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OS JOVENS BRASILEIROS E A RELIGIÃO: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS E OPINIÕES

BRAZILIAN YOUNG PEOPLE AND RELIGION: SOME CHARACTERISTICS AND OPINIONS

Graciela Silva Oliveira
niversidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Brasil
Nelio Bizzo
Universidade de São Paulo (USP), Brasil

OS JOVENS BRASILEIROS E A RELIGIÃO: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS E OPINIÕES

Ciencias Sociales y Religión / Ciências Sociais e Religião, vol. 18, núm. 25, pp. 172-200, 2016

Universidade Estadual de Campinas

Resumo: O objetivo deste estudo foi verificar as relações dos jovens brasileiros com a religião e caracterizar alguns grupos religiosos. Os participantes da pesquisa foram 2.404 jovens (55,1% meninas) matriculados no 1º ano do Ensino Médio de 78 escolas brasileiras. Os dados foram coletados através de questionário e analisados com auxílio do Software Statistical Package for Social Science (SPSS) - versão 18.0. Os dados encontrados na presente pesquisa remetem à pluralidade religiosa presente no país, e percebe-se o crescimento de grupos pentecostais e sem religião. A religião aparece como um componente importante e compõe a percepção de mundo dos estudantes, no entanto, os valores atribuídos aos conhecimentos religiosos diferem de acordo com o gênero, a região do país e entre as denominações religiosas.

Palavras-chave: Amostra nacional, Jovens, Questionário, Religião.

Abstract: The objective of this study was to investigate the relationship of youngsters with religion and characterizing some religious groups. Participants were 2,404 young (55.1% female) enrolled in the 1st year of high school in 78 Brazilian schools. Data were collected through a questionnaire and analyzed using the software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) - version 18.0. The data found in this study refer to religious plurality in this country, and we can see the growth of groups Pentecostal and without religion. Religion appears as an important component, however, the values assigned to religious knowledge differ according to gender, region of the country and among religious denominations.

Keywords: National Sample, Young, Questionnaire, Religion.

Introdução

Este trabalho faz parte de um estudo que buscou: verificar as opiniões e conhecimentos dos jovens brasileiros e italianos acerca da teoria da evolução biológica e a origem humana. As opiniões e conhecimentos foram estudados a partir de aspectos socioculturais, particularmente a religião, e a relação com a ciência escolar que caracterizavam os jovensi. Desta forma, o presente artigo tem como objetivo apresentar algumas características das relações dos jovens brasileiros com a religião.

O estudo de Oliveira (2015) buscou possíveis relações entre as percepções dos jovens sobre evolução biológica com a religião, pois, quando se discute a teoria evolutiva com o público, geralmente, há a percepção de que se trata de um tema que implica necessariamente a relação entre ciência e religião. Neste sentido, discussões sobre possíveis classificações e descrições das diferentes formas de vivenciar a religião tornam-se relevantes (Anderson, 2007). Para tanto, incialmente, apresenta-se um breve embasamento teórico que sustenta as relações da população brasileira com a religião e, em seguida, os resultados empíricos encontrados com a população jovem deste estudo.

Os conceitos religiosos fornecem um arcabouço de ideias gerais que estruturam os significados das experiências intelectuais, emocionais e morais de um povo. Dentre os diferentes grupos sociais, o nível de elaboração das formulações simbólicas pode alcançar graus de complexidade extraordinária; já em outras sociedades, tais formulações ganham elaborações mais simples e fragmentadas (Geertz, 2008). Entretanto, independentemente da complexidade simbólica dos preceitos religiosos de um povo, a religião parece vinculada à ideia de “sagrado que contém em si mesmo um sentido de obrigação intrínseca: ele não apenas encoraja a devoção como a exige; não apenas induz a aceitação intelectual como reforça o compromisso emocional” (Geertz, 2008, p. 92).

Quando se fala em religião, é necessário ter atenção a quais sociedades estão sendo analisadas, de maneira que, embora seja reconhecido que esse empreendimento tem mudado o mapa cultural das populações, os diferentes grupos sociais apresentam maneiras próprias de se relacionar com o mundo simbólico.

Assim, no contexto brasileiro, é possível falar de uma sociedade predominantemente cristã, representada pela maioria católica. Contudo, ao longo da história, de acordo com Mariano (2013), o Brasil passou por diversas transformações sociais e a composição religiosa do país sofreu grandes mudanças, evidenciando o declínio do catolicismo e um aumento no número de evangélicos e de pessoas sem religião. Atualmente, o campo sociológico tem apresentado características peculiares sobre as relações dos brasileiros com as religiões. No tópico a seguir, expõe-se uma breve contextualização sobre a presença da religião no contexto brasileiro.

Religião no Brasil: breve apontamento teórico

De maneira geral, as estatísticas sugerem mudanças no mapa religioso do Brasil: importante redução na proporção de pessoas autodeclaradas católicas, passando de 89,2%, em 1980, para 64,6%, em 2010; aumento na proporção de evangélicos, de 6,6% para 22,2%, no mesmo período, e dos que se denominam sem religião, que passaram de 1,6% para 8,1% do total. As demais religiões, como espíritas e cultos afro-brasileiros, aumentaram de 2,5% para 5%, em 2010 (Mariano, 2013). Para Novaes (2008), embora o número de católicos ainda seja expressivo, comparando-se com as demais religiões, a tendência é que reduza acentuadamente com o passar dos anos. Entre os jovens, isso parece ainda mais evidente, o que implica que as próximas gerações terão menor contato com valores e normas católicas através de seus progenitores. Paralelamente, chama a atenção o crescimento de alguns grupos religiosos, enquanto que outros parecem estagnados ou diminuindo. Nesse campo que parece cada vez mais plural e competitivo, no contexto brasileiro, entra em jogo, sobretudo, o crescimento de grupos religiosos pentecostais (Novaes, 2008).

País predominantemente cristão, em sua identidade e em muitos de seus costumes e crenças, as histórias cultural e institucional brasileiras coincidem e estão implicadas à história cultural da igreja Católica Apostólica Romana. No desdobramento dos grupos religiosos cristãos no mundo, ainda apresentam resquícios decorrentes das mudanças internas do cristianismo, isto é, com a Reforma Protestante, surgem os evangélicos de missão ou protestantismo histórico, além dos movimentos contemporâneos que incluem os pentecostais e os neopentecostais (Campos, 2009).

Segundo Novaes (2008), os evangélicos podem ser definidos de acordo com a época de origem, procedência geográfica e seus costumes e doutrinas. Os evangélicos de missão, também conhecidos como protestantes históricos ou de migração, têm como referência geográfica a Europa e a Reforma Protestante do século XVI. Nesse grupo, são reunidos os luteranos, batistas, presbiterianos, episcopais, metodistas, anglicanos e congregacionais.

