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QUEM CONTROLA A INTERNET?
WHO CONTROLS THE INTERNET?
Revista de Psicologia, vol. 13, núm. 2, pp. 10-25, 2022
Universidade Federal do Ceará

Estudos Teóricos


Recepción: 17 Febrero 2022

Aprobación: 18 Mayo 2022

DOI: https://doi.org/10.36517/revpsiufc.13.2.2022.1

Resumo: Por meio deste estudo teórico, é possível constatar que a Internet, criada inicialmente como uma rede que possibilitaria o acesso e a descentralização da circulação de informação, a viabilização da comunicação e, consequentemente, o acesso de todos às plataformas de informação, negócios, serviços e redes sociais online, não é uma rede aleatória, e as suas propriedades de funcionamento nos obrigam a reavaliar a ideia geral, segundo a qual a rede seria um espaço de liberdade de expressão, justiça, democracia e transformação social. Atualmente são as grandes empresas de tecnologia digital quem têm dominado a arquitetura da rede e ditado a maneira como esta deve funcionar, ocupando, assim, um papel econômico e político em nossa sociedade. Isso porque a grande maioria dos serviços públicos e privados, assim com a vida de cada um, tem sido atravessada pelo digital, o que provocava mudanças nas organizações sociais e, consequentemente, nos modos de subjetivação contemporânea.

Palavras-chave: Internet, redes sociais online, política, subjetividade.

Abstract: Through this theoretical study, it is possible to verify that the Internet, initially created as a network that would allow the access and decentralization of the circulation of information, the viability of communication and, consequently, the access of all to information platforms, businesses, services and online social networks, it is not a random network, and its operating properties force us to reassess the general idea, according to which the network would be a space for freedom of expression, justice, democracy and social transformation. Currently, it is the large digital technology companies that have mastered the architecture of the network and dictated the way it should work, thus occupying an economic and political role in our society. This is because the vast majority of public and private services, as well as the lives of each one, have been crossed by the digital, which caused changes in social organizations, and consequently in the modes of contemporary subjectivation.

Keywords: Internet, online social networks, political, subjectivity.

Introdução

A Internet, rede que possibilita o acesso aos portais de informação, serviços público e privado, aplicativos financeiros e comerciais e o contatos entre seus usuários, hoje tão presente em nossas vidas, teve sua origem em um projeto político-bélico do governo americano. Este foi desenvolvido inicialmente sob as marcas dos movimentos sociais e políticos que ocorriam nas décadas de 1940, 1950, visto que muitos dos cientistas e pesquisadores civis envolvidos nesse projeto também trabalhavam nos centros universitários, marcados, nessa época, pelo movimento Contracultura.. O projeto contou posteriormente com o envolvimento dos primeiros hackers, seguida da contribuição da iniciativa privada, que também desenvolvia, em seus laboratórios industriais, pesquisas de tecnologia em computação e que via na rede a possibilidade de ganhos financeiros (Loveluck, 2018). Na década de 1990, participaram do processo de privatização da rede realizado pelo governo americano, comprando algumas das principais operações da rede.

Essa apropriação da Internet pela iniciativa privada e a tecnologia desenvolvida desde então se aprimorou e, atualmente, é capaz de oferecer serviços e produtos ao navegador, bem como indicar perfis de pessoas para serem amigos online, logo após algum tempo de navegação do internauta na rede. Isso ocorre graças à arquitetura da Internet, aos algoritmos desenvolvidos que coletam todas as informações do usuário, o que demonstra que esta não funciona tão livremente como alguns imaginam. Essa arquitetura, de certa maneira, contribui para o convívio em bolhas, a alienação entre os membros destas e, consequentemente, para a resistência em conviver com a alteridade, bem como colabora para uma maior aparição dos discursos de ódio, racismo, xenofobia, machismo, entre outros. A tecnologia desenvolvida a partir da Internet se faz tão presente em nosso cotidiano que, muitas vezes, não nos damos conta, não percebemos, como ela, sutilmente, vem provocando mudanças na maneira como nos informamos e nos comunicamos, nos organizamos economicamente, politicamente e socialmente.

A Rede Não Funciona Aleatoriamente

A Internet foi pensada inicialmente como uma rede que possibilitaria o acesso e a descentralização da circulação da informação, a viabilização da comunicação e, consequentemente, o acesso de todos às plataformas., redes sociais e serviços online, dentre outros. No entanto, a rede que usamos atualmente não é bem como os ciberneticistas idealizaram, visto que esta não funciona aleatoriamente e as suas propriedades de funcionamento nos obrigam a reavaliar a ideia geral, segundo a qual a rede seria um espaço de liberdade de expressão, justiça, democracia, etc. Isso porque a topologia da Internet permite que apenas uma ínfima parte dos bilhões de documentos que a compõem sejam vistos (Barabási, 2002), e a navegação do internauta é constantemente monitorada por algoritmos (Loveluck, 2018; Morozov, 2018).

