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Projeto de Vida "escuta discursiva" de livros didáticos do PNLD 2021
Life project:"discursive listening" of PNLD 2021 teaching books
Proyecto de vida: “escucha discursiva” de los libros de enseñanza del PNLD 2021
Projeto de Vida "escuta discursiva" de livros didáticos do PNLD 2021
Reflexão e Ação, vol. 31, núm. 2, pp. 5-20, 2023
Universidade de Santa Cruz do Sul

Recepción: 24 Agosto 2022
Aprobación: 28 Agosto 2022
Resumo: Este estudo propõe a discussão sobre a memória materializada nos textos de apresentação de livros didáticos de Projeto de Vida do PNLD 2021. Respaldado na Análise de Discurso Materialista, implicou gestos que, comprometidos com a busca de compreensão dos movimentos de (des)estabilização dos sentidos, permitiram depreender que a identificação dos autores com uma FD Meritocrática resultou na constituição de efeitos de sentido de protagonismo, promessa de possibilidade e responsabilização do estudante. A FD constitui uma FI Mercadológica-Educacional que torna óbvia a responsabilidade individual sobre sucesso ou fracasso e produz um silenciamento de desigualdades e injustiças.
Palavras-chave: Discurso, Educação, PNLD, Projeto de vida, Meritocracia.
Abstract: This study proposes a discussion about the memory materialized in the texts of the PNLD 2021 Life Project text books. Supported by Materialistic Discourse Analysis, it implied gestures that, committed to the search for understanding the movements of (de)stabilization of the senses, allowed us to infer that the authors identification with a Meritocratic DF resulted in the creation of effects of a sense of protagonism, promise of possibility and student responsibility. DF constitutes a Marketing-Educational FI that makes individual responsibility for success or failure obvious and produces a silencing of inequalities and injustices.
Keywords: Speech, Education, PNLD, Life project, Meritocracy.
Resumen: Este estudio propone una discusión sobre lamemoria materializada enlos textos de loslibros de texto delProyecto de Vida del PNLD 2021. ApoyadoenelAnálisis Materialista del Discurso, implicaba gestos que, comprometidos conlabúsqueda de comprensión de los movimientos de la (des)estabilización de los sentidos, permitió inferir que la identificación de los autores conun DF Meritocrático resultó en la creación de efectos de sentido de protagonismo, promesa de posibilidad y responsabilidad estudiantil. DF constituye una IF Marketing-Educativa que hace evidente la responsabilidad individual por eléxito o elfracaso y produce un silenciamiento de las desigualdades e injusticias.
Palabras clave: Habla, Educación, PNLD, Proyecto de vida, Meritocracia.
EFEITO DE INÍCIO
Esta pesquisa tem por objeto de interesse a memória materializada nos livros didáticos de Projeto de Vida distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2021 para o Ensino Médio. Ela intentou compreender os movimentos de estabilização e desestabilização dos sentidos na memória da educação, sendo esse o objetivo principal de que derivam os seguintes objetivos específicos: produzir a “escuta discursiva” de livros didáticos de Projeto de Vida distribuídos pelo PNLD 2021; identificar relações de sentido, de força e de antecipação nos discursos dos textos de apresentação de livros didáticos de Projeto de Vida; e compreender o jogo de repetição discursiva.
O PNLD 2021 possui vinte e quatro livros de Projeto de Vida a serem escolhidos por docentes atuantes nas escolas das redes públicas de ensino de todo o Brasil. Os livros estão disponíveis no site https://www.edocente.com.br/ – um portal de conteúdos sobre educação pensado para o professor e mantido pelas editoras Ática, Scipione, Saraiva e Atual. Como a escolha dos livros didáticos é feita pelas escolas, as editoras criam algumas ações com o intuito de promover seus livros e incrementar as vendas que se materializam em contratos bilionários1 realizados com o Governo Federal. Por iniciativa das referidas editoras, apenas cinco livros foram distribuídos fisicamente na escola estadual do Rio Grande do Sul com a qual estivemos vinculados até final do ano de 2021. Os textos de apresentação desses cinco livros fazem parte de nosso arquivo de pesquisa.
