Article

A IGREJA CATÓLICA E A MANUTENÇÃO DA CLAUSURA EM PLENO SÉCULO XXI: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO

THE CATHOLIC CHURCH AND THE MAINTENANCE OF CLOSURE IN THE 21ST CENTURY: SOME QUESTIONS FOR REFLECTION

Leandra Bento da Silva
Universidade Federal de Campina Grande, Brasil
Mércia Rejane Rangel Batista
Universidade Federal de Campina Grande, Brasil

A IGREJA CATÓLICA E A MANUTENÇÃO DA CLAUSURA EM PLENO SÉCULO XXI: ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Ciencias Sociales y Religión / Ciências Sociais e Religião, vol. 20, núm. 28, pp. 15-32, 2018

Universidade Estadual de Campinas

Resumo: Em pleno século XXI, cenário no qual existe uma pluralidade religiosa com diferentes formas de vivenciar a religiosidade, deparamo-nos com a persistência de Instituições Totais Religiosas, algo que parece se remeter a uma herança do período colonial brasileiro. A partir dessa constatação, procurou-se refletir sobre o significado da vida em clausura na contemporaneidade. Assim, tendo em vista as múltiplas possibilidades de investigação e escrita diante desta temática, no espaço deste artigo, nos dedicamos a refletir sobre as razões para a permanência da instituição de Clausura no Brasil, destacando a atuação da Igreja Católica e a ideia de vocação, elegendo como locus de pesquisa o Mosteiro de Santa Clara, localizado na Cidade de Campina Grande - PB.

Palavras-chave: Igreja Católica, Clausura, Brasil, Século XXI.

Abstract: In the XXI century, a scenario in which there is a religious plurality with different forms of experiencing religiosity, we are faced with the persistence of Total Religious Institutions, something that seems to refer to an inheritance of the Brazilian colonial period. Based on this observation, we sought to reflect on the meaning of the cloistered life in contemporary times. Thus, in view of the multiple possibilities of research and writing in this area, in the space of this article, we are dedicated to reflect on the reasons for the permanence of the Clausura institution in Brazil, highlighting the work of the Catholic Church and the idea of vocation, choosing as a research locus the Monastery of Santa Clara, located in the City of Campina Grande - PB.

Keywords: Catholic Church, Closure, Brazil, 21th century.

1. Introdução

No século XXI é possível verificar uma pluralidade de denominações religiosas e formas de vivenciar a religiosidade, mesmo com a intensificação dos processos de secularização e de avanço da ciência, que poderiam resultar no enfraquecimento da importância da religião.

No cenário religioso brasileiro, as religiões e manifestações religiosas não só persistiram como novas denominações foram criadas, produzindo uma proliferação de empreendimentos que exploram as matrizes católica, protestante e/ou evangélica, a espírita, as religiões afro-brasileiras (como o candomblé e a umbanda), entre outros grupos religiosos. Há indivíduos que se filiam a tais religiões e grupos para vivenciar a sua religiosidade e há também aqueles que vivenciam a religiosidade sem se filiar a nenhuma Igreja ou grupo religioso, ampliando ainda mais o número de crentes na sociedade brasileira ( SIMMEL, 2010).

As religiões enquanto instituições e a religiosidade ainda estão presentes e são significativas para a organização social dos brasileiros. Mesmo o Brasil possuindo um Estado laico, muitas das relações e acordos sociais são estabelecidos tomando como referência as religiões e a religiosidade, o que marca, por exemplo, as escolhas políticas dos cidadãos brasileiros, na medida em que muitos eleitores, na hora do voto, consideram como elemento importante para a sua escolha a existência de valores religiosos nos discursos e atitudes do candidato, como também a religião que professa.

E dentre estas religiões, a religião Católica se destaca, porque permanece possuindo (ainda) o maior número de adeptos, enfrentando o avanço da ciência, e o crescente número de religiões e grupos religiosos em disputas, o que resultou num certo enfraquecimento em relação aos quatros primeiro séculos, na qual manteve a sua total hegemonia. Contudo, ela está presente no Brasil desde o período colonial, permanecendo ainda líder do mercado religioso e influenciando outras manifestações religiosas, sendo significativa para os arranjos sociais existentes. Por conseguinte, julgamos imprescindível o seu estudo para a compreensão da realidade brasileira.

Mesmo diante dos processos de secularização e do efervescente pluralismo religioso vivenciado pelos brasileiros, a religião católica permanece intimamente presente no cotidiano da população, apesar de ter realizado modificações em seus discursos e rituais ao longo deste processo histórico. Podemos constatar i que entre os participantes da Igreja católica há os católicos engajados em atividades com pastorais, os católicos renovados (carismáticos), os quais destacam em suas práticas e discursos a ênfase ao Espírito Santo e, por fim, os católicos pertencentes ao que alguns autores denominam por catolicismo popular.

Neste cenário religioso católico, podemos destacar os membros que podem ser classificados enquanto especialistas: o clero (os padres), os freis e/ou monges e freiras e/ou monjas de vida apostólica (que optam pela chamada vida ativa, desenvolvendo atividades junto a asilos, escolas, hospitais, entre outros) e os de vida contemplativa (que optam pela vida em clausura, se dedicando predominantemente a oração). É esse tipo de vida - contemplativa - que nos chama a atenção, e nos conduziu a questionar e trazer para o espaço deste artigo reflexões a respeito da permanência no século XXI de instituições totais ( GOFFMAN, 1961; FOUCAULT, 2014) religiosas católicas no Brasil, mesmo que estejamos cientes de que tais instituições passaram por transformações ao longo dos séculos.

