Artigos
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CRIANÇAS SURDAS E OUVINTES ACERCA DA PRODUÇÃO DE HIPERÔNIMOS E HIPÔNIMOS
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CRIANÇAS SURDAS E OUVINTES ACERCA DA PRODUÇÃO DE HIPERÔNIMOS E HIPÔNIMOS
Muiraquitã, vol. 11, núm. 2, pp. 311-336, 2023
Universidade Federal do Acre

Recepción: 31 Julio 2023
Aprobación: 26 Septiembre 2023
Resumo: O objetivo deste estudo foi investigar como se estabelecem as relações hiperonímicas e hiponímicas na libras e na língua portuguesa, buscando identificar as estratégias utilizadas por crianças surdas e crianças ouvintes para se referirem a animais. Aplicou-se um experimento em que foram apresentadas figuras com diferentes espécies de animais às crianças surdas e ouvintes para que as identificassem por meio da nomeação (produção eliciada). Os resultados apontaram que crianças surdas e ouvintes realizaram mais hiperônimos (utilizaram o nome mais geral da espécie) do que hipônimos (nomes específicos que designam subespécies) com diferença estatisticamente relevante. Para o grupo de surdos, entre as estratégias utilizadas na diferenciação de entes distintos de uma mesma espécie, destacou-se a estratégia de nomeação por um sintagma composto contendo um modificador. Para o grupo de ouvintes, destacou-se a utilização padrão de itens lexicais.
Palavras-chave: Hiperonímia, Hiponímia, Crianças surdas, Nomeação de animais, Aquisição Lexical.
Abstract: This study aimed to investigate how hyperonymic and hyponymic relationships are established in Libras and in Portuguese, seeking to identify the strategies used by deaf and hearing children to refer to animals. An experiment was applied in which pictures with different species of animals were presented to deaf and hearing children so that they could identify them through naming (elicited production). The results showed that deaf and hearing children performed more hypernyms (they used the more general name of the species) than hyponyms (names that would designate subspecies) with a statistically significant difference. For the deaf group, among the strategies used in differentiating entities of the same species, the strategy of naming by a phrase containing a modifier stood out. For the group of hearing, the use of standard lexical items stood out.
Keywords: Hyperonymy, Hyponymy, Deaf children, Animal naming, Lexical Acquisition.
INTRODUÇÃO
Para Ferreira et al. (2012, p.10), “muitos estudos têm sido realizados no sentido de entender como crianças com desenvolvimento normal de linguagem aumentam seu vocabulário, porém pouco se sabe sobre o processo de aquisição lexical naquelas em que há algum tipo de alteração”, a exemplo daquelas que apresentam surdez. Desse modo, parece relevante compreender o modo como as crianças surdas adquirem o léxico, sobretudo no que concerne aos campos conceituais menos conhecidos e de certos fenômenos semânticos, como nos casos de hiperônimos e hipônimos.
Ferreira et al. (2012) afirmam que o acesso ao léxico da língua está subordinado ao fato de a pessoa conhecer os itens lexicais de uma dada língua, ou seja, de ela dispor desses itens em seu repertório, podendo acessá-los de forma rápida. A aquisição lexical, portanto, refere-se a um importante mecanismo para o desenvolvimento da linguagem da criança e exerce influência significativa no desenvolvimento linguístico geral da criança em fase de aquisição.
Além disso, percebe-se restrita a literatura que aborde a aquisição e desenvolvimento da aquisição vocabular da criança surda usuária da Libras[1], o que justifica a realização de novas pesquisas na área, já que o vocabulário constitui importante pista para se entender o processo de aquisição lexical e, portanto, o desenvolvimento da linguagem infantil. Para tanto, este trabalho trata dos processos de categorização lexical, tomando como objeto de estudo o uso de hipônimos e hiperônimos da Libras por crianças surdas.