É de se supor, portanto, que o processo de privatização da Internet, iniciado a partir dos anos 1990, tal como nos referimos anteriormente, tenha sido implicitamente marcado por uma derrota daquelas posições dos egressos da Contracultura que a concebiam como uma possibilidade de ampliação dos espaços de democratização social e transformação da realidade para um mundo mais justo e equitativo. Se por um lado a rede não foi explicitamente configurada para ser apenas mais um instrumento do complexo militar-industrial ou de cumprir as previsões sombrias de Norbert Wiener (1954) de que os líderes políticos poderiam controlar a população manipulando o fluxo de informações, por outro lado também foram sepultadas as esperanças de que as posições mais democratizantes e equitativas fossem consumadas.

O fato de que ela tenha sido apropriada pelo mercado capitalista no processo de sua privatização leva a crer que, a partir dos anos 1990, as discussões sobre as implicações sociais de sua arquitetura tenham sido substituídas pelo interesse e pelas necessidades da nascente indústria da informação, ou de como as grandes empresas de tecnologia, proprietárias de serviços online e tecnologia de mídia social online poderiam controlar os fluxos de informação em benefício do processo de acúmulo de capital. Em igual sentido, uma vez que o Estado havia abdicado da possibilidade de usar esse mesmo controle dos fluxos no sentido de controlar sociedades e indivíduos, e ou de usá-la para o bem comum de todos, abriu-se a possibilidade de que o processo de acumulação de capital propiciado pelo controle dos fluxos por parte das empresas fosse acrescentada a capacidade delas em exercer um poder político oriundo da rede. Ou seja, o funcionamento da rede paulatinamente passou a ser determinado em função do mercado de consumo que, por sua vez, é dominado pelas grandes empresas que surgiram para manejar e controlar o fluxo da informação, assim como para sugestionar o conteúdo e ou produto a ser consumido pelo navegador. Atualmente esse fluxo é dominado por um número reduzido de hubs., que acabam desempenhando um papel decisivo na rede, de modo a direcionar o que o usuário irá acessar.

De acordo com Barabási (2002), a rede funciona como uma “teia sem aranha, auto-organizada, na qual a hierarquia de hubs assegura a coesão da estrutura” e que os nós com aptidão mais elevada são conectados com maior frequência (Barabási, 2002, p. 88). No entanto, precisamos trabalhar com as hipóteses de que esta não funciona aleatoriamente e de que, afinal, os proprietários desses hubs sejam as “aranhas” que organizam a hierarquia estruturante da rede. Um usuário pode acessar a Internet e até criar um blog, mas se esse blog não for conectado com outros sites e blogs, provavelmente não será acessado, pois os robôs que fazem as leituras, coletam os dados e os enviam aos usuários realizam a coleta de dados dos sites . blogs mais visitados, isto é, com maior conectividade com outros links(Barabási, 2002).

Dessa maneira, ocorre uma clusterização. na rede, ou seja, um hub (Google, ou Amazon) está conectado a vários links., e esses links são acessados por estarem ligados a outros links e por fazerem parte de um hub. Um link com poucas conexões com outros links praticamente não aparecerá ao usuário quando este fizer sua busca no Google (Barabási, 2002). O internauta, apesar de acessar e até de compartilhar conteúdos e de ter seu próprio link, não terá muitas visitas e acessos à sua produção se o seu link estabelecer poucas ligações com outros links.

A existência desses hubs e a evidência de que são eles que, de fato, controlam os fluxos de informação na rede são uma demonstração de que a “Web não seria fundamentalmente igualitária, mas em vez disso, seja dominada por um número reduzido de hubs, que desempenham um papel decisivo (tais como Amazon, ... [ou Google]) e por formas de distribuição bastante desiguais” (Loveluck, 2018, p. 206). Lessig (1999, p. 04, tradução nossa), além de deixar claro que o “ciberespaço, por si mesmo, não cumprirá as promessas de liberdade”, as quais seus criadores imaginavam, afirma que esta pode ainda tornar-se uma ferramenta perfeita de controle, pois a “arquitetura da rede irá aprimorar o controle e permitirá uma regulamentação extremamente eficaz” (Lessig, 1999, p. 04, tradução nossa). Flichy (2001) concorda em parte com Lessig (1999), pois, apesar de ter percebido que a rede não é assim tão democrática como todos tendem a acreditar, para ele a arquitetura da web é produto de dois substratos igualmente importantes: o código e as ações humanas coletivas que se aproveitam do código. Flichy parece acreditar que as ações dos internautas possam interferir na maneira como a rede funciona, no entanto, é importante destacar que o usuário da Internet não tem poder de mudar o código, ou melhor, a arquitetura de funcionamento da rede.

