Secciones
Referencias
Resumen
Servicios
Descargas
HTML
ePub
PDF
Buscar
Fuente


GÊNERO E RELIGIAO: UM OLHAR SOBRE A PESQUISA ATUAL
GENDER AND RELIGION: A LOOK AT ITS CURRENT RESEARCH
Ciencias Sociales y Religión / Ciências Sociais e Religião, vol. 22, pp. 1-25, 2020
Universidade Estadual de Campinas

Article


DOI: https://doi.org/10.20396/csr.v22i00.13321

Resumo: O objetivo do presente trabalho consiste em apresentar uma revisão de escopo da literatura disponível sobre a interseção dos estudos que abordam gênero e religião. A partir da técnica de revisão de escopo, foi realizada uma seleção da produção científica publicada em periódicos avaliados pelo sistema Qualis/CAPES. Foram levantados, assim, 33 artigos que abordavam a temática, os quais foram categorizados pelo seu periódico de origem, área temática pesquisada, metodologia e autoria. A partir da leitura, pudemos verificar as diferentes abordagens e técnicas metodológicas no sentido de compreender as diversas relações produzidas entre as concepções de gênero e religião. As multiplicidades de temáticas encontradas apresentam a possibilidade de crescimento e aprofundamento deste campo teórico.

Palavras-Chave: Religião, gênero, qualis/Capes, revisão de escopo.

Abstract: This study aims to present a scope review of the available literature on the intersection of studies that address gender and religion. From the scope review technique, a selection of scientific production published in journals evaluated by the Qualis / CAPES system was performed. Thirty-three articles that dealt with the topic were collected, and categorized, by using their original journal, thematic area researched, methodology and authorship. From the reading of the material chosen, we could verify the existing different approaches and methodological techniques in search of understanding the diverse relations produced between the conceptions of gender and religion. The multiplicities of the themes found demonstrate the possibility of growth and deepening of this theoretical field.

Keywords: Religion, gender, qualis/Capes, scope review.

Aspectos Introdutórios

Nos estudos contemporâneos ( Bandini 2015a; Bandini 2015b; Freire 2015), é clara a preocupação em se desvelar, e contextualizar, os papéis exercidos pelas mulheres. Seja na política, na vida pública, ou no âmbito doméstico, pesquisadores e pesquisadoras se debruçam nas análises das atribuições e do ethos feminino ( Machado 1999; Algranti 2007; Velozo 2010), a fim de constatar, e revelar, as continuidades e as rupturas com os moldes impostos socioculturalmente. O avanço dos estudos feministas, e de suas epistemologias, tem criado condições para que estas investigações se desenvolvam de maneira a explicitar, no campo científico, as relações de gênero e as especificidades produzidas a partir delas.

Como sugere Scott (1990), ao apontar o estado da arte nas pesquisas de gênero, estas investigações devem ultrapassar o domínio público e garantir que sejam feitas análises das representações do feminino em todas as esferas sociais. A autora considera gênero como um elemento constitutivo das relações sociais e ressalta, ainda, sua importância na significação das relações de poder. Assim como Scott (1990), Bandini (2005) compreende que as mudanças ocorridas socialmente derivam-se, primeiramente, das alterações nas estruturas de poder. Assim sendo, as representações e significações do espaço conquistado por homens e mulheres reflete a dinâmica das representações de poder.

Ao buscar entender as relações estabelecidas socialmente, a partir da dinâmica do gênero e suas estruturas de poder, encontraremos, no percurso, as definições amplamente discutidas sobre gênero. Considerar gênero como categoria analítica, como foi proposto por Scott (1990), nos faz refletir sobre a substituição da categoria analítica de mulheres. Concebendo que a discussão sobre gênero pode dar-se no âmbito das relações sociais estabelecidas pelo sexo, e na significação das relações de poder, a autora enfatiza: “O gênero é, então, um meio de codificar o sentido e de compreender as relações complexas entre diversas formas de interação humana” ( Scott 1990:17).

Apreender as estruturas de gênero vai além do debate do seu conceito. As relações estabelecidas, e naturalizadas, oriundas da carga imposta a ele, perpetuam-se nas significações e normas sociais, criando espaços e dinâmicas que corroboram com a manutenção de sua identidade fixa. A partir desta problemática, surge a compreensão de que gênero se configura como um conceito relacional, que pertence às relações sociais e tem sua significação nas relações de poder ( Costa; Madeira; Silveira, 2012).

É importante dizer, ainda, que a compreensão da especificidade do cenário religioso, e sua relação com as questões de gênero, pode ser feita por diferentes perspectivas. Rosado Nunes (2015) pontuou o esforço dos campos científicos que tratam de religião e gênero de se aproximarem, identificando as lacunas que impedem esse encontro, apontando o desconhecimento mútuo entre as áreas de “invisibilidade”. Diante disso, diversos estudos foram elaborados para identificar o perfil deste campo de estudo. O que se vê expressivamente é a tratativa das questões das representações de gênero nos meios de comunicação utilizados pelas instituições ( Machado 1999; Fonseca 2013; Lopes 2013; Teixeira 2014; Costa 2014); o desenvolvimento e a trajetória feminina nas religiões ( Machado e Figueiredo 2002; Bandini 2005; Souza 2006; Mafra 2012); e, de maneira mais gradual, surgem os estudos que tratam especificamente da ideia de gênero ( Ribeiro 2003; Marcos 2007; Buttelli 2008). São também encontradas pesquisas que relacionam as questões religiosas, de gênero e sexualidade ( Fonseca 2013; Busin 2011; Cordovil 2013); epistemologias feministas e novas interpretações do fenômeno religioso ( Candiotto 2010; López 2013; Freire 2015; Gouvêa Neto 2016); e estudos que abordam a questão do gênero relacionada à classe e raça ( Souza 2015; Alencar e Fajardo 2016). O que se constata é que o campo de estudo que inter-relaciona as questões de gênero e religião está avançando gradativamente e, abrangendo, em si, interessantes perspectivas e direções.

Diante do exposto, discutiremos como estão configuradas as produções científicas que tratam da interseção entre as temáticas de religião e gênero. Para responder a tal questão, buscaremos, neste artigo, apresentar uma revisão de escopo da literatura disponível. Para tanto, foi realizado um levantamento da produção científica publicada em periódicos nacionais, selecionados com base na sua classificação Qualis/CAPES. Buscamos reunir subsídios para compreender o estado atual das pesquisas, os temas pesquisados, as metodologias adotadas, assim como identificar os pontos mais abordados, as lacunas e os caminhos traçados. Com isso esperamos que se abram novas direções para pesquisas sobre a temática, contribuindo para o avanço desse campo de estudos.

Percursos Metodológicos e Caracterização Quantitativa dos Dados

Para realizar este trabalho, foram selecionados os periódicos dos estratos A1, A2, B1 e B2, que apresentavam a palavra “religião” em seu título. A partir disso, foram selecionados os artigos que apresentavam a relação temática (gênero e religião) em seu título, resumo, palavras-chave e/ou em seu conteúdo. É importante destacar que, embora, outros periódicos abordem esta relação temática em alguns de seus artigos, como a Revista de Estudos Feministas e Cadernos Pagu, por exemplo, optamos por manter, para fins deste artigo, o recorte inicial como forma de estabelecer um panorama da produção. Por fim, cabe apontar que a coleta dos textos nos periódicos foi realizada no terceiro quadrimestre de 2017, sendo finalizada no final do mês de setembro.

A partir do levantamento realizado, no intuito de compreender a maneira como têm se configurado as pesquisas que abordam a relação entre gênero e religião, efetuamos a busca por artigos publicados que expusessem a temática de gênero e mulheres, correlacionando-a com perspectivas de religião, percebidas em suas palavras-chave, resumo, títulos e em seu conteúdo como um todo. Foram, então, selecionados 11 periódicos e, neste ensejo, 33 artigos, na perspectiva de identificar as principais temáticas abordadas, as opções metodológicas e desvelar as tendências, carências e sentidos futuros das pesquisas.