Os evangélicos pentecostais tiveram origem no século XX e têm como referência geográfica os Estados Unidos (Novaes, 2008). Tradicionalmente reconhecem-se os seguintes eventos inter-relacionados como as origens históricas desse movimento: as pregações de Charles Parham, em Topeka, Kansas, em 1901; e os milagres presenciados pelo pregador William Seymour, em Los Angeles, de 1906 (Adogame, 2010).

Quanto às expressões religiosas da América Latina, da mesma forma, é perceptível a redução dos cristãos católicos e o aumento expressivo dos evangélicos, mais especificamente os de origem pentecostal. Adogame (2010) enfatiza a explosão dos grupos pentecostais (maior grupo religioso no mundo depois dos católicos romanos), que são estimados em mais de 500 milhões de adeptos, presentes principalmente na África, América Latina, Ásia e Oceania (Adogame, 2010). O Brasil também é destaque com o maior número de evangélicos da América do Sul, com aproximadamente 50 milhões de adeptos (Mariano, 1996).

O pentecostalismo, que chegou ao Brasil há mais de 100 anos, é definido a partir de uma variedade de perspectivas sociológicas, históricas, fenomenológicas, e teológicas. De maneira geral, os grupos pentecostais são identificados pela ênfase ao renascimento espiritual (o batismo no Espírito Santo) - evidenciado pela glossolalia (falar em um idioma inexistente), cura, libertação, profecia, adoração ao sagrado. Apesar dessas características comuns, as diferentes frentes pentecostais divergem sobre o seu significado, simbolismo e o nível de ênfase a cada característica (Adogame, 2010).

De acordo com Mariano (1996), o pentecostalismo brasileiro pode ser categorizado em três vertentes, que convivem e se influenciam mutuamente. A primeira, denominada pentecostalismo clássico, surgiu com a Congregação Cristã do Brasil, instituída em 1910 em São Paulo, e a Assembleia de Deus, em 1911 no Pará. Ambas são caracterizadas pelo posicionamento contra o catolicismo, pela ênfase no dom de línguas e sectarismo radical.

A segunda vertente, o pentecostalismo neoclássico, surgiu no Brasil com a chegada de dois missionários norte-americanos da International Church of The Foursquare Gospel, em São Paulo, nos anos 50, quando criaram a Cruzada Nacional de Evangelização, baseada na teologia da cura divina, pelo evangelismo itinerante e uso da mídia para evangelização (na época, a comunicação acontecia por rádio), e em seguida surgiram pelo país a Igreja do Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo, Deus É Amor, Casa da Bênção (Mariano, 1996).

A terceira vertente é denominada como neopentecostal, que apresenta o crescimento mais expressivo no Brasil. Teve início na década de 1970, com a criação da Universal do Reino de Deus e a Internacional da Graça de Deus, no Rio de Janeiro; a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, em Goiás; e a Renascer em Cristo, em São Paulo. Foram fundadas por brasileiros e possuem características comuns, como a participação na política partidária e o uso intenso da mídia para atrair adeptos (Mariano, 1996).

De acordo Mariano (1996, p. 26), os grupos neopentecostais caracterizam-se por:

(1) pregar e difundir a Teologia da Prosperidade, defensora do polêmico e desvirtuado adágio franciscano "é dando que se recebe" e da crença nada franciscana de que o cristão está destinado a ser próspero materialmente, saudável, feliz e vitorioso em todos os seus empreendimentos terrenos; (2) enfatizar a guerra espiritual contra o Diabo, seu séquito de anjos decaídos e seus representantes na terra, identificados com as outras religiões e, sobretudo, com os cultos afro-brasileiros; (3) não adotar os tradicionais e estereotipados usos e costumes de santidade, que até há pouco figuravam como símbolos de conversão e pertencimento ao pentecostalismo (Mariano, 1996, p.26).

Siepierski (2013) considera que o termo neopentecostais tem sido empregado de maneira imprecisa, pois, ao avaliar as características das três ondas, percebe-se que as duas primeiras apresentam poucas distinções, ao contrário da terceira, que difere substancialmente quanto à ênfase na guerra espiritual, à teologia da prosperidade e à eliminação dos sinais externos de santidade (resultado da teologia da prosperidade). Assim, Siepierski (2013) optou em adotar o termo pós-pentecostalismo, caracterizado por incluir:

[...] uma mistura deliberada de religiosidade popular, a utilização autoconsciente de estilos e convenções anteriores, a construção de estruturas comerciais, o abandono dos sinais externos de santidade e frequentemente a incorporação de imagens relacionadas com o consumismo e a comunicação de massa (Siepierski, 2013, p.51).

Independentemente das diferenças na composição desses grupos, o seu apelo e sua função são semelhantes, pois se trata de movimentos internacionais difusos e não centralizados. Uma característica dos movimentos pentecostais é a autonomia, o que lhes dá independência em cada contexto local e cultural, diferentemente da Igreja Católica Romana, organização burocrática regida pelo Vaticano. O crescimento sem precedentes dos pentecostais e de movimentos carismáticos, em suas diversas formas, também ocasionou um aumento notável de padrões de rituais, atitudes culturais, estruturas eclesiásticas e estratégias complexas de expansão (Adogame, 2010).

De acordo com Mariano (2013, p. 124), os evangélicos cresceram cinco vezes mais do que a população brasileira, representados por “7,7 milhões de evangélicos de missão (4% da população), 25,4 milhões de pentecostais (13,3%) e 9,2 milhões de evangélicos não determinados (4,8%)”. No entanto, o autor destaca que numericamente, entre 2000 e 2010, as seguintes denominações religiosas perderam fiéis: Congregação Cristã no Brasil; Igreja Universal do Reino de Deus; Casa da Bênção; Igreja Evangélica Luterana (que abrange a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e Igreja Evangélica Luterana do Brasil); Igreja Evangélica Congregacional; e Igreja Evangélica Presbiteriana. Essa queda numérica pode ajudar a explicar o crescimento da categoria evangélica não determinada identificada pelo Censo 2010.

Quanto às demais religiões, constituem 5% da população brasileira; os espíritas somam 2%; em seguida, destacam-se os adeptos de Testemunha do Jeová, com 0,7%; e os adeptos da Umbanda e do Candomblé, 0,3%. Embora o número de espíritas kardecistas e umbandistas e candomblecistas tenha aumentado nos últimos censos, ainda são grupos religiosos pequenos.