Para alguns estudiosos como Lessig (2006), Lanier (2018) e Loveluck (2018), a atual arquitetura da rede e o seu funcionamento avaliam os internautas permanentemente, considerando tanto a sua presença na rede quanto a atenção que esses dão a determinado conteúdo. Há, inclusive, uma “análise dos movimentos musculares faciais automatizados [dos] consumidores, detectados por meio de sistemas de vigilância por vídeo acoplado a sistemas de análise algorítmica, a fim de detectar suas emoções como prazer, interesse, tédio, nojo”, etc. transformando tudo que é captado sobre o internauta em data base(Rouvroy & Berns, 2010, p. 11, tradução nossa).

E é por isso que as “manifestações ativas e performáticas da identidade são incentivadas pelos grandes atores da web na medida em que elas lhes permitem ... conhecer em melhores condições os seus usuários, além de engendrarem substanciais lucros a partir dessas informações” (Loveluck, 2018, p. 211). O fato de que parte dos dados pessoais coletados “não lhes foi confiada explicitamente, mas coletadas e armazenadas pelo serviço” (Loveluck, 2018, p. 211) e apanhados sem permissão ou conhecimento do navegador é uma demonstração de que a rede construída “aleatoriamente” pelos hubs está cumprindo um duplo papel: o de criar artificialmente os caminhos por meio dos quais as conexões serão feitas (orientando, portanto, os fluxos em um determinado sentido) e o de, ao mesmo tempo, coletar informações pessoais sobre os que acessam a rede.

Longe de ser uma rede auto-organizada e sem direções pré-fixadas, ela está atualmente configurada como uma rede onde os fluxos organizados e hierarquizados estão em função dos interesses comerciais e do poder dos hubs que a controlam, ou melhor, que controlam a permanente construção da sua arquitetura. Um hub pode, por isso mesmo, não somente orientar o sentido da navegação do usuário, mostrando a ele apenas o que interessa ao próprio hub, como, ao mesmo tempo, detectar e analisar todos os movimentos dos usuários ao longo da navegação. Consequentemente, é possível ao hub transformar cada movimento do usuário na rede em uma informação útil para o mercado de consumo ou para o acúmulo de poder. Isso porque tais dados, extraídos na maior parte das vezes sem o conhecimento e o consentimento dos navegadores, podem e são comercializados pelos proprietários dos hubs para empresas e grupos que tenham interesses comerciais e ou políticos.

O funcionamento do Google, por exemplo, demonstra como o internauta é levado a ver o que a plataforma lhe exibe por meio das informações que ela coleta e armazena sobre o navegador. Os dados deste são adquiridos graças aos algoritmos que foram programados para “filtrar, classificar e priorizar a informação – e que são baseadas na coleta prévia dos vestígios deixados pelos usuários” (Loveluck, 2018, p. 221), ou seja, nada passa desapercebido ao algoritmo, tudo é coletado, contabilizado, classificado e armazenado. E é a partir dos processos de coleta, análise, classificação e armazenamento desses dados recolhidos que a ferramenta de busca do Google aprimora a experiência de navegação particular de cada pessoa que o acessa e pode fazer o direcionamento da pesquisa. Sem prejuízo para o movimento de direcionamento da pesquisa, o Google também pode usar esses mesmos dados para influenciar as decisões de consumo e o discurso do navegador em seu meio social.

Esse “modelo de captação pode ser generalizado para outros atores da web, tais como as redes sociodigitais e nomeadamente o Facebook(Loveluck, 2018, p. 221) e todos os dados coletados podem ser comercializados (Hiller, 2014; Han, 2018; Morozov, 2018). A partir dos algoritmos é possível também que dois internautas, ao pesquisarem no Google sobre um mesmo tema, aparecer-lhes conteúdos diferentes, como demonstrado por Eli Pariser (2011), ao exibir o exemplo de dois navegadores ao realizarem uma consulta com a palavra Egito. Para um, apareceram sites de turismo no Egito e, para o outro, foram expostos dados sobre as questões políticas que ocorriam naquele momento no país. Pariser (2011) classificou esse fenômeno como “bolha de filtragem” (filter bubble).