Cabe aqui ressaltar que a estruturação da busca foi feita a partir de um recorte temporal, compreendendo a primeira edição online, de cada periódico, até a última publicação, no mês de outubro do ano de 2017. A tabela a seguir apresenta, de maneira discriminada, os títulos dos periódicos selecionados e suas respectivas instituições.

TABELA 1
PERIÓDICOS SELECIONADOS

TABELA 2
DISTRIBUIÇÃO DAS PUBLICAÇÕES SOBRE GÊNERO E RELIGIÃO

Fonte: Autores (2018)

A tabela 2 explicita que os periódicos Ciências Sociais e Religião, bem como a Revista de Estudos da Religião (REVER), foram, ponderadamente, os periódicos que mais publicaram artigos envolvendo a relação entre gênero e religião. Porém, o que pode ser observado é a pequena quantidade de textos que abordam a temática dentro do universo de periódicos pesquisados. A mesma consideração pode ser feita no que se refere à publicação por sequência de anos destes artigos, como ilustra a tabela 3, sendo o ano de 2015 o auge das publicações de textos com a temática, o que, muito embora tenha demonstrado o interesse dos pesquisadores, contrapõe os números de publicações dos anos anteriores e seguintes.

TABELA 3
DISTRIBUIÇÃO DAS PUBLICAÇÕES POR ANO

Fonte: Autores (2018)

Fato que cabe ser destacado por nós é a autoria dos artigos que buscavam evidenciar as perspectivas de gênero e religião. Pudemos perceber que a grande maioria das publicações foi escrita por mulheres.

TABELA 4
DISTRIBUIÇÃO DAS PUBLICAÇÕES POR AUTORIA E INSTITUIÇÃO DE ORIGEM DO AUTOR

Fonte: Autores (2018)

A tabela 5 apresenta o interesse maior dos pesquisadores voltado às dinâmicas das instituições pentecostais, compreendendo que aqui, neste ensejo, temos artigos que tratam das diferentes vertentes, como as denominações neopentecostais e pentecostais clássicas, situação que pode ser esclarecida por nós. Outra situação que pôde ser verificada é a de que a abordagem quanto às religiões de matriz africana, bem como quanto a outras religiões alheias às tradicionais ocidentais, apresentou número ínfimo. A grande maioria dos artigos publicados trata as religiões de maneira abstrata e traz perspectivas, como a teologia e as interpretações, como pautas centrais.

TABELA 5
DISTRIBUIÇÃO DOS ARTIGOS DE ACORDO COM RELIGIÃO PESQUISADA

Fonte: Autores (2018)

A seguir, serão abordados, de maneira individual e aprofundada, os textos selecionados que compuseram esta revisão.

Dimensão Qualitativa dos Dados

O desenvolvimento do campo de estudo acerca da relação gênero e religião tem resultado em diferentes pesquisas que trabalham metodologias específicas, e alternativas, no tratamento dos interesses das investigações. A revisão bibliográfica, nesse sentido, por permitir a inserção do pesquisador no que já fora desenvolvido sobre o assunto, é amplamente utilizada por diversos autores, tais como Bandini 2005; Souza 2006; Marcos 2007; Buttelli 2008; Candiotto 2010; Weiss de Jesus 2010; Velozo 2010; Reimer e Souza 2012; López 2013; Musskopf 2013; Lopes 2013; González Garcia 2014; Roese 2015; Souza 2015; Bandini 2015; Freire 2015; Alencar e Fajardo 2016; e Gouvêa Neto 2016; Natividade 2017, fornecendo subsídios para que muitos outros possam dimensionar o estado atual das pesquisas científicas com este tema.

As investigações que tiveram como escopo principal a religião pentecostal ultrapassaram as abordagens do catolicismo, quais sejam: Machado 1999; Machado e Figueiredo 2002; Algranti 2007; Bandini 2015; Souza 2015; Alencar e Fajardo 2016; e Gouvêa Neto 2016. Ainda dentro da perspectiva pentecostal, encontramos artigos que tratam de variações pentecostais, como as Igrejas Inclusivas ( Weiss de Jesus 2010; Natividade 2017) e as Neopentecostais ( Teixeira 2014; Costa 2014; Bandini 2015), além de trabalhos que examinaram as teologias e a religião de formas inespecíficas, que também apresentam quantitativamente maior volume ( Souza 2006; Marcos 2007; Buttelli 2008; Candiotto 2010; Velozo 2010; Fonseca 2013; Reimer e Souza 2012; López 2013; Musskopf 2013; Lopes 2013; Souza 2015; Freire 2015).

Ao fazer uma leitura cronológica, pudemos apreender as trilhas seguidas pelos autores, e pelos periódicos, no cerne das pesquisas, as quais sistematizaremos brevemente a seguir.

Machado (1999) e Machado e Figueiredo (2002) aparecem nos primeiros artigos publicados sobre a temática de gênero e identidade feminina em relação à religião, nos periódicos selecionados. As autoras, oriundas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, usaram do pioneirismo nas pesquisas com essa temática para percorrer os caminhos das instituições pentecostais, de maneira a esclarecerem a imagem feminina nas mídias pentecostais e, em segunda obra, a inserção das mulheres religiosas no campo político do Rio de Janeiro. Elas utilizaram, em ambos os artigos, a pesquisa documental e, na pesquisa que se intitulou de “SOS MULHER - A Identidade Feminina na Mídia Pentecostal”, publicada no ano de 1999, foram evidenciadas as diferenças na tratativa de assuntos tidos como femininos, assim como a posição ocupada por mulheres nestes veículos de comunicação. Outro fator analisado foi o da representação feminina entre duas instituições pentecostais, sendo uma de origem clássica e, a outra, neopentecostal.

A pesquisa desenvolveu-se entre 1997 e 1998, período no qual estudos que debatiam esta temática começaram a surgir. Machado (1999) apontou que o debate trazido pela Assembleia de Deus (AD), instituição pentecostal clássica, nos meios de comunicação, eram de menor abrangência e sua abordagem recorria a temas mais específicos, e de caráter conservador, enquanto que a outra instituição pesquisada, a Igreja Universal do Reino de Deus, classificada como neopentecostal, despendia mais tempo nas comunicações e abordava temas polêmicos no meio religioso. Essas diferenças entre as duas correntes podem ilustrar as estratégias adotadas por estas denominações para o alcance de públicos específicos.

Foi ressaltado, ainda, por Machado (1999) que a participação de mulheres, nesses canais de comunicação, era resultado de um debate preestabelecido, de autoria masculina e que se fundamentava na manutenção da família e do lar. A figura feminina era utilizada como uma maneira de manter o diálogo entre os programas e as telespectadoras, enfatizando sempre o papel da mulher relacionado ao acolhimento e aconselhamento. Os temas tidos como femininos, encabeçados por mulheres que faziam parte da redação e do planejamento desses programas, relacionavam-se a problemas domésticos e às relações religiosas, colocando, de maneira superficial, a possível inserção destas no mercado de trabalho.

Na pesquisa, denominada: “As Evangélicas nas Disputas Eleitorais da Cidade do Rio de Janeiro”, publicada pelo mesmo periódico no ano de 2002, Machado e Figueiredo apresentam a disputa das mulheres evangélicas nas eleições da cidade. As autoras descrevem a maneira ambígua por meio da qual se desenrolam as relações de gênero, compreendendo que ora afastam as mulheres de cargos de liderança nas instituições religiosas, ora as estimulam a reforçarem sua individuação. Partindo de uma análise quantitativa sobre as candidaturas femininas, pode-se compreender um esforço das lideranças religiosas para se adequarem às mudanças culturais, que se enquadraram quase que totalmente ao mínimo exigido pela legislação que é 30% mínimo e 70% máximo, para cada sexo.

Outro dado importante, destacado por Machado e Figueiredo (2002), é que não existiram diferenças significativas entre as propostas das candidaturas evangélicas femininas e masculinas. As autoras destacam terem sido ínfimas as propostas direcionadas diretamente ao setor feminino e concluíram que, embora os interesses das mulheres dentro das comunidades religiosas sejam sub representados, é imprescindível salientar que em relação à participação política, estas mulheres não são mais oprimidas que no conjunto geral da população.

