Artigo
Resumo: Aqui nós pretendemos discutir sobre a ideia de santidade, que devido a períodos de extrema perseguição ao cristianismo ligou-se fortemente ao martírio, e como se estabeleceu no catolicismo a devoção aos santos. Sabemos que o conceito de santidade não pertence somente à Igreja Católica, nem só ao cristianismo, mas se faz presente em muitas religiões, caracterizado frequentemente por um sentimento de ruptura com o mundo e de uma ligação específica com o sagrado. Assim não pretendemos trazer aqui um conceito amplo de santidade que sirva a várias religiões, mas verificar como a santidade tem sido entendida no seio do mundo católico. Compete-nos verificar que os santos foram tomando lugar basilar na religiosidade católica, servindo de exemplos para os fiéis que com eles criam vínculos de familiaridade, muitas vezes por passarem pelos mesmos sofrimentos que eles passaram.
Palavras-chave: Devoção aos santos, mártires cristãos, igreja católica, religiosidade popular.
Abstract: Here in this paper we aim to discuss the idea of holiness, that due to periods of extreme persecution to Christianity joined strongly to martyrdom, and as established in the Catholic devotion to the saints. We know that the concept of holiness belongs not only to the Catholic Church, not only to Christianity, but it is present in many religions, often characterized by a sense of rupture from the world and a specific connection with the sacred. So we do not intend here to bring a large concept of holiness that serves various religions, but to check how holiness has been understood within the Catholic world. We must verify that the Saints were taking basilar place in Catholic religiosity, serving as examples to the faithful that they create links of familiarity, often by passing through the same sufferings which they passed.
Keywords: Devotion to saints, christian martyrs, catholic church, popular religiosity.
“pois que estamos rodeados
de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço”
Hebreus 12:1
Primeiras Palavras
“Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, a comunhão dos santos”, assim afirmam os cristãos sua fé cada vez que recitam o Credo Apostólico. Lemos no Catecismo da Igreja Católica a seguinte explicação do que seja a comunhão dos santos:
946 Depois de ter confessado "a santa Igreja católica", o Símbolo dos Apóstolos acrescenta "a comunhão dos santos". Este artigo é, de certo modo, uma explicitação do anterior: "Que é a Igreja, se não a assembléia de todos os santos?", comunhão dos santos é precisamente a Igreja.947 "Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros... Assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro mais importante é Cristo, por ser a Cabeça... Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja " Como esta Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bem que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum”.
Aqui nós pretendemos discutir sobre a ideia de santidade, que devido a períodos de extrema perseguição ao cristianismo ligou-se fortemente ao martírio, e veremos como se estabeleceu no catolicismo a devoção aos santos, que ganhou lugar basilar na religiosidade católica.
O Culto Aos Santos
Conforme Vauchez (1987), o conceito de santidade se faz presente em grande parte das religiões, caracterizando-se tanto uma ruptura1 com aspectos da condição humana, como a possibilidade de se estabelecer uma relação específica com o sagrado, cujas consequências são de efeito purificador. Assim, é preciso logo de início frisar, não pretendemos trazer aqui um conceito amplo de santidade que sirva a várias religiões, mas verificar como a santidade tem sido entendida no seio do mundo católico. Além disso, convém lembrar que o conceito de santidade, como todo conceito, é histórico, por isso, passível de mudanças com o decorrer da história, assim poder-se-ia falar de santidades ao invés de santidade:
O destaque a um determinado modelo de santidade é histórico e revela uma série de manifestações, gestos e palavras, traduzindo representações coletivas, gestos e palavras, traduzindo representações coletivas integradas por crenças e práticas coletivas, conectando o indivíduo a determinado grupo, o que nos fornece elementos para compreensão dos modelos de santidade atuais (Andrade, 2010, p. 133).
como para todas as coisas, a própria concepção do que é a santidade evolui no curso do tempo. No contexto desta evolução se impõe um fio condutor, uma linha de fundo: os santos são sempre aqueles que, a partir de sua experiência de Deus, têm respondido aos desafios dos tempos e culturas2 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 12, tradução livre).