Para tal, desenvolvemos no primeiro tópico uma recuperação de informações sobre a importância da atuação da Igreja Católica - desde o Brasil Colônia - buscando relacionar a permanência dos mosteiros e/ou conventos ii católicos de vida em clausura no Brasil em pleno século XXI, sobretudo os femininos, tendo em vista que nesses a clausura se apresenta de forma ainda mais radical.

No segundo tópico, argumentamos sobre a permanência dos mosteiros de vida contemplativa no Brasil em pleno século XXI, trazendo as vozes de freiras do mosteiro de Santa Clara, localizado no município de Campina Grande- PB iii, através das quais pudemos explicitar a ideia de vocação enquanto um elemento importante para a compreensão da manutenção desse fenômeno.

E por fim, tecemos algumas considerações finais, reforçando a capacidade dos mosteiros de vida contemplativa ou de vida em clausura em pleno século XXI de dialogarem com a sociedade contemporânea.

2. A Igreja Católica atravessando séculos no Brasil

A Igreja Católica é uma instituição religiosa que se faz presente no Brasil desde o período de colonização. O clero católico vem ao Brasil com o objetivo de catequizar os nativos na religião católica e também de ensinar o Português, atendendo assim aos planos dos colonizadores portugueses, destinando este ensino, portanto, inicialmente aos índios, para que esses atendessem aos ideais de lucro dos colonizadores ( FREYRE, 1997).

Desta forma, além de a Igreja ter tido esse papel fundamental no processo de colonização, ela também se destacou quanto aos primeiros processos de alfabetização instaurados nesta nação, ou seja, um diminuto domínio da leitura e da escrita por alguns homens (alguns índios e brancos da elite). Assim, quando foram criadas as primeiras instituições de ensino no período colonial, estas eram de responsabilidade das ordens religiosas católicas.

Consequentemente, no modelo de organização social estabelecido, não cabia destinar às mulheres qualquer papel de destaque (com raras exceções, como é o caso das mulheres destinadas ao papel de princesas e rainhas), ficando as mesmas por muito tempo longe dos processos educacionais. O espaço doméstico era destinado as mulheres, sendo que as de origem europeia, quando por razões diversas, não contraiam o matrimônio, restava a vida em clausura enquanto uma alternativa. Deste modo, se destacam os conventos e/ou mosteiros como alternativa de vida para essas mulheres, sobressaindo mais uma vez a Igreja Católica na vida e organização social da população brasileira ( ALGRANTI, 1992).

Inicialmente, na colônia brasileira não havia conventos, o que implicava que para as famílias mais abastadas, quando “possuidora” de mulheres, as quais não se destinava ao matrimônio, o caminho era enviá-las para os conventos em Portugal. Só posteriormente, na segunda metade do século XVII, foram criados conventos no Brasil, inicialmente no Rio de Janeiro e na Bahia. Estes conventos além de se caracterizarem como alternativas para as mulheres manterem sua honra e prestígio diante da sociedade quando não realizavam casamentos, ou eram viúvas, entre outras situações, se caracterizavam como uma alternativa para essas mulheres adquirirem alguma escolaridade, pois nestas instituições além da oportunidade de viver uma vida religiosa, tinham a possibilidade de aprender a ler e escrever. Também argumenta Algranti:

Local de devoção a Deus, mas também de preservação da virtude feminina, são características que se encontram indissoluvelmente associadas aos claustros femininos e à condição de vida das mulheres, quer seja em tempos mais remotos quer nos séculos mais próximos a nós ( ALGRANTI, 1992, p. 46).

Entretanto, ao longo do século XVIII as mulheres também foram conseguindo o seu lugar nas instituições de ensino administradas pelas ordens religiosas, mas não ocupando os mesmos espaços que os homens nem podendo cursar as mesmas disciplinas, haviam alguns conhecimentos vedados para o público feminino. Assim, os conventos e/ou mosteiros ou as casas de acolhimentos (que também proliferaram no Brasil) deixaram de ser a única alternativa para as mulheres aprenderem a ler e escrever.

O domínio Católico não se resume aos mosteiros e/ou conventos nem ao âmbito educacional “institucionalizado”. Os padres, ou melhor, as ordens religiosas, faziam parte do cotidiano da colônia, da vida dos pobres e ricos (embora atuando com intenções diferenciadas), disseminando suas orientações quanto a comportamentos e atuações sociais, amparados pelo discurso de evangelização.

E além de sua intensa atuação na vida educacional iv, a Igreja Católica no Brasil, do período colonial até o Império, era responsável por inúmeras atividades administrativas, entre elas: registros de nascimento, de casamento e de morte. Porém, com a Proclamação da República em 1889, ocorre a separação entre Estado e Igreja, deixando essa de realizar as atividades administrativas citadas acima ( MONTES, 2012).

Contudo, a Igreja Católica não perde totalmente o seu poder, permanece com a posse de territórios, propriedades e com influência política e social, mantendo o maior número de fiéis, quando comparada a outras religiões, e exercendo forte influência na tradição e no cotidiano da população brasileira.

Um exemplo desta influência pode ser observado em nosso calendário nacional, o qual preserva datas e feriados religiosos católicos, como por exemplo, os das festas juninas e o doze de outubro, no qual se comemora o dia de Nossa Senhora Aparecida, santa designada para ocupar o lugar de padroeira do Brasil. Podemos citar também o fato de ainda encontrarmos nas repartições públicas imagens do Cristo crucificado, entre outros sinais que apontam a Igreja Católica como possuindo força e “hegemonia” na vida da população brasileira, ocupando espaço significativo de poder.

