. Nele, Purificación faz uma consideração sobre outra pessoa. Ernesto, por sua vez, interroga seu interlocutor acerca do que foi proferido antes. Por fim, Purificación responde com uma afirmação e termina sua fala se comprometendo com uma situação futura, ao dizer que irá retirar sua cliente, Paulina, da prisão. O modo como ela usa o verbo “tirar” no futuro, faz com que se comprometa a realizar algo, pois, conforme Lopes (2018, p. 188), “o uso da frase declarativa com o verbo no futuro ou no presente com leitura de futuro permite, em contextos específicos e em função dos conteúdos proposicionais expressos” a produção do ato compromissivo. Dessa forma, subtende-se uma promessa, posto que ela exerce o papel de uma advogada que está defendendo a personagem Paulina.

Ainda levando em conta a situação de produção desse ato de fala, percebe-se que ele é usado para atender apenas a expectativa e o desejo do interlocutor, já que Purificación não tem a intenção de tirar Paulina da prisão. Dito em outras palavras, a produção desse ato de fala compromissivo tem o propósito comunicativo de fazer com que seu interlocutor, Ernesto, fique calmo com a notícia dada, de modo a atender seu desejo. Além disso, Purificación transmite uma mensagem de que sua vida é interferida por Paulina, sendo sua ambição contrária ao seu comprometimento. Esses aspectos tácitos podem ser depreendidos desde que haja conhecimento da narrativa da história que perpassa a série.

Em suma, apresentamos, nesta seção teórica, os conceitos dados à Pragmática e, a partir dos estudiosos abordados, notamos que ela é uma área abrangente, uma vez que estuda o uso da linguagem em contexto. Além disso, perpassamos os aportes de Searle para a teoria dos atos de fala, focando na explicação do ato de fala compromissivo. Por fim, vimos que esses estudos são desenvolvidos analisando o que está implícito no contexto comunicativo, levando em consideração os fatores que influenciam a comunicação como, dentre outros exemplos, o emissor, o interlocutor, o enunciado e a situação comunicativa. Na parte analítica desta pesquisa, empregaremos essa base teórica para analisar enunciados da série La casa de las flores.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Levando em consideração nosso marco metodológico, a seguir, no tópico 3.1, apresentaremos a classificação desta investigação; e, no tópico 3.2, exporemos o corpusque serviu de base para a análise deste estudo e os procedimentos utilizados na pesquisa.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Do ponto de vista da abordagem utilizada para a realização deste estudo científico, está classificado como qualitativo. Segundo Richardson (2012), essa abordagem pode ser utilizada, dentre outras funções, para descrever problemas, identificar os processos vivenciados por indivíduos e compreender as nuanças em variados contextos. Dito isso, este estudo se encaixa nessa abordagem porque, na análise dos atos de fala compromissivos, buscaremos identificar se os propósitos comunicativos são relacionados aos desejos do enunciador, aos do seu interlocutor ou a um desejo mútuo.

Ainda seguindo os traços característicos desta investigação, há nela o teor descritivo e explicativo. Este, explica-se pelo fato de ser responsável por identificar os aspectos que determinam a realização de um dado evento. No tocante ao teor descritivo, está relacionado ao fato de que esses eventos devem ser analisados a partir de dados concretos, como os estudos científicos já realizados (BASTOS, 2009). Diante dessa classificação, nossa análise será levada a cabo levando-se em consideração a classificação dos atos de fala de Searle.

3.2 CORPUS E PROCEDIMENTO DA PESQUISA

A escolha pessoal do corpus deste estudo investigativo se justifica pela realização de uma pesquisa de conclusão de curso[7] na Graduação de Letras – Espanhol. Nela, investigamos os atos de fala proferidos pela personagem Paulina de La Mora, na série de TV mexicana La casa de las flores. Como forma de ampliar o estudo daquela investigação, resolvemos delimitar esta pesquisa apenas em um ato de fala e, dessa vez, analisando os atos proferidos por todos os personagens da série. Com isso, ampliamos o objeto de análise. Ao final, decidimos analisar os atos compromissivos.

A importância dessa escolha está pautada na nossa tentativa de demonstrar que os propósitos comunicativos gerados pelos atos compromissivos podem estar relacionados a desejos pessoais, à vontade de agradar determinada pessoa ou ao desejo de ambos, estando essa proposição assinalada na nossa questão de pesquisa. Já a escolha por uma série de TV, além do que já foi explicitado, explica-se por ser um gênero que julgamos possuir um conteúdo contemporâneo, com abordagens de temas como sexualidade, uso de drogas, relações familiares conturbadas etc. Com isso, o gênero série de TV demonstra situações fictícias da vida real, de modo que acaba utilizando textos que se aproximam do uso real da língua.