De acordo com Rodrigues e Valente (2011), a conceituação do mundo interior e exterior é o que permite relacionar as palavras aos seus significados, de modo que um conceito consiste num princípio de categorização. Para Mccleary e Viotti (2009), uma categoria é um conjunto de entidades (que podem ser objetos, eventos, situações, relações ou conceitos) que têm algo em comum. Essas entidades estão organizadas no léxico da língua e se relacionam entre si, de modo que um item lexical pode fazer parte de várias categorias, uma vez que compartilha de informações semelhantes com grupos diferentes de itens.
A categorização é a habilidade que nós temos de identificar as semelhanças e diferenças entre certas entidades, ou entre certas eventualidades, ou entre certas relações, de modo a juntá-las em diferentes grupos (Mccleary; Viotti, 2009, p. 11). Quando pensamos em “mesa”, podemos categorizá-la junto a “cadeira”, “quadro”, “apagador” e “piloto”, estabelecendo uma relação desses itens com uma sala de aula, ou podemos relacioná-la à ideia que temos de “sofá”, “televisão” e “tapete”, se pensarmos numa sala de estar.
A categorização é imprescindível para alcançar o entendimento acerca da representação do conhecimento e o significado linguístico (Mccleary; Viotti, 2009, p. 11). É através dos processos de categorização que criamos conceitos, dentro das nossas experiências de vida. Cada categoria relaciona itens que apresentam semelhanças, de tal forma que o conceito de um item nos ajuda a conceituar os outros que estão na mesma categoria. Se não conseguíssemos categorizar os itens linguísticos, provavelmente haveria uma desordem de conceitos em nossa mente.
Sobre essas questões, é importante destacar que os usuários da língua entendem a categoria e o conceito para representação do conhecimento. Já em línguas de sinais, por serem de modalidade visual, os usuários da língua processam cognitivamente muitos sinais, partindo da inferência das características físicas, a exemplo dos animais, em que muitos sinais que os referenciam estão relacionados peculiaridades das orelhas, olhos, pelos, pé, entre outras partes do corpo dos animais. Os autores ainda reforçam que
Nesse tipo de disposição hierárquica, há uma relação entre significados englobantes e englobados de acordo com o domínio semântico de cada termo da classificação. O significado de animal é englobante dos significados de réptil, aves e mamíferos, cujos significados são englobados por ele. O significado de mamífero, por sua vez, é englobante em relação aos significados de roedor, cetáceo, felino, canídeo, marsupial e primata, seus englobados. O termo englobante é chamado hiperônimo dos demais e, os englobados, hipônimos seus. Ser um ou outro depende de como é enfocada a sua posição na taxionomia, pois mamífero é hiperônimo de primata mas é hipônimo de animal (Pietroforte; Lopes, 2007, p. 129).
Crianças surdas, segundo Pizzio e Quadros (2011), em 95% dos casos, são filhos de pais ouvintes e não partilham da mesma língua, ficando em desvantagem no processo aquisicional. O input linguístico das crianças surdas se dá pelo canal visual, diferentemente das crianças ouvintes, o qual ocorre pelo canal auditivo, prioritariamente. A criança surda necessita de contato com a língua de sinais na mais tenra idade para possa ampliar o vocabulário e conhecer o significado dos sinais que compõem o léxico da língua, além de isso proporcionar a organização mental das representações linguísticas do léxico, desenvolvendo a sua capacidade de categorizá-las.
Considerando a carência de investigações sobre categorização de hiperônimos e hipônimos na Libras, este estudo visa à descrição desses fenômenos linguísticos no período aquisicional de surdos e ouvintes, com a seguinte hipótese de trabalho: crianças surdas usam mais hiperônimos do que as ouvintes e, ao contrário, as ouvintes usam mais hipônimos do que as surdas. Nossa hipótese está assentada no fato de que crianças surdas vivenciam circunstâncias sociais e educacionais que causam um descompasso no processo de categorização semântica, se em comparação aos sujeitos ouvintes.