Em torno desta separação entre Igreja e Estado com o advento da República, que se inclui dentro do processo de secularização, está o processo de avanço do paradigma científico, o que poderia resultar no enfraquecimento da religião, uma vez que a razão científica também objetiva oferecer explicações e contribuir na organização da vida em sociedade, contudo a religião e a ciência coparticipam de maneira eficaz da vida contemporânea, cada uma possuindo a sua força e eficácia. Danielle Hervieu-Léger em O peregrino e o convertido. A religião em movimento, ao problematizar e buscar compreender o movimento da religião na França na modernidade, escreve sobre a suposição de uma modernidade a-religiosa:

Durante muito tempo sem ter clareza a respeito desse objeto do qual ela constatava e acompanhava o aniquilamento social, ao mesmo tempo em que se impunha a todos os frontes uma modernidade definitivamente a-religiosa, a sociologia das religiões viu-se totalmente sacudida ao descobrir na virada dos anos 1970, que esta modernidade secular, supostamente governada pela razão científica e técnica, era, também ela uma nuvem de crença. (...) Ocupados durante anos em analisar o fim de um mundo religioso herdado do passado, os especialistas da sociologia religiosa se encontram, hoje, diante de novas interrogações ( HERVIEU-LÉGER, 2008, p. 17).

Em relação a esse avanço da razão, podemos destacar uma citação de Émile Durkheim (1858-1917) no prefácio de sua obra As regras do método sociológico (2007), inicialmente publicada em 1895, ao se referir especificamente à aceitação da sociologia enquanto ciência: Parece-nos portanto, sobretudo nesta época de misticismo renascente, que tal empreendimento pode e deve ser acolhido sem inquietude e mesmo com simpatia por todos aqueles que, embora divirjam de nós em certos pontos, partilham nossa fé no futuro da razão” ( DURKHEIM, 2007, p. XIV).

Durkheim demonstra a sua aposta no triunfo da razão com certa oposição a religião, o que se coaduna com o seu desejo de consolidação da sociologia enquanto ciência, embora em seus argumentos utilize elementos próprios da sociedade na qual a religião exercia força totalizadora, quando se refere ao termo “fé”. Assim, argumenta apostando no avanço da ciência, partindo de elementos importantes para a sociedade, se constituindo no uso de um recurso significativo para a aceitação de suas ideais. E ciente da importância da religião, o próprio Durkheim mais adiante teoriza sobre a religião e a sua importância, o que resultou em outras obras, entre as quais podemos destacar As formas elementares da vida religiosa (1996), publicada inicialmente em 1912, resultado de seu estudo das religiões de tribos aborígenes da Austrália.

Contudo, embora autores como Durkheim tenham apostado no triunfo da razão a religião permanece. Podemos observar essa situação ao focar na Igreja Católica. Esta se adapta ao avanço da ciência, incluindo veementemente a razão em seus discursos e rituais, favorecendo assim a sua permanência.

Não só a Igreja Católica permanece, mas outras religiões e manifestações religiosas também surgiram, instaurando o chamado pluralismo religioso e o mercado religioso v. Como efeito do afastamento da Igreja Católica com relação ao Estado no Brasil, abre-se espaço para outras igrejas e manifestações religiosas, com o efervescente aparecimento de religiões e manifestações religiosas, além das disputas entre elas que vem crescendo ao longo do último século. Contemporaneamente, diferentes religiões e grupos religiosos disputam a atenção e a adesão da população. Escreve Steil (2001):

O pluralismo religioso é um fenômeno moderno que tem sua origem na ruptura do monopólio de uma religião como a Igreja oficial de uma determinada sociedade. Um monopólio que é quebrado tanto pelo avanço da “razão secular”, que se impõe através das ciências positivas, quanto pela diversificação do campo religioso, que resulta do rompimento da relação orgânica entre Estado e religião. Assim, a perda de um aparato estatal, que lhe garantia a reprodução social e a exclusividade, introduziu uma transformação estrutural que define o papel da religião na modernidade ( STEIL, 2001, p. 116).

Deste modo, não há mais apenas uma religião como instituição totalizadora abarcando toda a vida social (pública e privada) dos indivíduos. Argumentou Danièle Hervieu-Léger (2008):

O que é especificamente “moderno” não é o fato de os homens ora se aterem ora abandonarem a religião, mas é o fato de que a pretensão que a religião tem de reger a sociedade inteira e governar toda a vida de cada indivíduo foi se tornando ilegítimo, mesmo aos olhos dos crentes mais convictos e mais fiéis. Nas sociedades modernas, a crença e a participação religiosas são “assuntos de opção pessoal”: são assuntos particulares, que dependem da consciência individual e que nenhuma instituição religiosa ou política podem impor a quem quer que seja ( HERVIEU-LÉGER, 2008, p. 34).

Embora nesse cenário moderno não exista apenas uma religião enquanto instituição com pretensões totalizadoras, faz-se necessário acrescentar que não podemos perder de vista que as religiões ainda possuem força social enquanto instituições, não como anteriormente, mas ainda possuem, sobretudo a instituição católica, sendo tal força resultado da luta dessas Igrejas para se manterem vivas.

Na própria modernidade existe uma tendência à institucionalização, mesmo sendo crescente a existência de diversas formas de vivenciar a religiosidade fora das instituições, com o surgimento de movimentos e grupos religiosos. Pois diante deste cenário de disputas, estas religiões buscam se fortalecer cada vez mais enquanto instituição para adquirir forças, permitindo-lhes enfrentar o mercado religioso de forma competitiva, o que gera em algumas situações o que se classifica de uma “guerra santa”. Como exemplo desta “guerra”, podemos destacar o episódio que foi divulgado amplamente na mídia, quando um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Sérgio Von Helder, chuta uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em 1995, demonstrando a disputa entre católicos e evangélicos e marcando um momento da querela crescente entre as duas instituições vi.