O lastro teórico-metodológico a partir do qual se constituiu a pesquisa encontrou sua base na Análise do Discurso Materialista fundada por Michel Pêcheux. A “escuta discursiva” (LEANDRO FERREIRA, 2003) dos livros didáticos refere-se à utilização de noções próprias da Análise do Discurso. Trata-se de categoria que, compreendida a partir de texto de Leandro Ferreira (2003), tem circulado entre os analistas que dela se aproximam enquanto produzem seus gestos de interpretação convocados pelo corpus. Leandro Ferreira, ao discorrer sobre a “família conceitual do sujeito”, ressalvando a existência de um conjunto de termos que reitera a ideia segundo a qual o sujeito sofre determinações de várias ordens, propõe a inscrição do analista de discurso no espaço de uma “escuta discursiva” que
[...] sob a forma de um gesto de interpretação, também vai na mesma direção exigir do analista do discurso um trabalho de “escuta” que consiste em fazer ver ao leitor, a partir das lentes de um dispositivo teórico-analítico, a opacidade do texto, desnaturalizando o que não é natural, pondo em questão o que parece evidente e trazendo à presença o que se mostra ausente. (LEANDRO FERREIRA, 2003, p. 8)
Reforçando a noção-chave que implica no (re)conhecimento e compreensão de perturbações nas redes de sentidos, Prawucki, quase fazendo coro a Leandro Ferreira e orientado por ela, ao propor um estudo sobre as relações entre corpo, mídia e sociedade na escrita de estudantes secundaristas, explica que o objetivo da escuta discursiva, em sua pesquisa, é “[...] relacionar a heterogeneidade constitutiva ‘do’ dizer [como o exterior sócio-histórico-ideológico faz- se presente no interior da linguagem do sujeito] com a heterogeneidade mostrada ‘no’ dizer diferentes maneiras linguísticas do sujeito, sempre de forma insuficiente, negam a heterogeneidade constitutiva]” (2011, p. 46).
Melo e Costa (2014) aproxima a “escuta discursiva” da entrevista, esclarecendo que com ela se pretende compreender de que modos os sujeitos (na função de entrevistados) filiam-se e se apropriam de discursos institucionalizados ou não, e os reproduzem ou deslocam, num processo contínuo de paráfrases e metaforizações. Santos e Beck (2019) se propõem a promover a “escuta discursiva” do silêncio que rasga o dito. Ao fazê-lo, instituem uma relação de condição entre um tal gesto e dois momentos de análise, acrescentando que a “escuta discursiva” precisa “considerar que o sujeito falante interpreta e, assim, permitir descrever esse gesto, no que nele possa haver de estabilizado, de gregário” (SANTOS; BECK, 2019, p. 148-149) ao mesmo tempo em que não se furta do fato de que também do analista de discurso não podem ser desconsiderados os gestos de interpretação uma vez que ele está exposto ao real da língua, ao equívoco, sendo este constitutivo do processo de produção de sentidos em suas condições materiais. Fiss e Vieira (2021) articulam a “escuta discursiva” a gestos desde os quais o analista “arranha” os dizeres dos interlocutores na pesquisa, considerando as condições de produção e analisando os processos pelos quais sujeitos e sentidos se (des)fazem sem esquecer a heterogeneidade constitutiva do dizer.
Todos os trabalhos consultados convergem em um aspecto com que estabelecemos relação de identificação: a “escuta discursiva” se traduz em gesto de interpretação que convoca a fazer ver a opacidade do texto, trazer à tona o ausente e desnaturalizar o que se apresenta como evidente. Ao “escutar” e analisar discursivamente textos de apresentação contidos em livros didáticos de Projeto de Vida distribuídos pelo PNLD 2021, entendemos que será possível interpretar parte do funcionamento do discurso que dá sustentação para as práticas curriculares no Brasil.
A relevância do tema está relacionada às possibilidades de contribuição para atualização da memória tanto no campo da educação quanto no campo da AD. Outrossim, o estudo tem importância porque envolve a compreensão das posições discursivas ocupadas pelos sujeitos e seus processos de identificação com redes de sentido em conflito bem como a produção de reflexão sobre a própria teoria. Associa-se a isso o que pode se traduzir como um outro objetivo: desenvolver um estudo à luz dos aportes teóricos da AD sem esquecer de que, como destaca Indursky, “[...] a teoria está na base das análises que, por sua vez, retroalimentam a teoria” (2008, p. 9).
REFERENCIAIS E BATIMENTOS
O discurso, “um ponto de articulação dos processos ideológicos e dos fenômenos linguísticos” (ORLANDI, 1995, p. 54), sempre irrompe desde certas condições de produção (ou CPs). Pêcheux ([1969] 2019), ao discutir sobre os elementos estruturais das condições de produção, fala sobre o referente (o contexto), as formações imaginárias (imagens que o sujeito se faz de si e do outro, e também dos lugares ocupados por ele e pelo outro) e as posições enunciativas assumidas pelos sujeitos no discurso. Ademais, o autor esclarece que elas são constitutivamente compostas por: (a) relações de força existentes entre elementos opositores em um determinado campo; (b) relações de sentido, pois todo discurso se constitui a partir de discursos prévios; e (c) relações de antecipação - o enunciador, quando escreve ou fala, busca se colocar na posição de ouvinte, antecipar reações/representações possíveis dos interlocutores. Neste processo, se movimentam jogos de repetições que apontam para o que é memorável para um grupo social.
