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Qualidade da Educação e Educação de Qualidade
Daniela da Costa Britto Pereira Lima; Kátia Morosov Alonso; Celia Maria Haas
Daniela da Costa Britto Pereira Lima; Kátia Morosov Alonso; Celia Maria Haas
Qualidade da Educação e Educação de Qualidade
EccoS Revista Científica, núm. 51, 2019
Universidade Nove de Julho
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Dossiê 51 - Qualidade da Educação e Educação de Qualidade

Qualidade da Educação e Educação de Qualidade

Daniela da Costa Britto Pereira Lima
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Kátia Morosov Alonso
Universidade Estadual de Campinas, Brasil
Celia Maria Haas
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
EccoS Revista Científica, núm. 51, 2019
Universidade Nove de Julho

No encerramento de um ano conturbado para o encaminhamento dos temas sociais e educacionais do país, em função de fortes mudanças na realidade sociopolítica nacional e internacional e em meio a processos intermediários de avaliação das publicações científicas e dos programas de pós-graduação realizados pelas autoridades educacionais, EccoS cumpre com sucesso, mas não sem dificuldades, o projeto de instaurar a periodici- dade trimestral e manter a qualidade editorial da revista. Mesmo com significativas mudanças políticas e seus correspondentes impactos em termos de mudanças editoriais, e a decisão de interromper a submissão de novos textos às seção Artigos, o balanço final é bastante positivo: o ano termina com mais de setenta trabalhos publicados; os processos editoriais de revi- são cega e por pares mantiveram-se respeitados; o corpo de pareceristas ad hoc integrou pesquisadores espalhados por outras e mais variadas latitudes, o mesmo ocorrendo com as autorias dos textos, em que pesquisadores estrangeiros de tantos outras sedes acadêmicas deram a conhecer suas realidades no campo da pesquisa educacional, ampliando o intercâmbio propiciado pela revista.

De igual maneira, inaugurou-se uma prática que vem se tornando recorrente e benéfica em nome da interação científica entre programas de pós-graduação: a coordenação de dossiês, previamente aprovados pelas instâncias editoriais da revista, a partir de propostas de pesquisadores de outras instituições e outras nações, promovendo decisivo intercâmbio institucional, ademais da internacionalização requerida às publicações científicas. É assim que veio à luz o dossiê: “Universidade, Ciência e Tecnologia e Mobilização do Conhecimento” (abr./jun.2019), coordenado por Judith Naidorf, da Universidade de Buenos Aires, em parceria com Ivanise Monfredini, da Universidade Católica de Santos, SP, trazendo o debate acumulado no âmbito do Grupo de Trabalho do Conselho Latino- Americano de Ciências Sociais de mesmo nome. E é assim que publicamos, neste número, o dossiê: “Educação de Qualidade e Qualidade da Educação”, que segue apresentado.

Dossiê

Tanto no Brasil quanto em outros países, o tema da qualidade associada à educação tem sido objeto de estudos e pesquisas tendo como foco diversos vieses: avaliação, regulação, supervisão, gestão, dentre outros. Porém, o tema da qualidade da educação – e/ou da educação de qualidade – sempre se faz com base em uma de duas linhas: uma concepção de qualidade total de cunho empresarial-economicista e neoliberal, outra denominada qualidade social, orientada por uma lógica contra-hegemônica ao desenvolvimento excludente perpetrado pelo capital. (COSTA; SILVA, 2015)

Destaca-se que, no cenário comercial e no campo econômico, o conceito de qualidade faz uso de parâmetros de comparabilidade, medidas e níveis mensuráveis, padrões, rankings, testes e estandardização próprias do âmbito mercantil (SILVA, 2009). Por sua vez, a qualidade social fundamenta-se em práticas de políticas democráticas, de responsabilidade do Estado e de participação representativa e significativa da comunidade nos processos de tomada de decisão e de controle social. Não se restringe a fórmulas matemáticas nem a medidas lineares, analisada que é no contexto de aspectos intra e extra institucionais. (DOURADO; OLIVEIRA, 2009; SILVA, 2010)