Maria Montes (1998) também argumenta quanto ao surgimento de outras religiões, se referindo particularmente ao avanço do protestantismo, sem deixar de apontar para as contradições inerentes à modernidade:

A religião que, no Brasil, por quatro séculos, na figura da Igreja católica, fora indissociável da vida pública, imbricada com a própria estrutura do poder de Estado por meio da instituição do padroado, pareceria enfim ter se inclinado definitivamente para o campo do privado, agora dependente quase de modo exclusivo de escolhas individuais. (...) Modernidade ambígua, no entanto, porque, de modo contraditório, ela mesma seria responsável por promover — surpreendentemente a partir da expansão do protestantismo, religião histórica da tolerância e do valor da razão como base da crença — o enrijecimento das posições institucionais, a disputa no interior do campo religioso em cada uma das confissões e a intolerância para com as crenças das igrejas ou formas de religiosidade rivais (MONTES, 1998, p. 13. Grifos nossos).

Embora Montes (op. cit.) não argumente em torno da ideia de que a Igreja Católica ainda permanece associada à vida pública no Brasil, a autora não incorre em erro, uma vez que usa o termo pareceria, ao escrever sobre a tendência da Igreja Católica de se reclinar para o campo do privado. Realmente apenas pareceria, porque efetivamente a Igreja Católica ainda está visivelmente inserida na vida pública brasileira. A autora ainda faz uso da expressão: “enrijecimento das posições institucionais”, como sendo uma das características e contradições da modernidade, refletindo aqui na expansão das religiões com matriz no protestantismo, o que também contribui para a nossa compreensão da permanência das religiões enquanto instituições no século XXI, pois com o pluralismo religioso, as instituições buscam se fortalecer ainda mais para permanecer na vida social, provocando enrijecimento, ao definir a sua doutrina, normas e posições enquanto instituição para delimitar o seu espaço e campo de atuação.

Mesmo cientes das importantes contribuições de George Simmel (2010) e Danièle HervieuLéger (2008), entre outros, que teorizaram sobre a religião na modernidade, apontando para o enfraquecimento das religiões e para a permanência da religiosidade, a nossa argumentação se distancia destes quando aponta e confere destaque para a força das religiões enquanto instituições, mesmo ciente de que estas agora dividem espaço com outras formas de manifestações religiosas.

Diante desta nova configuração, as religiões enquanto instituições ainda ocupam significativos espaços neste mercado religioso e exercem alguma influência na vida e nas escolhas pessoais dos indivíduos. E a instituição religiosa que ainda possui maior poder no Brasil é a Católica, sendo resultado da sua expressiva herança: histórica, econômica, social e religiosa, além das “estratégias” empregadas na luta para a manutenção do seu poder. Em sua teoria, Pierre Bourdieu também se refere a esta luta das igrejas: “A Igreja tende a impedir de maneira mais ou menos rigorosa a entrada no mercado de novas empresas de salvação. (...) A Igreja visa conquistar ou preservar o monopólio mais ou menos total de capital de graça institucional ou sacramental” ( BOURDIEU, 2011, p. 58).

Desta forma, a Igreja Católica ao longo dos séculos buscou de inúmeras maneiras a manutenção de seu monopólio religioso: se aproximou mais da população com projetos de evangelização; apoiou movimentos sindicais; se aproximou das devoções populares, mesmo reprovando algumas manifestações místicas; concedeu abertura para movimentos carismáticos, para, entre outras questões, competir com os protestantes. Buscou, portanto, atender aos diferentes públicos.

Neste sentido, por causa do acirramento da competição, as organizações religiosas em geral, e a Igreja Católica em particular, tendem a moldar seus discursos e seu conjunto de práticas sacramentais em referência às características da demanda dos fiéis já conquistados e do público a ser atingido ( GUERRA, 2003, p. 82).

E como resultado de tais moldagens, dos processos históricos e sociais, a Igreja Católica permanece influente desde o Brasil colônia.

3. Conventos e/ou mosteiros - Instituições totais católicas que permanecem.

A partir da discussão realizada nas linhas anteriores, julgamos relevante nos debruçar sobre a realidade brasileira, buscando os sentidos da permanência destas instituições totais (os conventos e/ou mosteiros), na medida em que mulheres (nos mosteiros femininos) e homens (nos mosteiros masculinos) se separam da sociedade mais ampla para levar uma vida fechada formalmente administrada ( GOFFMAN, 1961, p.11).

Homens e mulheres deixam o “mundo”, a sociedade mais ampla, para se dedicar somente a Cristo, fechados entre as paredes de um mosteiro, submetidos a uma série de disciplinamentos, podendo sair apenas em casos excepcionais, sobretudo nos mosteiros femininos, pois em geral o estilo de vida destes são mais radicais do que os masculinos. Argumenta Algranti (1992):

As regulamentações para os monges, por exemplo, tinham mais a ver com a estabilidade da vida monástica do que com a reclusão total. (...) Uma das maiores diferenças, entretanto, reside no fato de que, enquanto em muitas ordens os abades mantinham autoridade para decidir onde e quando sair dos conventos, as prioras estavam sujeitas ao bispo nestas e outras questões ( ALGRANTI, 1992, p. 45).