Diferente da perspectiva de Machado (1999) e Machado e Figueiredo (2002), Ribeiro (2003) trabalhou as questões de gênero nas comunidades eclesiais de base (CEBs), que são comunidades cristãs onde grupos de pessoas, ligadas à igreja católica, reúnem-se, a partir de suas localidades, para desenvolver atividades como leitura bíblica e a prática de caridade aos pobres. Ribeiro (2003) já destacara, em seu estudo, que a necessidade de relações de gênero, baseadas na igualdade, tem sido uma exigência da sociedade que reflete também na realidade das igrejas, exigência que se torna um desafio quando se leva em consideração a estrutura patriarcalista da igreja católica.

A forma como a igreja alocou as mulheres nas suas atividades reafirma seu papel doméstico. Entretanto, segundo Ribeiro (2003), esta forma abriu caminhos para a articulação de movimentos que pautam o cotidiano destas mulheres, permitindo que nessa condição, elas passem a questionar suas posições. A autora trabalha com a historicidade dos Encontros Intereclesiais que, juntamente a uma demanda social, trouxeram, em suas pautas, as transformações das temáticas de mulheres, cedendo espaços para que suas demandas sejam ouvidas e discutidas. A pesquisadora utilizou, então, as comunidades eclesiais como exemplo de ruptura da cultura androcêntrica, entendendo que dentro destas comunidades a opressão de gênero não é estimulada e a participação feminina contrapõe os preceitos de passividade e submissão para o questionamento e rupturas.

Considerando as datas de publicação dos textos citados, é interessante destacar, neste ponto, o pioneirismo da revista de Ciências Sociais e Religião, criada em 1999 e periódico do qual estes artigos foram retirados, trazendo ao público científico a discussão da temática de gênero interseccionada à religião.

Seguindo a cronologia dos estudos com esta abordagem, encontramos o texto de Bandini (2005), oriundo da Revista de Estudos da Religião (REVER), que teve seu início no ano de 2001. A autora, no artigo em questão, analisou o espaço religioso como formador social que molda os cotidianos de seus fiéis, inclusive pela regulação das necessidades dos corpos. Em sua pesquisa, Bandini (2005) apontou a violência masculina estabelecida desde o Brasil colônia, período em que a Igreja, o Estado e o patriarcado estabeleciam padrões de virtuosidade a serem seguidos. A Igreja e o Estado utilizavam mecanismos legais de coação, e sanção, para que seus princípios fossem estabelecidos de forma eficaz e, nesta dinâmica, a sociedade produzia os estigmas. O matrimônio, neste ensejo, era um mecanismo fundamental de controle e padronização dos comportamentos das famílias e das mulheres, estabelecendo os limites da sexualidade e assegurando a família, indiferenciadamente da camada social em que as mulheres se encontravam.

Outro ponto destacado pela autora consiste na diferenciação entre as próprias mulheres, imposta pela igreja. Aquelas que eram casadas, e possuíam filhos, eram superiores às solteiras, uma vez gestoras dos seus lares. Desta maneira, a igreja estabelecia relações de poder entre as próprias mulheres. A autora conclui seu estudo ressaltando a importância determinante do gênero na construção de classes, de acordo com as formas de controle das relações no Brasil colônia.

Ao abordar o trânsito religioso, Souza (2006), traz, em seu artigo publicado pela revista Horizonte, criada no ano de 1997, que, através da secularização, a religião perdeu seu lugar de matriz e passou a dividir sua significação com outras instâncias, como a mídia e a ciência. Outro ponto ressaltado pela autora é o do crescente aumento das alternativas religiosas que têm fragmentado os monopólios religiosos e ampliado o campo para a criação de novas tradições.

Ponto de destaque colocado pela autora é que, embora a base religiosa seja, em sua maioria, compreendida por mulheres, a falta de participação destas nos cargos de prestígio faz com que transitem mais pelo cenário religioso por não terem um “compromisso” com as instituições. Tal fato pode não ser a força motivadora; entretanto, pode funcionar como viabilizador, uma vez que estas não se consideram representantes das denominações. As mulheres, de acordo com a pesquisa realizada por Souza (2006), buscam na religião a solução para problemas domésticos, sendo que os filhos e maridos são majoritariamente as justificativas apresentadas por elas. Outra justificativa destacada é a da solidão, entendendo que, pelo contexto patriarcal, o espaço feminino ainda é o privado.

O trânsito religioso não é visto como algo incoerente, retoma a autora. “Se existe uma demanda por cura e esta não é atendida, a busca por outros grupos religiosos é entendida como legítima” ( SOUZA 2006:27). As andanças religiosas produzem uma noção diferenciada de um Deus que se redesenha e se molda pelas constantes experiências religiosas.

No contexto dos estudos que abordaram gênero e religião, encontramos o artigo de Marcos (2007), publicado pelo periódico Estudos de Religião, que teve sua primeira edição online no ano de 2007. A autora mexicana traz o primeiro texto em língua estrangeira que aborda a temática dentre os periódicos selecionados. Marcos (2007) apontou caminhos para os estudos que fazem uma interseção entre religião e gênero e, através da hermenêutica, a autora elenca as possibilidades de compreensão das religiões através dos gêneros e o entendimento dos gêneros pelas religiões.

Para a autora, os textos sagrados, assim como a bíblia, têm sido escopo de reinterpretações e reconstruções, a partir da hermenêutica feminista, permitindo que teólogas encontrem tradições diferentes e livres de opressões e sexismos. Marcos (2007) salienta, então, as novas interpretações que constroem caminhos que tiram as mulheres do limbo colocado pela cultura androcêntrica e que, através das escritas, criam um entendimento de uma igualdade religiosa.

Nesse sentido, encontramos, datado do mesmo ano de publicação, outro artigo de autoria internacional. Algranti (2007) abordou as posições das mulheres na narrativa pentecostal, ressaltando, em seu estudo, o crescimento vertiginoso deste ramo em todo o mundo e elencou a adaptabilidade do discurso às necessidades dos sujeitos. O artigo foi publicado pelo periódico Ciências Sociais e Religião e, dentre as pesquisas selecionadas, foi o primeiro de autoria masculina a tratar a temática de gênero. Na análise dos discursos pentecostais, o autor argentino destaca o uso de exemplos bíblicos que colocam a mulher como secundárias nas relações, cabendo a ela a submissão e a função de colaborar com o marido.

Do ano seguinte, o artigo “Ritos e igualdade de gênero: uma análise da potencialidade de construção de (des)igualdade de gênero nos ritos”, publicado pela revista Horizonte, também de autoria masculina, pontua a sociedade patriarcal e as formas de violência às quais as mulheres estão submetidas. Buttelli (2008) discorre sobre a violência simbólica no espaço dos ritos. A violência decorreria da posição destes elementos e deriva da estrutura de superioridade masculina. O autor estabelece a tese que dentre os poderes simbólicos que desempenham papel estruturante estão o conhecimento científico, os discursos oficiais de um Estado, mitos, lendas, entre outros.

O artigo de Buttelli (2008) buscou desvelar as funções dos ritos na estruturação social, sua função na atribuição de papéis que, aliada a outras instituições como escola e família, é determinante na construção do homem e da mulher. O autor ressaltou que os ritos são instrumentos que contribuem para a perpetuação de uma ordem simbólica que se configura acima deles, um posicionamento androcêntrico que apresenta caráter negativo tanto para as mulheres, quanto para os homens que não correspondem ao padrão estabelecido pela cultura patriarcal.

No mesmo ano, Scavone (2008) publicou um texto baseado em uma mesa-redonda, que tratou os dados obtidos pelas pesquisas da Fundação Getúlio Vargas e Datafolha, que apontavam a perda de fiéis pela igreja católica, sobretudo mulheres fiéis. O texto foi publicado pela Revista de Estudos da Religião e dividiu-se em duas seções.

