Editorial
A sustentabilidade como fio condutor das discussões que envolvem o social, o ambiental e o econômico
A sustentabilidade como fio condutor das discussões que envolvem o social, o ambiental e o econômico
Caderno de Administração, vol. 30, núm. 1, pp. 1-12, 2022
Unuversidade Estadual de Maringá
A primeira edição do ano de 2022 - e o trigésimo volume da Caderno de Administração (CAdm) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) - conta com oito artigos. Em uma perspectiva integrativa abrange diferentes seções do periódico, como Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, Estudos Organizacionais, Marketing, Finanças, Administração Pública, Meio Ambiente e Sustentabilidade. E esse último tópico sublinha essa edição, ao passo que está presente, de alguma forma, em todos os artigos publicados.
Dito de outra forma, ao me deparar com os trabalhos que fazem parte desse número, percebi que a Sustentabilidade tinha o potencial de servir como um fio condutor para as discussões por eles suscitadas. Importa dizer que a Sustentabilidade é, muitas vezes, tratada como sinônimo de preocupação com o meio ambiente ou algo similar em que o ambiental esteja como carro-chefe. Entretanto, ela também abarca as dimensões sociais e econômicas, ainda que tendendo a ter esta última como imperativo, erroneamente, tantas outras vezes. Aqui considero que as questões sociais são tão ou mais importantes quando da interação desses elementos, já que há uma interdependência entre eles quando se fala em Desenvolvimento Sustentável.
Por mais que Sustentabilidade seja um conceito difícil de definir e até um desafio a ser colocado em prática em muitas organizações, sua ausência pode ser facilmente percebida a depender das lentes e direções em que disparamos nossos olhares. Faz apenas 35 anos que o termo Desenvolvimento Sustentável foi cunhado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas por meio do Relatório Brundtland, também intitulado “Nosso Futuro Comum”. Na oportunidade, foi pactuado como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Trata-se mais de um contrato de gerações do que um conceito em si. Contudo, é partir disso que um certo consenso se forma em torno desse constructo. Também pode ser entendido como um movimento em direção a trilhar novos caminhos que possam ir além da lógica de crescimento exclusivamente econômico, de maximização da produção com a exploração das pessoas e de recursos naturais, da quantofrenia da lucratividade, rentabilidade e afins.
Atendendo à demanda de aproximar e traduzir essa temática ao meio empresarial, o consultor John Elkington criou, em 1987, uma organização especializada nisso: a SustainAbility. Até hoje em funcionamento, vende-se como um instituto para auxiliar organizações do mundo na operacionalização da sustentabilidade. Elkington também foi o criador do Tripé da Sustentabilidade em que entende a viabilidade de um negócio amparada em aspectos econômicos, sociais e ambientais. Para ele, é a dinâmica entre esses elementos que formam uma intersecção capaz de tornar uma organização sustentável.
Ainda segundo Elkington (2004), a complexidade dessa questão reside em tudo que envolveria o choque entre os paradigmas já existentes e os novos decorrentes da revolução cultural global em andamento. Para ele, a transição para um capitalismo sustentável é extremamente desafiadora, cansativa e para algumas empresas, quem sabe, impossível. Apesar de ser cada vez mais comum se ouvir falar ou se tencionar um ecocapitalismo (também chamado capitalismo verde), a maioria dos artigos produzidos sobre essa temática nos últimos anos tem apontado a necessidade de uma ruptura total do sistema capitalista devido a impossibilidade de conciliação com o conceito de sustentabilidade (MASSUGA et al, 2019).
E é dando continuidade nesta perspectiva crítica que apresento o primeiro artigo dessa edição. Com o título “O trabalho da transformação: a criação do sujeito entre a dialética e a resistência política”, Thais Zimovski, Marllon Emanoel Souza Medeiros de Vasconcelos e Alexandre de Pádua Carrieri, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentam um ensaio teórico que teve como objetivo refletir sobre a constituição do sujeito e suas possibilidades de transformação a partir da relação entre subjetividade, trabalho e criação. Para tal, discorrem sobre a noção de dialética, tendo por base as apropriações das tradições marxistas e psicanalíticas. Logo, se entendermos o trabalho como elemento constituinte de nossa subjetividade, basilar para reforçar movimentos coletivos e com potencial para alavancar as necessárias transformações sociais, podemos considerá-lo como um artefato indispensável nas discussões relacionadas a um (im)possível ecocapitalismo.