Isso não ocorre apenas no Google, mas em outros sites e plataformas, como no Amazon, em aplicativos de redes sociais como Facebook, Instagram, entre outros, em que aparecem na página do navegador apenas temas e conteúdos relacionados com suas últimas pesquisas e grupos sociais online dos quais participa.

Marck Zuckerberg, em 2011, chegou a revelar que, dependendo do perfil do usuário, o algoritmo pode mostrar a ele “um esquilo moribundo a frente da casa do internauta, caso isso correspondesse mais aos interesses momentâneos do internauta, do que a morte de pessoas na África” (Pariser, 2011.p15). Ou seja,

São os motores de busca e os múltiplos tipos de avaliação da internet que hierarquizam a visibilidade das informações, trazendo à tona determinados

comentários e, ao mesmo tempo, ocultando outros. Ao decidir o que deve ser visto, eles estimulam ou desencorajam o confronto e a discussão, participam da construção da agenda pública e selecionam

os bons interlocutores (Cardon, 2013, p. 4, tradução nossa).

Essa forma de operação demonstra como essas plataformas podem ser usadas para induzir e/ou impedir determinados comportamentos e discursos, haja vista que as visões do internauta são “suavemente reforçadas, exceto quando você é apresentado às mais irritantes versões de visões opostas, conforme calculado por algoritmos. Suave ou selvagem: o que for mais eficaz para manter” a atenção do internauta (Lanier, 2018, p. 102). “Os algoritmos da Bummer. gravitam intrinsecamente no sentido de encurralar as pessoas dentro de bolhas, porque engajar um grupo é mais eficaz e econômico do que fazer isso com uma pessoa de cada vez” (Lanier, 2018, p. 102-103). Assim, o “debate se reduz a uma espécie de mercado de ideias” (Vedel, 2003, p. 14, tradução nossa), uma vez que os usuários têm suas perspectivas propositalmente limitadas, e isso pode também mudar a maneira como estes convivem com o outro, pois as poucas perspectivas contribuem para as dificuldades em aceitar e lidar com o outro, com aqueles que não compartilham os mesmos ideais. Alienados aos seus ideais e vinculados aos demais membros das bolhas online, das quais participam, por meio de uma identificação imaginária (Lacan, 1938, 1949), isto é, da vinculação com este outro, com os quais compartilham os mesmos ideais e em alguns casos, por meio de uma identificação simbólica, ou seja, uma identificação com os traços de um mesmo líder (FREUD, 1921), que é percebido na posição de Ideal de eu. Esses, muitas vezes, recusam-se a aceitar a alteridade e chegam a atacar o outro, o qual não reconhecem e, por conseguinte, não respeitam, por meio do discurso de ódio nas redes (Lemos, 2018) e nas ruas, como ocorrido durante as eleições de 2018..

Kaufman (2020, p. 102) argumenta ainda que “os sistemas inteligentes das plataformas não visam, preferencialmente, a oferecer o conteúdo de melhor qualidade aos seus usuários, mas maximizar seu tempo de permanência na plataforma, promovendo e ampliando ao máximo as interações por meio de curtidas, compartilhamentos e comentários.” Afinal, quanto mais tempo de interação nas redes, mais dados são gerados e coletados pelos algoritmos, favorecendo os negócios gerados a partir de data base (Kaufman, 2020). Alguns internautas chegam a reclamar de uma fadiga online causada pelo longo tempo de conexão. De acordo com Morozov (2018, p. 166), “essa fadiga pode ser explicada como uma consequência natural dos modelos extrativistas de dados adotados pelos provedores das plataformas”, afinal foram esses que “projetaram os sistemas para nos distrair ao máximo”. Eles escavam a psique dos navegadores, “tal como as empresas de petróleo escavam o solo; e os dados seguem jorrando de nossos reservatórios emocionais (Morozov, 2018, p. 166). Isso indica que elas, além das coletas de dados fornecidos pelo usuário, conseguem também capturar o que o sujeito pensa não ter revelado e usa esses dados, esses traços, despercebidos pelo usuário, mas rapidamente percebidos e capturados pelos algoritmos, para mantê-lo mais tempo conectado, ou poderíamos dizer, para induzi-los a permanecerem em sua rede, preso a sua teia de ilusão.