Mesmo com essa “radicalidade” e dentro de um contexto de modernidade, no qual a busca pela liberdade impera em todos os âmbitos da vida, inclusive da religião, com um pluralismo que oferece a possibilidade de homens e mulheres optarem entre diferentes religiões a qual desejam se filiar, e ainda por escolher viver a religiosidade fora destas instituições, ainda existem indivíduos, que usando desta mesma “liberdade”, escolhem “romper” com esse mundo moderno, buscando viver na clausura.

Neste sentido, por razões diversas vii indivíduos ainda optam por viver em clausura, mas as principais características apontadas pelas freiras do mosteiro de Santa Clara localizado no Município de Campina Grande - PB, são a sensação de incompletude no mundo secular e a existência de uma vocação, de um chamado de Deus, como podemos verificar na voz de uma freira do referido mosteiro:

As pessoas estão vazias e com sede de Deus, então foi interessante uma coisa que a gente notou, todas as meninas que estavam no vocacional, comentaram, porque as irmãs dão testemunho das vocações delas e basicamente todo mundo disse assim, que antes quando estava fora sentia um vazio, algum espaço que nada preenchia, a gente tinha tudo que a gente podia querer ou imaginar, se eu imaginasse mãe já chegava, né? Você conheceu minha mãe sabe como ela é. Só que lá dentro tinha um vazio que nada preenchia, todas elas falavam disso, dava o nosso testemunho acerca disso, todas elas paravam e diziam: é isso que eu sinto. Então as pessoas têm tudo, mas sentem um vazio dentro de si. E vê que o quê? Que o que o mundo está oferecendo já não preenche esse vazio. Tem tudo, hoje a vida está muito mais fácil para muita gente, mas lá dentro tem um espaço que é só de Deus, e aí é esse espaço que só Ele chega mesmo e quando ele chega, quando Ele consegue alcançar aquela pessoa que Ele toca, aí a gente se desmonta. (...) Existem fatores externos, mas a vocação é algo que a gente não consegue explicar é realmente mistério, só que aí é interessante que todas as pessoas que vem elas têm uma sensibilidade para Deus, tem uma sensibilidade para o transcendente. (...) Elas têm sensibilidade, estão procurando (...) Clara viii diz assim: “Quando uma jovem procura, ao bater à porta do nosso mosteiro, o primeiro capítulo da regra, quando a jovem bater à porta do nosso mosteiro, é... a primeira coisa que se deve fazer é observar se ela vem por inspiração divina”, porque não deve ser razões humanas que vão me trazer para cá. Um exemplo, eu tive uma desilusão amorosa, agora vou para o mosteiro; ah! eu não consegui emprego, vou para o mosteiro. Entende? Às vezes o mundo pensa assim. (...) porque não são esses fatores externos, nem mesmo achar porque é quietinha, porque gosta de rezar, entende? É como se diz assim, é inspiração divina, é Deus que faz com que a jovem venha. (...) Vocação é mistério (FREIRA, 32 anos em 2016. Grifos nossos).

O frade da Ordem dos Frades Menores, responsável pela orientação espiritual das Freiras do mosteiro de Santa Clara de Campina Grande (PB), também destaca a ideia de vocação:

Então, há um mistério (...). Então, eu acredito que é fenômeno não é uma coisa assim, puramente humana, [é] sobrenatural a vinda de algumas irmãs, de jovens assim, que estão bem, de família, que poderiam, nós temos jovens daqui da paróquia que namoraram meninos muito bonitos, e elas muito bonitas e tudo, então a gente fica olhando assim, o que aconteceu? Não é? E estão muito felizes assim. (FREI DA ORDEM DOS FRADES MENORES - Provincial do Nordeste responsável pelas Freiras Clarissas de Campina Grande, 56 anos em 2017. Grifos nossos).

A ideia de vocação para os religiosos é fundante para a persistência desses mosteiros, e o discernimento de que a escolha pela vida em clausura se constitui de fato em vocação ou não, é algo que aparece em seus discursos como uma preocupação constante, tanto no momento da entrada no mosteiro como durante toda a vida contemplativa. Afirma o frei:

(...) difícil discernir tanto as Clarissas como nós que acompanhamos, discernir se aquela vocação é alguém tocado por um dom especial que quer fazer esse trabalho ou é alguém fugindo do mundo, essa incógnita fica sempre na cabeça da gente e por isso há todo um período de formação, de caminhada, a gente houve bastante elas para saber se de fato está levando a felicidade aquilo ali. (FREI DA ORDEM DOS FRADES MENORES - Provincial do Nordeste responsável pelas Freiras Clarissas de Campina Grande, 56 anos em 2017. Grifos nossos).

Vocação que para as religiosas e religiosos pode ser revelada ainda na infância, através daquilo que são identificados como sinais divinos. Uma Freira nos conta sobre os sinais de Deus quanto a sua vocação, e que apareceram desde a infância, segundo os relatos de sua mãe:

Nunca eu tive contato com freiras, com vida religiosa, mas só que minha mãe nunca ela me disse; ela disse hoje, depois de tantos anos, que desde que eu nasci, ela sempre me achou uma criança diferente dos meus irmãos, não é? Então, ela dizia muito que sabia que eu ia ser de Deus. Então, com quatro anos, ela sempre dizia, que eu sempre dizia, quando eu saia com ela na rua, eu sempre dizia: mamãe quando eu crescer eu não quero ser igual a essas pessoas desse mundo. Isso eu tinha quatro anos. Só que ela dizia que não entendia porque eu dizia isso. (Freira, 29 anos em 2016).