Se consideramos a sustentabilidade em seus aspectos sociais e compreendermos que a diversidade nas organizações é um ponto a ser problematizado quando a temática é discutida, esta edição traz dois artigos interessantes a serem utilizados para este fim. Um deles faz uma análise de textos publicizados pelo site “administradores.com” que abordam os conceitos e papéis relacionados à gestão da diversidade. Os principais resultados deste trabalho apontam para uma abordagem gerencial e instrumental da diversidade e para negligência de aspectos sociais e econômicos relacionados à opressão de grupos constituídos como minorizados socialmente. Trata-se do artigo “Diversidade em foco: uma análise crítica a partir de um site popular sobre administração” produzido pelos pesquisadores Cleverson Ramom Carvalho Silva e David Silva Franco da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), respectivamente.
Ainda no mote da diversidade, as autoras Maria Fagna da Silva Melo, Mayara Barro Acioli de Oliveira, Talita Arielo de Freitas Silva, Cristina Espinheira Costa Pereira da Faculdade das Américas (FAM) e Joice Chiareto da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) apresentam o artigo “Diversidade no ambiente organizacional: a inclusão e permanência de transgêneros no mercado de trabalho brasileiro”. O artigo identificou as principais dificuldades encontradas por pessoas transgêneras no mercado de trabalho. Os resultados mostram que o respeito à sua identidade de gênero é um dos obstáculos vivenciados incluindo relatos diversos que mostram o quanto as empresas precisam estar atentas aos movimentos que vêm ocorrendo em prol da sensibilização por igualdade e apoio à diversidade dentro e fora das organizações, e a importância da área de Gestão de Pessoas no enfrentamento dessa problemática que também envolve processos de recrutamento, seleção e promoção dentro da empresa.
Importa considerar que recentemente alguns modelos emergentes de Gestão de Pessoas vêm demonstrando a importância que a área tem de encontrar formas de gerir organizações sustentavelmente em relação aos seus recursos humano-sociais, naturais e econômicos (EHNERT; HARRY, 2012). Nesse cenário, surgem novas denominações como Gestão de Pessoas Socialmente Responsável (BARRENA-MARTÍNEZ; LÓPEZ-FERNÁNDEZ; ROMERO-FERNÁNDEZ, 2016) e Gestão de Pessoas Verde (GUERCI, LONGONI; LUZZINI, 2016). De forma geral, ambas podem ser abarcadas no que se denomina como Gestão de Pessoas Sustentável e que é compreendida como a adoção de estratégias ligadas à Gestão de Pessoas que permitam o alcance dos objetivos financeiros, sociais e ambientais, com impacto dentro e fora da organização e em um horizonte temporal de longo prazo, controlando os efeitos colaterais não intencionais e o feedback negativo (EHNERT, 2009).
De forma não muito distante, o próprio conceito de carreira vem sofrendo transformações e hoje já se usam termos como Carreiras Sustentáveis. Trata-se de uma nova perspectiva para a compreensão das carreiras, a partir da consideração dos múltiplos contextos que influenciam a continuidade das trajetórias individuais (MÜLLER; SCHEFFER, 2020). Para os autores da Universidade de Taubaté (UNITAU), Victor Borges da Silva, Luisa Canella Cardoso, Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira, Marilsa de Sá Rodrigues em momentos de crises econômicas e instabilidades no mercado de trabalho, as escolhas dos indivíduos em relação à vida profissional tornam-se cada vez mais importantes. Diante disso, realizaram uma pesquisa com o objetivo de identificar e analisar as âncoras de carreira de militares temporários do Exército Brasileiro. As Âncoras de Carreira foram desenvolvidas por Edgar Schein (1993) e pretendem auxiliar na identificação dos padrões de escolhas ao longo do desenvolvimento da carreira de uma pessoa. No artigo “Âncoras de Carreira de jovens militares temporários do exército brasileiro”, os resultados foram diferentes entre os grupos analisados. As maiores médias para os oficiais temporários foram em “Estilo de Vida” e “Puro Desafio”, enquanto para os cabos e soldados a âncora “Segurança/Estabilidade” (SE) ganhou maior destaque. Os autores apontaram que esse resultado do primeiro grupo pode estar associado a um fator geracional, enquanto da âncora SE escolhida pelos cabos e soldados pode estar associada aos seguintes motivos: i) eles, na maioria das vezes, pertencem aos grupos mais vulneráveis da sociedade (vulnerabilidades sociais, econômicas e educacionais); ii) o mercado de trabalho encontra-se instável com altos níveis de desemprego; e iii) eles fazem parte de uma instituição pública que oferta aos seus colaboradores concursados segurança e estabilidade na carreira.