Diante desse quadro, que impõe desafios importantes às políticas, práticas e avaliações no campo da educação, no país e fora dele, as coordenadoras deste dossiê propuseram a EccoS o debate da temática que rela- ciona Qualidade e Educação no sentido de se avançar em relação às linhas antes mencionadas, buscando contribuições de pesquisadores brasileiros, de Espanha e de Portugal. De partida, a proposta vale-se de pesquisas desenvolvidas pelas professoras Daniela da Costa Britto Pereira Lima, da Universidade Federal de Goiás, e Kátia Morosov Alonso, da Universidade Federal do Mato Grosso, que contaram com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); de mesmo modo, orientam-se pelos resultados acadêmicos das investigações levadas a efeito pelo Grupo de Pesquisa: Políticas, Avaliação e Gestão, da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), representado neste dossiê pela Profa. Célia Haas. As três professoras constituíram o grupo coordenador da seção Dossiê Temático nominado “Qualidade da Educação e Educação de Qualidade”.

Os estudos e pesquisas que aqui se apresentam, na forma de artigos vazados em pesquisa empírica e ensaios de contribuição teórica, indicam os diferentes movimentos e dinâmicas que se desenvolvem em relação ao tema, pontuando uma perspectiva crítica em que a educação é vista como prática, direito social e ato político (FREIRE, 1987). Num olhar mais generalista, podemos vislumbrar as diversas temáticas apresentadas no nosso dossiê na nuvem de palavras que representa a amplitude dos estudos publicados e seus viéses:



Figura: Nuvem de palavras recorrentes nos trabalhos do dossiê
Fonte: Elaborado pelas organizadoras.

De forma mais detalhada, nosso dossiê contempla essas temáticas nos trabalhos que apresentamos a seguir. O artigo de Luísa Cerdeira, Belmiro Gil Cabrito e Pedro Ribeiro Mucharreira, intitulado O crescimen- to do ensino superior no Portugal democrático: evolução da pós-graduação e da produção científica, apresenta dados oficiais de Portugal e de organismos multilaterais para analisar a expansão da pós-graduação e da produção científica no país, contribuir com elementos importantes para identificar a qualidade tendencial e futura da educação lusitana.

No artigo Qualidade e educação a distância: do referencial teórico à sua proposição, Daniela da Costa Britto Pereira Lima e Kátia Morosov Alonso apresentam denso levantamento bibliográfico nacional e internacional que trata de referencial teórico sobre a qualidade social da educação a distância, propondo dimensões e indicadores para as instituições de educação superior que desenvolvem cursos nessa modalidade.

Em contribuição à temática da qualidade da pós-graduação brasileira, Altair Alberto Fávero, Evandro Consaltér e Carina Tonieto, no artigo A avaliação da pós-graduação e a sua relação com a produção científica: dilemas entre a qualidade e a quantidade, aprofundam a discussão sobre o produ- tivismo e a performatividade que frequentam tanto a avaliação quanto a expansão dos cursos stricto sensu no Brasil, denunciando o mercado editorial predatório que se instalou na disputa por publicações de professores e pós-graduandos, consideradas as publicações ‘qualizadas’ como critério fundamental na avaliação dos programas de pós-graduação.

Anabel Galán-Mañas nos apresenta, em La carpeta docente. Instrumento para La evaluación de calidad docente, a importância do portfólio docente como ferramenta de avaliação do professor universitário, dado que possibilita refletir sobre a qualidade do processo ensino-aprendizagem, além de constituir processo de autorregulação do professor que o utiliza e desenvolve e promover melhorias desse processo.

Em seguida, o estudo Avaliação, regulação e qualidade na educação superior: os desafios da gestão acadêmica, de Célia Maria Hass e Ana Silvia Moço Aparício, propõe discussão sobre o posicionamento dos gestores frente aos processos de avaliação estabelecidos pelo Sinaes, apresentando problematizações significativas diante das ressonâncias que os processos avaliativos implicam no cotidiano das instituições pesquisadas.

Mário Azevedo e João Ferreira de Oliveira, no trabalho Internacionalização da educação superior e avaliação da qualidade da pós-graduação: riscos e perspectivas no Brasil e no Reino Unido, analisam as políticas de avaliação e internacionalização da pós-graduação, denunciando a indução à mercadorização e transnacionalização da educação superior em registro comparativo nesses dois países.