Logo de início, o Editoriale da Revista Concilium lembra que a palavra santidade se liga de imediato à ideia de caridade3 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 11), e sendo assim, “santidade já está presente desde a criação” pois “somos criados com amor e por amor” e também “toda a criação já está embebida deste amor que é o constituinte último do que chamamos santidade”4 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 13, tradução livre). Seguindo esse pensamento, a encarnação de Cristo é vista como cume e ápice da criação, e, consequentemente, como expressão maior da santidade. A encarnação e vida de Jesus nos levam a entender ser santo como viver em Deus, “porque ele está no seio do Pai” (João 1,18). O final do Credo fala da comunhão dos santos5 e podemos entender a “comunhão dos santos como mistério da solidariedade” 6(Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 14, tradução livre) entre a igreja7 militante (os cristãos ainda vivos que passam “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”8) e a igreja triunfante (os cristãos que havendo morrido já estão na “glória” junto a Deus).
O catolicismo tem três atos de veneração9: a adoração, que é dada somente a Deus (“Ao Senhor, teu Deus, adorarás”); a hiperdulia, veneração especial dada a Maria, por ser a mãe do Salvador; e a dulia10 (proveniente do grego, este termo significaria honrar), que é a veneração prestada a todos os santos (Catholic Encycopledia, 2012), e também aos anjos11. A devoção aos santos deve-se ao fato de que “A figura de Deus, criador de grandes coisas, é distante demais da realidade humana, daí a incessante busca de um intermediador” (Andrade, 2010, p. 134), os santos são sentidos como mais próximos dos seres humanos e suas necessidades, “Quanto mais personificado for o transcendente, maior o sentimento de identificação a um projeto de salvação” (Andrade, 2010, p. 135), por isso, “A fé na sua intercessão junto à divindade (...) é uma das maiores características do catolicismo” (Andrade, 2010, p. 133).
Se a vida humana só se faz realmente humana pela busca e construção de sentidos, as vidas dos santos são um testemunho “vivo e eloquente (...) de um Absoluto que dá sentido a vida humana finita e contingente”12 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 12, tradução livre). A santidade “por isto é um tema que está reemergindo e que interpela a teologia de hoje e de amanhã, quando a sede de transcendência e de sentido da vida torna-se cada vez mais intensa na existência e nos corações dos nossos contemporâneos”13 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 12,13, tradução livre). Comum se faz, então, homenagear os santos com ícones14, pinturas, estátuas, sendo que no catolicismo, da mesma forma que é impossível imaginar o cristianismo sem pecadores, também é impossível vivê-lo15 sem referência aos santos (Woodward, 1992).
Os vários estereótipos criados sobre a santidade “impede-nos de ver o verdadeiro conceito teológico em toda a sua profundidade”16 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 11). No editoriale da revista Concilium (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 11, tradução livre) também lemos que
A Bíblia e a tradição teológica dos primeiros séculos já deixou bem claro que só Deus é santo (cf. Is 6,3); que Jesus Cristo foi reconhecido e proclamado mesmo pelos demônios como o Santo de Deus (cf. Lc 4,34); e que com a sua morte e ressurreição enviou o Espírito Santo, que é derramado sobre toda a história e sobre toda a carne (At 2,16-18; Gv20,22.23)”17
Assim, santidade deve ser conceituada como “o estilo de vida proposto a todo ser humano: o estilo de vida de Jesus”18 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, p. 11, tradução livre, grifo nosso), e os santos são no fundo os cristãos “que levam a sério. Eles são aqueles que em suas vidas, em suas palavras, em sua prática, em seu anúncio e em sua decisão de assumir riscos em seu destino, se assemelham a Jesus19”20 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 16, tradução livre).
Se Deus é o único santo (1 Samuel 2,2), e se Jesus Cristo é o Santo de Deus, os santos não podem ter santidade em si mesmos, têm-na em Deus; assim, a vida dos santos e as suas obras não apontam para si mesmos, como forma de exaltação própria, mas, como o fez João Batista, apontam para Jesus: “que Ele cresça e que eu diminua” (João 3,30).