Ainda nos aspectos sociais e ligados às temáticas de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, o artigo intitulado “Estresse Ocupacional: estudo com Magistrados Trabalhistas” pode dialogar com alguns indicadores que são apontados como ligados às carreiras sustentáveis, como a presença ou ausência de elementos como saúde e felicidade (DE VOS et al., 2020). Samildes Silva Magalhães, Jair Nascimento-Santos, Luciano Pereira Zille, sendo os dois primeiros autores da Universidade Salvador (UNIFACS) e o terceiro da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FELUMA) analisam as consequências do estresse ocupacional, tendo como referência magistrados que atuam em Varas da Justiça do Trabalho da 5ª Região (TRT5). Os principais resultados apontaram que as fontes de tensão excessivas no trabalho estão relacionadas ao elevado número de audiências realizadas e sentenças proferidas. Identificaram-se também situações como o isolamento, o peso emocional do julgamento, além do ônus da responsabilidade sobre a liderança em relação às atividades administrativas e de gestão, além da competitividade entre os pares, apontada pela maioria dos pesquisados. Os principais sintomas de estresse identificados estão relacionados à insônia, irritabilidade excessiva, cefaleia, depressão, diminuição da libido e disfunções sexuais. Essas manifestações chamaram a atenção para o risco à saúde e consequente necessidade de adoção de medidas de prevenção e controle do estresse, que possam ser adotadas para uma melhor qualidade de vida no trabalho dos Magistrados pesquisados.
Já no que se refere às transformações no mercado comercial e de produção, uma nova abordagem do Marketing tem ganhado destaque nas organizações. Trata-se do Marketing Verde que é definido como a “gestão holística dos processos responsáveis por identificar, antecipar e satisfazer as necessidades dos clientes e da sociedade, de forma lucrativa e sustentável” (PEATTIE; CHARTER, 2003, p. 35). Logo, novos olhares vêm sendo lançados acerca deste tema no século XXI em que cada vez mais, consumo (responsável), comportamento do consumidor (incluindo as diferenças existentes nas novas gerações), influência de compra e marketing (digital) vem se fazendo presente na mídia e no mundo empresarial e acadêmico.
Nesse cenário, o artigo “Influência da comunicação de marketing tradicional e digital no comportamento de compra: um estudo com graduandos” escrito por Fernando Thiago da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro e André Macedo de Souza da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) apresenta o comportamento do consumidor como um campo das ciências sociais aplicadas que pode ser avaliado pela escolha, compra e o uso de algum produto e respondem pela satisfação de determinada necessidade ou desejo do consumidor. Dito isso, o trabalho publicado teve o objetivo de analisar como o marketing tradicional e digital têm influência na decisão de compra de universitários no que diz respeito à compra de eletroeletrônicos. Os principais resultados mostram que os estudantes, em sua maioria, são mais influenciados pelo marketing digital. Entretanto, as propagandas e promoções veiculadas na televisão ainda têm forte apelo na influência de compra do grupo pesquisado.
Por sua vez, tendo a Sustentabilidade como uma de suas palavras-chave, “Desfazimento de Bens Permanentes na UFGD: um desafio à luz do Decreto 9.373/2018” de Anderson Parron, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira, Vera Luci de Almeida, todos vinculados à Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), analisaram, a partir de um estudo de caso, o que tem sido realizado até o momento para que as normativas sejam atendidas, além de identificar falhas nesse processo e propor novas estratégias para o cumprimento desse desafio. Para tanto, partiram do Decreto 9.373/2018 que veio regulamentar as formas de desfazimento dos bens móveis no âmbito da administração pública federal em que o legislador trouxe uma nova visão sobre esse tema, ou seja, compreendendo a disposição final ambientalmente adequada desses bens. Nota-se que com o aumento da conscientização da sociedade civil sobre as questões ecológicas, houve a necessidade de os entes darem uma resposta quanto ao desfazimento de bens. Constatou-se que a instituição pesquisada já possui uma estrutura consolidada com relação à sua gestão ambiental, possuindo uma Política Ambiental e um Plano de Logística Sustentável próprios, adesão à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) e acordo com ente privado para a destinação correta de alguns resíduos. Com relação ao desfazimento dos bens móveis permanentes, verificou-se a necessidade de realização de conciliação física/contábil dos bens permanentes e mapeamento dos processos relativos ao desfazimento, além de mudança do sistema informatizado para a gerência dos bens móveis.