Parece evidente que o universo digital no qual todos navegamos hoje tenha plenamente incorporado em sua arquitetura os desígnios e as necessidades do mercado de consumo global capitalista criado a partir de sua ascensão. Evgeny Morozov (2018) defende, inclusive, que estamos assistindo à formação de um sistema “neofeudal”, uma vez que “as grandes empresas de tecnologia desempenham o papel de novos senhores que controlam quase todos os aspectos de nossa existência e definem os termos do debate político e social mais abrangente” (Morozov, 2018, p. 161).

Shoshana Zuboff (2020) afirma que estamos vivendo uma era em que o capitalismo depende da exploração e do controle da natureza humana, via Internet e seus derivados, e não mais da natureza e seus recursos, como na era do capitalismo industrial e nomeia esse momento histórico de “Era do Capitalismo de Vigilância”. Para esses autores, os internautas e seus sentimentos são a matéria-prima que alimenta esse sistema. Muitos não têm consciência disso, não sabem que são uma presa no emaranhado das teias dos hubs, os verdadeiros representantes do capitalismo, e que os alimentam com seus dados, com a demonstração de seus afetos na rede e com o seu tempo investido em várias horas de navegação.

No caso dos países totalitários, os navegadores e seus discursos são alimentados pelo sistema político implantado por meio de uma parceria público-privada e nas sociedades capitalistas, são as empresas de tecnologias e mídias digitais online que dominam e ditam como a rede deve funcionar, criando, de certa maneira, um novo sistema. político nas sociedades democráticas, uma vez que elas têm dominado não apenas o mercado (Castells, 2013), mas têm, também, provocado mudanças nos processos eleitorais em países democráticos (Montesanti, 2018; O’Neil, 2020), na economia, nos meios de comunicação e informação, na oferta de serviços púbicos e privados, nas relações sociais e culturais, de modo a fomentar, assim, uma nova subjetividade.

De acordo com Lacan (1938, p. 29), a “espécie humana caracteriza-se por um desenvolvimento singular das relações sociais, sustentado por capacidades excepcionais de comunicação mental e, correlativamente, por uma economia paradoxal dos instintos” e sua “conservação e o seu progresso, por dependerem de sua comunicação, são acima de tudo, uma obra coletiva e constituem a cultura” e “esta introduz uma nova dimensão na realidade social e na vida psíquica”. Ou seja, a “subjetividade ocorre na relação da cultura e da instituição (em particular a linguagem), no cruzamento entre o corpo biológico e o social” (Gaspar; Silva Junior, 2014, p. 93). E é por isso que, ao estudarmos a história de um povo, de um país, vamos perceber subjetividades diferentes, pois elas se constituem atreladas aos costumes, aos hábitos, ao dialeto, ao modelo político e econômico que o sujeito vivencia.

Assim, podemos, ao analisar a presença da Internet, da tecnologia desenvolvida a partir desta, da maneira como é usada; da mídia digital e as relações via aplicativos de redes sociais online, perceber que a presença desta em nossa sociedade, em nosso cotidiano, tem provocado novas maneiras de comunicação social, de acesso à informação e novos meios de organização política, social e econômica (Castells, 1999, 2003, 2013). Ou seja, ocorreu uma apropriação e um uso da rede em âmbito coletivo, mas também individual, o que ilustra uma tentativa de uso da rede não apenas como meio de mobilização política, social e econômica, de comunicação, informação e entretenimento, mas de agenciar um discurso e conseguirem, assim, ser protagonistas de sua própria história. (Nemer, 2021).

São exemplos dessas mudanças: a exibição da vida privada nas várias redes sociais online por parte de alguns navegadores, bem como a comunicação com os amigos por essas redes; o grande número, no Brasil, de usuários dos aplicativos de mensagens como WhatsApp, que é usado não apenas como um meio de contactar com o outro, mas como ferramenta política, como vimos nas eleições de 2018, em que um dos candidatos, com menor tempo de televisão, elegeu-se realizando a maior parte de sua campanha apenas nas redes sociais; o número de pessoas que preferem a comunicação por mensagens por meio das redes sociais online e ou aplicativos a ligações telefônicas (Naísa, 2019) e até a viabilização de um ganho financeiro com vídeos engraçadinhos como os que ocorrem no TikTok e ou vídeos do YouTube; os negócios e transações comerciais, assim como o acesso aos serviços públicos e privados e a nova forma de organização dos movimentos sociais, como as Jornadas de Julho de 201, que aconteceram em várias cidades do Brasil e foram organizadas através das redes sociais online.