No que concerne ao episódio, escolhemos o 11 da 3ª e última temporada, cujo título é “Louro (símbolo da glória)” (NETFLIX, 2020). A preferência por ele se deu por ser o último episódio da série – pois dá desfecho à história – e por ser um conteúdo atual, posto que foi lançado em 2020. Vale salientar que analisamos os enunciados em espanhol, de modo que mantivesse o sentido original.

Quanto ao procedimento deste estudo, dividimo-nos em 3 passos. O primeiro estágio da pesquisa consistiu em classificar os enunciados proferidos pelos personagens da série, no episódio 11 da 3° temporada. Para compor nosso corpus de análise, foram selecionados 10 enunciados – em ordem de ocorrência –, número que julgamos suficiente para abarcar os objetivos e a extensão desta pesquisa. Na segunda etapa, interpretamos os atos compromissivos à luz da classificação de Searle. Por fim, a última fase consistiu em verificar os propósitos comunicativos do enunciador ao proferir esses atos compromissivos.

4 LA CASA DE LAS FLORES: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS ENUNCIADOS

Nesta seção, explanaremos, brevemente, no tópico 4.1, acerca da série e dos personagens que estão envolvidos nos enunciados em análise. No tópico 4.1, realizaremos e discutiremos a análise dos enunciados.

4.1 BREVE RESUMO DA SÉRIE

A série La casa de las flores foi originalmente produzida pelo serviço de streaming Netflix, tendo como responsável pela sua escrita e direção o mexicano Manolo Caro. A série é uma produção mexicana, cujo gênero varia do drama à comédia e possui classificação etária de 16 anos. Alguns dos temas tratados na produção são a homossexualidade, o uso de drogas, as conturbadas relações familiares, traições, dentre outros. La casa de las flores teve sua estreia em 2018 e foi concluída em 2020, com um total de três temporadas e 33 episódios, com duração média de 30 minutos cada. Ainda em relação aos episódios, cada um possui o nome de uma flor (e sua respectiva simbologia) como título (AMARAL, 2021).

A série possui uma história não linear, posto que há passagens que apresentam cenas, no passado, relacionadas a alguns personagens. Dito isso, no tocante aos personagens que aparecem ou são mencionados nos enunciados em análise, são eles os seguintes: Paulina de La Mora, María José, Delia, funcionária da funerária/testamenteira (sem nome mencionado), Elena, Purificación, Vitoria e Ernesto (estes dois últimos no passado).

4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO CORPUS

Como selecionamos 10 enunciados, analisamo-los separadamente, postos em numeração de 1 a 10, da forma como se encontram a seguir.

1) Paulina de la Mora, acepto volver a casarme contigo. No debería, pero… Acepto.[8]

No exemplo dado, como vimos em (LOPES, 2018), ao usar um verbo declarativo no presente do indicativo com uma ideia de futuro, o emissor, pode vir a se comprometer com sua fala. Do ponto de vista do contexto comunicativo, depreende-se que esse ato é realizado com o intuito de atender, principalmente, o desejo da interlocutora, Paulina, dado que antes ela havia feito um pedido de casamento. No entanto, pode-se verificar, implicitamente, a concretização de um desejo próprio da emissora (José María), pois, pelo trecho “Não deveria, mas... aceito”, verificamos que ela possui a escolha de se casar ou não, mas que opta pelo sim, uma vez que também estará atendendo sua vontade de se unir em matrimônio com a pessoa amada.

Com isso, podemos entender os implícitos presentes no enunciado, tendo em mente a nomenclatura dos atos compromissivos, o contexto comunicativo que se insere o enunciado, a interação entre os personagens, a forma/entoação como algo é dito etc.

2) Te prometo que te voy a hacer la rubia más feliz del mundo.[9]

Nesse trecho, a personagem Paulina ativa um comprometimento futuro, pois usa o performativo “prometer” para dizer que fará de sua namorada a pessoa mais feliz do mundo. A intencionalidade presente nessa ação está relacionada ao fato de a interlocutora estar insegura com o casamento, uma vez que ela e Paulina já haviam estado juntas em matrimônio, porém, o casamento acabou devido ao fato de María José ter se assumido transgênero. Nesse exemplo, verifica-se que a enunciadora se pauta na vontade da sua interlocutora, visto que utiliza desse argumento para fazer com que Maria José não se sinta insegura pelo fato de estar se casando novamente. Logo, seu propósito é convencê-la mediante o argumento utilizado.