Como sabemos, nos inícios do cristianismo, o termo “santo” (que significa separado) era usado de forma geral para se referir aos cristãos. Para se verificar isso basta dar uma olhada rápida nas saudações das epístolas (1 Coríntios 1,2 e Efésios 1,1, e.g.). Com o tempo, esse termo passou a designar as pessoas na comunidade cristã dignas de admiração por alguma virtude ou feito particular.
O problema, como coloca Bárbara Lucas (1969, p. 417) ocorre porque “com o tempo, grande número de lendas (...) começou a envolver alguns dos santos”, como resultado disso, “a Igreja decidiu que no futuro só se deveriam aceitar como santas as pessoas que fossem formalmente declaradas como tais pelo Papa21. Dá-se a isso o nome de Canonização”. Em 375 d. C. a Igreja Católica criou o dogma da canonização. O processo visa constatar se o candidato possui uma “virtude verdadeiramente heroica” (LUCAS, 1969, p. 418, sic). Assim, o processo de canonização assegura à Igreja o poder dizer quem é ou não santo. Na verdade, ao canonizar um santo a igreja também canoniza a si mesma, pois
o modelo de uma igreja é do tipo dos santos que ela canoniza, pelo momento que o santo é proposto para inspiração e imitação dos fiéis.Nos santos que a igreja canoniza ou evita de canonizar é expresso o modelo eclasiológico que se deseja manter e construir. E também o seu projeto de impacto e de influência sobre a sociedade 22 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 14, tradução livre).
Porém, no que diz respeito à veneração que o povo faz dos santos, “fica difícil detectar o limite entre o institucional e o não institucional por se tratarem de expressões complexas, nas quais o devoto acredita estar vivendo sua religião, sem a preocupação dela estar ou não sancionada pela instituição” (Andrade, 2010, p. 132, 133). Ainda conforme Andrade (2010, p. 134):
Os primeiros, consagrados pela Igreja, resultam de toda a uma organização racional, enquanto os segundos são fruto de um processo místico e emocional, que se expande, apesar dos protestos e das tentativas de controle institucionais, pois para os adeptos os trâmites de beatificação e canonização são desconhecidos e, mais do que isso, totalmente dispensáveis. Aquele que crê, crê na eficácia protetora do ‘santo’, é nele que deposita sua esperança - independente do posicionamento da Igreja - e isso lhe basta.
As honrarias católicas dos santos e o próprio processo de canonização, a nosso ver, devem-se muito a heroização que os romanos faziam de seus entes falecidos: “tais crenças eram largamente tributárias aos usos tradicionais por meio dos quais os pagãos honravam seus defuntos e especialmente aquêles que criam promovidos à heroização” (Danieloo & Marrou, 1966, p. 320).
O Culto dos Mártires
Luiz Mott (1994, p. 4) propõe uma tipologia dos santos adorados no Brasil Colonial: “Mártires, Clérigos23 e Religiosos, Santas Mulheres, concluindo com uma relação dos que tiveram a má sorte de serem considerados Falsos Santos”. A devoção a Cosme e Damião se enquadraria no culto aos mártires. O que entendemos pelo termo mártir? “chama-se mártir quem derrama seu sangue pela causa de Cristo” (Martins, 1954, p. 5). O termo mártir primeiro foi usado como sinônimo24 de testemunha (no caso os apóstolos foram os primeiros mártires25, no sentido de que foram as testemunhas da morte e da ressurreição de Cristo) para depois se referir exclusivamente àqueles que morrem em função do testemunho que dão (Catholic Encyclopedia, 2012). “os primeiros cultuados como santos foram os mártires (...). O martírio era símbolo de total submissão ao Cristo, portanto, ser santo era morrer, não só por Cristo, mas ‘como’ ele (...) santidade e martírio tinham, basicamente, o mesmo significado” (Andrade, 2010, p. 134).