Essa apropriação e ampliação do uso individual e coletivo da Internet em nosso dia a dia e o lugar ocupado por tal tecnologia em nossa sociedade, tem provocado mudanças subjetivas nos modos de interação entre os usuários da rede, bem como com as instituições públicas e privadas, principalmente em relação ao stablishment político, visto que elas têm sido marcadas pela relação individualista entre cidadão e político, estabelecendo uma relação mais personalista e enfraquecendo, de certa maneira, as instituições políticas tradicionais (Miguel, 2013; Fratini, 2020).

O Valor do Acesso “Gratuito”

O navegador aparentemente tem acesso gratuito às plataformas, páginas e blogs que existem na Internet. Porém, para acessá-las nas redes sociais online e ou nos aplicativos, é necessário que ele faça um cadastro prévio ou crie uma página, ou seja, o usuário precisa fornecer informações sobre si em um contexto do qual ele não tem controle (Lessig, 2006).

Um estudo realizado na Universidade de Maryland, em 2011, revelou que, em vez de se “analisar o conteúdo das listas dos usuário (programas de TV favoritos, atividades e música, entre outros)”, os “‘metadados’ – como a quantidade de informação compartilhada – acabaram se revelando muito mais úteis e preditivos do que os originais dados brutos”, o que demonstra como o escore de um usuário prediz “um traço de personalidade com a precisão de pouco mais de um décimo do seu valor real” (Zuboff, 2020, p. 312).

Outro estudo realizado em 2013, por Kosinski, Stillwell e Graepel (citado por Zuboff, 2020, p. 314), mostrou que as curtidas do Facebook “podiam estimar de forma automática e precisa uma ampla gama de atributos pessoais que os usuários em geral acreditam ser privados”, como “orientação sexual, etnia, opiniões políticas e religiosas, traços da personalidade, ..., grau de felicidade, uso de substâncias que causem dependência, separação entre os pais de uma criança, idade e gênero”. A captura desses dados e desses traços que indicam algo da subjetividade do navegador ocorre porque as grandes instituições de tecnologia da Internet, como Google, Facebook, Microsoft, entre outras, usam softwares especializados criados para

vasculhar rostos, vozes, gestos, corpos e cérebro, tudo isso capturado por sensores ‘biométricos’ e ‘de profundezas’, muitas vezes associados a câmeras

tão pequenas que chegam a ser imperceptíveis, ‘discretas’. O complexo de inteligência de máquina é treinado para isolar, capturar e renderizar os comportamentos mais íntimos

e sutis, desde uma piscadela involuntária até um maxilar que se abre de surpresa por uma fração de segundo. Combinações de sensores e software podem reconhecer e identificar rostos;

estimar a idade, a etnia e o gênero; analisar a direção do olhar e piscadas dos olhos; e acompanhar determinados pontos faciais para interpretar ‘microexpressões’, movimentos oculares,

emoções, estados de espírito, tensão, decepção, tédio, confusão, intenções e mais: tudo na velocidade da vida (Zuboff, 2020, p. 324).

Todos esses dados são usados para aumentar a permanência do navegador nas páginas e blogs, o que amplia a captura de dados deste, assim como para encaminhar o melhor anúncio e ou publicações a cada navegador e, consequentemente, estimular o seu consumo, seja de produtos ou de informações. É com base nesses metadados que o Facebook e outras páginas conseguem ajustar o anúncio à privacidade do internauta. E é por isso que Mark Zuckerberg anunciou, em 2010, que privacidade não era mais uma norma social e que os internautas deviam se adaptar às mudanças (Facebook ‘dark ads’ can ..., 2010), isto é, o navegador deve aceitar que tudo o que faz na rede possa ser coletado, armazenado, analisado pelos provedores do serviço e/ou páginas acessadas online.

A defesa da não privacidade dos internautas chama a atenção e preocupa alguns internautas e pesquisadores, dentre esses a filósofa Carissa Véliz. Esta afirma que “a privacidade é importante porque a falta dela dá aos outros imenso poder sobre nós. Quando outras pessoas sabem muito sobre nós, elas podem interferir em nossas vidas. A privacidade nos protege do poder, ... nos protege contra a discriminação” (Véliz, 2020, p.3 - 4). E cita como exemplo, o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, do uso dos dados de registros públicos efetuado pelos nazistas à procura de judeus.