Se pensadas a partir de Courtine (2014), é necessário lembrar que as condições de produção mostram a conjuntura em que um discurso é produzido, bem como suas contradições. E a contradição, assim, se evidencia como constitutiva do enunciado sob sua modalidade dividida - o enunciado dividido. Como destaca Indursky, a “[...] formação antagônica do enunciado discursivo advém do fato que tais valores opostos relacionam-se a FD antagônicas. [...], é preciso representar esse enunciado na sua modalidade contraditória: P {X/Y}” (snd, p. 06). X e Y representam, assim, posições referenciais dominadas por FD antagônicas, localizadas ambas no contexto de uma mesma formulação de enunciado. De maneira semelhante, X e Y também apontam para um limite a ser sinalizado entre dois pólos: o formulável em uma FD (FDX) e não formulável nessa mesma FD, mas formulável em outra FD (FDY) que lhe é antagônica. No enunciado dividido, constitutivamente contraditório, diferentes vozes dialogam, estabelecem filiações, instauram movimentos que se traduzem em ressonâncias de rupturas, produzem vestígios de divergências. Ele representa, em seu interior, diferentes posições de sujeito afetadas por FD antagônicas. E, em todo esse processo, se faz ressoar constitutivamente o discurso-outro no discurso do sujeito, o que remete à heterogeneidade constitutiva de um discurso que comporta outros discursos em seu interior.
Para os fins da análise realizada, interessaram particularmente as relações de força, antecipação e sentido consideradas desde Pêcheux. No entanto, se a marca fundamental da AD aponta para a relação constitutiva entre discurso/exterioridade, ou seja, entre o dizer e as condições de produção desse dizer, impossível não referir que os discursos sob análise surgiram em um tempo histórico em que representantes do currículo prescrito (ordenamento jurídico- administrativo que traduz a política educacional em um país) articulados a representantes do currículo apresentado aos professores constituem alianças com a intenção de implementação de práticas curriculares submetidas à Base Nacional Comum Curricular aprovada em 2017. Ademais, cumpre advertir que, associando à consideração das CPs os argumentos de Courtine, nos interessou pensar sobre as posições-sujeito representadas no interior dos enunciados.
Além destes entendimentos, é importante compreender que o arquivo para AD é algo dinâmico uma vez que o analista seleciona o material base para a construção do seu dispositivo analítico na tensão de forças entre o que deve e o que não deve fazer parte, sendo sempre possível ampliá-lo:
[...] o arquivo não se constitui apenas dos elementos que ele já contém, mas também dos que pode vir a conter, oportunamente, a partir de forças que buscam impor a entrada do que ficou de fora e da ressignificação daquilo que forçou passagem e entrou, levando ao efeito de naturalização e de estabilidade. E ainda é preciso considerar que o que fica de fora do arquivo ressoa em sua ausência-presença. (MITTMANN, 2015, p. 353)
Ainda a respeito do arquivo e da constituição do corpus, recuperamos considerações propostas por Jean-Jacques Courtine. O autor define corpus discursivo como “[...] conjunto de sequências discursivas, estruturado segundo um plano definido em relação a um certo estado das Condições de Produção (CP) do discurso” (COURTINE, 2014, p. 54), considerando-o desde três aspectos: coleta de materiais, critérios de constituição e forma. Conforme elucidado antes, selecionamos para análise, como arquivo, os textos de apresentação de cinco livros de Projeto de Vida. Recortamos sequências discursivas (SDs) para compor o corpus. Se sua coleta for pensada ao modo de um “funil” ou “filtro”, consoante propõe o autor, é possível entender que ele pode ser associado a um “universal do discurso” de que é extraído o “campo discursivo de referência” no qual são isoladas sequências discursivas determinadas (Figura 1):2

O corpus poderá receber uma organização segundo um plano estruturado em certo número de dimensões, determinando-lhe uma forma. Levando em consideração esse plano estruturado, podemos observar, desde as dimensões trabalhadas por Courtine, que: (a) o corpus é constituído por várias sequências discursivas (retiradas de cinco textos de apresentação de cinco livros de Projeto de Vida respectivamente); (b) os discursos são produzidos por vários locutores (os quais escrevem os textos de apresentação individualmente ou em conjunto com demais autores dos livros) com posições ideológicas que se pretendem homogêneas.