O último artigo a ser apresentado nesta edição é “Governança Corporativa: um estudo bibliográfico sobre a importância do tema para o ensino de administração no Brasil”. Com isso, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) está representada neste número pela autoria de Claudia Silva Reis Nunes, Francisco Antônio Gonçalves de Carvalho, Nathelie Barbosa Reis Monteiro e Rute Irene Cláudio Crispim. O trabalho apresenta como a Governança Corporativa, mesmo com seu crescimento nas últimas décadas, ainda não é presente no currículo da maioria das Instituições de Ensino de Administração no país. Foram analisados os Planos Pedagógicos Curriculares (PPCs) de 27 Universidades Federais do país e dessas, apenas 3 oferecem esse tópico como disciplina optativa. O estudo ainda propõe que seja inserido esse conteúdo em formato de unidade curricular nos PPCs, como forma de garantir uma formação de qualidade.
No alinhamento realizado até o momento neste editorial, aponta-se que a conexão entre governança corporativa e sustentabilidade fica mais evidente quando se observa os quatro princípios que norteiam as boas práticas de governança: transparência, prestação de contas, equidade, e responsabilidade corporativa (IBGC, 2009). Além disso, vários termos correlatos vêm ganhando espaço nessas discussões, como é o caso da expressão Environmental, Social, and Corporate Governance (ESG). A Governança Ambiental, Social e Corporativa (ou ESG, do inglês), por exemplo, ganhou nova relevância com investimentos responsáveis atingindo a casa dos trilhões de dólares, e os riscos não-financeiros sendo cada vez mais considerados por investidores em seus processos de tomada de decisão. De acordo com Cardoso (2021), eles estariam cada vez mais preocupados com mudanças climáticas, escassez de recursos, gestão de cadeias de fornecimento, e desigualdades gerando impactos sobre os negócios. Que bom!
Por fim, fica aqui nosso convite para leitura dos artigos. Apesar da maioria dos artigos não citarem o termo sustentabilidade de maneira direta, a proposta deste editorial é apresentar uma possibilidade de entrelaçamento entre os trabalhos publicados nesta edição. Aproveitamos para compartilhar nossa alegria em fechar mais um número da CAdm e também agradecer aos autores por escolherem nosso periódico no momento da submissão e aos avaliadores pelo trabalho realizado na construção coletiva que é o fazer ciência. Boas Leituras!
Nota: A imagem que ilustra a capa dessa edição é de uma árvore vista por baixo, como uma forma de incentivar o olhar de deferência que devemos ter em respeito à natureza. Isso se aproxima do paradigma ecocêntrico, que é uma linha de filosofia ecológica que apresenta um sistema de valores centrado na natureza, em oposição ao antropocentrismo. Semelhante a uma visão indígena, em dizeres amplos, em que o homem é membro da natureza compondo o meio natural (RUPPENTHAL, 2014). Além disso, a capa pode suscitar reflexões em torno das relações possíveis entre meio ambiente e a sociedade, incluindo seus aspectos sociais e econômicos. Como qualquer outra fotografia, em seu potencial imagético, espera-se que ela possa revelar tantos outros sentidos possíveis. Essa retirada por mim em junho de 2021 em Foz do Iguaçu/PR e não tinha o objetivo inicial de ser aqui utilizada. Ou seja, foi apenas um clique em um momento de passeio, feito com meu celular, e que naquele momento a beleza da paisagem chamou a atenção ao ponto de haver o interesse em eternizá-la. Agora ela é aqui partilhada com cada leitor e leitora. Espero que essa representação visual também possa ser apreciada por você (assim como foi por mim) acreditando que uma das formas de fortalecimento de ações sustentáveis é a conexão com a natureza.