Segundo a autora, na “França, onde o censo não coletou informação sobre religião por motivos de privacidade, eles [nazistas] encontraram e mataram 25% da população judia ... [e] na Holanda, onde existiam registros detalhados de domicílios, religião, eles encontraram e assassinaram cerca de 75% da população judia” (Véliz, 2020, p. 3 - 4.). Ainda de acordo com ela, se os navegadores são tratados de acordo com os dados (mulher, homem, empregado, desempregado, entre outros) coletados pelos algoritmos, “não somos tratados como cidadãos iguais” e defende que a privacidade deva ser uma preocupação não apenas individual, mas política (Véliz, 2020, p.3 - 4). Isso porque o usuário não tem o poder sobre o funcionamento da rede, assim como não pode decidir como seus dados serão usados, correndo o risco de esses últimos serem, inclusive, usados de uma maneira que o prejudique (Clavell, 2015).

Apesar do preço pago pela gratuidade, Flichy (2001) acredita que os fóruns criados para o público em geral ainda mantêm a característica inicial da rede e podem desempenhar um importante papel para disseminar informações relevantes, uma vez que o navegador é, ao mesmo tempo, produtor e consumidor de informação, podendo publicar e acessar conteúdos e produtos variados que circulam pela rede, por meio de sites, blogs e redes sociais. Já para Barabási (2002), a rede deixou de ser um espaço de apenas acesso à informação e passou a ser mais um lugar conquistado pelos empresários, quando perceberam as possibilidades de comércio que poderiam realizar na Internet.

A arquitetura inicial da Internet foi desenvolvida por uma geração não comercial - pesquisadores e hackers, focados na construção de uma rede; já a segunda geração foi construída a partir do interesse comercial, da defesa da liberdade dos fundadores e da insistência no “direito de um espaço sem lei” (Zuboff, 2020, p. 122), ou melhor, na liberdade das grandes instituições privadas de tecnologia que atuam na rede e que estes possam ditar como ela deve funcionar.

Essa diferença de idealização, interesses e objetivos, primordialmente comerciais, determina a diferença entre a rede inicial e a rede que hoje acessamos. De acordo com Lessig (2006, p. 04, tradução nossa), essa “mão invisível, empurrada pelo governo e pelo comércio, está construindo uma arquitetura que irá aperfeiçoar, controlar e possibilitar uma regulação altamente eficiente” da rede e consequentemente de quem a usar. E o ciberespaço deixado por si próprio “tornar-se-á uma perfeita ferramenta de controle”, pois a sua mão invisível está “construindo uma arquitetura que é exatamente o oposto do que era quando surgiu” (Lessig, 2006, p. 04, tradução nossa).

Aparentemente vem acontecendo o que Wiener já denunciava em 1954, mas com uma pequena diferença: ele tinha medo do controle que o Estado poderia fazer, no entanto, o quem vem controlando e enriquecendo no Ocidente é um grupo pequeno, mas forte, de empresários que controlam o funcionamento da rede. Lessig (2006, p.4, tradução nossa) chama a atenção ao afirmar que a “luta neste mundo não será pelo governo, será para garantir que as liberdades essenciais sejam preservadas neste ambiente de controle perfeito”.

Embora cada acesso à rede não seja gratuito e ainda que exista a coleta e o uso de dados dos usuários pelas plataformas e ocorra a sugestionabilidade de conteúdo, é possível constatar que alguns navegadores e representantes de alguns movimentos sociais com pouca e ou sem lugar de voz na sociedade também conseguiram um lugar de voz na Internet (Nemer, 2021). Apesar desse novo lugar de organização, mobilização e expressão, eles não estão entre os que ganham financeiramente com a rede e nem são os que direcionam o conteúdo que irá ser exibido ao navegador em suas buscas. E infelizmente sua realidade social mudou muito pouco e, em alguns casos, houve um aumento das “tensões políticas” (Miguel, 2003, p. 123).

Não obstante, é preciso reconhecer a importância desse espaço ocupado por tais grupos, visto que muitos têm conseguido pelos menos denunciar e dar visibilidade aos maus tratos e às discrepâncias sociais da nossa sociedade, assim como há quem consiga mobilizar e deixar claro a necessidade de mudanças sociais, econômicas e políticas, além de criarem uma rede de apoio entre seus membros e colaboradores.

Algumas Considerações

Poderíamos, aqui, após vermos como atualmente a Internet funciona e por quem é gerida, nos perguntarmos, se, de certa maneira, não estamos vivendo na Matrix, mas com uma pequena diferença: não alimentamos a rede, o sistema, com o sangue humano, retirado durante o sono e o sonho induzido, como no filme das irmãs Wachowski, mas por meio do acesso às redes, visualizando, publicando, compartilhando, comentando e curtindo. Isso porque são os navegadores que dão vida às redes e, consequentemente, fornecem dados que os algoritmos usam posteriormente para induzir não apenas a navegação e produtos a serem consumidos, mas também até os discursos que esses proferem nas redes e fora delas. Afinal, para acessar esses serviços, sempre oferecem dados, ainda que não percebam, como a localização geográfica, a comida preferida. E mesmo as pessoas que não utilizam algum aplicativo e/ou serviço online, os que não acessam a rede diretamente, são atravessados por ela, visto que os vários serviços públicos e privados acessados por tais usuários fazem uso da tecnologia atual por meio da Internet.