O estudo de Maria Manuela Esteves e Regina Magna Bonifácio de Araújo, com o artigo A formação continuada de professores e a elevação da qualidade da educação básica, realiza uma reflexão sobre a formação continuada tendo como foco as realidades de Brasil e Portugal. Como afirmado pelas autoras, mesmo distantes, ambos os países “trazem proximidades e singularidades” em termos de suas reformas educacionais recentes, as quais, ao fim e ao cabo, influenciam a formação e o desenvolvimento profissional docente, tema central do estudo.

De Portugal, os colegas Séfora Silva, José António Moreira e Luís Alcoforado, por meio do artigo Educação digital no ensino superior em Portugal em contexto de reclusão: o campus virtual Educonline@pris, avaliam, por meio de análise qualitativa, potencialidades e limitações do funcionamento desse campus, o que contribui para visualizar a qualidade ou não dessa oferta e os elementos nela imbricados.

O artigo Qualidade regional revelada pelo Sistema de Acreditação de Cursos Universitários do MERCOSUL, de Marianne Pereira de Souza e Giselle Cristina Martins Real, discute a concepção de qualidade revelada no primeiro ciclo desse sistema, demonstrando seu caráter competitivo e sua influência no cumprimento de critérios de nível regional.

Marco Wandercil, Adolfo-Ignacio Calderón e Francisco Aníbal Ganga- Contreras analisam, no estudo Qualidade da educação superior no Brasil: desempenho das universidades católicas à luz dos rankings acadêmicos, índices e tabelas classificatórias estatais e do setor privado, as tendências em termos de qualidade institucional que se evidenciam nas universidades católicas brasileiras.

Por fim, o artigo Ciclo profissional da docência universitária: percepções sobre qualidade incorporada pelo capital cultural, de autoria de Bruna Telmo Alvarenga, Gionara Tauchen e Sirlei Nádia Schirmer, traz como propósito compreender as experiências profissionais construídas ao longo do ciclo de desenvolvimento profissional docente e seus efeitos no (des)investimento na carreira universitária. Indica as formas em que se dá a aquisição de capital cultural (incorporado, objetivado e institucionalizado) na qualificação da docência universitária e os impactos gerados na qualidade das aprendizagens da docência nas demais etapas do ciclo de vida profissional.

Com este dossiê esperamos trazer efetiva contribuição ao debate teórico-prático da qualidade da educação e da construção de uma educação de qualidade, temas caros nos dias atuais em razão de formulações não científicas que têm invadido os contextos social e político do país, com óbvios impactos nas políticas e sistemas educacionais. Desejamos ótima leitura a tod@s, no ensejo de que a educação seja sempre teorizada e praticada como elemento da emancipação e do desenvolvimento social e, assim, avaliada por sua qualidade socialmente requerida.

Editores

Eduardo Santos e Manuel Tavares

Material suplementar
Referências
COSTA, N. M. De L.; SILVA, A. M. C. e. Qualidade social e políticas para a Educação Superior no Brasil. Revista de Estúdios e Investigación en Psicologia y Educación, 2015, v. Extr., n. 12. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/287972167_Qualidade_social_e_politicas_para_a_Educacao_Superior_no_Brasil. Acesso em: 10 jul. 2019.
DIAS SOBRINHO, J. Democratização, qualidade e Crise da Educação Superior: faces da exclusão e Limites da Inclusão. Revista Educação e Sociedade, Campinas, SP, v. 31, n. 113, p. 1223-1245, 2010.
DOURADO, L. F.; OLIVEIRA, J. F. de. A qualidade da educação: perspectivas e desafios. Cad. Cedes, Campinas, SP, v. 29, n. 78, p. 201-215, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 37. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
SILVA, M. A. da. Qualidade social da educação pública: algumas aproximações. Cad. Cedes, v. 29, n. 78, p. 216-226, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622009000200005. Acesso em: 10 jul. 2019.
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Figura: Nuvem de palavras recorrentes nos trabalhos do dossiê
Fonte: Elaborado pelas organizadoras.
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