Desde censos anteriores, esses grupos já haviam sido reconhecidos como pouco expressivos, e Novaes (2004) considera que o número baixo, principalmente entre os jovens, deve-se aos seguintes fatores: 1) disputa entre o crescimento pentecostal e as religiões afrobrasileiras, que consideram como principais inimigos as entidades e os orixás oriundos das crenças afro-brasileiras; 2) jovens que se definem como católicos, mas também frequentam centros espíritas e religiões afro-brasileiras, que revelam estratégias de apresentação social diante do preconceito sofrido pelos adeptos destas religiões, e também os sentimentos de duplo pertencimento; 3) jovens que frequentam centros espíritas e religiões afro-brasileiras, mas que se declaram “sem religião”.

As características religiosas identificadas na população total brasileira também foram identificadas entre os jovens de 15 a 29 anos, pela Secretaria Nacional da Juventude (SNJ), que desenvolveu uma pesquisa de abril a maio de 2013 para verificar as suas opiniões sobre política e percepções acerca do país e caracterizou o perfil da população com a faixa etária de 15 a 29 anos. A amostra foi composta por 3.300 jovens, distribuídos em 187 municípios, contemplando os 27 estados brasileiros (Castro et al., 2013). Quanto à religião dos jovens brasileiros, a SNJ identificou a mesma tendência apresentada pelos dados do IBGEii, pois 56% se declararam católicos, 27% evangélicos e 16% não possuem uma religião (Castro et al., 2013).

Novaes (2004) apresenta algumas características que predominam entre os jovens, quando pesquisadas suas opiniões sobre religião: primeiro, a forte disposição para mudança de religião; em seguida, a ênfase na escolha individual, gerando maior disponibilidade para reafirmação pessoal do pertencimento institucional; e, por último, o desenvolvimento de religiosidade sem vínculos institucionais. Os jovens estão diante de um campo religioso cada vez mais competitivo e os que se declaram “sem religião” parecem aderir diversas crenças, combinando práticas de diferentes religiões e filosofias.

Os jovens brasileiros fazem parte de uma geração que convive com a intensa difusão de informações, na qual se multiplicam igrejas e várias tradições religiosas que contam com cultura midiática para difundir espiritualidade (Novaes, 2008). Entre as gerações mais jovens, nada pode ser visto como muito estável, pois, segundo Novaes (2008), é comum entre os brasileiros a disponibilidade para experimentação. Assim, entre eles, destaca-se a tendência de combinar elementos de várias tradições religiosas, em uma síntese pessoal e intransferível, reproduzindo identidades institucionais e até novos fundamentalismos.

Mariano (2013, p. 120) comenta que a redução da hegemonia católica no Brasil devese “à pluralização religiosa e à intensificação da concorrência no e por mercado religioso, mas também à crescente opção individual de não filiar-se ou de se afastar de instituições religiosas”. O mercado religioso, conforme Prandi (2004, p. 223), “significa competir com outras religiões na disputa por devotos, espaço e legitimidade”. A igreja católica vem competindo diretamente com os grupos religiosos pentecostais e os sem religião, que são representados por agnósticos, ateus, indivíduos que passaram a não se identificar com uma filiação religiosa, o que não significa, porém, descrença ou ausência de religiosidade.

Neste contexto, surgem as diferenças apresentadas para os termos religião e religiosidade. Valente e Setton (2014) ressaltam a distinção desses termos: religião seria definida a partir de seu caráter institucional, teria influência na forma de organizar a existência humana; o religioso necessariamente apresenta algum vínculo institucional. Já a religiosidade se refere a uma experiência pessoal e individual de espiritualidade, construída a partir de vivências anteriores em instituições religiosas e fora delas.

Novaes (2004, p. 325) destaca que dentre as mudanças que têm marcado a sociedade brasileira quanto à religião, percebe-se o recorrente pluralismo religioso intrafamiliar, isto é, evidencia-se “o menor índice de transferência da religião dos pais para os filhos, [...] há jovens que não seguem as religiões de seus pais católicos e buscam outras religiões”.

Dentre as características da relação da população brasileira com a religião, Almeida e Monteiro (2001) chamam a atenção para o costume de idas e vindas entre religiões aparentemente díspares entre si, fenômeno que não é facilmente explicado pela “conversão” ou adesão a um novo credo. Os autores explicam que os indivíduos circulam entre religiões, em um processo de metamorfose das práticas e crenças, que geralmente são reelaboradas e sobrepostas em diversas pertenças religiosas. Novaes (2008, p. 271) comenta que “são os jovens os que mais transitam entre vários pertencimentos em busca de vínculos sociais e espirituais”. Os índices de jovens que mudaram de religião apontam para essa direção.

De fato, as características religiosas dos brasileiros apontam que as previsões da equação modernidade e secularização não concretizaram. Adogame (2010) sugere que embora o processo de secularização não seja perceptível, diferentes grupos da população têm sido afetados pela secularização de maneira particular. O crescimento do “crer sem pertencer” em diferentes contextos permite reconsiderar a presença da religião enquanto uma instituição e a religiosidade no cotidiano das populações.

Essas mudanças culturais têm desviado a atenção dos pesquisadores de um possível declínio da religião para um exame aprofundado das novas formas de expressões religiosas. Os interesses atuais estariam voltados ao ressurgimento de antigas formas de religião, como o aumento sem precedentes de novos movimentos religiosos, incluindo o seu impacto social e político, bem como os grupos que têm constituído novos rearranjos religiosos e os desvinculados de instituições (Adogame, 2010).

A religião é um componente importante na cultura da população brasileira, e a presença da pluralidade permite aos grupos e indivíduos promoverem seus próprios rearranjos provisórios e sincréticos entre crenças e ritos sem vínculos institucionais. É nesse cenário, de diversidade de informações, sincretismos e trânsito religioso, que surge o desafio de compreender a relação dos jovens com a religião ou as religiões, e como esses pertencimentos influenciam suas opiniões e escolhas (Novaes, 2008).

Método

Amostra

Houve a participação de 2.404 estudantes (55,1% meninas) matriculados no 1º ano do Ensino Médio de 78 escolas (públicas e privadas) das cinco regiões brasileiras. Quanto à faixa etária dos jovens que participaram da pesquisa, houve maior frequência de estudantes com 15 anos de idade (47,4%).

A amostra é de representatividade nacional, o tamanho mínimo da amostra foi determinado utilizando-se a expressão algébrica referente ao cálculo do tamanho da amostra para estimação de proporções:

n = P ( 1 - P ) ( d / z ) 2 d e f f , em que P é a proporção de alunos a ser estimada (P = 0,80 ou P = 0,20); z = 1,96 é o valor na curva normal reduzida, correspondente ao nível de confiança de 95%, utilizado na determinação do intervalo de confiança das proporções; d é o erro de amostragem admitido, fixado em 0,05, e que corresponde à semiamplitude dos intervalos de confiança e deff = 2 é o efeito do delineamento devido ao sorteio de conglomerados (escolas). Desta forma, 500 era o número esperado de alunos a ser incluído na amostra em cada região. Para o sorteio aleatório da amostra, foi utilizado o processo de amostragem estratificada por conglomerados em dois estágios: escola e turma.