Como apontamos na análise do enunciado 1, é possível identificar as intencionalidades presentes nos enunciados mediante diversos fatores, porém, em alguns atos, como o desse exemplo 2, é necessária uma observação detalhada dos aspectos tácitos presentes nas mensagens, seja buscando elementos constitutivos do comportamento de um indivíduo, da formulação do enunciado, da história que permeia os personagens, dentre outros.

Ao produzir um ato, o falante intenciona atingir um fim, a depender do contexto comunicativo no qual ele está inserido. No caso do enunciado 2, o propósito do enunciador é apresentado como uma promessa de fazer o interlocutor feliz. Portanto, “a intenção funciona como um princípio regulador da conduta no sentido de que conduz o falante a utilizar os meios que considere mais adequados para alcançar seus objetivos”[10] (ESCANDELL VIDAL, 1996, p. 35).

3) También.[11]

No exemplo 3, María José se compromete em emprestar o batom para sua amada ao usar o termo “também”. Esse compromisso assumido por ela está direcionado a satisfazer a necessidade e ao desejo de Paulina de ter o objeto para ela, ainda que momentaneamente. Analisando o contexto comunicativo, identificamos uma intencionalidade no proferimento desse termo de concordância, uma vez que, antes da realização desse ato, Paulina pergunta, de forma surpresa, se Maria José irá emprestar o batom a ela e, como resposta, obtém um sim. Logo, a intenção identificada está relacionada à quebra do pensamento estereotipado que Paulina possui acerca dos objetos de beleza de sua amada, pois, pela sua reação de entusiasmo, inferimos que María José não tem o costume de ceder seus objetos pessoais a outra pessoa. Levando em conta o exposto, o ato é produzido pautado em atender ao desejo próprio da interlocutora, Paulina.

Tendo em vista esse exemplo, percebemos que, ao comunicarmos, exprimimos, dentre outros exemplos, nossas ideias, sentimentos e opiniões, porém, muitas vezes, não verbalizamos/escrevemos explicitamente a mensagem que se quer transmitir. Com isso, cabe ao interlocutor inferir o significado de algo que foi dito tacitamente a partir de elementos que permeiam o contexto comunicativo. No caso em pauta, verificamos que há a intencionalidade apontada no parágrafo anterior, contudo, seu entendimento se dá a partir da análise da interação entre os interlocutores, da situação na qual se encontram, do ambiente e da narrativa da série em questão.

4) Claro.[12]

Neste curto enunciado, a personagem (funcionária da funerária/testamentária) – cujo nome não é mencionado –, profere o ato de modo a se comprometer em deixar uma xícara no lavatório de louças. Neste caso, ela se pauta apenas na tentativa de atender à necessidade de um terceiro, uma vez que lhe foi pedido para deixar a xícara em um local designado pela interlocutora, Delia. Com isso, a funcionária apenas acata o pedido de modo a ser gentil com sua receptora.

Este enunciado apresenta um caso que se relaciona ao comportamento de um determinado indivíduo. Como afirma (SILVA JÚNIOR, 2021), comportamo-nos de distintas formas, a depender do contexto situacional no qual nos encontramos. Se imaginássemos a mesma situação do exemplo 4 entre duas conhecidas que moram juntas numa mesma casa, talvez o propósito comunicativo não fosse o mesmo e não houvesse esse tratamento educado entre as duas. Porém, como a interlocutora estava exercendo seu trabalho ao proferir a palavra “claro”, percebemos que seu comportamento está de acordo com a situação comunicativa na qual ela está inserida, uma vez que se subentende que ela deve manter postura e acatar às ordens do cliente (desde que legais e dentro dos limites da função de seu ofício), ou até mesmo de um simples pedido da empregada do seu cliente, como vimos no caso em pauta.

5) Si algún día mi florería está en peligro, o las flores de esta casa dejan de florecer, por favor, por favor, llámame que yo vendré a ponerlo todo en orden.[13]

A emissão desse ato compromete a emissora – a personagem Vitória no passado – ainda que ela não tenha utilizado o performativo “prometer”, pois subentende-se uma promessa, posto que, caso suceda alguma adversidade futura, ela voltará para saná-la. Isso se observa pelo uso do verbo “vir” empregado no futuro do indicativo. Como vimos, esses comprometimentos são ocasionados a partir de performativos de promessa, de garantia, de oferecimento etc., ainda que de forma implícita (SILVA JÚNIOR, 2021). Nesse exemplo, o ato é realizado como forma de realizar um desejo individual da personagem, dada a preocupação da dona da floricultura.