Na sua primeira seção tratou a interseção entre feminismo e religião, buscando compreender as razões que levavam as mulheres às religiões, uma vez que estas lhe incumbiam lugares secundários. Na segunda seção, o texto aponta a interseção entre gênero e religiões, pondera a perda de fiéis da igreja católica e a manutenção destas fiéis em religiões patriarcais, reiterando que as mulheres continuavam mais numerosas que os homens no segmento das religiões, o que reafirma Rosado Nunes (2005), quando explicita que dados estatísticos apresentam que mulheres são mais religiosas que homens, forjando um pensamento que esconde o investimento masculino na produção do sagrado e perpetuação da dominação entre os gêneros. A autora ainda pautou o crescimento de igrejas pentecostais e a sua difusão em periferias, que acabam por agregar mais fiéis, principalmente mulheres, embora reafirmem a doutrina patriarcal e androcêntrica ( SCAVONE, 2008).

A autora finaliza o texto apontando as respostas que podem ser encontradas para os problemas cotidianos nas instituições religiosas. Entretanto, pontua que substancialmente não há mudança em suas estruturas patriarcais ( SCAVONE, 2008).

No ano de 2010, o periódico Estudos de Religião voltou a publicar textos que abordam a temática de gênero e religião. Candiotto (2010) buscou tratar da teologia da criação, a partir das relações de gênero. No artigo, a autora aborda as teologias feministas e sua contribuição nos discursos que abordam as relações de gênero, ressaltando que nestas teorias se desconstrói a naturalidade feminina, ou masculina, entendendo que são construções sociais resultantes de processos históricos.

A autora finaliza o texto tratando da importância da interpretação da teologia das relações de gênero para uma mudança no olhar sobre a realidade cultural posta, pontuando que a noção de gênero é atrelada ao significado cultural. A dominação pela condição biológica acresce na marginalização no mundo científico, cultural e político da mulher. Candiotto (2010) destaca a posição de dominador do homem, advinda da tradição judaicocristã que coloca a imagem de um Deus masculino, personificação do poder.

No bojo das igrejas pentecostais surgem as igrejas inclusivas, que compatibilizam sexualidades não heterossexuais. Weiss de Jesus (2010) trata deste fenômeno e, em sua discussão, a autora destaca a ausência da reflexão sobre a participação de lésbicas nestas igrejas, embora a presença de drag queens e travestis seja constante, o que pode ser analisado como uma postura de invisibilização em relação às mulheres, prática já naturalizada pela estrutura patriarcal e encontrada em outros cenários religiosos ( Candiotto 2010) .

O periódico Parallellus, em sua primeira edição, publicada em 2010, apresenta, em seu ano de estreia, a pesquisa de Velozo (2010), enfática em seu artigo “A mulher fazendo teologia” sobre a necessidade de libertarem-se, homem e mulher, dos quadros propostos pela sociedade, para que sejam refeitas as bases teológicas. Em consonância com outros estudos ( Candiotto 2010), o texto ressalta a importância de uma reconstrução interpretativa e, a partir daí o campo teológico e religioso se abriria para a igualdade de gênero de fato.

O mesmo periódico, no ano seguinte, traz a pesquisa de Fonseca (2013), que discute a constituição do pecado sobre o sexo feminino, através das instituições do Estado, Igreja, Família e Medicina e seus discursos que moldavam o assunto, de acordo com seus interesses. A discussão que segue no mesmo sentido de Bandini (2005) ressalta a aliança entre a igreja e as demais instituições que tinham como produto o maior domínio do papel social da mulher, que exercia suas atividades domésticas e se limitava aos dogmas cristãos. Ainda no século XX, a aliança entre as instituições a fim de manter o controle da moral sexual da mulher permaneceu no governo de Getúlio Vargas e o presidente firmou um “pacto moral” com a igreja, por meio do qual se buscava fortalecer a instituição da família. Esta aliança criou regras que atingiram principalmente as mulheres, o que confirmava sua essência de submissão e obediência.

No que tange ao catolicismo, Busin (2011) trata a religiosidade como uma característica da população, religiosidade entendida dentro do trânsito religioso existente, marcado pelo aumento dos evangélicos e adeptos de outras religiões. Dentro da discussão sobre o catolicismo na Revista de Estudos da Religião, a autora abordou a visão católica especificamente relacionada ao gênero, pela primeira vez no periódico, e tratou sobre a sexualidade, a posição de que o sexo deve apenas ser tolerado para fins de procriação. Aliado a isso, a autora traz a significação dada ao casamento e as instruções fornecidas pela igreja para o sexo.

Busin (2011), embora trate do catolicismo historicamente como religião majoritária no Brasil, salienta o trânsito religioso, por meio do qual os indivíduos buscam as religiões que abranjam os seus próprios valores, tendo a ver com o e thos privado, ressaltando ainda que, por mais que a escolha seja individual, é inegável que a família, e as localidades, sejam, também, determinantes. Essa discussão se relaciona com o trânsito religioso, abordado por Souza (2006) que aborda as passagens bíblicas que tratam da criação e que fazem referência, desde então, a uma inferiorização da mulher, carregando-a de uma característica de suscetível a emoções, pelo pecado original, quando Eva desobedeceu as ordens e comeu o fruto do conhecimento.

A autora, assim como outras no universo dos artigos selecionados ( Bandini 2005), aponta que o poder está presente em todas as relações e em todas as esferas. Ao finalizar o artigo, Busin (2011) apresenta o trânsito religioso de homossexuais, seja por não se encaixarem nas igrejas hegemônicas e seus dogmas, ou pelas opções dadas à população de novos cultos e igrejas. Cabe aqui ressaltar que ela também reafirma os modelos cristãos como perpetuadores das desigualdades de gênero.

A ascensão do pentecostalismo, movimento citado por outros artigos selecionados ( Weiss de Jesus 2010; Busin 2011), também foi tratada por Mafra (2012) que apontou a inversão no crescimento das religiões e a maior aceitação do pentecostalismo pelas populações. Mesmo com todas as possibilidades do cristianismo, a autora ressalta a batalha espiritual como quesito central para a explicação deste fato. Mafra (2012) endossa a fala sobre gênero e reitera que toda identidade é envolvida por oscilação e movimento. Entretanto, pontua que nas diversas versões de gênero, o que se trabalha são as formas de controle, que dita e distingue o processo na construção destes gêneros.

Em se tratando das narrativas bíblicas, e o movimento de Jesus, considerado de maneira mais ampla, Reimer e Souza (2012) fazem uma retrospectiva dos primeiros séculos de civilização, seus sistemas patriarcais e androcêntricos e as formas de resistência encontradas neste contexto. Dissociando-se da discussão arraigada nas religiões, o artigo trata do movimento de Jesus de uma maneira itinerante, quando muitas mulheres com suas famílias, ou não, o seguiam, pontuando que as interpretações que trazem a história de mulheres independentes de homens, as colocam nos serviços domésticos e em posição de subordinação.

Numa retrospecção da narrativa bíblica, os autores dão destaque à maneira que a existência das mulheres é abordada, pois muitas vezes tidas como fiéis e solidárias, apontam que estas não abandonaram ou traíram Jesus.

Inserindo-se na lista de autorias internacionais que abordaram gênero e religião em seus textos, encontramos López (2013), autora colombiana que teve seu artigo publicado pelo periódico Estudos de Religião e fez uma análise sobre a parcialidade da teologia e a abordagem do gênero. Nesse sentido, explicita os desafios contemporâneos e do ecofeminismo. Ressaltando os perigos do fanatismo religioso, a autora destaca que a nova consciência ecológica traz a necessidade de se superar a lógica cristã antropocêntrica da modernidade.

Em uma abordagem de gênero mais aberta, e correlacionada com outros aspectos sociais, encontramos o texto de Musskopf (2013). Ao abordar a tratativa das questões que precisam ser repensadas na sociedade, o autor pondera o gênero e ressalta que a religião também deve estar inserida. Alerta, também, que a religião existe e é influência nas relações humanas, incluindo as de gênero, e se apoia em Gebara (2008) para embasar que as religiões gerenciam as atividades humanas e, dessa maneira, passam a controlá-las.

A todo momento, Musskopf (2013) busca a relação da discussão acerca do gênero, feminismo e capitalismo; entretanto, compreende que acima das pautas feministas, o gênero vem se inserindo nos sistemas e estruturas de modo a ser assimilado, destacando que isso, de modo algum, enfraquece o movimento de mulheres.