Este artigo está subdividido em sete seções, a contar com esta introdução, seguida da seção intitulada Fundamentação Teórica: aquisição de linguagem, na qual discutimos um apanhado de estudos que embasam nosso trabalho. Na subsequência, apresentamos a seção 3, intitulada Metodologia, na qual descreveremos os passos metodológicos que constituíram esta pesquisa, seguida da seção 4, intitulada Discussão, na qual apresentamos uma análise correlacionando os dados obtidos e os pressupostos teóricos. Na seção 6, apresentamos as Considerações Finais e na seção 7, as Referências Bibliográficas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Esta pesquisa assume o arcabouço teórico da perspectiva inatista de aquisição (CHOMSKY, 1986), que considera o ser humano dotado de uma faculdade da linguagem, geneticamente estabelecida. A Gramática Universal (GU), segundo Chomsky (1986), no que tange à aquisição da linguagem, é um estágio anterior à experiência linguística que ocorre por meio do input linguístico e desenvolve até culminar em um estado ao qual chamamos língua-I. O processo de aquisição linguística inicia-se ao nascimento e vai até a puberdade, chamado de período crítico, em que se alcança certa estabilidade. Crianças surdas, diante de um ambiente linguístico favorável, desenvolvem a linguagem de maneira similar às crianças ouvintes.
A aquisição da estrutura sintática se desenvolve com a aquisição do léxico; entretanto, enquanto a aquisição de linguagem se encerra quando a criança adquire determinada língua-I, marcando completamente os parâmetros daquela língua, a aquisição de léxico naquela língua continua, pois “o léxico de uma língua é [...] uma entidade abstrata que se obtém por acumulação” (Villalva; Silvestre, 2014, p. 23), de tal forma que é possível dizer que determinado adulto tem um arcabouço lexical maior do que outro, por ter tido acesso a diversas áreas de conhecimento, com itens lexicais específicos, mas nunca podemos dizer que esse adulto adquiriu mais a estrutura sintática da língua do que outra.
De acordo com Vidal (2011), “as relações entre os significados das palavras têm a ver com o fato de que compartilham um maior ou menor número de traços[2]” (idem, p.221, tradução nossa). A partir da comparação dos traços de um item com os traços de outro item, podemos dizer se esses traços estabelecem relação por meio da sinonímia e antonímia e/ou hiponímia e hiperonímia ou se são co-hipônimos, por exemplo.
Essas relações não dependem de referências externas e as mudanças externas não afetam diretamente esses fenômenos. Portanto, ainda que haja uma mudança científica sobre a categorização dos animais, ou que haja um conhecimento mais aprofundado sobre os animais, capaz de alguém caracterizá-los de outras maneiras, modificando o status de “pastor-alemão”, em que ele deixe de ser considerado “cachorro”, isso não interfere decisivamente no processo de categorização dos indivíduos, pois já há convenções entre o termo mais abrangente “cachorro” e o termo mais restritivo “pastor-alemão”, ou seja, “uma hierarquia entre termos englobantes vs. englobados é articulada, e as definições de hiperonímia e hiponímia dependem dessa relação de englobamento” (Pietroforte; Lopes, 2007, p. 129).
As relações hiponímicas acontecem nas línguas de sinais assim como nas línguas orais. Johnston e Schembri (2007, p.232), em suas pesquisas sobre a língua de sinais australiana, descreveram essa relação na língua australiana da seguinte maneira:

Segundo os autores, a relação entre os itens lexicais se estabelece verticalmente ou horizontalmente, ou seja, os co-hipônimos. O hiperônimo PERSON é uma categoria maior que está presente no hipônimo MAN e WOMAN.
Já para Lyons (1977, p.294, tradução nossa), “a hiponímia é uma relação paradigmática de sentido que repousa sobre o encapsulamento no hipônimo de alguma modificação sintagmática do sentido do lexema superordenado[3]”. Portanto, os traços de PERSON estão incluídos no item MAN, somando-se a diferentes traços como +masculino e +adulto, por exemplo. O autor afirma que há uma relação de inclusão de modo que os hipônimos são categorias menores, os quais estão dentro de uma categoria maior, os hiperônimos, ou superordenados. Mas há também o ponto de vista de inclusão de que os traços dos hiperônimos estão dentro do feixe de traços do hipônimo. Sobre essa questão, o autor enfatiza:
É bem provável que o processo seja o inverso. Nossa compreensão de “bovinos” dependerá do nosso conhecimento prévio sobre que tipo de animais são as vacas. A questão que está sendo posta aqui é simplesmente que, pelo menos para muitos substantivos, o sentido de um hipônimo pode ser considerado como o produto do sentido de um substantivo superordenado e de algum modificador adjetival real ou potencial[4](LYONS, 1977 p.293, tradução nossa).