Provocados pela busca de entendimento da noção de repetibilidade, desde sua mobilização em gestos de análise, e levando em consideração o outro sempre presente no discurso, realizamos a leitura3 do arquivo procurando constituir um corpus a partir do qual fosse possível encontrar pistas do funcionamento dos discursos e compreendê-los.
A REPETIBILIDADE
Pêcheux, ao falar sobre um deslocamento realizado pelos estudos da linguística, menciona a divisão discursiva entre dois espaços que parecem remeter à paráfrase e à polissemia respectivamente: o espaço “[...] da manipulação de significações estabilizadas, normatizadas por uma higiene pedagógica do pensamento, e o de transformações do sentido, escapando a qualquer norma estabelecida a priori, de um trabalho do sentido sobre o sentido” ([1983] 2015, p. 51). Acrescenta depois que “[...] todo enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo, se deslocar discursivamente de seu sentido para derivar para um outro” (PÊCHEUX, [1983] 2015, p. 53). A relação estabelecida entre o discurso-outro e a interpretação também é mencionada por ele. Ao supor esta possibilidade, ele parece remeter ao efeito metafórico enquanto transferência de sentidos, ressignificação que pode ser realizada pelo sujeito ao produzir um lugar de interpretação e inscrever o seu dizer no repetível histórico.
Orlandi (1993) traduz a polissemia como multiplicidade de sentidos e a paráfrase como o mesmo sentido que adquire formas diversas. É impossível ignorar a importância da primeira por nela se fundamentar a atividade do dizer. Quanto à paráfrase, ela corresponde à “[...] ação da instituição, da regra, da lei, e nela é que se sustenta a afirmação de que a linguagem é convencional” (ORLANDI, 1993, p. 86). A polissemia está para a variação assim como a paráfrase está para a sedimentação histórica dos sentidos, para sua legitimação em termos institucionais: “[...] a tensão entre estes processos manifesta-se de várias maneiras: na existência da regra e da exceção, do previsível e do imprevisível, do certo e do indeterminado, do legítimo e daquilo que tem de se legitimar, do que já é e do que pode ser, do estabelecido e do que muda, etc.” (ORLANDI, 1993, p. 86). Em outro trabalho, Orlandi adverte que a separação entre paráfrase e polissemia não é evidente nem permanente – “[...] onde está o mesmo, está o diferente” (1996, p. 93). Fenômeno que decorre do modo de funcionamento discursivo da mudança que, mesmo quando promove alguma ruptura, o faz a partir de uma relação com o mesmo e se constitui, então, enquanto retorno e interpretação do mesmo, do já dito. Tal relação implicita uma outra: a relação com a repetição. Esta pode, então, assumir três formas: “repetição empírica (exercício mnemônico que não historiciza); repetição formal (técnica de produzir frases, exercício gramatical que também não historiciza); repetição histórica (a que inscreve o dizer no [...] interdiscurso)” (ORLANDI, 1996, p. 70).
Seria dizer que, fazendo coro a Pêcheux e Orlandi, a repetição não é dizer sempre o mesmo com as mesmas palavras, mas é trazer de forma diferente o mesmo efeito de sentido. E nesse processo de retomada, nunca o que foi dito será dito da mesma forma, trazendo possibilidade para mudança.
A seguir, apresentamos um conjunto de sentenças recortadas do arquivo com marcas linguísticas grifadas:
SD1: “E para que tudo isso caminhe bem é fundamental o seu envolvimento, o seu engajamento. Afinal, trata-se da sua vida, e ninguém pode vivê-la por você.” (Livro 1)
SD2: “Por isso, neste livro, vamos partir de onde você está e de quem você é para chegarmos aonde deseja estar e a quem sonha ser no futuro. Será um longo caminho, por vezes simples, por vezes doloroso e complexo, mas que será recompensador.” (Livro 2)
SD3: “É preciso olhar para si mesmo, identificar aptidões, sonhos, necessidades. Também é preciso olhar ao redor: a realidade pode colocar limites de várias ordens, mas, apesar deles, certamente é possível encontrar caminhos para a realização pessoal.” (Livro 3)
SD4: “Esperamos que ele contribua para que você reconheça quem você é e quem deseja ser no futuro, para que, assim, você possa construir um modo de viver que lhe traga realização pessoal, que o preencha de sentido e que o motive a contribuir para uma sociedade mais justa, igualitária e digna para todos.” (Livro 4)
SD5: “Nele, você não encontrará respostas prontas ou caminhos já trilhados, mas oportunidades para constituir-se no protagonista da própria história.” (Livro 5)
Em todas as discursividades, observamos a repetição de que os sujeitos são responsáveis pelo sucesso ou fracasso de suas trajetórias, de que, se tiverem engajamento na construção e aplicação do seu projeto de vida, vão realizar seus sonhos e objetivos. O que faz lembrar Pêcheux quando afirma que o “[...] processo discursivo não tem, de direito, início: o discurso se conjuga sempre sobre um discurso prévio, ao qual ele atribui papel de matéria-prima”([1975] 2014, p. 76), toda materialidade carrega, portanto, uma série de traços discursivos que a ligam a já-ditos anteriores e exteriores a ela mesma – com esforço é possível obter êxito, dadas as condições necessárias o sujeito precisa ser capaz de inventar sua história com suas próprias mãos, o sucesso ou o fracasso escolar são de inteira responsabilidade do estudante. Tais traços funcionam como vestígios, ou pistas, da relação existente entre discurso e repetibilidade: os discursos em circulação são retomados e seus sentidos, pela via da repetição, são regularizados.