Ponto comum entre os textos que tratam das maneiras de dominação relacionadas às mulheres é a violência. Tratada por outros autores aqui selecionados ( Bandini 2005; Buttelli 2008), volta a ser discutida por Lopes (2013), que traz à luz a questão de gênero nos modos de vida de homens e mulheres, de acordo com os modelos de Deus e as ideologias de dominação. Para tanto, a autora pontua os casos de violência ocorridos com a parcela da população que não se encontra nos padrões tradicionais.

Ela traz a discussão que ressalta que o gênero estabelece os papéis culturalmente colocados nas relações sociais e, para endossar seu pensamento, apresenta os mitos que estão presentes na bíblia, ressaltando o contexto patriarcal em que ela foi escrita, servindo de ferramenta de legitimação da violência contra a mulher e tecendo um imaginário superior para os homens. Em suas palavras: “Mitos e tabus servem para justificar a dominação e esconder o medo” ( Lopes 2013:63).

Acerca das demais religiões, a autora ressalta os contextos patriarcais e androcêntricos em que foram criadas, o que dificulta a percepção das dominações e exclusões que são justificadas no imaginário religioso. Lopes (2013) destaca que a estruturação da dominação está intimamente ligada ao discurso de um Deus imaginado, que foge das experiências cotidianas, que exclui os leigos e, principalmente, as mulheres de suas estruturas, por não se assemelharem, colocando-as no lugar mais baixo da pirâmide de dominação.

Publicado também no ano de 2013, agora com abordagem voltada às religiões afrobrasileiras, Cordovil (2013) aborda pesquisas realizadas em terreiros de religiões africanas e pontua os papéis desempenhados por homens e mulheres nestes locais. A importância dos papéis femininos e as representações que se tem nestas religiões é trazida pela autora, além de citar o papel dos homens homossexuais nos cultos. Através de trabalho de campo, Cordovil (2013) encontrou, no campo afrorreligioso do Pará, a atuação subordinada das lideranças femininas em relação às lideranças masculinas, quando, apesar de muitas vezes as mulheres assumirem postos de comando, estas seguem diretrizes impostas por sacerdotes homens. De modo a confirmar sua pesquisa, a autora constata que mesmo com a atuação de lideranças femininas nos terreiros estudados, estas se representam por falas públicas masculinas. Adentrando a realidade de alguns terreiros, encontrou a participação de mulheres em todas as atividades, mas sempre subordinadas à palavra final masculina. Este fato pode ser aqui destacado por se assemelhar com o discutido por Machado (1999) em seu relato dos discursos produzidos por homens pentecostais e reproduzidos por mulheres.

Muito embora as mulheres, e mães de santo, dos terreiros pesquisados tenham noção da importância feminina nos cultos, a falta do debate acerca do gênero, bem como uma leitura crítica feminista, faz com que estas não percebam as assimetrias vividas. Cordovil (2013) estabelece que as mudanças ocorridas com o passar do tempo derrubaram a ideia de que as religiões de matriz africana seriam matriarcais, permitindo, assim, que os homens também ascendessem à liderança das casas.

Inserido no grupo dos textos que abordaram religiões pentecostais e gênero, temos publicado, no ano de 2014, o artigo de Teixeira (2014), que trata das influências da mídia nos comportamentos e na composição dos gêneros. A autora destaca a relação da Igreja Universal do Reino de Deus com as mídias justamente por sua estratégia proselitista, ressaltando as emissoras de rádio e televisão que possuíam vínculos diretos com a instituição desde o começo do século. Cabe aqui ressaltar que a prática Iurdiana de mídia não foi pioneira e única, pois Teixeira (2014) cita os primeiros registros da relação entre denominações evangélicas e veículos de informação desde 1940, partidos da Igreja Adventista de Sétimo dia.

Buscando relacionar os padrões que forjam os gêneros, Teixeira (2014) apresenta o projeto Godllywood, desenvolvido por Cristiane Cardoso, filha do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), projeto cujo objetivo é o de “resgatar a essência feminina colocada por Deus em casa mulher” ( Teixeira 2014:237). No caso do desafio Godllywood, as mulheres são incitadas a cumprirem desafios semanais na execução de tarefas domésticas e nas relações familiares, desafio esse que finda com a semana e cuja execução é publicada através das redes sociais. O que se tem em relação ao corpo é que esta passa a ser o espaço de performance para o sagrado, podendo ser interpretado como o fim e o meio dos ensinamentos do projeto.

Também publicado no ano de 2014, pelo periódico Relegens Thréskeia, encontramos o texto de Costa (2014), que apresenta as ferramentas utilizadas pelo missionário Romildo Ribeiro Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, no contexto midiático, dando ênfase ao seu apelo televisivo. Neste ensejo, a autora discorre sobre o programa Show de Fé, considerado o carro chefe das mídias da igreja, que conta com pregações, testemunhos, e uma parte destinada à leitura de cartas com pedidos de bênçãos e aconselhamentos. Nesse contexto, a autora ressalta que quase 95% das cartas recebidas são enviadas por mulheres e seus pedidos giram em torno dos filhos, família, saúde, casamento e vida financeira. É notável uma disparidade quanto ao número de cartas enviadas por homens, o que nitidamente é trabalhado pelo programa para passar de maneira despercebida. Entretanto, pela maneira íntima como são escritas, e a ênfase dada à leitura, é possível perceber as diferenças entre os pedidos, pois, enquanto os homens fazem seus apelos relacionados ao trabalho e à vida sexual, sendo uma grande parcela composta por detentos convertidos que escrevem de maneira sucinta e objetiva, as mulheres fazem suas preces de maneira detalhada.

O objetivo do trabalho de Teixeira (2014) foi desvelar a construção do papel da mulher no discurso religioso e sua representação no programa Show de Fé. A maior demanda destas mulheres, considerando o programa, é em relação ao casamento. A autora traz a premissa de que seguindo as estruturas bíblicas, nas quais o homem não tem o poder se desfazer a união feita por Deus, a igreja funciona para essas mulheres como um calmante, negligenciando situações de violência, abandono e adultério. Casos outros foram discutidos em seu texto e neles mulheres que buscaram por sua independência passam por problemas conjugais e familiares e são sempre instruídas a priorizarem suas famílias, assim como se responsabilizarem por elas e por seus casamentos. A autora finaliza seu texto com a afirmação que os movimentos atuais diminuem, estereotipizam as mulheres e constroem um lugar para elas no imaginário religioso.

Incluído nos estudos que abordam o catolicismo, temos o texto de González Garcia (2014) que tratou da forma como se desenvolveu a vida religiosa das mulheres católicas. Percorrendo os principais eventos e mudanças ocorridas no seio católico, a autora pôde destacar as mudanças nas funções exercidas pelas mulheres, exemplificadas pela paroquização das igrejas, e mulheres que desenvolviam funções voltadas à caridade e movimentos sociais, nas comunidades de base, quando estas começaram a perder espaço, uma vez que os bispos e padres negavam a construção de uma igreja a partir dos pobres, o que tornou a presença dessas religiosas incômoda. Além de perderem espaço, por vezes eram convidadas até a se retirarem das igrejas.

Com essa exclusão, surge, nessas mulheres, a consciência de gênero e a influência do pensamento feminista faz com que comecem a refletir sua posição de subordinação, embora tenham lutado na construção de uma nova maneira de ser Igreja. Teixeira (2014) explica essa situação colocando as estruturas milenares que constituem a igreja e colocam mulheres sempre abaixo na estrutura hierárquica. Há, então, a necessidade da questão da consciência de gênero. Entretanto, como relatado pela autora, existem divergências entre estas religiosas, ao se tentar entender a maneira que essas relações foram incorporadas no íntimo das pessoas.