Essa relação entre os traços pode ser significativamente estrita, de tal forma que os dois itens lexicais apresentem os mesmos traços, estabelecendo, assim, uma relação de sinonímia. A sinonímia não pode ser confundida com a hiponímia. Se observarmos o exemplo utilizado por Vidal (2011, p. 222, tradução nossa), tulipa é hipônimo de flor, e não sinônimo, pois “a conexão entre os significados de tulipa e flor é baseada em uma relação de inclusão: o significado da tulipa inclui necessariamente como um dos seus componentes o significado de flor, mas não ao contrário[5]”.
Na sinonímia, há o que Lyons (1977) chama de simetria, quando na maioria (senão todos) dos contextos os itens lexicais podem ser substituídos sem perdas semânticas. A hiponímia, no entanto, é assimétrica, pois que “a definição de hipônimo em termos de implicação unilateral nos permite definir a sinonímia como hiponímia bilateral ou simétrica: X é um hipônimo de Y e Y é um hipônimo de X, então X e Y são sinônimos[6]” (idem, p. 292, tradução nossa). Em alguns casos, os sinônimos apresentam traços que os distinguem, mas que são irrelevantes em determinados contextos, razão por que podem ser facilmente substituídos. Ainda que possa haver a substituição de um item lexical pelo seu hiperônimo, essa substituição afetará a restrição de significado. Entretanto, essa substituição poderá gerar uma relação de acarretamento entre a sentença com a presença do hipônimo e a sentença com a presença do hiperônimo.
Essa relação de acarretamento pode ser definida, segundo Cançado (2015, p.31), como “uma noção estritamente semântica, que se relaciona somente com o que está contido na sentença, independentemente do uso desta”. Para saber se uma sentença acarreta outra, é preciso fazer o seguinte teste: verificar se a negativa da segunda sentença contradiz a primeira; verificar o valor de verdade nas duas sentenças, de tal forma que, se a primeira for verdadeira, a segunda também deverá ser e que a informação da segunda sentença esteja dentro da primeira. Nas sentenças (A) “João tem um pastor-alemão” e (B) “João tem um cachorro”, temos que A acarreta B, pois a informação de B está contida em A.
O acarretamento no exemplo acima é provocado pela relação entre os itens “pastor-alemão” e “cachorro”. “Cachorro” é hiperônimo de “pastor-alemão”, o que implica dizer que os traços de “cachorro” estão contidos em “pastor-alemão”, por isso há o acarretamento. Apesar disso, não podemos dizer que as duas sentenças têm o mesmo significado, pois o sentido de “cachorro” é mais abrangente.
Entretanto, Silva e Sant’anna (2009) afirmam que, “embora um termo hiperônimo não implique, em geral, o seu hipônimo, ocorre frequentemente que o contexto situacional ou a modificação sintagmática do termo hiperônimo o determinará no sentido de um de seus hipônimos” (idem, p. 38). Numa relação pragmática, se só houver um pastor-alemão numa casa, quando alguém da casa disser: “cuidado com o cachorro”, é comum que se entenda que este cachorro é o pastor-alemão.
Muito embora isso aconteça em diversos contextos pragmáticos, não é possível prevê-los. Por outro lado, é possível pensar no que seria a modificação sintagmática, na perspectiva estritamente linguística é possível de se pensar em generalizações. Sobre isso, Lyons (1977, p.293, tradução nossa) afirma: “Em muitos casos pelo menos, um hipônimo encapsula o sentido de algum modificador adjetival e o combina com o sentido do lexema superordenado[7]”. O hipônimo “pijama” pode ser facilmente substituído pelo hiperônimo “roupa” mais o modificador “de dormir”. Este modificador tem o papel de restringir o significado do hiperônimo de tal forma que não se pense em outro tipo de roupa que não seja de dormir.