O efeito de memória (que se dá a partir da relação interdiscurso/intradiscurso) reatualiza a heterogeneidade do discurso em sua suposta homogeneidade, provocando o analista a escutar discursivamente as relações entre o que é dito na SD e o dizer de outros discursos haja vista toda produção discursiva fazer circular formulações já ditas anteriormente. Por sua vez, os efeitos de atualidade estão vinculados ao trabalho da memória que, quando faz irromper um acontecimento passado em uma conjuntura presente, o reatualiza, promovendo como que um diálogo entre as sequências discursivas - daí se afirmar que elas se dizem, se respondem, se refutam, se citam: tanto o sentido de estudante protagonista, portanto, autor no processo de produção do conhecimento, quanto o sentido de estudante responsável exclusivo pelos resultados de suas ações circulam há bastante tempo nos discursos da educação, agora se movimentando nos livros didáticos amalgamados a uma intenção de produção de um “indivíduo autoempreendedor” que se ajusta às relações de produção assim como estão organizadas numa formação social capitalista e pensa estar fazendo isto livremente.
As cinco SDs sob análise produzem o mesmo efeito de sentido, portanto, estão articuladas entre si. Ademais, elas podem ser entendidas enquanto demonstração de como a identificação dos autores e autoras dos textos de apresentação analisados com uma formação discursiva resulta na constituição tanto de certa posição-sujeito quanto de certo efeito de sentido associado ao componente Projeto de Vida – um efeito de sentido de protagonismo, promessa de possibilidade e responsabilização do estudante. Convém referir, aqui, um outro efeito de sentido identificado em trabalhos produzidos, respectivamente, por Luciana Nogueira e Juciele Pereira Dias (2017; 2018) e Jussana Daguerre Lopes (2021): o efeito de sentido de autoempreendedorismo que aponta para um sujeito que precisa ser empreendedor de si mesmo.
Reconhecemos, assim, o funcionamento de uma Formação Discursiva (FD) que chamaremos de FD Meritocrática, uma FD que determina o dizer dos Livros 1, 2, 3, 4 e 5 em análise aqui, FD com que o sujeito está identificado. Neste caso, na forma de textos de apresentação que direcionam os sentidos de vida, de recompensa, de possibilidade, de construção e de oportunidade. Todos eles representam uma Formação Ideológica (FI) Mercadológica-Educacional que torna óbvia a responsabilidade individual sobre o sucesso do projeto de vida uma vez que
| ao enunciar queé possível compreender que está sendo dito também que “ninguém pode vivê-la por você” o êxito depende de você, considerando que ele depende do “seu envolvimento” e do “seu engajamento” – atitudes fundamentais, indispensáveis para que tudo “caminhe bem”. “será recompensador” obterá algum tipo de compensação se empenhar esforço, uma vez que o caminho também “Será um longo caminho, por vezes simples, por vezes doloroso e complexo”. Portanto, considerando que o anúncio da possibilidade de ser um “caminho longo, doloroso e complexo” está dito, fica não-dito que se trata de um caminho que só será recompensador se foram investidos os esforços necessários para trilhar com êxito um trajeto por vezes íngreme e sinuoso. “certamente é possível encontrar caminhos” basta o estudante agir ou, dito de outro modo, “olhar para si mesmo, identificar aptidões, sonhos, necessidades” e “olhar ao redor”. “você possa construir” está em suas mãos uma vez que é responsabilidade do estudante reconhecer quem ele é e “quem deseja ser no futuro”. “encontrará [. ] oportunidades para constituir-se” condições você tem, ou seja, o livro não se pretende como manual a ser seguido pelo estudante, mas como fomentador de propostas ao protagonismo, oferecendo recursos para isso. Portanto, está nas mãos do estudante a chance de escolher entre assumir-se, ou não, “protagonista da própria história”. |