Ainda no que se refere às estruturas católicas, selecionamos o texto de Fernandes (2014), também publicado pela Revista de Estudos da Religião no ano de 2014, que trata das novas estruturas de comunidades religiosas e a relação com o gênero e as representações femininas. A autora cita o caso da Fraternidade da Toca de Assis, uma comunidade católica iniciada em meados de 1990, que tem sua fundação no cuidado com os pobres e na adoração eucarística. Contrapondo a tendência nacional de sacerdócio, a Toca de Assis apresenta hoje um maior número de mulheres atraídas pela denominação que homens.

No que tange à vida na Toca de Assis, bem como seus institutos, não existem empregados, pois homens e mulheres desenvolvem as tarefas domésticas, e de cuidado, de maneira igualitária. As mulheres desenvolvem atividades sem a reflexão pautada na questão do gênero, como retratado pela autora, havendo uma complementaridade de funções, não compreendendo restrições. A Toca é um exemplo das novas comunidades religiosas e a mudança que vem ocorrendo neste cenário ( Fernandes 2014).

No bojo das diversas perspectivas de abordagem feminista nos textos que relacionam gênero e religião, temos o artigo de Roese (2015) que introduz seu texto enfatizando que a pesquisa de como as mulheres se relacionam com a religião deve partir para além das estruturas postas e formais, sendo necessário que se investigue o cotidiano religioso destas mulheres. A autora traz a necessidade de se adentrar as investigações religiosas a partir dos fluxos e redes, destacando que é necessário compreender o sentido que tem as religiões para as mulheres. Segundo Roese (2015), os questionamentos precisam ser mudados pois, questionar-se sobre o que é religião perdeu o sentido, sendo necessário agora contextualizar-se pelas experiências concretas dos grupos. A autora ainda lembra que o conceito de religião e seu entendimento se centrou no cristianismo e, com isso, as investigações sociológicas acerca das demais religiões foram ofuscadas.

Levantando a suspeita de que as novas formas alternativas de cura e meditação estejam intimamente relacionadas com as mulheres, a autora apresenta o contraponto de domínio das tradições religiosas e medicinais do ocidente, que estão sob o “domínio branco e masculino” ( Roese 2015:1542) e ainda acrescenta a necessidade de se escutar os sujeitos, levando em conta suas experiências. Roese (2015) aborda, ainda, as contradições existentes na permanência das mulheres nas religiões opressoras, ressaltando que o pensamento acerca desta relação não pode mais conceber estas mulheres como vítimas, entendendo que a relação entre elas é milenar e que as mais antigas representações religiosas da humanidade são através de figuras femininas. Ao citar o declínio católico, questiona os rearranjos das mulheres nas novas espiritualidades.

O que foi notado por Roese (2015), e caracterizado pela autora como infidelidade religiosa, se trata das rupturas e seus processos, encontrados no seio do campo religioso brasileiro. A autora traz o exemplo das mulheres que, negadas de seguir no sacerdócio, criam suas próprias igrejas, exemplificando o caráter dinâmico destas igrejas, nas quais nem todas as mulheres abandonam total, ou parcialmente, suas igrejas de origem, compreendendo o sincretismo e a criatividade por elas utilizados. Ainda sobre o que trata por “infidelidade religiosa”, a autora salienta que o protagonismo das mulheres neste cenário traz a responsabilidade destas por suas próprias escolhas espirituais e de fé. Além das novas formas de organização religiosa destas mulheres, tem-se, também, a discordância dos dogmas estabelecidos, a adesão da ideologia patriarcal e capitalista e o sincretismo adotado nas novas perspectivas religiosas.

A autora finaliza seu artigo ressaltando que para as investigações de como as mulheres vivem a religião, além de analisar os novos espaços que vêm sendo criados, é necessário um olhar atento às maneiras de rompimento com a dominação patriarcal e as novas relações estabelecidas com as religiões tradicionais, levando em consideração o avanço do conservadorismo evangélico e o despontar de um protagonismo sutil das mulheres na sua vida religiosa.

Salientando a necessidade de uma revisão das questões epistemológicas para o desenvolvimento das investigações sobre gênero e religião, Bandini (2015) tem seu segundo artigo selecionado para o presente estudo, publicado desta vez pelo periódico Horizonte. A autora demonstra a necessidade de superação das investigações que se baseiam na dicotomia das relações entre gênero e religião que ressaltam a vitimização feminina ou buscam, através da perpetuação de estereótipos, a “heroicização das mulheres”. Fazendo a interseção com a bibliografia feminista, a autora reitera que as relações de poder são constituídas, e significadas, primordialmente pelo gênero, estando homens e mulheres inseridos neste debate.

Muito embora a representação feminina entre os pentecostais e neopentecostais seja maior que a masculina, sua estrutura fortalece o poder patriarcal ao reforçar através das citações bíblicas os modelos femininos a serem seguidos, por meio de citações do fundador da instituição. Bandini (2015) reitera o papel especificado da mulher como auxiliar do marido, ficando sem o direito de exercer alguma autoridade fora de seu território doméstico. A Igreja Universal do Reino de Deus, pesquisada pela autora, com seu caráter conservador, utiliza as passagens bíblicas para manter sua estrutura de submissão das mulheres aos seus maridos. Esta estrutura enraizou modelos e comportamentos nas mulheres Iurdianas. Ao final de seu artigo, Bandini (2015) reitera a posição de aceitação e naturalização das mulheres em relação aos discursos de dominação estabelecidos, fortalecendo o poder dominante. Contudo, a autora ainda reafirma a maneira diferenciada, dentro das demais igrejas pentecostais, de como as relações de poder se estruturam.

Ainda no ano de 2015, Souza trata da participação das mulheres e sua relação com a religião, bem como sua atuação política no período da ditadura militar no Brasil. O texto foi publicado pela Revista Plura, Revista de Estudos de Religião, por meio do qual a autora reitera a proximidade do movimento feminista, os movimentos de esquerda e a igreja na luta contra o regime autoritário instalado no Brasil, justificando os debates sem expressão sobre temas inseridos nos direitos sexuais, tais como o aborto, uma vez que a igreja possuía normas e orientações rígidas a esse respeito. Souza (2015) faz a retrospectiva dos papéis que as mulheres assumem, a partir de 1960, quando conseguiram maior participação política e igualdade de direitos.

Além de adentrar o cenário católico no período do regime militar, Souza (2015) perpassa a história de mulheres de outras origens e religiões, como a metodista Heleny Guariba e as mulheres luteranas, Utiliza o exemplo de Mãe Malvina para ilustrar a vivência das mulheres e do movimento negro, salientando a sua participação nas ações contra o regime autoritário e o desenvolvimento, mesmo que tímido, das pautas feministas e do debate da desigualdade de gênero, que se fazia secundário dado o movimento que ocorria no país. A autora finaliza seu texto sinalizando que as experiências vividas por estas mulheres foram ofuscadas na história, o que nada mais é que uma tática de manutenção do patriarcado por meio da invisibilização da representação dessas mulheres.

Claudirene de Paula Bandini, dentre os autores dos artigos selecionados, possui maior quantidade de publicações na temática deste estudo, perfazendo três artigos em diferentes periódicos. Em seu artigo “Relações de gênero na assembleia de Deus: Uma análise de trajetória feminina”, publicado em 2015 pelo periódico Ciências da Religião, apresenta a história da instituição e as influências que se deram para que as estruturas existentes surgissem. A autora passa pela história da missionária assembleiana Frida Gunar, esposa de um dos missionários fundadores, que desenvolveu diversas atividades pela instituição em seus primeiros anos no norte brasileiro. A missionária precisou enfrentar o incômodo da comunidade para desenvolver o que lhe era designado, Porém, no decorrer do tempo, sua participação foi silenciada pela cultura patriarcalista, ficando sua história de edificação da Assembleia de Deus ofuscada e, por vezes, esquecida.