Muitos hipônimos não possuem uma representação lexical no português. É o caso de “escova de dentes” ou “panela de pressão”. Ao estabelecer a diferença entre os co-hipônimos “escova de dentes” e “escova de cabelo”, “os seus contrastes de sentido podem ser associados a um contraste entre dois modificadores sintagmáticos do lexema superordenado.”(LYONS, 1977, p.295, tradução nossa). Nesse caso, a locução adjetiva se apresenta como o elemento distintivo entre os co-hipônimos.
HIPERÔNIMOS E HIPÔMINOS NA LIBRAS
Uma pesquisa realizada por Ferreira et al. (2012) aponta que a aquisição lexical de crianças ouvintes é maior do que a de crianças surdas na mesma faixa etária. As autoras afirmam que “a construção do vocabulário infantil baseia-se nas experiências da criança e suas relações com a família, com outras crianças e com o ambiente a que estão expostas” (Ferreira et al., 2012, p.9), ou seja, quando uma criança, que tem pais ouvintes que não sabem Libras, não utiliza a língua nesse contexto familiar, limitando-se somente ao contato com a língua na escola, sua expansão lexical acaba sendo menos expressiva do que uma criança ouvinte que utiliza a língua em todos os ambientes por onde passa.
No estudo mencionado, as autoras avaliaram o vocabulário de 64 crianças, sendo 32 surdas e 32 ouvintes, separadas por faixa etária (5, 6 e 7 e 8 anos). O vocabulário avaliado foi subdividido em vestuário, animais, alimentos, meios de transporte, móveis e utensílios, profissões, locais, formas e cores, brinquedos e instrumentos musicais. Na comparação entre crianças surdas e ouvintes, as crianças ouvintes apresentaram conhecimento lexical maior do que as crianças surdas em todos os campos semânticos, exceto em profissões, em que os resultados foram idênticos.
A pesquisa constatou também que, dentre os campos semânticos investigados, as crianças surdas demonstravam conhecer mais o vocabulário dos campos semânticos de profissões, de brinquedos e instrumentos musicais e de móveis e utensílios domésticos. Em contrapartida, desconheciam mais sinais relacionados a locais, alimentos e vestuário. Além disso, os dados apontaram que os surdos, em muitos casos, substituíam o sinal o sinal usual por uma designação de funções, por um co-hipônimo próximo ou pelo seu hiperônimo não imediato.
Os resultados apresentados pelas crianças surdas, segundo as autoras, podem estar relacionados à utilização da Libras em casa. As autoras afirmam que “o baixo desempenho do grupo de deficientes auditivos pode ser explicado pelo fato de a maioria das crianças ter contato com a Libras apenas no ambiente escolar, não sendo a língua reforçada no ambiente familiar” (Ferreira et al., 2012, p. 14). Isso indica que o acesso à Libras é um fator determinante para essa aquisição e que, quando os pais da criança são surdos ou são ouvintes que sabem Libras, o processo acontece da mesma forma com ouvintes e surdos.
Esse fenômeno pode estar relacionado, portanto, não a uma ausência desses fenômenos linguísticos nas línguas de sinais, mas ao ambiente linguístico. Independentemente disso, é mister entender como se manifestam os hipônimos e hiperônimos da Libras. Na Libras é possível perceber que certos itens lexicais não apresentam um item específico como seu hiperônimo; é o caso de Instrumento musical. Quando algum falante da Libras quer passar a ideia de instrumento musical, é preciso que ele cite alguns hipônimos, como TROMPETE, BATERIA, VIOLÃO ETC. Essa construção corresponde ao hiperônimo. O mesmo acontece com os móveis e utensílios domésticos. O hiperônimo “móvel” se realiza na construção MESA, CAMA ETC. (coisas). Essa ausência, por um lado, de um hiperônimo específico para esses hipônimos pode estar relacionada à assertividade das crianças surdas na pesquisa.