Incialmente, foram sorteadas 15 escolas em cada região, e em cada escola deveria ser sorteada uma turma do 1º ano do Ensino Médio. Esperava-se, dessa forma, que fossem incluídas na amostra 75 escolas no país e, em média, 35 alunos por escola. Para prevenir os efeitos da não resposta na precisão das estimativas, foi sorteado número maior de escolas e de alunos. Considerando-se que a não resposta (de escolas e de alunos) fosse da ordem de 25%, foram sorteadas 20 escolas em cada região, 100 no total. Na Tabela 1, é apresentada a composição da amostra final por região.

Tabela 1
Composição da amostra, por região
Composição da amostra, por região

Instrumento

O questionário aplicado foi intitulado Barômetroiii e teve como objetivos: verificar as percepções, motivações, interesses e opiniões dos jovens sobre a Ciência, tecnologia, questões ambientais e temas científicos. Os itens foram constituídos usando escalas do tipo Likert de 4 pontos, algumas questões foram reorganizadas no formato de múltipla escolha, e verdadeiro ou falso.

O presente trabalho ocupou-se principalmente das seções referentes a religião. Na primeira seção de questões, a fim de identificar os percentuais de jovens com e sem religião, os estudantes deveriam assinalar se possuem alguma religião e informar o vínculo institucional, dentre as seguintes igrejas ou cultos religiosos: Católicas: romana e ortodoxa; Evangélicas de missão: luterana, presbiteriana, batista, adventista; Evangélicas de origem pentecostal: Assembleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Internacional da Graça de Deus, Mundial do Poder de Deus, Universal do Reino de Deus; Outras religiões: Testemunha de Jeová, Judaica, Budista, Umbanda, Candomblé, Espírita Kardecista. Além disso, havia a opção “Outra”, seguida da opção em aberto para os casos em que a sua igreja ou culto religioso dos estudantes não estivesse disponível entre os itens elencados.

Na segunda seção, os estudantes deveriam responder sobre os valores atribuídos à religião, ao papel que os conhecimentos religiosos desempenham no seu cotidiano e à importância da inserção destes na escola. Além disso, responderam sobre a participação e frequência em encontros religiosos e sobre o trânsito religioso, isto é, se caso já mudaram de religião. Estas questões foram medidas a partir de uma escala do tipo Likert de 4 pontos, nos quais os escores 1-2 referem-se à discordância e 3-4 à concordância.

Coleta e Análise de dados

Após a seleção da população-alvo, construção e validação do instrumento de coleta de dados, iniciou-se o desenvolvimento da logística para aplicação dos questionários no Brasil e adotaram-se os seguintes critérios: 1) composição de uma equipe de pesquisa responsável pela coleta de dados; 2) contatos com as escolas e solicitação de professores colaboradores; 3) envio de orientações e questionários impressos por correio; 4) aplicação e devolução dos questionários, pelos professores colaboradores, sob a orientação da equipe de pesquisa.

Os contatos com as escolas aconteceram entre os meses de março a maio de 2014. A aplicação do instrumento foi realizada entre os meses de maio a julho de 2014 em uma turma de 1º ano do Ensino Médio sorteada pelo professor colaborador da escola. As aplicações aconteceram em dias letivos e em sala de aula, e duravam em média 30 minutos.

Em seguida, os dados foram codificados, organizados e processados com auxílio do Software Statistical Package for Social Science (SPSS) - Pacote Estatístico para as Ciências Sociais - versão 18.0. Para as análises dos dados foi feita a descrição e as pontuações obtidas para cada variável, verificando o conjunto de frequências encontradas em cada categoria do questionário. Para verificar as diferenças entre as distribuições de frequências atingidas foram utilizados os testes: Qui-quadrado, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, seguidos das comparações múltiplas entre grupos mediante teste de Tukey. Por último, os resultados numéricos foram interpretados à luz do referencial teórico dos temas estudados.

Resultados e discussões

Ao verificar os percentuais atingidos para a questão sobre apresentar ou não uma religião, observa-se que 88,1% dos jovens são adeptos de alguma religião, enquanto que 11,9% declararam-se sem religião (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição da amostra com relação à participação em uma religião
Distribuição da amostra com relação à
                        participação em uma religião

Os resultados encontrados aproximam-se dos dados encontrados pelo Censo 2010, nos quais foram identificados 8,1% não adeptos a uma religião. Os dados também coincidem, embora em menor proporção, com os resultados encontrados pela pesquisa da SNJ (2013), pois 16% dos jovens declaram não ter religião (Castro et al., 2013).

Quanto aos jovens que se autodeclaram religiosos, de maneira geral, as meninas (90,4%) parecem mais religiosas do que os meninos (85,3%). No grupo dos sem religião, verificou-se que 14,3% dos meninos e 9,6% das meninas não se identificam com uma religião (Figura 1).

Distribuição da amostra com relação ao
                        vínculo com a religião
Figura 1
Distribuição da amostra com relação ao vínculo com a religião

Quanto à distribuição regional do grupo sem religião, verificou-se que há maior concentração de jovens sem religião no Nordeste, totalizando 15% da amostra. Seguido de 11,8% identificados na região Sul, 11,4% no Centro-Oeste, 11,2% na região Sudeste e o menor percentual foi encontrado na região Norte com 10%.

Esses resultados conferem com os dados encontrados pelo IBGE (2010). Segundo Luiz (2013), o censo (2010) identificou que o Nordeste tem apresentado o maior crescimento em termos percentuais do grupo sem religião, totalizando 8,29%; os dados encontrados nas regiões Centro-Oeste (8,42%) e Sudeste (8,96%) também são semelhantes aos identificados na presente pesquisa. No entanto, o censo (2010) aponta que o Sul possui o menor percentual de pessoas sem religião com 4,82%, ao passo que neste trabalho identificou-se o menor percentual na região Norte (10%).

Como destacado anteriormente, o grupo sem religião tem representado a diversidade de formas de se viver a religiosidade na contemporaneidade. Assim, para caracterização do grupo sem religião, é necessário considerar que se trata de um segmento diverso, composto por agnósticos, ateus, ou indivíduos que não se identificam com uma filiação religiosa, o que, como já ressaltado, não significa necessariamente que há descrença em um Deus superior ou ausência de ligação com o transcendental (Mariano, 2013). De acordo com Novaes (2004, 2008), entre os jovens que se autodeclaram sem religião ainda pode-se identificar os adeptos aos rearranjos provisórios e sincréticos entre crenças.