A divisão do trabalho e as dinâmicas das atividades internas ratificam as atribuições de homens e mulheres. A autora ainda ressalta que além da desigualdade de gênero entre homens e mulheres, o que se vê são espaços de dominação e hierarquização entre homens e mulheres, bem como o fato de que o homem, por si só, não tem sua vocação colocada em voga, nem precisa renunciar de sua vida para a ascensão na Assembleia de Deus (AD): “O fato de serem homens já lhes garante a oportunidade de exercer sua autonomia no espaço religioso, enquanto as mulheres necessitam criar brechas, construir estratégias e mecanismos para a conquista de sua autonomia econômica e individual”( Bandini 2015:121). Cabe-nos ressaltar que na instituição pesquisada por Bandini (2015), o ministério de mulheres foi proibido e a discussão sobre o assunto foi realizada pela última vez em 2001. A autora conclui que para se compreender a participação feminina, nos espaços religiosos, é necessário um olhar atento aos espaços disponibilizados para elas, pois é a diferenciação dos espaços que constroem a participação dessas mulheres na religião e na sociedade.

O ano de 2015 foi expressivamente o de maior número de publicações com a temática entre os periódicos selecionados. Nesse ano Freire (2015) compreende a religião como uma construção sociocultural e, a partir de seu estudo, inicia a discussão sobre relações de poder, classe e gênero. A autora enfatiza a importância da epistemologia feminista, entendendo que mulheres, feministas, ou não, na construção científica, buscam respostas para novas perguntas, perguntas essas que incidem em seus cotidianos e histórias e que não eram contempladas pelos recortes propostos. Adentrando o estudo do fenômeno religioso, ela aponta as marcas patriarcais deixadas pelo conhecimento científico vigente, conceituando-o como androcêntrico.

A “epistemologia teológica patriarcal”, termo utilizado por Freire (2015) ao longo do texto, também usa de verdades eternas, o que transforma o conhecimento em afirmações inquestionáveis, excluindo experiências de grupos minoritários e mulheres. Ao finalizar seu texto, Freire (2015), enfatiza a importância da epistemologia feminista no estudo do fenômeno religioso, uma vez que esta permite suscitar questões e reconstruir as análises, incorporando o gênero como uma categoria analítica.

No que se refere ao ano de maior número de publicações com o tema gênero e religiões, temos ainda neste ano a maioria de publicações voltadas ao pentecostalismo. Neste ensejo, Souza (2015) relata o expressivo número de mulheres que buscam as respostas para seus problemas nas igrejas de denominação pentecostal. Por meio de um relato de vida de uma mulher pentecostal, a autora desvela o caráter da procura, na igreja como uma tendência na busca do casamento, nas demandas apresentadas pela protagonista do estudo. Vale destacar que esta também busca por solução de problemas que envolvem seus filhos, característica comum das mulheres que se convertem ao pentecostalismo, que é a busca da cura espiritual nas igrejas. A autora finaliza o seu texto salientando os diferentes processos que o pentecostalismo possui para a construção de identidades, e, principalmente, sua capacidade de acolher e responder às mulheres aflitas que procuram soluções para problemas do cotidiano, especialmente mulheres da classe trabalhadora.

No ano seguinte, por meio de seu texto, Alencar e Fajardo (2016), buscaram questionar a igualdade ideal do pentecostalismo, sendo esta por raça, classe e gênero. Todavia, desde a análise do mito fundador, e através de passagens bíblicas, os autores obtiveram diversos exemplos nos quais as mulheres eram invisibilizadas e retiradas da história. Embora em diversos trechos se tenha encontrado o abandono das distinções de classe e raça, a segregação de gênero se dá de maneira persistente e por razões culturais. Para exemplificar o processo de invisibilização das mulheres na história, os autores relembram a trajetória de Frida Gunar e sua atuação no campo religioso, mesmo com as proibições e barreiras impostas pelos homens à participação das mulheres.

A busca pelo entendimento de como são representadas as mulheres contou com o texto de Gouvêa Neto (2016), que tratou uma perspectiva de abordagem de representação das mulheres assembleianas, a partir das análises de revistas amplamente difundidas no meio da igreja Assembleia de Deus. O texto adentra, também, a discussão do ministério feminino, negado às mulheres na Assembleia de Deus, ressaltando que, no ideal assembleiano, a mulher ocupa uma posição de adjutora.

Através da perspectiva estruturalista Gouvêa Neto (2016) reitera as binariedades e os antagonismos encontrados na relação com as mulheres no espaço religioso da AD e enfatiza o esforço das revistas em transformar as identidades das diversas mulheres em uma identidade fixa, forjada, relacionando as características femininas ao cuidado doméstico, estético e à maternidade, muito embora tenha encontrado algumas partes destas revistas que tratam da mulher contemporânea vinculada à vida pública, ao trabalho, ao lar e à igreja. Nesse sentido, a autora expõe que as revistas começam a se adequar às transformações sociais do gênero feminino, sendo este inserido agora nos espaços considerados masculinos.

A compreensão de gênero, enquanto ato, é discutida ao longo do texto, que se posiciona de maneira a compreender que este se realiza através das performances e práticas e que os sujeitos que o materializam são resultados de discursos, normas e regras forjadas. No final do texto a autora reafirma as normas de gênero que influenciam as vidas no espaço público, tratando de que onde o gênero se manifesta de maneira a fugir dos discursos e normas estabelecidos, torna-se ilegítimo e indigno de reconhecimento. Ainda no que tange à performatividade de gênero, a autora finaliza: “Resta-nos persegui-lo em seus diferentes contextos, não para delimitá-lo em novos conceitos oclusivos, mas para compreender o significado das ações de quem o vivencia” ( Gouvêa Neto 2016:104).

O texto mais recente encontrado na busca foi o de Natividade (2017), publicado pela Revista Religião & Sociedade, que foi o único artigo que correlacionou os temas em 2017, até a data final de coleta dos artigos, o que ocorreu no final do mês de setembro de 2017. Em seu artigo o autor traça a construção e desconstrução das visões dicotômicas de gênero, materializadas nas igrejas inclusivas, e aborda as diferenças nos modelos culturais das igrejas inclusivas, as linguagens, códigos, e práticas, nesse campo em ascensão. Nestas denominações, como procurou explanar o próprio autor, a concepção de gênero é mais flexível, a despeito do que é posto nas convenções doutrinárias.

No decorrer de seu texto, Natividade (2017) aponta que a maior parte dos membros dessa denominação inclusiva era composta por homens e que, diferentemente das igrejas com práticas tradicionais, estes homens desenvolviam atribuições tidas como femininas, como performances de dança e canto, enquanto as mulheres desenvolviam práticas forjadas masculinas, como tocar instrumentos de percussão e cordas, compreendendo que o contrário logicamente era válido: “a desconstrução desses modelos é a regra” ( Natividade 2017:24).

Considerações finais

O presente trabalho buscou, através de uma revisão de escopo, elucidar o esforço de diversos autores na tratativa da relação temática entre gênero e religião. Os textos aqui analisados buscam, de diferentes maneiras, contribuir para uma melhor compreensão desta relação, gerando fundamentos para apreender o estado atual da discussão no campo científico, bem como fornecer precedentes para futuras investigações.

É válido ressaltar a importância dos periódicos aqui citados por fomentarem a publicação de pesquisas que trabalham tais temáticas, seja por chamadas de edições especiais, ou abertura para a discussão em seus números contínuos. Quanto à multiplicidade de temas levantados nas pesquisas, muitos não foram amplamente explorados, seja por volume dos textos, ou pela profundidade da abordagem. As investigações têm ocorrido de maneira incipiente e parte de iniciativas isoladas. Nesse sentido, esperamos que o presente estudo possa fomentar a realização de mais pesquisas que envolvam gênero e religião e que forneçam meios de compreensão sobre sua atual e multifacetada relação.

Não tivemos aqui a intenção de esgotar a literatura existente que aborda gênero e religião. Concluímos, então, que a aplicação dos pesquisadores na área que põe em foco não só aspectos gerais relacionados à religião, mas dialoga com a temática de gênero, possibilita a formação e o crescimento de um campo teórico que propicia a compreensão dos aspectos particulares e gerais existentes nessa relação.

Convém destacar, ainda, que a revisão de escopo aqui empreendida não esgota, de maneira alguma, as possibilidades de compreensão do fenômeno em tela (relação temática entre gênero e religião). Nesse sentido, é importante destacar que a revisão de escopo deste estudo limitou-se aos periódicos que tenham a palavra “religião” em seus títulos, especialmente nos estratos A1, A2, B1 e B2 do Qualis Capes. Como forma de ampliação deste estudo, sugere-se, para fins de realização de futuros trabalhos, a inclusão de periódicos que tenham, como escopo principal, a temática gênero (como, por exemplo, Cadernos Pagu e Estudos Feministas).