6) Bueno, luego les contamos lo que nos pasó anoche.[14]

O enunciado 6 faz referência a algo que sucedeu na casa de Paulina na noite anterior ao momento da fala: a morte de sua avó. Nessa passagem, há a realização de um ato compromissivo com o emprego da locução verbal “depois contamos”. Ao conjugar a locução na 1ª pessoa do plural, Paulina se refere a ela e a María José, uma vez que elas contarão, juntas, o que ocorreu na noite anterior ao momento da fala. Dessa forma, compromete-se com algo futuro perante seus interlocutores. Tal compromisso é produzido pautado na concretização de um desejo de um dos interlocutores: Elena. A ação de Paulina em se comprometer ocorre com o intuito de sanar uma pergunta realizada pela interlocutora.

No exemplo exposto, o implícito da morte da avó de Paulina não é de conhecimento dos interlocutores. Com isso, seu propósito é deixá-los curiosos em saber o que ela tem a contar. Com isso, conforme os estudos de Searle (1994), o falante, ao proferir algo, busca produzir um efeito comunicativo no seu ouvinte a fim de que ele reconheça a mensagem implícita. No entanto, retomando ao contexto da enunciação, esse reconhecimento não vem à tona, posto que o que os interlocutores supõem não se relacionam ao que realmente ocorreu.

7) Luego les tengo que contar que lo que nos pasó anoche.[15]

Selecionamos esse enunciado – quase que semelhante ao anterior – por uma razão: possuir um comprometimento pautado em um desejo individual. Nessa passagem, Paulina também se sujeita a falar sobre o acontecimento do enunciado 6. No entanto, dessa vez, compromete-se em falar ela sozinha. Tal compromisso é produzido pautado na concretização de um interesse individual dela, qual seja: contar a história da morte de sua avó na noite anterior. Logo, De la Mora realiza o ato em prol da satisfação de ter sua necessidade atendida, posto que, nesse momento, ela falará por vontade própria, não mais porque alguém a questionou.

Então, por meio da semelhança dos exemplos 6 e 7, percebemos que o interlocutor pode se comprometer pautando-se no desejo individual, assim como na intenção de atender a um desejo de um terceiro. Desse modo, a partir da análise do uso da linguagem no contexto comunicativo, verificamos qual o real desejo do emissor. Logo, aqui reforçamos a ideia de que realizamos ações a partir daquilo que falamos, ou seja, por meio das palavras exprimimos aquilo que desejamos realizar, seja implícita ou explicitamente.

8) No la puedo abandonar así. Es mi responsabilidad como padre.[16]

O contexto desse enunciado engloba um momento do passado da história, no qual Ernesto conversa com sua namorada sobre a gravidez da sua amiga Paulina. Nessa interação, ao usar o termo de negação “não”, o enunciador se compromete, implicitamente, em cuidar do filho da amiga, mesmo que eles não estejam em um relacionamento.

Nesse caso, subentendesse que o locutor promete cuidar da criança, uma vez que o fato de ser pai o torna responsável pelos cuidados do filho. Além disso, outro pressuposto que pode ser identificado, é que ele não mais continuará seu relacionamento com a namorada, dado que, ao fim da conversa, ele se ausenta do lugar onde está com aquela, deixando-a sozinha.

Diante do exposto, conforme Searle (1994), se o interlocutor compreende a mensagem, significa dizer que ele reconheceu o significado implícito da enunciação. Outrossim, ainda conforme o autor, esse sentido pode apresentar seu uso real ou oculto, de sorte que ele determina como a oração é enunciada, assim como seus propósitos comunicativos. Como podemos perceber, Ernesto produz um ato compromissivo pautado na própria vontade, qual seja: não abandonar a amiga que está gestante do seu filho, ainda que ele esteja em outro relacionamento.

Nesse enunciado, percebemos a importância de se analisar, minuciosamente, o contexto comunicativo. Pelo modo como o ato é proferido, pode-se depreender que o comprometimento pode ser baseado não apenas na necessidade própria do emissor, mas também na da amiga, tendo em vista que – pelo fato dela estar grávida – ele estaria atendendo a uma necessidade dela. Contudo, não é isso que o emissor transmite, dado que sua atitude está pautada apenas na tentativa de alcançar sua necessidade própria, pois, em momento algum, sua amiga lhe pede ajuda.