Considerando esta diversidade de relações entre os sem religião com a religiosidade, nesta pesquisa, não foi possível categorizá-los em ateus, agnósticos e os sem religião que apresentam manifestações de religiosidade no seu cotidiano, mas sem vínculos institucionais. No entanto, na seção sobre a proximidade dos jovens com a religião, foram identificadas algumas características dos estudantes sem religião, diante do reconhecimento da religião enquanto um componente importante e útil no seu cotidiano.

Luiz (2013) comenta que os sem religião do Brasil não são ateus, pois esse grupo acredita em Deus e apresenta ligação com o transcendental. O fato é que não se identificam com instituições religiosas específicas e, geralmente, são indivíduos que transitam por várias crenças. “Os jovens são, disparado, os menos filiados a grupos religiosos” (Mariano, 2013, p. 124).

O crescimento dos sem religião nas diferentes camadas sociais e regiões do país não aponta necessariamente para um processo de secularização, mas talvez para o enfraquecimento de instituições religiosas. Mariano (2013) afirma que, do ponto de vista do compromisso individual com grupos religiosos, os sem religião são mais secularizados, pois a ausência de vínculos institucionais tende a resultar na redução da influência dos valores, comportamentos e crenças de grupos religiosos nas vidas dos indivíduos.

Ao tratar da religião na contemporaneidade, no Brasil, é necessário citar a pluralidade religiosa, que pode ser polarizada em três vertentes apresentadas por Almeida e Monteiro (2001): a perda da hegemonia católica; a difusão de experiências religiosas; e a forma de viver a fé sem pertença. Assim, quando se discute sobre os sem religião, não se trata necessariamente de um processo como resultado da secularização.

Concorda-se, com Adogame (2010) quando menciona que não há uma relação direta entre secularização e modernidade, mas que diferentes grupos da população têm sido afetados pela secularização de forma diferente. A presença do “crer sem pertencer”, em diferentes contextos, permite reconsiderar o modelo da herança de crenças e pertenças religiosa, bem como reconsiderar a presença e a organização religiosa na sociedade.

Os jovens que assinalaram que possuem religião, também identificaram a instituição religiosa de pertença. Na Figura 3, são apresentados os resultados encontrados para o total da amostra, por sexo.

Distribuição da amostra com relação aos
                        grupos religiosos
Figura 3
Distribuição da amostra com relação aos grupos religiosos

A maioria dos jovens inquiridos se autodeclarou católica, com 55,8% das meninas e 56,5% dos meninos; em seguida, destacam-se os evangélicos pentecostais, com 20,5% das meninas e 21,7% dos meninos; outras religiões representam 13,1% das meninas e 12,1% dos meninos; e os evangélicos de missão, 10,6% meninas e 9,7% meninos.

A diversidade de grupos religiosos foi verificada a partir da faixa etária; contudo, como essa variável apresentou uma variedade entre 13 a 34 anos, o que dificultaria as análises, as idades foram recodificadas em cinco itens, adotados ao longo das análises: 14, 15, 16, 17 e 18 anos.

Ao distribuir a amostra por idade e grupos religiosos, observou-se que os jovens de 18 anos ou mais compõem o maior percentual de adeptos ao catolicismo, com 62,9%. A maioria dos evangélicos de missão concentra-se entre 14 e 16 anos, e os pentecostais entre 15 e 17 anos. Outras religiões destacam-se a partir dos 17 anos, e os sem religião estão entre os jovens de 15 a 17 anos (Tabela 3).

Tabela 3
Distribuição da amostra com relação aos grupos religiosos, por idade
Distribuição da amostra com relação aos
                        grupos religiosos, por idade

Almeida e Monteiro (2001) comentam que, ao distribuir a população brasileira por faixas etárias, constata-se maior participação de pessoas mais velhas no catolicismo e adeptos ao grupo dos evangélicos de missão, enquanto os mais jovens optam pela filiação aos segmentos pentecostais ou pela não filiação religiosa.

Neste estudo, quando esses resultados são discriminados por instituições religiosas, a Igreja Católica Apostólica Romana destaca-se, com os percentuais de 55,7% entre as meninas e 56,7% entre os meninos. Dentre os evangélicos pentecostais, destacam-se os adeptos à Assembleia de Deus (meninas: 13%; meninos: 15%); e entre os evangélicos de missão, a maioria dos jovens declarou que pertence à Igreja Batista (meninas: 6,0%; meninos: 5,2%). A categoria outras religiões foi numericamente pouco expressiva, com destaque para Testemunhas de Jeová (meninas: 1,3%; meninos: 1,5%) e Espíritas Kardecistas (meninas: 1,1%; meninos: 1,2%) (Tabela 4).

Tabela 4
Distribuição da amostra quanto aos vínculos religiosos, por sexo
Distribuição da amostra quanto aos vínculos
                        religiosos, por sexo

O crescimento numérico dos grupos pentecostais tem sido destaque nos resultados dos censos nas últimas décadas. Os dados encontrados concordam com o crescimento, entre os brasileiros, dos evangélicos de origem pentecostal, relatado por Novaes (2004, 2008) e Castro (2013). Neste estudo, os percentuais atingidos pelos adeptos da Assembleia de Deus são semelhantes aos dados do Censo 2010: superam o número das demais religiões de origem pentecostal, totalizando 12.314.410 adeptos. Em seguida, a instituição religiosa pentecostal mais frequente é a Congregação Cristã do Brasil, que segundo o Censo 2010 possui 2.289.634 adeptos no Brasil.

Quanto às demais religiões, Espíritas Kardecistas e Testemunhas de Jeová são as instituições mais frequentes, como nos dados apresentados pelo Censo 2010, com 2% e 0,7% da população brasileira, respectivamente.

Ao verificar a distribuição dos adeptos às instituições religiosas por região, a maioria dos Católicos está nas regiões Sul (69,4%) e Nordeste (61,2%); os adeptos da Assembleia de Deus destacam-se nas regiões Norte (22,1%) e Nordeste (14,9%), e os da Batista são mais frequentes no Sudeste (9%) e Nordeste (6,2%); os Espíritas Kardecistas concentram-se na região Sul (1,9%) e os Testemunhas de Jeová, no Sudeste (2%) (Tabela 5).