Sustainability as a guiding thread for discussions involving social, environmental and economic issues
Renato Koch Colomby
The first edition of 2022 - and the thirtieth volume of Caderno de Administração (CAdm) of the State University of Maringá (UEM) - has eight articles. In an integrative perspective, it covers different sections of the journal, such as People Management and Labor Relations, Organizational Studies, Marketing, Finance, Public Administration, Environment and Sustainability. And this last topic underlines this edition, while it is present, in some way, in all published articles.
In other words, when I came across the works that are part of this issue, I realized that Sustainability had the potential to serve as a guiding thread for the discussions they aroused. It is important to say that Sustainability is often treated as synonymous with concern for the environment or something similar in which the environment is the flagship. However, it also encompasses the social and economic dimensions, although tending to have the latter as imperative, erroneously, so many other times. Here I consider that social issues are as important or more important when these elements interact, since there is an interdependence between them when it comes to Sustainable Development.
As much as Sustainability is a difficult concept to define and even a challenge to be put into practice in many organizations, its absence can be easily noticed depending on the lenses and directions in which we shoot our eyes. It has only been 35 years since the term Sustainable Development was coined by the United Nations World Commission on Environment and Development through the Brundtland Report, also entitled “Our Common Future”. At the time, it was agreed as “one that meets the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs” (CMMAD, 1991, p. 46). It's more of a generational contract than a concept. However, it is from this that a certain consensus is formed around this construct. It can also be understood as a movement towards treading new paths that can go beyond the logic of exclusively economic growth, of maximizing production with the exploitation of people and natural resources, of the frenzy of profitability, profitability, and the like.
Given the demand to approach and translate this theme to the business environment, consultant John Elkington created, in 1987, an organization specializing in this: SustainAbility. Until today in operation, it sells itself as an institute to assist organizations in the world in the operationalization of sustainability. Elkington was also the creator of the Sustainability Tripod in which he understands the viability of a business based on economic, social and environmental aspects. For him, it is the dynamics between these elements that form an intersection capable of making an organization sustainable.
Also, according to Elkington (2004), the complexity of this issue resides in everything that would involve the clash between the existing paradigms and the new ones resulting from the global cultural revolution in progress. For him, the transition to sustainable capitalism is extremely challenging, tiring and for some companies, who knows, impossible. Even though it is increasingly common to hear about or intend on ecocapitalism (also called green capitalism), most articles produced on this topic in recent years have pointed to the need for a total rupture of the capitalist system due to the impossibility of reconciling with the concept of sustainability (MASSUGA et al, 2019).
And it is by continuing this critical perspective that I present the first article of this issue. With the title “The work of transformation: the creation of the subject between dialectics and political resistance”, Thais Zimovski, Marllon Emanoel Souza Medeiros de Vasconcelos and Alexandre de Pádua Carrieri, from the Federal University of Minas Gerais (UFMG), present an essay theoretical that aimed to reflect on the constitution of the subject and its possibilities of transformation from the relationship between subjectivity, work and creation. To this end, they discuss the notion of dialectic, based on the appropriations of Marxist and psychoanalytic traditions. Therefore, if we understand work as a constituent element of our subjectivity, fundamental to reinforce collective movements and with the potential to leverage the necessary social transformations, we can consider it as an indispensable artifact in discussions related to an (im)possible eco-capitalism.
If we consider sustainability in its social aspects and understand that diversity in organizations is a point to be problematized when the theme is discussed, this edition brings two interesting articles to be used for this purpose. One of them analyzes texts published by the website “administradores.com” that address the concepts and roles related to diversity management. The main results of this work point to a managerial and instrumental approach to diversity and to the neglect of social and economic aspects related to the oppression of groups constituted as socially minored. This is the article “Diversity in focus: a critical analysis from a popular website about administration” produced by researchers Cleverson Ramom Carvalho Silva and David Silva Franco from the Federal University of Minas Gerais (UFMG) and the Federal Institute of Minas Gerais s (IFMG), respectively.
Still on the theme of diversity, the authors Maria Fagna da Silva Melo, Mayara Barro Acioli de Oliveira, Talita Arielo de Freitas Silva, Cristina Espinheira Costa Pereira from the Faculty of the Americas (FAM) and Joice Chiareto from the Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS) ) present the article “Diversity in the organizational environment: the inclusion and permanence of transgender people in the Brazilian labor market”. The article identified the main difficulties encountered by transgender people in the labor market. The results show that respect for their gender identity is one of the obstacles experienced, including several reports that show how companies need to be aware of the movements that have been taking place in favor of raising awareness for equality and support for diversity inside and outside organizations, and the importance of the People Management area in dealing with this problem, which also involves recruitment, selection, and promotion processes within the company.