Por outro lado, há casos na Libras que, quando comparados ao português, apresentam poucos ou nenhum hipônimo para alguns hiperônimos. É o caso dos vestuários. Enquanto há uma variedade muito grande, com muitos empréstimos, na língua portuguesa, para roupas parecidas, como casaco, sobretudo, jaqueta, blazer, na Libras, a quantidade de sinais específicos para cada tipo de roupa não é tão diversificada. Esse fenômeno parece justificar a quantidade de respostas das crianças surdas na pesquisa. Neste exemplo, é possível que, ao ver um sobretudo, a criança sinalize CASACO, o que seria um co-hipônimo próximo, ou somente ROUPA, que seria o seu hiperônimo não imediato, já que sobretudo pode ser classificado na categoria roupas de frio.
A pesquisa de Ferreira et al. (2012) demonstra que essas estratégias de substituição evidenciam que o léxico da criança está se desenvolvendo perfeitamente, até porque a pesquisa apontou que crianças ouvintes também usavam essas substituições. É comum pensar que uma criança não consiga diferenciar um casaco de um sobretudo, ou que desconheça a palavra “frigideira” e utilize o hiperônimo “panela”. Entretanto, é menos provável que um adulto desconheça, a não ser que esse campo semântico não faça parte do seu convívio. É mais aceitável que um adulto no extremo sul do Brasil saiba diferenciar um casaco de um sobretudo, do que um adulto que mora no sertão nordestino.
Um canal de entrada lexical que é bastante produtivo na realização de hipônimos de cachorro, por exemplo, é o que Johnston e Schembri (2007) vai chamar de Depicting signs[9], a que vamos chamar de sinais de representação. Esses sinais também são não nativos e podem apresentar realizações sem restrições fonológicas da língua. Eles são produzidos com o item lexical do hiperônimo para especificar o hipônimo. Um poodle, portanto, pode ser identificado como CACHORRO + (representação dos pelos em volta do corpo); o buldogue como CACHORRO + (representação da maneira de andar do buldogue com os braços). Nesse caso, os sinais de representação se apresentam como modificadores do hiperônimo, constituindo, assim, o hipônimo específico.
Apesar de serem bastante produtivos, esses itens não são lexicalizados e, portanto, também não são amplamente difundidos, pois, em contextos diferentes, a mesma pessoa pode representar o hipônimo de maneiras diferentes. Ainda que os adultos consigam, por meio da datilologia, ou dos sinais de representação, especificar o hipônimo desejado, diferenciando-o dos demais, as crianças ainda apresentam dificuldades no momento em que devem diferenciá-los. Esse fenômeno pode estar relacionado ao fato de que os itens lexicais presentes no núcleo do léxico são adquiridos pelas crianças de maneira natural, por serem estáveis na língua, enquanto que os itens não nativos são instáveis, por não apresentarem as restrições já citadas.
Uma outra estratégia, trazida nesta pesquisa, caracterizamos como “designação de funções”. O hiperônimo “mesa” contém o hipônimo “escrivaninha”, que pode ser caracterizada como uma “mesa de escrever”. Esta expressão pode ser considerada um hipônimo por conter um hiperônimo e um modificador. Além disso, é possível pensar que, na Libras, MESA + ESCREVER possa ser somente um sinal, presente no léxico nativo subespecificado como sinal composto por dois sinais completamente especificados. Assim como há hipônimos específicos compostos por duas palavras no português com sentido único, como escova de dente, muitos hipônimos da Libras são construídos dessa forma. Entretanto, há casos em que um modificador não é um item lexical nativo, como já mencionado, por isso muitos hipônimos ainda aparecem ausentes no núcleo da Libras.
Como vimos, o léxico de uma língua é responsável, não só por armazenar os itens lexicais, mas é nele que se estabelecem as relações entre os itens e entre os grupos de itens lexicais. A maneira como o léxico se organiza é complexa e pode variar de modalidade para modalidade. Nas línguas de sinais, vimos que os itens nativos, que se encontram no núcleo do léxico, em que são formados por um sinal, por dois sinais ou por formas dependentes, e pelos itens não nativos, formados a partir dos sinais de representação e dos empréstimos linguísticos.