Courtine assevera que a contradição é princípio constitutivo da FD considerada como uma unidade dividida, portanto, heterogênea: “[...] o fechamento de uma FD é fundamentalmente instável, ela não consiste em um limite traçado de uma vez por todas, separando um interior e um exterior, mas se inscreve entre diversas FD como uma fronteira que se move em função dos interesses da luta ideológica” (COURTINE, 2014, p. 04). As contradições ideológicas de classe são recuperáveis no interior mesmo da unidade dos conjuntos de discurso. Nesse sentido, a sequência discursiva será analisada em um processo discursivo de reprodução/transformação dos enunciados no interior de uma FD dada - o que remete à necessidade, sublinhada por Courtine, de estudar o intradiscurso de toda sequência manifesta a partir de sua associação ao interdiscurso da FD. E, por conseguinte, assumir como tarefa da análise de discurso um trabalho que provoque/produza/acompanhe o aflorar das contradições, do diferente que subjaz a todo discurso, não excluindo a noção de heterogeneidade como elemento constitutivo de práticas discursivas que se dominam, se aliam ou se afrontam em um certo estado de luta ideológica e política, no seio de uma formação social em uma conjuntura histórica determinada.
A FD é vista como unidade divisível, heterogeneidade em relação a si mesma, com fronteiras instáveis, imbricadas com o universo do interdiscurso:
Numa mesma FD, atuam forças contraditórias que introduzem o discurso-outro. Uma FD é, assim, constitutivamente frequentada pelo discurso do outro, e a contradição se insere na própria materialidade linguística da FD. Dito de outra forma, uma FD se inscreve entre diferentes FD, e suas fronteiras se deslocam em função dos jogos de luta ideológica. E, por ser heterogênea, a FD constitui tanto a identidade quanto a diferença. (FISS, 2003, p. 97)
Considerando a noção de Formação Discursiva assim como é apresentada por Courtine, é necessário lembrar que este autor a constituiu sob influência do encontro com as noções de FD propostas, respectivamente, por Michel Foucault e por Michel Pêcheux. De Foucault, foram considerados importantes aspectos: a FD não se constitui enquanto texto ideal, contínuo, ausente de asperezas e atemporal. Pelo contrário, ela é um espaço de dissenções múltiplas, um conjunto de oposições cujos níveis e papeis devem ser descritos, sendo basicamente lacunar em virtude do sistema de formação de suas estratégias. Quanto a Pêcheux, também algumas ideias foram objeto de análise. Nelas, é forte a tendência a identificar a FD como determinando o que pode e o que deve ser dito em uma manifestação discursiva, em uma certa relação de lugares, no interior de um aparelho ideológico e inscrito em uma relação de classes. Nesse sentido, a FD está determinada pela formação ideológica de que provém.
O diálogo com tais concepções e a busca de, ao mesmo tempo, superar restrições nelas presentes pela construção de uma outra definição de FD, conduziu Courtine (1981) a delimitar ideias recorrentes em seu trabalho: a FD se constitui enquanto unidade dividida que tem como princípio constitutivo a contradição (princípio de historicidade do discurso); a FD é lugar de um trabalho de (re)configuração de diferentes saberes (há oposição de saberes que gera contradição interna); a toda FD se vê associar uma memória discursiva, sendo ela que torna possível a toda FD circunscrever formulações anteriores já enunciadas.
O OUTRO SEMPRE PRESENTE
Desde a análise empreendida, foi possível relacionar o que é dito na SD com o dizer de outros discursos. Somos porta-vozes de outros saberes e assujeitados ao pré-construído pela via de identificação com um sujeito universal (sujeito do saber da FD) - o que se vincula tanto à construção de uma aparente homogeneidade quanto a deslocamentos dos sentidos. Como lembra Fiss, “A heterogeneidade [...] se vincula à incompletude do sujeito, à diferença, ao possível nos sentidos. O sentido sempre podendo ser outro - o que se integra à heterogeneidade constitutiva enquanto já-dito anterior/exterior à existência de qualquer dizer” (2003, p. 172).