Ao longo do seu texto dissertativo Rodrigues (1995) também traz as vozes de freiras que narram como reconheceram muitos episódios de suas vidas como um sinal divino, que indicavam a necessidade de servir a Deus, de deixar tudo (o mundo externo) e optar pela vida no claustro. A autora escreve sobre tais sinais se referindo especificamente aos conventos femininos: “O que há em comum entre esse grupo de mulheres que partem ao encontro do Carmelo é uma vida anterior à consagração repleta de sinais divinos” (RODRIGUES, op. cit., p. 56).

No mosteiro de Campina Grande diante da constante necessidade de confirmação da vocação e dos cuidados necessários para que a convivência cotidiana no mosteiro se faça nos moldes determinados pela Ordem das Clarissas, as freiras vêm utilizando-se de diversos saberes para garantir uma vida saudável em termos físicos, emocionais e espirituais.

Como a Igreja já vem nos alertando um pouco para essa questão de que não somos só corpo, mas somos alma, nós temos uma mente, então é preciso formar o ser humano no todo. (..) A gente foi vendo também com a experiência com as irmãs, é como eu estou dizendo, hoje as pessoas são muito mais frágeis. (...) São carências que vem lá de fora e a gente tem que trabalhar, entende? E aí tem horas que, por exemplo, só a espiritualidade não vai me ajudar a trabalhar, porque tem que entrar no âmbito da psicologia, a gente tem uma psicóloga que nos ajuda, ..., vez por outra ela atendeu algumas irmãs, (...) ela nos ajuda, ela é muito de Deus assim. (FREIRA, 32 anos em 2016. Grifos nossos).

Há uma preocupação constante em cuidar da permanência dessas freiras no mosteiro e da própria continuidade e credibilidade da Instituição. Fica claro que para as freiras a opção pela clausura é um fenômeno transcendental ( BERGER, 1996), e logo para elas a permanência dessas instituições totais religiosas também é resultado desse agir de Deus, embora não deixem de considerar o que podemos chamar de forças sociais, como a que evidenciamos: a atuação da Igreja Católica no caso do Brasil desde o Período Colonial.

Podemos listar inúmeros conventos e/ou mosteiros de vida contemplativa existentes no Brasil, o que demonstra que não há uma escassa presença e que os conventos permanecem significantes e vivos.

Vejamos alguns (Listamos apenas três ordens religiosas: das Clarissas, do Carmo e de São Bento):

Mosteiros de Clarissas Capuchinhas no Brasil:

Irmãs Clarissas Capuchinhas Sacramentárias:

Fonte:http://clarissasclarissas.blogspot.com.br/p/enderecos.html Acesso em 01 de julho de 2016.

Femininos

Masculinos

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_do_Carmo Acesso em 01 de julho de 2016.

Femininas

Ordem cisterciense

Congregação brasileira da Santa Cruz

Masculinas

Congregação Beneditina Húngara

Federação Americano-Cassinense

Congregação de Subiaco

Congregação de Monte Oliveto

Congregação de Valumbrosa

Congregação dos Monges Eremitas Camaldulenses

Ordem Cisterciense Congregação Brasileira Da Santa Cruz

Congregação de Casamari

Congregação Cisterciense de São Bernardo

Ordem dos cistercienses da estrita observância (trapistas)

Fonte:https://culturamonastica.wordpress.com/enderecos-de-mosteiros-no-brasil/ Acesso em 01 de julho de 2016.

Como podemos observar, há na modernidade conventos de vida contemplativa espalhados pelo Brasil inteiro. Atribuímos como um fator importante para a persistência dessas instituições totais o fato de serem pertencentes à Igreja Católica, a qual tem perpassado os processos de secularização e de racionalização, se mantendo viva mesmo diante do competitivo mercado religioso, e ainda possuindo o maior número de adeptos, o que lhe confere um histórico que legitima tal persistência.

Assim sendo, os conventos e/ou mosteiros pertencentes à Igreja Católica presentes no Brasil desde o período colonial, possuem uma herança histórica, econômica, social e religiosa, o que se configura como uma das causas dessas instituições persistirem até os dias de hoje.

Estando a Igreja Católica presente na tradição brasileira e influenciando no habitus ix da maioria da população, tal presença na vida cotidiana contribui para que muitos ainda confiram prestígio à vida consagrada e reconheçam os conventos como um lugar que é propício e destinado para a vivência da devoção, para a manutenção da honra e ainda, de certa maneira, para adquirir educação, no que diz respeito não à aprendizagem da leitura e da escrita, mas à aprendizagem de bons comportamentos, do disciplinamento.

No que diz respeito ao disciplinamento na vida religiosa, os conventos se destacam para os católicos como o lugar propício para tal aprendizagem. Foucault (2014) destaca que para que o desenvolvimento da disciplina ocorra, às vezes, é imprescindível a vivência em um local fechado: “A disciplina procede em primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço. Para isso, utiliza diversas técnicas. 1) A disciplina às vezes exige a cerca, a especificação de um local heterogêneo a todos os outros e fechado em si mesmo” ( FOUCAULT, 2014, p. 139).

Desta forma, parte da população brasileira reconhece e valoriza os conventos seguindo a visão da Igreja Católica, reconhecendo-os enquanto um lugar institucionalizado, privilegiado e propício para dedicar-se ao Cristo, como sendo talvez o lugar que possibilita uma dedicação mais pura e fiel.Rodrigues (1995) também argumenta sobre esse reconhecimento:

E é exatamente por buscar ser um “refúgio” da sociedade circundante que o mosteiro consegue cumprir o seu papel, enquanto locus privilegiado para se vivenciar o segundo momento ritual. A clausura é o lugar ideal para se vivenciar a solidão de Deus ( RODRIGUES, 1995, p. 152).