9) Y si quieres nos vamos al Palmar a escuchar a Lola Flores, a Rosario, Manuel Orellana, la guitarra del Cayetano, lo que tú quieras. Pero cuando llegue su momento. Todavía no.[17]

O ambiente comunicativo deste enunciado é um hospital. Os personagens em cena são María José e Purificación. Esse enunciado apresenta um tom de sugestão, ao início, e, de imposição, ao final. Nele, María José se compromete a realizar algo com a irmã, caso esta aceite. Ao final, afirma que esse comprometimento só se concretizará no momento oportuno. Com isso, em relação ao ato inicial, é realizado para atender à necessidade de sua interlocutora (Purificación), levando em consideração que ela está internada em um hospital; em relação ao ato final, é produzido de sorte a atender as necessidades de ambas: de María José, porque se sente na necessidade de reviver momentos agradáveis com a irmã; de Purificación, porque ela necessita de um tempo livre fora do hospital.

No exemplo 9, podemos verificar que María José não utiliza de verbos performativos de comprometimento, apenas sugere fazer algo caso sua interlocutora, Purificación, aceite. Isso vai ao encontro do que aponta Papi (1996), pois, segundo a autora, ao proferir um ato compromissivo, o enunciador demonstra a intenção de realizar determinada ação. Desse modo, María José demonstra a intenção de passear com a irmã e se compromete pelo que foi verbalizado caso ela aceite a proposta.

10) Bueno, hermana, no te preocupes. Yo estaré contigo. De alguna manera, estaré allí.[18]

Concernente ao contexto comunicativo em pauta, o ambiente deste enunciado é o mesmo do enunciado 9, uma vez que os interlocutores estão conversando em um hospital. Na ocasião, María José foi visitar sua irmã, Purificación, pois ela está internada no referido local. Anterior ao enunciado, María José conta os detalhes do seu casamento para a irmã.

Diante do exposto, o produzido por Purificación demonstra uma intencionalidade. Ao saber que não poderá ir ao casamento da irmã, ela profere esse ato como forma de dizer, implicitamente, que estará no casamento (mentalmente), mas que, em verdade, ela está armando um plano para ir à cerimônia com o intuito de dar fim à vida da sua cunhada, Paulina. Com isso, Puri (chamada assim, carinhosamente, pela irmã), compromete-se consigo mesma em realizar a ação de estar presente na festa da irmã, ou seja, seu compromisso é em prol de uma necessidade individual. O uso da linguagem explicitada no enunciado foi utilizado apenas como uma forma de tranquilizar María José quanto ao não comparecimento de Puri ao casamento.

Dada a análise realizada, verificamos, neste e nos outros 9 enunciados, que cada emissor profere o ato compromissivo a fim de atingir um propósito comunicativo direcionado a sua necessidade, assim como ao desejo de agradar uma determinada pessoa, ou até mesmo pautado na necessidade de ambos sujeitos da interação.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer dessa investigação, perpassamos, de forma concisa, os conceitos e perspectivas dados à Pragmática, além dos estudos teóricos de uma de suas subáreas: os atos de fala. No tocante a esses últimos, focamos em pesquisas de estudiosos como Lopes (2018) e Papi (1996), que se baseiam na classificação dos atos de fala compromissivos estabelecida por Searle, posto que delimitamos nossa pesquisa à análise desses atos em enunciados de uma série televisiva.

Com isso, mediante a análise dos atos de fala compromissivos, é possível verificar as intencionalidades presentes nos enunciados, porém é necessário possuir um certo conhecimento acerca da história da série, dos aspectos do perfil dos personagens e da forma de interação entre eles etc. Além disso, há enunciados que fazem referência a narrativas passadas da série. Por fim, verificamos que o emissor, a depender do contexto comunicativo, ancora seus propósitos argumentativos na realização dos três tipos de desejos que problematizamos inicialmente: desejo individual, de terceiros ou de ambos.

Essa análise pragmática se torna possível graças à classificação dos atos compromissivos proposta por Searle, e pelos estudos já realizados na área, dado que norteiam o pesquisador a analisar o contexto com uma perspectiva mais ampla, além do que é enunciado, em busca dos elementos implícitos, e tendo em mente a situação comunicativa, o ambiente, a interação entre emissor e interlocutor, dentre outros aspectos que estejam interligados ao contexto.