Tabela 5
Distribuição da amostra por vínculos institucionais religiosos, por região
Distribuição da amostra por vínculos institucionais
                        religiosos, por região

Com base nos dados do Censo 2010, Luiz (2013) comenta que as regiões com os menores percentuais de Católicos são as regiões Sudeste (59,46%) e Centro-Oeste (59,55%). Já na presente pesquisa, os menores percentuais de Católicos foram das regiões Norte (47,4%) e Sudeste (46,3%). Por outro lado, Luiz (2013) ressalta que o Nordeste (72,19%) possui um dos maiores percentuais de Católicos, seguido do Sul (70,09%), dados semelhantes aos encontrados na presente pesquisa: Sul (69,2%) e Nordeste (61,5%).

Luiz (2013) comenta que os evangélicos estão representados principalmente nas regiões Norte (28,50%), Centro-Oeste (26,82%) e Sudeste (24,58%), estando o menor percentual na região Nordeste (16,39%). Quanto aos estudantes amostrados neste estudo, os evangélicos de missão são mais frequentes nas regiões Sudeste (13,8%), Centro-Oeste (10,7%) e Norte (10,7%), e os evangélicos pentecostais no Norte (29,6%) e Nordeste (21,8%). Os jovens adeptos de outras religiões são mais frequentes na região Sudeste (19,4%).

Novaes (2004, 2008), ao pesquisar uma amostra nacional de jovens pela SNJ em 2003, comenta que os jovens católicos são mais frequentes nas regiões Sul e Nordeste, e os jovens evangélicos estão no Norte, Centro-Oeste e Sudeste. No entanto, os dados coletados por meio do presente trabalho apontam maior frequência de evangélicos no Nordeste; infere-se que, possivelmente, nos últimos anos houve expansão de instituições evangélicas nessa região.

No Sudeste, de acordo com Novaes (2004, 2008), está a maioria dos jovens adeptos a outras religiões, principalmente os Espíritas Kardecistas, e os jovens adeptos das religiões afro-brasileiras. Na presente pesquisa, outras religiões foram mais frequentes na região Sudeste, com destaque os Testemunhas de Jeová (2,0%) e os adeptos das religiões afrobrasileiras, Umbanda (0,3%) e Candomblé (0,8%).

O baixo índice de adeptos das religiões afro-brasileiras pode não corresponder com a realidade, uma vez que Prandi (2004) afirma que as estatísticas em relação a essas religiões geralmente são subestimadas, pois a maioria dos seguidores não revela o seu vínculo devido ao preconceito e à intolerância histórica que permeiam os costumes e as crenças da Umbanda e do Candomblé. Por muitos anos, essas religiões foram proibidas e vítimas de preconceitos, assim, embora atualmente haja liberdade de escolha religiosa entre os brasileiros, as religiões afro-brasileiras ainda são perseguidas por grupos pentecostais e carregam resquícios de um passado marcado pelas agressões. Muitos seguidores de religiões afro-brasileiras ainda se declaram católicos, o que contribui para percentuais baixos divulgados pelos censos (PRANDI, 2004).

Almeida e Monteiro (2001) destacam que é comum a religião católica ser usada como uma identidade pública, embora as práticas católicas ocupem um plano secundário na vida dos adeptos ao Candomblé, à Umbanda, entre outros. “Até hoje o catolicismo é uma máscara usada pelas religiões afro-brasileiras, máscara que, evidentemente, as esconde também dos recenseamentos” (Prandi, 2004, p. 225-226).

Quanto ao perfil socioeconômico dos grupos religiosos identificados, houve diferença significativa ao nível de 5% para todos os itens analisados: número de banheiros (p-valor 0,002), número de livros (p-valor 0,000), escolaridade da mãe (p-valor 0,003) e escolaridade do pai (p-valor 0,002). Na Tabela 6, são apresentadas as respostas dos grupos religiosos quanto ao número de banheiros.

Tabela 6
Distribuição dos grupos religiosos em relação à quantidade de banheiros em casa
Distribuição dos grupos religiosos em relação
                        à quantidade de banheiros em casa

Os jovens pentecostais e os sem religião apresentam percentuais mais altos para o item 1 banheiro; no entanto, apenas os pentecostais e os jovens de outras religiões assinalaram a opção Nenhum banheiro, 0,2% e 0,4%, respectivamente. Os estudantes adeptos às igrejas católicas, evangélicas de missão e de outras religiões, também são mais frequentes entre as variáveis de baixa e média renda, mas apresentam percentuais mais altos para as variáveis 2 banheiros; além disso, os evangélicos de missão e de outras religiões também apresentam maior percentual no item 3 banheiros. Nos extremos superiores da escala, destacam-se apenas os sem religião que assinalaram a opção 4 banheiros (2,5%); os evangélicos de missão, que optaram pela alternativa 5 banheiros (2,9%); e os católicos, que assinalaram Mais de 5 banheiros (0,9%).

Quanto ao número de livros, a maioria dos jovens enquadra-se na faixa de 1 a 50 livros em casa; houve maior oscilação nas respostas dos evangélicos de missão, alcançando a alternativa de mais de 500 livros. Católicos, pentecostais e sem religião foram destaque na alternativa 1-10 livros. No item 11-50 livros, foram os evangélicos de missão, e no item 51110 livros, os evangélicos de missão, pentecostais e outras religiões (Tabela 7).

Tabela 7
Distribuição dos grupos religiosos em relação à quantidade de livros em casa
Distribuição dos grupos religiosos em relação
                        à quantidade de livros em casa

Quanto à escolaridade dos pais, as respostas dos estudantes estão apresentadas nas Tabelas 8 to 9.

Tabela 8
Distribuição dos grupos religiosos em relação à escolaridade da mãe
Distribuição dos grupos religiosos em relação
                        à escolaridade da mãe

Tabela 9
Distribuição dos grupos religiosos em relação à escolaridade do pai
Distribuição dos grupos religiosos em relação
                        à escolaridade do pai

Destacam-se as maiores oscilações nos diferentes níveis de escolaridade da mãe entre os jovens católicos e os estudantes sem religião, enquanto que a mãe dos evangélicos de missão e outras religiões atingiram altos percentuais nas variáveis: Ensino Médio (evangélicos de missão: 43%; Outras religiões: 44,2%) e Ensino Superior (evangélicos de missão: 23,2%; Outras religiões: 23,3%). Os evangélicos pentecostais apresentaram percentuais mais altos nos níveis de Ensino Fundamental (41,7%) e Médio (40,6%), e possuem o menor percentual na variável Ensino Superior (14,2%).

Os níveis de escolaridade do pai dos estudantes de outras religiões e sem religião foram mais altos. Católicos (5,3%) e sem religião (5,3%) apresentaram percentuais mais altos no item Não escolarizado, enquanto que o menor percentual foi atingido pelos estudantes de Outras religiões (1,2%). Os evangélicos de missão foram destaque na variável Ensino Médio (45,6%) e os pentecostais, no Ensino Fundamental (46,9%).