Essa descrição do léxico das línguas de sinais nos fornece pistas para entender como se articulam os hipônimos da Libras, uma vez que os hipônimos podem ser formados a partir do seu hiperônimo mais um especificador, que pode tanto ser um sinal do núcleo do léxico, como em MESA + ESCREVER, quanto do léxico não nativo, como em CACHORRO + FORMATO DE ORELHA ou PÁSSARO + C-A-N-Á-R-I-O. Além disso, muitos hipônimos são formados sem articulação de sinais, como o caso de PITBULL, em que somente é feito sinal de representação da orelha com uma expressão característica do animal.
A partir dessas reflexões, é possível dizer que, ainda que não haja muitos itens lexicais nativos de um único sinal para os hipônimos de GATO, PÁSSARO, MACACO e CÃO, muitas outras maneiras de articulação são observadas na Libras para a produção desses sinais, de tal forma que os falantes da Libras comunicam-se e expressam esses hipônimos nas mais diversas situações de comunicação. Entretanto, alguns entraves, como já mencionamos, podem surgir, quando crianças surdas necessitam utilizar esses hipônimos. É nesse sentido que esta pesquisa se detém na investigação de como crianças surdas e ouvintes utilizam esses hiperônimos e hipônimos.
METODOLOGIA
Esta pesquisa se caracteriza como experimental. Segundo Grolla e Silva (2014, p.94), “a coleta de dados experimentais é especificamente formulada para fazer a criança produzir determinadas construções linguísticas ou para dar julgamentos sobre sentenças apresentadas a ela”. Este tipo de coleta de dados se apresenta como mais ideal nesta pesquisa, para que os dados sejam produtivos, no sentido de que os objetivos da pesquisa sejam alcançados.
As autoras salientam uma vantagem em relação à produtividade da pesquisa experimental, afirmando que há “a possibilidade de se obter dados de um número maior de crianças” (ibdem, 2014, p.99). Essa vantagem se deve ao fato de que, nas pesquisas espontâneas, há um trabalho árduo para acompanhar de perto uma criança e, em muitas sessões, as crianças não produzem dados analisáveis, pois há dias em que se recusam a participar e a interagir. Nas sessões experimentais, a criança será encaminhada a produzir dados direcionados ao tema, o que gera uma quantidade mais expressiva de dados analisáveis num curto espaço de tempo.
Antes da realização das filmagens, solicitaram que os pais ou responsáveis respondam ao questionário etnográfico e assinem o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), permitindo a participação do filho na pesquisa. Além disso, faz-se necessário que as crianças participantes da pesquisa assinem o TALE (Termo de Assentimento Livre e Esclarecido). Ambos os documentos foram disponibilizados em Português, por escrito e em vídeo, por meio da Libras, assegurando assim melhor compreensão por parte dos informantes, sem que haja dúvidas para assinar ou registrar em vídeo o termo, em caso de aceite.
Para a realização desta pesquisa, foram selecionadas dez crianças surdas e dez crianças ouvintes, porém das crianças surdas, apenas sete realizaram todas as etapas do estudo. Os critérios de inclusão dos sujeitos surdos da pesquisa foram: crianças usuárias da Libras, com idade entre 8 e 14 anos, com surdez bilateral profunda, comprovada por meio de laudo médico, que apresentavam desenvolvimento psicomotor normal. A coleta de dados com crianças surdas foi realizada no Centro de Atendimento à Pessoa Surda (CAS)[10] em Maceió – AL.
Os experimentos foram realizados individualmente, ou seja, somente com o pesquisador e a criança numa das salas do CAS, uma criança de cada vez. Intervenções do pesquisador se fizeram necessárias para o incentivo de produção de hiperônimos e hipônimos na Libras, através da solicitação da nomeação de imagens de diferentes espécies de animais por parte da criança, nos possibilitando chegar a conclusões sobre o nível de estocagem lexical de hipônimos dessas crianças referentes aos hiperônimos testados.