Em síntese, julgamos haver cumprido com nossos objetivos iniciais, mas não consideramos nosso estudo como único e concludente, haja vista o vasto campo pragmático que se pode explorar nas pesquisas científicas e que, a depender do gênero que se deseja analisar, esses propósitos comunicativos que aqui questionamos podem mudar, posto que a língua é heterogênea e é utilizada de distintos modos em múltiplos contextos.

REFERÊNCIAS

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BASTOS, Rogério Lustosa. Ciências humanas e complexidades. Projetos, métodos e técnicas de pesquisa. O caos, a nova ciência. E-papers, Rio de Janeiro, 2009.

DINIZ E SILVA, Hélcia Macedo de Carvalho. Avaliação da taxinomia alternativa de Searle à classificação das forças ilocucionárias de Austin. 2016. Tese (doutorado) - Departamento de Filosofia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2016.

ESCANDELL VIDAL, María Victoria. Introducción a la pragmática. Barcelona: Ariel, 1996.

LA casa de las flores. Direção: Manolo Caro. México: Netflix, 2020. Ep. 11, 3° temporada.

LEVINSON, Stephen Curtis. Pragmática. Tradução: Luis Carlos Borges e Aníbal Mari. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

LOPES, Ana Cristina Macário. Pragmática: uma introdução. Coimbra: [s.n.]. 2018, 270 p. ISBN 978-989-26-1603-2. Disponível em: https://ucdigitalis.uc.pt/pombalina/item/55114. Acesso em: 10 março 2022.

MUNZ, Peter. O convite de Wittgenstein à pós-modernidade. In: A ciência e seus impasses: debates e tendências em filosofia, ciências sociais e saúde [online]. Organizado por Jeni Vaitsman e Sábado Girardi. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1999. 213 p. ISBN: 978-85-7541-507-8. DOI:10.7476/9788575415078. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=Am5dDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT66&dq=pragm%C3%A1tica&ots=faTJSB1mzu&sig=RkMN_S9thb9QjA9iLrd-hYINbXI#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 10 março 2022.

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. 3. ed. São Paulo, Loyola, 2006.

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RICHARDSON, Roberto Jarry Pesquisa social: métodos e técnicas. Roberto Jarry Richardson; colaboradores José Augusto de Souza Peres ... (et al.). 3. ed. 14 reimpressão. São Paulo: Atlas, 2012.

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Notas

[1] Ao mencionar o referido jogo de linguagem, a autora faz referência aos estudos de Wittgenstein.
[2] Cabe salientar que os textos em outro idioma, que não o português, foram traduzidos pelos autores.
[3] Texto original: los factores extralingüísticos que determinan el uso del lenguaje, precisamente todos aquellos factores a los que no puede hacer referencia un estudio puramente gramatical.
[4] Texto original: las condiciones que determinan tanto el empleo de un enunciado concreto por parte de un hablante concreto en una situación comunicativa concreta, como su interpretación por parte del destinatario.
[5] Para Escandell Vidal (1996), Austin não falou sobre Pragmática em seus estudos, embora suas investigações sejam, hoje em dia, consideradas como dessa área.
[6] A: Oh, Paulina. É impossível tirar você da prisão.

B: Como é?

A: Estou brincando, ela sairá. Claro que sairá. Eu a tirarei da prisão.

[7] Tal pesquisa é intitulada “Análise dos atos de fala presentes em textos orais da série La casa de las flores sob a ótica da pragmática”.
[8] Paulina de la Mora, eu aceito casar com você novamente. Não deveria, mas... aceito.
[9] Eu prometo que farei de você a loira mais feliz do mundo.
[10] Texto original: la intención funciona como un principio regulador de la conducta en el sentido de que conduce al hablante a utilizar los medios que considere más idóneos para alcanzar sus fines.
[11] Também.
[12] Claro.
[13] Se algum dia minha floricultura estiver em perigo ou as flores desta casa deixarem de crescer, por favor, por favor, ligue para mim que eu virei e deixarei tudo em ordem.
[14] Bom, depois contamos o que aconteceu com a gente ontem à noite.
[15] Em seguida, tenho que contar a vocês o que aconteceu ontem à noite.
[16] Não posso abandonar ela assim. É minha responsabilidade como pai.
[17] Se você quiser, a gente vai a Palmar escutar Lola Flores, Rosario, Manuel Orellana o violão do Caitano, o que você quiser. Mas quando chegar o momento. Agora não.
[18] Bom, irmã, não se preocupe. Eu estarei com você. De alguma maneira, estarei lá.
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