Claro que não só no cristianismo existem mártires, o mártir cristão seria caracterizado por uma atitude especial ao enfrentar o martírio. Mondoni (2001, p. 56) procede à caracterização do mártir cristão: “não procurava o perigo, mas quanto possível o evitava, (...) enfrenta a morte não como cortejo triunfal, mas numa via solitária e em pleno abandono (...); sua fortaleza aparecia não do desejo do sofrimento, mas da serenidade com que ia ao encontro do fim inevitável”.
Os santos não desejam, na verdade, morrer, mas "Todos os santos (...) desejam é viver na verdade e viver plenamente e ajudar os outros a viver a aventura da vida em toda a sua beleza26" (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 12, tradução livre). Mas viver plenamente não é entendido como possível se para manter a vida é necessário negar a fé, pois nas palavras de Jesus, “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?” (Marcos 8,36), ou ainda, “Aquele que me negar diante dos homens eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus” (Mateus 10,33). Morrer não é, então, negar a vida, mas paradoxalmente ganhá-la (Lucas 9,24) e expandi-la:
a morte pela fé, seja individual seja colectiva (e é esta que dá a dimensão do massacre) é sempre interpretada como religiosa, como uma vitória da expansão da vida: da vida do que morre e que, por esta via, se expande na eternidade ou noutra dimensão supra ou intraterrena; e expansão também da vida da religião pela força exemplar e expansiva gerada pelo testemunho do mártir (Franco; Osswald, 2013, p. 18).
Para o estudo da vida dos mártires, podemos contar com os seguintes documentos: Acta, Passio, Gesta (narrações posteriores às perseguições com justaposição de elementos históricos e lendários) (Mondoni, 2001, p. 56). São critérios para historicidade de um mártir: testemunho direto (Acta, Passio27), inscrição tumular com o qualificativo ‘mártir’, traços seguros de um antigo culto (basílica28, cemiterial), menção nos antigos martirológios (Mondoni, 2001, p. 56-57).
Martirológio era, basicamente, “um fichário ou catálogo daqueles que, com sangue, abonaram o testemunho de sua fé em Cristo. Os antigos martirológios constituíam uma espécie de calendário litúrgico” (Martins, 1954, p. 5). O Martirológio Romano consiste da junção dos vários martirológios regionais, sendo considerado definitivo o texto de Barônio, que depois foi muitas vezes revisto, corrigido e ampliado, tendo sido atualizado pela última vez em 1922, por ordem de Bento XV29. Ele é um dos livros litúrgicos30 oficias da igreja, os quais são, a saber: Missal, Breviário, Ritual Pontifical, Cerimonial e Martirológio.
Claro que no Martirológio Romano, “Alguns dados são passíveis de revisão histórica (...). A Santa Igreja desde muito procura escoimá-lo de erros e inexatidões históricas” (Martins, 1954, p. 6). Aliás, “A Igreja é a primeira a querer a verdade histórica. Mas convenhamos. Corrigir não é arrasar, sem mais nem menos, textos venerandos” (Martins, 1954, p. 7).
Foxe31 (2005, p. 13) lembra que ao fundar sua igreja Cristo deixou claro que haveria perseguição, mas que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (cf. Mateus 16,18). Assim deve-se ler a história dos mártires como “proveito do leitor e da edificação da fé cristã” (Foxe, 2005, p. 14). Para esse autor:
As causas de tanta perseguição aos Cristãos por parte dos imperadores romanos foram principalmente estas: o medo e o ódio. Primeiro o medo, porque os imperadores e o senado, por ignorância cega, (...) temiam e desconfiavam que ele (Cristo) pudesse subverter o seu império. Por isso buscaram todos os meios possíveis (...) para extirpar totalmente o nome e a memória dos cristãos. Em segundo lugar, o ódio em parte porque este mundo (...) sempre odiou e tratou com maldade o povo de Deus (...) Em parte, porque os cristãos, tendo uma natureza e uma religião contrária às dos imperadores (...) desprezavam os seus falsos deuses (...) e muitas vezes detiveram o poder de Satanás que agia nos seus líderes (...)Por isso, Satanás (...) instigou os príncipes romanos e os idólatras cegos a nutrir contra eles um ódio e despeito cada vez maiores (FOXE, 2005, p. 25)
O mais seguro documento acerca de estudo sobre um mártir são as atas: “Para nosso objeto é importante notar uma formalidade que não faltava em nenhum processo: as atas”32(Acta, 2003, p. 136, tradução livre). Convém-nos aqui esclarecer, portanto, de que se constitui esse documento: “As atas dos mártires não são outra coisa que a transcrição exata, ou pouco menor, dos processos verbais redigidos pelos pagãos e conservados nos arquivos oficiais, transcrição que os cristãos recuperavam por diversos meios, por exemplo, a compra a os agentes do tribunal”33 (Acta, 2003, p. 136, tradução livre). Essas atas eram obtidas pelas comunidades cristãs através da compra. Mas uma ata, claro, como tudo que é valioso, “era objeto de engano e falsificação”34(Acta, 2003, p. 137, tradução livre).