O discurso assinala, entre suas palavras, a presença estranha de palavras marcadas como pertencendo a um outro discurso. Pela porosidade própria de qualquer palavra, ela está sempre carregada de discursos que ela tem incorporados, denunciando um outro que atravessa constitutivamente o um. Nesse sentido, lembramos, com Fiss, que “[...] a heterogeneidade pressupõe um trabalho não apenas com os ditos, mas também com os não-ditos. Ou seja, outros sentidos possíveis que foram apagados, mas permanecem de modo latente nos processos discursivos” (2003, p. 104) como na SD3:
SD3: “É preciso olhar para si mesmo, identificar aptidões, sonhos, necessidades. Também é preciso olhar ao redor: a realidade pode colocar limites de várias ordens, mas, apesar deles, certamente é possível encontrar caminhos para a realização pessoal.” (Livro 3)
A contradição, considerada desde a compreensão de Courtine (2014), entre “limites de várias ordens” e “certamente é possível” demonstra que, no discurso do projeto de vida, existem outros discursos para além da promessa de mobilidade social, realização pessoal, meritocracia. Há limites, isso está dito. O que não está dito quando se diz que há limites? Talvez, que a meritocracia é falha. Talvez, que, em um sistema baseado na circulação de mercadoria e no acúmulo de capital, só o esforço individual não será capaz de proporcionar chegar no lugar em que os estudantes desejam. Essa fuga de sentidos é retomada quando se diz que podemos seguir nossas trajetórias “apesar deles”, dos limites. Um dos desvios possíveis que demonstra as relações de força existentes nas disputas pelos sentidos.
Outras vozes se fazem presentes. O diferente força sua presença na materialidade do discurso. Na medida em que o sujeito é capturado, apropriado pelo já-dito, ao mesmo tempo se constituem, por força dos deslocamentos de posição desse sujeito, lugares do diferente que o já- dito permite pôr em funcionamento. Eduardo Calil lembra que “[...] há o já-dito e através dele o sujeito se mostra como uno [...], mas também há a possibilidade para o inesperado, para a ruptura na medida em que o sujeito é capturado por termos que formam outras redes de interpretações, rompendo com formações discursivas dadas” (1995, p. 91). Portanto, ainda que capturado pelo já- dito, que se impõe ao sujeito sem que este se dê conta, não estão inviabilizadas as possibilidades de inscrição em outros jogos interpretativos e de reconfiguração dos sentidos dados pela filiação a outras redes ou FDs.
Em torno dessa discussão, assim se coloca Authier-Revuz: “[...] todo discurso parece constitutivamente atravessado por “outros discursos” e pelo “discurso do Outro” (1998, p. 59). O outro não é um objeto (exterior, do qual se fala), mas uma condição (constitutiva, para que se fale) do discurso de um sujeito falante que não é a fonte-primeira desse discurso. Relendo as SD recortadas, observamos que, ao produzir o efeito de sentido de que os sujeitos são responsáveis pelo sucesso ou fracasso de suas trajetórias, os autores fazem a ponderação de que esse caminho pode conter dificuldades, complexidades, falhas, limites e precisam ser encontrados – tensões que apresentamos no Quadro a seguir:
| ao enunciar que | é possível compreender que está sendo dito também que |
| “para que tudo isso caminhe bem” | existe a possibilidade de que “tudo isso” não “caminhe bem”, pois, ao afirmar como “fundamental o seu envolvimento, o seu engajamento”, não se considera um tal engajamento, um tal envolvimento como a única condição necessária para uma caminhada exitosa, como uma condição exclusiva e, portanto, garantidora de sucesso. Trata-se de condição fundamental, pois sem ela é mais penoso o caminho e maior a dificuldade para obter êxito, mas não significa que há garantia de que tudo “caminhe bem”. A dedicação individual dialoga com outros elementos contidos na memória. |
| “um longo caminho, por vezes simples, por vezes doloroso e complexo” | a existência da possibilidade de caminhos simples ou, por vezes, dolorosos e complexos foge da capacidade de o sujeito ser senhor do seu destino, partindo apenas “de quem você é para chegarmos aonde deseja estar e a quem sonha ser no futuro”. |
| “a realidade pode colocar limites de várias ordens” “encontrar caminhos” | o caminho precisa ser encontrado, mas pode ser que o sujeito não o encontre, pois a realidade pode colocar limites. Como lugar “compartilhado” onde se confrontam discursos diferentes com sentidos também diferentes, na palavra “caminho” se identifica, ao mesmo tempo, um sentido de “seguir em frente com êxito” e um sentido de ser interrompido em função de “limites de várias ordens”: a promessa de sucesso pelo esforço individual é perturbada pelo que é da ordem da realidade, do incerto, da dificuldade. |