Considerando os dados encontrados, infere-se que a maioria desses estudantes está na base da pirâmide social brasileira, e alguns grupos parecem oscilar com maior frequência nas demais camadas sociais, como os católicos, evangélicos de missão, outras religiões e sem religião. Por outro lado, há indícios de que os pentecostais compõem a camada social mais baixa.

De acordo com Novaes (2008), os católicos estão presentes em todas as camadas sociais; já os evangélicos de missão, geralmente, se destacam na posição intermediária; ao contrário dos jovens pentecostais, que predominantemente estão entre os mais pobres (Novaes, 2008). Os dados encontrados nesta pesquisa pareceram semelhantes às informações divulgadas pelo Censo 2010, em que os adeptos das igrejas evangélicas pentecostais estão entre os mais pobres, e o movimento parece ganhar cada vez mais espaço nas camadas sociais mais baixas. Já os evangélicos de missão estão entre as camadas com níveis de renda e escolaridade superiores (Mariano, 2013).

Para caracterização da relação dos jovens com a religião, foram analisadas opiniões a respeito do papel da religião no seu cotidiano e nas suas escolhas, bem como verificaram-se a participação dos jovens em encontros religiosos e a tendência de mudança de religião.

Inicialmente, foram analisadas as respostas dos estudantes na variável sexo, e houve diferença significativa ao nível de 5%, nos itens: Sou uma pessoa religiosa; Todos devem aprender sobre os ensinamentos religiosos; Os conhecimentos religiosos são úteis na minha vida; Gostaria que fossem discutidos os conhecimentos religiosos na escola; Participo frequentemente de encontros religiosos.

Os resultados apontam que as meninas participam com maior frequência de encontros religiosos (2,73±1,18) e se consideram mais religiosas (3,01±1,07) do que os meninos. De maneira geral, as jovens brasileiras parecem mais comprometidas com os ensinamentos e conhecimentos religiosos, admitindo que são conhecimentos úteis (3,39±0,93) e que deveriam compor o currículo escolar (2,62±1,20) (Tabela 10).

Tabela 10
Médias (desvio-padrão) e Teste de Mann-Whitney com relação à proximidade com a religião, por sexo
Médias (desvio-padrão) e Teste de Mann-Whitney com
                        relação à proximidade com a religião, por
                        sexo

Os estudantes, tanto as meninas como os meninos, consideram que a religião não poderia afetar sua escolha profissional, bem como não acreditam que a religião possa contradizer algum conteúdo de ciências. As médias sugerem que discordam com maior frequência dos itens: Minha religião afetaria minha escolha de uma carreira ou um emprego; Minha religião contradiz alguns conteúdos das aulas de ciências. A insatisfação com uma religião que tenha favorecido a mudança para outro grupo religioso não foi frequente entre os jovens pesquisados, pois, tanto as meninas como os meninos apresentaram a média de 1,39.

Na Tabela 11, são apresentados os itens que possuem diferença significativa ao nível de 5% para a variável região. Quanto à distribuição regional, não houve diferença significativa nas respostas para os itens: Sou uma pessoa religiosa; Minha religião afetaria minha escolha de uma carreira ou um emprego; Senti-me insatisfeito com uma religião e mudei para outra. Na primeira alternativa, as médias alcançadas nas diferentes regiões aproximaram-se de 3 pontos, o que implica que, independentemente da localização geográfica, os jovens se consideram religiosos. Por outro lado, quanto à influência da religião na escolha de uma carreira e a mudança de religião, as médias foram mais baixas do que 1,6 pontos.

Tabela 11
Médias (desvio-padrão) e Teste de Kruskal Wallis com relação à proximidade com a religião, por região
Médias (desvio-padrão) e Teste de Kruskal Wallis com
                        relação à proximidade com a religião, por
                        região

Na Tabela 12, são apresentados os resultados do teste de Tukey, que esclarece a localização da diferença quando comparadas às médias das regiões estudadas.

Tabela 12
Teste de Tukey com relação à proximidade com a religião, por região e grupos religiosos
Teste de Tukey com relação à proximidade com a
                        religião, por região e grupos religiosos

Quanto à percepção de que as aulas de ciências são incompatíveis com a crença pessoal, a região com menor concordância foi o Centro-Oeste (2,14±1,25), especialmente quando comparado à média atingida pelos estudantes do Norte (2,44±1,30). As demais regiões, juntamente com o Norte, concordam com a afirmação de que a religião contradiz conteúdos das aulas de ciências. Em relação à importância de se aprender mais sobre religião, os estudantes do Centro-Oeste (3,13±1,11), Nordeste (3,17±1,06) e Norte (3,30±1,04) concordaram com maior frequência do que os estudantes do Sudeste e Sul, e os sulistas apresentaram a menor média na afirmação (2,74±1,15).

Os jovens da região Sul (2,92±1,12) também apresentaram menor concordância diante das afirmações de que a religião é um componente útil no cotidiano, e que os conhecimentos religiosos deveriam ser discutidos no currículo escolar (2,28±1,17), bem como apresentam menor participação em atividades religiosas (2,33±1,17). Já os estudantes do Centro-Oeste concordam que os conhecimentos religiosos são úteis e devem ser discutidos na escola, mas participam com menor frequência de encontros religiosos.

Os jovens do Nordeste e Norte apresentaram índices mais altos de concordância no que se refere à relevância da religião no cotidiano, bem como consideram que os conhecimentos religiosos devem ser discutidos na escola e também revelaram maior participação em atividades religiosas. Os estudantes do Sudeste apareceram em uma posição intermediária, pois apresentaram médias mais altas do que os jovens do Sul, mas não atribuem valor à religião no cotidiano e na escola na mesma proporção que os jovens do Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Houve o interesse por verificar as tendências de respostas para esses itens, nos grupos com religião e sem religião (Tabela 13).

Tabela 13
Médias (desvio-padrão) e teste de Mann-Whitney com relação à proximidade a religião por possuir uma religião e sem religião
Médias (desvio-padrão) e teste de Mann-Whitney com
                        relação à proximidade a religião por possuir uma
                        religião e sem religião

Como era esperado, os jovens que se declararam sem religião apresentaram médias mais baixas nos itens referentes à relevância da religião no cotidiano e escola (alcançaram menos de 2 pontos, o que implica que discordam com maior frequência diante dos itens). Mas, alguns jovens sem religião consideram-se religiosos, e infere-se que, nesse caso, os respondentes não são adeptos a uma religião enquanto instituição, mas possuem práticas e crenças religiosas. Quando verificados os percentuais do item Sou uma pessoa religiosa, observa-se que 12,8% dos jovens sem religião concordam com a afirmação. Além disso, dentre os jovens sem religião, 13,4% participam de atividades religiosas e 14% já transitaram entre religiões.