It is important to consider that recently some emerging models of People Management have demonstrated the importance that the area has to find ways to sustainably manage organizations in relation to their human-social, natural and economic resources (EHNERT; HARRY, 2012). In this scenario, new denominations emerge such as Socially Responsible People Management (BARRENA-MARTÍNEZ; LÓPEZ-FERNÁNDEZ; ROMERO-FERNÁNDEZ, 2016) and Green People Management (GUERCI, LONGONI; LUZZINI, 2016). In general, both can be encompassed in what is called Sustainable People Management and which is understood as the adoption of strategies linked to People Management that allow the achievement of financial, social and environmental objectives, with impact inside and outside the organization. and in a long-term time horizon, controlling for unintended side effects and negative feedback (EHNERT, 2009).
In a not-too-distant way, the very concept of career has been undergoing transformations and today terms such as Sustainable Careers are already being used. It is a new perspective for understanding careers, based on the consideration of the multiple contexts that influence the continuity of individual trajectories (MÜLLER; SCHEFFER, 2020). For the authors of the University of Taubaté (UNITAU), Victor Borges da Silva, Luisa Canella Cardoso, Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira, Marilsa de Sá Rodrigues in times of economic crises and instabilities in the labor market, the choices of individuals in relation to professional life become increasingly important. Therefore, they carried out research with the objective of identifying and analyzing the career anchors of temporary military personnel in the Brazilian Army. Career Anchors were developed by Edgar Schein (1993) and are intended to help identify patterns of choices throughout a person's career development. In the article “Career Anchors of young temporary soldiers of the Brazilian army”, the results were different between the analyzed groups. The highest averages for temporary officers were in “Lifestyle” and “Pure Challenge”, while for cables and soldiers the anchor “Safety/Stability” (SE) gained greater prominence. The authors pointed out that this result of the first group may be associated with a generational factor, while the SE anchor chosen by the cables and soldiers may be associated with the following reasons: i) they, in most cases, belong to the most vulnerable groups in society ( social, economic and educational vulnerabilities); ii) the labor market is unstable with high levels of unemployment; and iii) they are part of a public institution that offers security and career stability to its employees.
Still in the social aspects and linked to the themes of People Management and Labor Relations, the article entitled "Occupational Stress: study with Labor Magistrates" can dialogue with some indicators that are pointed out as linked to sustainable careers, such as the presence or absence of elements such as health and happiness (DE VOS et al., 2020). Samildes Silva Magalhães, Jair Nascimento-Santos, Luciano Pereira Zille, the first two authors from Universidade Salvador (UNIFACS) and the third from the Faculty of Medical Sciences of Minas Gerais (FELUMA) analyze the consequences of occupational stress, having as a reference magistrate who work in Labor Courts of the 5th Region (TRT5). The main results showed that the sources of excessive tension at work are related to the high number of hearings held and sentences handed down. Situations such as isolation, the emotional weight of judgment, in addition to the burden of responsibility on leadership in relation to administrative and management activities, in addition to competitiveness among peers, pointed out by most of the respondents, were also identified. The main symptom Identified stress factors are related to insomnia, excessive irritability, headache, depression, decreased libido and sexual dysfunctions. These manifestations drew attention to the risk to health and the consequent need to adopt measures to prevent and control stress, which can be adopted for a better quality of life at work for the surveyed Magistrates.
With regard to changes in the commercial and production market, a new approach to Marketing has gained prominence in organizations. This is Green Marketing, which is defined as the “holistic management of processes responsible for identifying, anticipating and satisfying the needs of customers and society, in a profitable and sustainable way” (PEATTIE; CHARTER, 2003, p. 35). Therefore, new perspectives have been launched on this topic in the 21st century, in which (responsible) consumption, consumer behavior (including existing differences in new generations), purchasing and marketing (digital) influence are increasingly present in the market. media and in the business and academic world.
In this scenario, the article “Influence of traditional and digital marketing communication on purchasing behavior: a study with undergraduates” written by Fernando Thiago from the Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS) and Francisco Mirialdo Chaves Trigueiro and André Macedo de Souza from Federal University of Mato Grosso (UFMT) presents consumer behavior as a field of applied social sciences that can be evaluated by the choice, purchase and use of some product and respond to the satisfaction of a certain consumer need or desire. That said, the published work aimed to analyze how traditional and digital marketing influence the purchase decision of university students with regard to the purchase of electronics. The main results show that most students are more influenced by digital marketing. However, advertisements and promotions broadcast on television still have a strong appeal in terms of influence on the purchase of the researched group.