Contudo, mesmo apontando a herança histórica, econômica, política, social e religiosa da Igreja Católica e dos conventos, como fatores significativos para a persistência de tais instituições totais, não deixamos de lado a explicação sobrenatural, os sinais divinos, os quais conduzem homens e mulheres para optarem por viver em clausura e os contextos sociais e culturais desses indivíduos.

O aspecto do transcendental, dos sinais divinos, se destaca como um importante elemento também para a compreensão da permanência dos mosteiros de vida contemplativa no século XXI. Freis e freiras procuram tais mosteiros guiados pela influência da Igreja Católica, mas também pelos sinais divinos que muitas vezes aparecem desde a infância. Escreve Rodrigues (1995) ao se referir ao texto da autora Miriam Grossi (1995), a qual enfatiza em sua análise, quanto à vocação para a vida consagrada, a conjuntura de forças sociais em detrimento dos aspectos sobrenaturais: “Talvez, com a Ordem religiosa que Grossi tenha trabalhado, essa seja uma característica importante no processo de descoberta da vocação, porém há outros detalhes, no nível do sobrenatural, tão ou mais importantes que estes e que foram negligenciados pela autora” ( RODRIGUES, 1995, p. 06).

Evidenciar em nossa compreensão o elemento do sobrenatural também nos permite tecer considerações mais assertivas, na medida em que nos colocamos cuidadosamente diante do pêndulo entre ciência e religião. Neste sentido, consideramos que conventos e/ou mosteiros, mesmo representando uma opção “radical" de vida, ainda fazem sentido em pleno século XXI, pois o processo de socialização de muitos brasileiros, fortemente influenciados pelo discurso religioso, sobretudo pelo católico, ainda informa sobre o reconhecimento destes conventos como sendo um lugar para devoção, manutenção da honra e da aprendizagem da disciplina, além de conferir elementos para que homens e mulheres interpretem tais sinais como sendo divinos e indicadores de uma vocação para a vida em clausura.

4. Considerações finais

A religião Católica mesmo sofrendo transformações e tendo modificado os seus discursos e ações para manutenção e atração de fiéis em suas igrejas, permanece na sociedade brasileira sendo a religião que possui o maior número de adeptos e ainda se mostra capaz de atrair jovens para a vida contemplativa em instituições totais, demonstrando ainda mais a sua força e poder diante do mercado religioso, tendo em vista que a vida contemplativa é marcada pela “radicalidade” da vida em clausura.

E esta força da Igreja Católica e dos mosteiros e/ou conventos se deve, sobretudo, ao fato da forte presença da Igreja nos discursos, ações e rituais do cotidiano dos brasileiros, além dos seus poderes econômicos, haja vista as suas propriedades, como também a sua influência no campo da política.

Podemos citar como exemplo desta presença da Igreja Católica no cotidiano dos brasileiros, o fato de nas instituições públicas (escolas e hospitais), mesmo se tratando de um Estado laico, ainda encontrarmos símbolos católicos, como imagens de santos e do Cristo crucificado, e o fato de o calendário nacional ser permeado de feriados referentes a santos católicos. Assim, de modo geral, a Igreja Católica está inserida nos processos de socialização, sobretudo das famílias que se filiam a esta religião.

São essas influências católicas incorporadas em nossos habitus durante o processo de socialização na escola, em casa, na rua, na igreja, que influenciam homens e mulheres no século XXI a buscarem os mosteiros para viver a sua vocação.

Diante da história da Igreja Católica no Brasil, apontamos que tal permanência das instituições totais, que são marcadas por certa radicalidade, se deve, entre outros fatores, à influência histórica, social, política, econômica e religiosa desta Igreja e, por conseguinte, a sua posição dominante de, ao longo dos séculos enquanto instituição poder disseminar os seus discursos e rituais, fazendo parte da tradição brasileira, influenciando na incorporação de habitus, que também contribuem para que jovens compreendam e reconheçam que possuem uma vocação para a vida religiosa e que o lugar de vivenciála é a clausura, a instituição total, mesmo se tratando de uma opção “radical”, de recusa do mundo exterior.

Referências bibliográficas

ALGRANTI, L. M. Honradas e devotas: mulheres da colônia. Estudo sobre a condição feminina através dos conventos e recolhimentos do Sudoeste - 1750-1822. Tese de doutoramento apresentada ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1992.

BERGER, P. L. Rumor de Anjos: A sociedade moderna e a redescoberta do sobrenatural. Petrópolis: Vozes, 1996.

BOURDIEU, P. Trabalhos e projetos. In: ORTIZ, R. (Org). Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

_____________. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

_____________. Gênese e Estrutura do Campo Religioso. In: A Economia das Trocas Simbólicas. Introdução, organização e seleção Sergio Micele. São Paulo: Perspectiva, 2011.

CARVALHO, J. J. de. Um espaço público encantado. Pluralidade religiosa e modernidade no Brasil. Série Antropologia. UnB: Brasília, 1999.

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

FERREIRA, M. S. Polissemia do conceito de instituição: diálogos entre Goffman e Foucault. In: Estudos contemporâneos da subjetividade. Volume 2, número 1, 2012.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2014.

FREYRE, G. Casa-Grande e senzala. Rio de Janeiro: Record, 1997.

GARCIA, M. V. Liberdade em clausura: trajetórias pessoais e religiosas de monjas Carmelitas Descalças. Dissertação apresentada a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestrado em Ciências da Religião. São Paulo, 2006.

GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1961.

GUERRA, L. D. Mercado religioso no Brasil: Competição, demanda e a dinâmica da esfera da religião. João Pessoa: Ideia, 2003.

GROSSI, M. P. Conventos e celibato feminino entre camponesas do Sul do Brasil. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 1, n.1, p. 47-60, 1995.

HERVIEU-LÉGER, D. O peregrino e o convertido: a religião em movimento. Petrópolis: Vozes, 2008.

LEONEL, G. G. Campo religioso brasileiro na contemporaneidade: continuidades, descontinuidades, transformações e novos ângulos de análise. In: Interseções, Rio de Janeiro, v. 12 n. 2, p. 382-407, dez. 2010.

MESCHIATTI, J. E. Trabalhadores da vinha: estudo sobre a formação do clero - o Seminário Católico antes e depois do Concílio Vaticano II. - Campinas, SP: [s.n.], 2007.

MONTEIRO, D. T. Um confronto entre Juazeiro, Canudos e Contestado. In: FAUSTO, B. (Org.). História geral da civilização. Tomo III: O Brasil republicano. Sociedade e instituições.. Rio de Janeiro - São Paulo: Difel, 1978.

MONTES, M. L. As figuras do sagrado: entre o público e o privado na religiosidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012.

OLIVEIRA, J. L. M. de. Viver os votos em tempos de pós-modernidade. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

REDFIELD, R. “A “Sociedade de Folk” e a cultura”. In: PIERSON, D. (Org). Estudos de Organização Social. Tomo II. São Paulo, Martins, 1970.

RIBEIRO, J. C. Georg Simmel, Pensador da Religiosidade Moderna. In: Revista de Estudos da Religião, nº 2, 2006, pp. 109-126.

RODRIGUES, D. D. O Reino da Solidão. Uma etnografia da vida em clausura das monjas Carmelitas Descalças. Dissertação apresentada no Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília. 17 de fevereiro de 1995.

SILVA, L. B. da. Tensões e disputas em torno da devoção ‘popular”: A Cruz da Menina em Patos - PB. Dissertação apresentada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Campina Grande. 2012.

SIMMEL, G. Religião: ensaios. volume 1/2. São Paulo: Olho d’Água, 2010.

_______________. As grandes cidades e a vida do espírito (1903). Revista Mana, Rio de Janeiro. V.1, n.2, 2005.

STEIL, C. A. Pluralismo, modernidade e tradição: transformações do campo religioso. In: Ciencias Sociales y Religión Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, v. 3, n. 3, p. 115-129, 2001.

TOMÉ, D. C., QUADROS, R. dos S. e MACHADO, M. C. G. A educação feminina durante o Brasil colonial. In: Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012.

WEBER, M. A ética protestante e o “espírito do capitalismo”. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

Referências acessadas na Web

< http://paroquiavirtualfreiivo.blogspot.com.br/2010/08/diferenca-entre-convento-e-mosteiro.html > Acesso realizado em 07 de março de 2016.

< http://www.osb.org.br/atlasmon.html> Acesso realizado em 24 de julho de 2016.

< http://clarissasclarissas.blogspot.com.br/p/enderecos.html> Acesso realizado em 24 de julho de 2016

Notas

i Quadro que pode ser evidenciado, na pesquisa desenvolvida por Silva, intitulada: “Tensões e disputas em torno da devoção ‘popular’: A Cruz da Menina em Patos - PB.” (2012).
ii O Convento é confundido, muitas vezes, com Mosteiro. No passado, o Convento era edificado na zona urbana da cidade, normalmente delimitada por uma muralha. Já o Mosteiro era o oposto, sendo edificado fora da cidade, geralmente em montanhas ou encostas de desertos rochosos. Hoje, tanto o Convento, quanto o Mosteiro se confundem, porque a cidade cresceu ao seu redor. (Acesso realizado em 07 de março de 2016: http://paroquiavirtualfreiivo.blogspot.com.br/2010/08/diferenca-entre-convento-e-mosteiro.html)
iii Vozes oriundas do trabalho de pesquisa de Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG de Silva, no qual até o momento foram estabelecidos 14 diálogos gravados, sendo 7 (sete) freiras, 1 (um) frei, o bispo da cidade, 3 (três) vocacionadas, 2 (duas) pessoas da comunidade.
iv Educacional em seu sentido amplo, abrangendo os processos de escolarização da época, os ensinamentos catequéticos e sociais.
v Cenário que suscitou a preocupação de diversos teóricos, culminando em diversas publicações abordando essa questão. Dentre tantas, destacamos o livro “Mercado Religioso no Brasil: Competição, Demanda e a Dinâmica da Esfera da Religião” (2003) de Lemuel Dourado Guerra, que traz um balanço das discussões e interpretações teóricas.
vi Ver o link: https://www.youtube.com/watch?v=V1L_xYxCOiI Acesso em 07 de janeiro de 2018.
vii Questão investigada por Silva na pesquisa em curso no Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG.
viii Refere-se a Santa Clara.
ix Conceito empregado por alguns autores, entre eles, Norbert Elias (1897- 1990) e Pierre Bourdieu (1930-2002), os quais tomamos como referência, embora julgamos nos aproximar mais do conceito de habitus desenvolvido por Norbert Elias na medida em que este faz referência a uma historicidade mais longa na construção do habitus em uma sociedade, uma vez que também estamos nos referindo a incorporação de habitus por uma nação, no caso a brasileira, na qual a religião católica se faz presente há séculos.
HMTL gerado a partir de XML JATS4R por