A tendência de alguns jovens sem religião de atribuir valor aos conhecimentos religiosos aparece na concordância dos itens: Todos devem aprender sobre os ensinamentos religiosos (34,6%); Os conhecimentos religiosos são úteis na minha vida, (35,3%); Gostaria que fossem discutidos os conhecimentos religiosos na escola (26%).

Esses resultados apontam que alguns dos jovens sem religião estão entre os que “creem sem pertencer”, geralmente, representados por religiosos que se desvincularam de suas igrejas, mas que mantêm práticas e crenças religiosas, pois, embora tenham declarado não possuir vínculos religiosos, as respostas apontam para a presença da religiosidade no seu cotidiano.

Quanto às respostas dos jovens que pertencem a grupos religiosos, a proximidade com os itens relacionados à religião foi maior do que os jovens sem religião. As médias atingidas em cada afirmação foram mais altas, mas houve diferença significativa entre os grupos religiosos (Tabela 14).

Tabela 14
Médias (desvio-padrão) e teste de Kruskal Wallis com relação à proximidade a religião, por grupos religiosos
Médias (desvio-padrão) e teste de Kruskal Wallis com
                        relação à proximidade a religião, por grupos
                        religiosos

Na Tabela 15, são apresentados os resultados do teste de Tukey, que esclarece a localização da diferença quando comparadas as médias dos grupos religiosos. Os evangélicos de missão e pentecostais autodeclaram-se mais religiosos do que os católicos e os jovens de outras religiões. A influência da religião na escolha de uma carreira e a percepção de incompatibilidade entre ciência e religião apareceram em menor proporção entre os católicos.

Tabela 15
Teste de Tukey com relação à proximidade a religião, por região e grupos religiosos
Teste de Tukey com relação à proximidade a
                        religião, por região e grupos religiosos

Conclusões

Os católicos e os jovens de outras religiões apresentaram as menores médias diante da afirmação de que todos devem aprender conhecimentos religiosos (católicos: 3,13±3,06; outras religiões: 3,09±1,13); em contrapartida, os evangélicos de missão e pentecostais atingiram 3,42±0,93 e 3,45±0,90, respectivamente. Os evangélicos também apresentaram as maiores médias para afirmação de que os conhecimentos religiosos são úteis na sua vida (evangélicos de missão: 3,55±0,80; pentecostais: 3,89±4,71), e que temas religiosos devem ser discutidos na escola (evangélicos de missão: 2,87±1,16; pentecostais: 2,99±1,15).

Os jovens católicos declararam que participam com menor frequência de encontros religiosos do que os demais grupos (católicos: 2,53±1,13). Quanto ao trânsito religioso, os jovens de outras religiões demonstram-se mais propensos à mudança de religião (outras religiões: 1,70±1,17).

Os dados encontrados na presente pesquisa remetem à pluralidade religiosa presente no país, e percebe-se o crescimento de grupos pentecostais e grupos que autodeclaram-se sem religião. A religião aparece como um componente importante e parece compor a percepção de mundo do indivíduo, no entanto, os valores atribuídos aos conhecimentos religiosos diferem de acordo com o gênero, a região do país e entre as denominações religiosas que compõem o campo religioso brasileiro.

Quanto às opiniões por sexo e por região, nota-se que as meninas e os jovens oriundos das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, bem como os grupos religiosos evangélicos, demonstram maior proximidade com afirmações sobre a relevância da religião. Além disso, são grupos que gostariam que os conhecimentos religiosos fossem discutidos no seu meio social e na escola. Embora os demais grupos demonstrem menor proximidade, a religião não deixa de desempenhar papel importante no seu cotidiano; contudo, há indícios de que a valorização a religião não está associada necessariamente à participação em encontros e atividades religiosas, como mostram as opiniões dos católicos que consideram a religião como um empreendimento importante, mas não participam de encontros religiosos com frequência. O catolicismo ainda apresenta status dominante entre os brasileiros, especificamente enquanto uma identidade social. São afiliados com a religião, mas as participações em atividades religiosas são mais restritas, apresentando um papel importante em determinados momentos da vida em ritos e eventos específicos (Pierucci; Prandi, 2000).

Ao verificar as opiniões dos jovens, destacam-se alguns paradoxos, por exemplo, quando o jovem assinala que não possui uma religião e em seguida pontua que se considera religioso, pode parecer contraditório, mas, ao considerar a complexidade do contexto religioso brasileiro, percebe-se que as fronteiras entre ser religioso ou não, pertencer a uma instituição religiosa ou outra, não são claras e precisas. De fato, as dicotomias conceituais e classificações rígidas entre grupos religiosos e seculares não conseguem captar a diversidade empírica da contemporaneidade (Tuner, 2014). Os resultados encontrados na presente confirmam tendências já identificadas em estudos anteriores de que entre os jovens parecem ainda mais evidentes a falta de vínculos institucionais e com a religião da geração anterior (Novaes, 2004).

Discutir o papel da religião no Brasil significa olhar diferentes grupos que apreendem crenças e pertencimento de maneira diversa. Embora dados quantitativos possibilitem apenas criar alguns indicadores, infere-se que os efeitos da religião no cotidiano dos jovens pesquisados acontecem conforme a força e o alcance que a visão de mundo religiosa possui no seu espectro de conhecimentos. Observa-se, por exemplo, que as religiões evangélicas influenciam com maior frequência as respostas dos estudantes, de maneira que os valores atribuídos à religião são mais enfáticos do que para os demais grupos religiosos.

Por outro lado, isso não significa que a religião atue de maneira tão intensa entre os jovens evangélicos, de maneira que os impeça de conviver com conhecimentos e situações do cotidiano que não dependem da interpretação religiosa. Mas a questão é que a religião faz diferença na vida dos jovens brasileiros, de modo que há a identificação social com determinados grupos religiosos e o reconhecimento da importância dos preceitos religiosos enquanto um “elemento simbólico interiorizado” (Valente; Setton, 2014, p. 192). Desta forma, concorda-se com Novaes (2008, p. 290), sobre “a ideia de que a religião não faz diferença para a complexa vida social contemporânea, para o aqui e agora, resulta na amputação de uma parte importante do imaginário social dos jovens de hoje, empobrece as análises”.

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Notas

i Publicações específicas estão sendo elaboradas com base nos resultados e discussões apresentadas no estudo de Oliveira (2015).
ii O IBGE disponibiliza tabelas de frequência da população residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os grupos de religião do Brasil. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/tab1_4.pd f>. Acesso em: 05/mar. 2015.
iii Disponível em Oliveira (2015).
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