In turn, having Sustainability as one of its keywords, “Dismantling Permanent Assets at UFGD: a challenge in light of Decree 9,373/2018” by Anderson Parron, Maria Aparecida Farias de Souza Nogueira, Vera Luci de Almeida, all linked to the Federal University of Grande Dourados (UFGD), analyzed, based on a case study, what has been done so far so that the regulations are met, in addition to identifying flaws in this process and proposing new strategies to fulfill this challenge. To this end, they departed from Decree 9,373/2018, which regulated the forms of disposal of movable assets within the scope of the federal public administration, in which the legislator brought a new vision on this topic, that is, comprising the environmentally appropriate final disposal of these assets. It is noted that with the increasing awareness of civil society on ecological issues, there was a need for entities to give an answer regarding the disposal of goods. It was found that the researched institution already has a consolidated structure in relation to its environmental management, having its own Environmental Policy and Sustainable Logistics Plan, adherence to the Public Administration Environmental Agenda (A3P) and agreement with a private entity for the correct destination. of some waste. Regarding the disposal of permanent assets, there was a need to carry out a physical/accounting reconciliation of permanent assets and mapping of the processes related to the disposal, in addition to changing the computerized system for the management of movable assets.
The last article to be presented in this issue is “Corporate Governance: a bibliographic study on the importance of the topic for the teaching of administration in Brazil”. Thus, the Federal University of Piauí (UFPI) is represented in this issue by Claudia Silva Reis Nunes, Francisco Antônio Gonçalves de Carvalho, Nathelie Barbosa Reis Monteiro and Rute Irene Cláudio Crispim. The work presents how Corporate Governance, even with its growth in recent decades, is still not present in the curriculum of most Administration Education Institutions in the country. The Curricular Pedagogical Plans (PPCs) of 27 Federal Universities in the country were analyzed and, of these, only 3 offer this topic as an optional subject. The study also proposes that this content be inserted in a curricular unit format in the PPCs, as a way of guaranteeing quality training.
In the alignment carried out so far in this editorial, it is pointed out that the connection between corporate governance and sustainability is more evident when one observes the four principles that guide good governance practices: transparency, accountability, equity, and corporate responsibility (IBGC, 2009). In addition, several related terms have been gaining ground in these discussions. sions, such as the expression Environmental, Social, and Corporate Governance (ESG). Environmental, Social and Corporate Governance (ESG), for example, has gained new relevance with responsible investments reaching the trillions of dollars, and non-financial risks being increasingly considered by investors in their decision-making processes. of decision. According to Cardoso (2021), they would be increasingly concerned about climate change, resource scarcity, supply chain management, and inequalities generating impacts on business. Great!
Finally, here is our invitation to read the articles. Although most articles do not mention the term sustainability directly, the purpose of this editorial is to present a possibility of intertwining the works published in this issue. We would like to take the opportunity to share our joy in closing another issue of CAdm and to thank the authors for choosing our journal at the time of submission and the evaluators for the work carried out in the collective construction that is doing science. Happy Readings!
Note: The image that illustrates the cover of this edition is of a tree seen from below, as a way of encouraging the deference that we should have in respect of nature. This is close to the ecocentric paradigm, which is a line of ecological philosophy that presents a nature-centered value system as opposed to anthropocentrism. Similar to an indigenous vision, in broad terms, in which man is a member of nature composing the natural environment (RUPPENTHAL, 2014). In addition, the cover can provoke reflections on the possible relationships between the environment and society, including its social and economic aspects. Like any other photograph, in its imagery potential, it is expected that it can reveal as many other possible meanings. This withdrawal by me in June 2021 in Foz do Iguaçu/PR and was not originally intended to be used here. In other words, it was just a click on a moment of walking, made with my cell phone, and at that moment the beauty of the landscape caught my attention to the point of interest in immortalizing it. Now it is shared here with every reader. I hope this visual representation can also be appreciated by you (as it was by me) believing that one of the ways to strengthen sustainable actions is the connection with nature.
REFERÊNCIAS
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