Referências biliográficas

ALENCAR, Gedeon Freire de; FAJARDO, Maxwell Pinheiro. Pentecostalismos: Uma Superação da Discriminação Racial, de Classe e de Gênero? Estudos de Religião, São Paulo, nº 2, p. 95-112, 2016.

ALGRANTI, Joaquín M. Tres posiciones de la mujer cristiana: Estudio sobre las relaciones de género en la narrativa maestra del pentecostalismo. Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, nº 9, p.165-193, 2007.

BANDINI, Claudirene. Corpos, Símbolos e Poder: marcadores de desigualdades sociais no espaço religioso. REVER - Revista de Estudos da Religião, São Paulo, nº 2, p. 71-86, 2005.

BANDINI, Claudirene. Gênero e poder na Igreja Universal do Reino De Deus. Horizonte, Belo Horizonte, p. 1410-1426, 2015.

BANDINI, Claudirene. Relações de gênero na Assembleia de Deus: uma análise de trajetória feminina. Ciências da Religião - História e Sociedade, São Paulo, nº 2, p.109133, 2015.

BUSIN, Valéria Melki. Religião, sexualidades e gênero. REVER - Revista de Estudos da Religião, São Paulo, nº 1: p. 105-124, 2011.

BUTTELLI, Felipe Gustavo Koch. Ritos e igualdade de gênero: uma análise da potencialidade de construção de (des)igualdade de gênero nos ritos. Horizonte, Belo Horizonte, nº 12, p.127-143, 2008.

CANDIOTTO, Jaci de Fátima Souza. A Teologia da Criação na Perspectiva das Relações de Gênero”. Estudos de Religião, São Paulo, nº 39, p. 214-234, 2010.

CORDOVIL, Daniela. Sexualidade, gênero e poder: uma análise da participação feminina em políticas públicas para afrorreligiosos em Belém, Pará. PLURA - Revista de Estudos de Religião, Juiz de Fora, nº 2, p. 149-163, 2013.

COSTA, Patrícia Garcia. A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO NA MÍDIA PENTECOSTAL: Uma análise de discurso do quadro abrindo o coração. Revista Relegens Thréskeia, Curitiba, nº 1, p. 55-79, 2014.

COSTA, Renata Gomes da; MADEIRA, Maria Zelma de Araújo; SILVEIRA, Clara Maria Holanda. RELAÇÕES DE GÊNERO E PODER: tecendo caminhos para a desconstrução da subordinação feminina. 17º Encontro Nacional da Rede Feminista e Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher e Relações de Gênero, p. 222-240, 2012.

FERNANDES, Sílvia Regina Alves. Novas comunidades religiosas e o feminino - mudanças em curso e retradicionalização. REVER - Revista de Estudos da Religião, São Paulo, nº 2, p. 136-161, 2014.

FONSECA, Maria Elizabete Melo. RELIGIÃO, MULHER, SEXO E SEXUALIDADE: Que discurso é esse? Paralellus, Recife, nº 4, p. 213-226, 2013.

FREIRE, Ana Ester Pádua. Epistemologia feminista: contribuições para o estudo do fenômeno religioso. Paralellus, Recife, nº 13, p. 377-390, 2015.

GONZÁLEZ GARCIA, Martina M. E. Trajetórias e passagens na vida religiosa feminina. REVER - Revista de Estudos da Religião, São Paulo, nº 2, p. 116-135, 2014.

GOUVÊA NETO, Ana Luíza. Mulheres na Assembleia de Deus: para se pensar a categoria gênero além do estruturalismo. Numen: Revista de estudos e pesquisa da religião, Juiz de Fora, nº 2, p. 89-106, 2016.

WEISS DE JESUS, Fátima. A Cruz e o Arco-Íris: Refletindo sobre Gênero e Sexualidade a partir de uma “Igreja Inclusiva” no Brasil. Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, nº 12, p. 131-146, 2010.

LOPES, Mercedes. Gênero e Discurso Religioso. Revista Relegens Thréskeia, Curitiba, nº 2, p. 60-70, 2013.

LÓPEZ, Maricel Mena. Teología, Espiritualidad y Reivindicaciones de Género: Hacia la Recuperación de la Dimensión Antropológica de la Espiritualidad”. Estudos de Religião, São Paulo, nº 1, p.68-86, 2013.

MACHADO, Maria das Dores Campos. SOS MULHER: A IDENTIDADE FEMININA NA MÍDIA PENTECOSTAL. Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, nº 1, p. 167-188, 1999.

MACHADO, Maria das Dores Campos; FIGUEIREDO, Fabiana Melo de. Gênero, Religião e Política: As Evangélicas nas Disputas Eleitorais da Cidade do Rio De Janeiro. Ciências Sociais e Religião. Porto Alegre, nº 4, p. 125-148, 2002.

MAFRA, Clara. O percurso de vida que faz o gênero: reflexões antropológicas a partir de etnografias desenvolvidas com pentecostais no Brasil e em Moçambique. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, nº 2, p. 124-148, 2012.

MARCOS, Sylvia. Religión y Genero: Contribuciones a Su Estudio en América Latina Introducción al Volumen Religión y Género. Estudos de Religião, São Paulo, nº 32, p. 34-59, 2007.

MUSSKOPF, André S. Haverá “gênero” e “religião”? ou Enquanto houver burguesia não vai haver poesia. Revista Relegens Thréskeia. Curitiba, nº 2, p.10-25, 2013.

NATIVIDADE, Marcelo Tavares. Cantar e dançar para Jesus: sexualidade, gênero e religião nas igrejas inclusivas pentecostais. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, nº 1, p.15-33, 2017.

REIMER, Ivoni Richter; SOUZA, Carolina Bezerra de. As mulheres: modelo de seguimento no movimento de Jesus e na Igreja. Revista de Teologia e Ciências da Religião, Recife, nº 1, p. 207-216, 2012.

RIBEIRO, Lúcia. Nos Meandros da Caminhada: A Questão de Gênero nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, nº 5, p. 225-242, 2003.

ROESE, Anete. Religião e feminismo descolonial: os protagonismos e os novos agenciamentos religiosos das mulheres no século XXI. Horizonte, Belo Horizonte, nº 39, p. 1534-1558, 2015.

ROSADO NUNES, Maria José. Gênero e Religião. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 3 nº 12, p. 363-365, 2005.

ROSADO NUNES, Maria José. Feminismo, Gênero e Religião - Os desafios de um encontro possível. Estudos de Religião, São Paulo, v. 31, nº 2, p. 1237-1260, 2015.

SCAVONE, Lucila. Religiões, Gênero e Feminismo. REVER - Revista de Estudos da Religião. São Paulo, p. 1-8, 2008.

SCOTT, Joan. Gênero: Uma Categoria Útil para a Análise Histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, nº 2, p. 5-22, 1990.

SOUZA, Carolina Bezerra de. Mulheres, religião e mudança social: uma aproximação ao tema no ambiente da ditadura militar no Brasil. PLURA - Revista de Estudos de Religião, Juiz de Fora, p. 22-40, 2015.

SOUZA, Sandra Duarte de. Trânsito religioso e reinvenções femininas do sagrado na modernidade. Horizonte, Belo Horizonte, nº 9, p. 21-29, 2006.

SOUZA, Sueli Ribeiro Mota. Experiências de Mulher - Técnicas de si no Pentecostalismo. Paralellus, Recife, nº 12, p. 159-174, 2015.

TEIXEIRA, Jacqueline Moraes. Mídia e performances de gênero na Igreja Universal: O desafio Godllywood. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, nº 2, p.232-256, 2014.

VELOZO, Maristela Ferreira Silva. A mulher fazendo teologia. Paralellus, Recife, n 1, p. 115-132, 2010.



Buscar:
Ir a la Página
IR
Visualizador XML-JATS4R. Desarrollado por