| “você possa construir um modo de viver que lhe traga realização pessoal, que o preencha de sentido e que o motive a contribuir para uma sociedade mais justa, igualitária e digna para todos” | a sociedade não é justa, não é igualitária e não é digna, portanto, não havendo esses atributos por completo em nossa sociedade, não serão todos os indivíduos que poderão “construir um modo de viver que lhe traga realização pessoal, que o preencha de sentido e que o motive a contribuir para “uma sociedade mais justa, igualitária e digna para todos”. A tensão entre a sociedade injusta na qual o sujeito vive e a responsabilidade desse mesmo sujeito torna-la mais justa ressoa, fazendo com que nos perguntemos: como, em uma sociedade injusta que se organiza a partir de relações de classe que hierarquizam e “distribuem” direitos de modo desigual, o sujeito vai conseguir romper com a hierarquização e, por um movimento de envolvimento individual, encontrar espaço para tentar fazê-lo? Percebe-se a contradição entre o discurso do mercado que se mistura com o da educação e promete um tempo melhor do que o de agora respaldado no esforço pessoal, que trará a sociedade justa, igualitária e digna, e o discurso desse mesmo mercado que regula as relações de modo hostil e injusto, afetando, portanto, o sujeito e tirando a força do seu esforço pessoal, porque a sociedade não é justa nem igualitária ou digna. |
| “oportunidades constituir-se no protagonista da sua própria história” | sem aproveitar a chance de assumir-se “protagonista da própria história” haverá outros elementos que condicionarão os caminhos de constituição da história do indivíduo, demostrando a existência de outras forças disputando esse espaço. |
Podemos, aqui, observar também o mecanismo de antecipação: os autores parecem colocar-se no lugar de seus interlocutores na tentativa de antecipar o efeito do sentido que suas palavras produzirão. Nesse processo, não só afirmam a disposição meritocrática que a formação discursiva reafirma, a partir da exigência do mercado, mas convocam dizeres de outras formações discursivas na tensão para (re)afirmar suas posições. Os discursos não possuem origem nesses autores, mas em processos anteriores e exteriores. De qualquer forma, eles encontram sua posição e tentam a todo momento interpelar os leitores para que se coloquem também em uma posição similar a deles.
EFEITO DE FECHAMENTO
Neste trabalho, visamos à compreensão dos movimentos de estabilização e desestabilização dos sentidos na memória da educação desde a “escuta discursiva” de textos de apresentação de cinco livros de Projeto de Vida do PNLD 2021. A partir das SDs recortadas, identificamos uma FD Meritocrática na qual circulam discursos de que ressoam efeitos de sentido de protagonismo, promessa de possibilidade e responsabilização do estudante. O não-dito funciona a partir de uma presença ausência no dito, constituindo igualmente o sentido das palavras. Na tensão entre ditos e não-ditos, a trajetória do estudante é significada desde um efeito de sentido de submissão à obrigação do sucesso e ao risco do fracasso, estando tanto um desfecho quanto o outro na dependência de seu envolvimento com as possibilidades apresentadas – o que autoriza destacar que, se considerado o funcionamento discursivo das marcas linguísticas analisadas, “[...] o sentido se constitui a partir das relações que as diferentes expressões mantêm entre si, no interior de cada FD, a qual, por sua vez, está determinada pela FI de que provém” (INDURSKY, 1997, p. 32).
Reconhecemos não apenas uma FD dominante, mas também certo trabalho discursivo a partir do qual o estudante é falado como capaz de autonomia e decisões definidoras de sua vida e, ao fazê-lo, silencia sobre as condições de existência desse jovem em uma formação social capitalista caracterizada pela desigualdade no acesso a bens culturais e materiais mínimos. Reiteramos tanto a presença de discursos outros que, em sendo antagônicos aos saberes da FD, fazem nela circular sentidos que se constituem em vestígios da presença de outras formações discursivas. Não há ritual sem falhas: mesmo no interior de uma FD Meritocrática, ecoam vozes outras que apontam para tensões entre os sentidos reconhecidos nos textos de apresentação de cinco livros de Projeto de Vida. Tensões compreendidas por um trabalho de análise que, ao opacizar o discurso pela desnaturalização do que irrompe como evidente, capta elementos que apontam para a relação do texto com aquele exterior que lhe é específico e remete para modos de discursivizar os compromissos dos secundaristas a partir de dizeres que dão respaldo para certa organização e realização das práticas curriculares nas escolas.
O interdiscurso se reflete no intradiscurso. Os sujeitos-autores dos textos de apresentação são porta-vozes de outros saberes e, por extensão, assujeitados ao pré-construído pela via de identificação com um sujeito universal (sujeito do saber da FD) – o que se vincula tanto à ilusão de homogeneidade de sentido por eles pretendida quanto a deslocamentos dos sentidos impossíveis de conter.
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Notas