Para Danieloo & Marrou (1966, p. 320),“não resta dúvida que já se conhecia [o Culto aos mártires] (...) desde o final do segundo século, e de alguma forma se oficializara na Igreja Cristã”, mas sublinham que no quarto século “O fato mais considerável é o desenvolvimento realmente exuberante do culto dos mártires” (p. 320), desenvolvimento motivado pelo fim das grandes perseguições e pela paz constantiniana. Em outras palavras, antes de se estabelecer o culto aos mártires os cristãos estavam ocupados sendo mártires.
Conclusão
Ainda precisamos de santos? Os santos do passado continuam servindo de inspiração aos cristãos de hoje. Como dissemos acima, os santos são no fundo os cristãos “que levam a sério. Eles são aqueles que em suas vidas, em suas palavras, em sua prática, em seu anúncio e em sua decisão de assumir riscos em seu destino, se assemelham a Jesus”35 (Bingemer; Queiruga; Sobrino, 2013, p. 16, tradução livre). Portanto, o maior benefício que a vida de um santo pode trazer é o encorajamento que faz a outros para que também se lancem a busca de uma vida de santidade. Mas o conceito de santidade para ser vivido hoje deve ser o mesmo. Uma das músicas cantadas na recente Jornada Mundial da Juventude que aconteceu no Rio de Janeiro categoricamente afirmava a necessidade de ser santo, e, além disso, apresenta-nos como deve ser a santidade para o século XXI:
Precisa-se de gente com amor no coração
Gente que cante gente que dance gente que viva a oração
Que testemunhe com sua vida o amor que Deus tem por nós
Que cante alto, grite ao mundo, faça o povo ouvir sua voz
Refrão:
Precisamos de santos, jovens santos
Santos de calça jeans que bebem coca-cola e comem hot-dog
Precisamos de santos, jovens santos
Que levem Deus no coração, que semeiem a paz e que amem o irmão.
Santos vivem no mundo sem batina e sem véu
Trilhando seus caminhos em direção ao céu
Santos que evangelizam e louvam o Deus que é amor
Que transmitem a palavra até via computador
Namoro de jovem santo tem que ser santo também
Muito amor, fidelidade, a quem tanto ele quer bem
Consagrando a juventude e a pureza ao Senhor
Consagrando a castidade ao Deus que tanto nos amou
Refrão
Precisa-se de santos no século XXI, comprometidos com o mundo e com o bem de cada um Que amem a Eucaristia e não se envergonhem de contar Ao mundo a revolução que todos juntos vão cantar.
Santos que ouvem reggae, pop, samba, forró, cristãos Nas ruas, com seus Ipods, cantam ao Deus que é perdão. Vivem no mundo e no mundo não tem medo de viver Pois o exemplo é Jesus Cristo e eu já sei quem quero ser...
Eu quero ser santo, jovem santo
Santo de calça jeans que bebe coca-cola e come hot-dog
Eu quero ser santo, jovem santo
Que leva Deus no coração, que semeia a paz e que ama o irmão. (VOX DEI)
Referências
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Notas