O usuário, ao fazer uso da rede e seus derivados, não está apenas tendo seus dados coletados e recebendo publicações direcionadas, mas está, também, sutilmente mudando sua linguagem, seu modo de se comunicar, interagir com o outro, de se informar, de ser organizar econômica, política e socialmente.

A maneira como os algoritmos e todo aparato criado para captar e capturar informações do usuário, indo do comportamento aparente, aos seus laços sociais, seu discurso e até aquilo que não sabe bem que deseja, mas que o algoritmo lhe dá sinais de que deseja, ou seja, essa arquitetura de funcionamento consegue perceber traços muito particulares do usuário, do que muitas vezes não foi revelado a ninguém e, dessa forma, direcionar os conteúdos a este, de certa maneira cerceando a sua liberdade. Isso evidencia que a navegação do internauta na rede não ocorre de maneira tão livre como se supõe. Esse ponto nos suscita a seguinte interrogação: _Será que, na rede, somos livres mesmo? Ou somos livres para escolher dentre aquilo que já nos foi previamente ofertado? Christian Dunker (2021, p. 15) chega a perguntar: _Nas redes, podemos “escolher livremente mudar de querer? Eis aqui mais uma questão para nós, pesquisadores da área.

Esse poder de manter o navegador em um imaginário, por meio do conteúdo direcionado, das predileções, do convívio nas bolhas, contribuindo para que o eu - que se constitui por uma multiplicidade de identificações, que ocorre ao longo da vida do sujeito (Freud, 1923; Lacan, 1949) - mantenha-se ainda mais alienado, quase sempre ao que já se identifica, inviabilizando uma relação de alteridade entre os sujeitos. Esse fortalecimento da alienação do eu pode contribuir para o fortalecimento dos discursos conservadores, racistas, xenófobos, agressivos, de desrespeito e até a recusa em reconhecer o outro em sua singularidade, de forma a dificultar, assim, o convívio com o outro, com o estranho e até mesmo com o familiar, que causa estranheza ao exibir suas pequenas diferenças (Freud, 1930).

Outra questão que chama a atenção e que merece um olhar atento diz respeito ao uso político da rede por defensores do fascismo, das posições sectárias, racistas, xenófobas e agressivas. Em muitos momentos, esses discursos conservadores e até agressivos saem das redes e vão para as ruas como temos visto, principalmente, em períodos eleitorais e são usados não apenas entre os indivíduos, mas também para fins políticos, em que líderes se aproveitam da arquitetura da rede a fim de polarizar as discussões. Infelizmente, com isso, potencializam e até aumentam a agressividade e a violência entre os sujeitos de um dado lugar e ou posição social, política, econômica, cultural, etc.

Pensando nessas questões, existe uma defesa de que a Internet, os provedores, as páginas, os aplicativos, os sites, os blogs, as redes sociais online funcionem a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos (Carta de Direitos Humanos e princípios para Internet, 2015) e sejam “suscetível de ser investida pelo poder público” (Loveluck, 2018, p. 169).

É importante assinalar, ainda, que há uma diferença entre o capitalismo e a tecnologia (Zuboff, 2020), e que é a tecnologia digital (Goldberg & Akimoto, 2012) que vem sendo usada pelo capitalismo como mais um meio de ganhos financeiros e de poder político. Isso se dá em razão de que as empresas de tecnologia digital têm sido as responsáveis pela arquitetura atual da rede, concentrando, assim, um grande poder na mão de um pequeno grupo de empresários de tecnologia digital.

Diante das análises feitas neste breve estudo, ousamos sinalizar, mas não concluir, que parece um pouco difícil mudar de querer, mudar de vontade no convívio das redes sociais online. E chamamos a atenção para a importância em pensarmos e estudarmos a rede, a sua arquitetura, a implicação dela em nossas vidas, na subjetividade contemporânea, não apenas para entender seu funcionamento, mas para encontrarmos meios de podermos continuar a usar a tecnologia, mas com uma nova arquitetura, uma rede que fomente o diálogo, o convívio com o outro, com outras culturas, outros discursos e a viabilização de novos laços sociais.

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