Foram realizadas o que Grolla e Silva (2014) chamam de tarefas de produção eliciada. Segundo as autoras, nas tarefas de produção eliciadas, “pede-se à criança que produza sentenças ou palavras que são adequadas ao contexto fornecido” (idem, p. 102). Um exemplo trazido pelas autoras é um estudo sobre aquisição de perguntas no português brasileiro. Um fantoche dizia saber todas as coisas do mundo e, assim, pedia para as crianças fazerem qualquer pergunta que ele responderia. Nesse estudo, a produção eliciada se caracterizava no momento em que as crianças eram levadas pela brincadeira a produzirem perguntas.
Na nossa pesquisa, em relação aos sujeitos ouvintes da pesquisa, os critérios de inclusão foram: crianças com idade entre 8 e 14 anos, ouvintes, sem perda auditiva considerável, com desenvolvimento psicomotor normal. Os sujeitos ouvintes que fizeram parte da pesquisa eram alunos da Escola Municipal Pompeu Sarmento, localizada na Avenida Muniz Falcão no bairro Barro Duro, área urbana de Maceió – AL.
Os registros (gravação de vídeo e de áudio) foram realizados em encontros semanais durante dois meses, com duração em torno de vinte a trinta minutos cada, respeitando-se a privacidade e a disposição da criança e dos pais nos momentos das filmagens. Como os dados foram coletados por um dos autores desta pesquisa, que é surdo, a transcrição dos áudios das crianças ouvintes foi realizada colaboração de um intérprete de Libras. Os dados coletados e selecionados foram analisados estatisticamente no software JMP ®9.0.1 Statistical Discovery a fim de que pudessem ser expressos quantitativamente.
As espécies de animais selecionadas nesta pesquisa foram Gatos (abíssimo, azul russo, siamês, vira-lata, persa, peterbald, gato-de-bengala e maine coon), Pássaros (beija-flor, pardal, curió, bem-te-vi, rola, pica-pau, rolinha-fogo-pagou e pombo), Macacos (macaco-prego, macaco-de-cheiro, mico-leão, babuíno-anúbis, gorila, orangotango, chimpanzé e sagui) e Cães (yorkshire terrier, poodle, pastor-alemão, pitbull, dachshund, golden retriever, chow-chow e beagle), por serem espécies que apresentam uma quantidade significativa de hipônimos supostamente conhecidos por muitas crianças ouvintes nessa faixa etária. Às crianças foram perguntadas se conheciam os animais do mundo, após, era apresentada uma série de imagens que deveriam ser nomeadas espontaneamente pelas crianças.
Outros animais foram apresentados nos testes, que serviram como distratores. Sobre pesquisas relacionadas a sentenças no português, Grolla e Silva (2014) afirmam que são utilizadas sentenças distratoras. Para as autoras, “as sentenças distratoras nada têm a ver com o fenômeno estudado. São sentenças para as quais se sabe a resposta que a criança tem que dar” (idem, p.103). Nesta pesquisa, os distratores foram outros animais cujos sinais são amplamente conhecidos. Esses distratores serviram como teste para saber se a criança está realmente concentrada ao responder às perguntas.
Dessa forma, foram apresentadas às crianças fichas com imagens dos animais para que as crianças surdas produzissem o sinal de cada animal que fora mostrado com as fichas. Foram 96 (noventa e seis) fichas, divididas em quatro blocos. No primeiro bloco, estavam 8 (oito) fichas com gatos, cada uma com uma espécie diferente, que estavam misturados com 16 (dezesseis) distratores (capivara, guepardo, jabuti, rato, geneta, girafa, raposa, lagarto, tigre-de-bengala, hiena, onça, tigre, urso-polar, puma, pantera-negra e leão), totalizando 24 (vinte e quatro) fichas.
No segundo bloco, foram 8 (oito) fichas com pássaros, cada uma com uma espécie diferente, que estavam misturados com 16 (dezesseis) distratores (ema, galo, morcego, galinha, pinguim, pavão, ciconiidae, guiné, peru, faisão, flamingo, grou coroada, marreco, avestruz, pato e kiwi), totalizando 24 (vinte e quatro) fichas.
No terceiro bloco, estavam 8 (oito) fichas com macacos, cada uma com uma espécie diferente, que estavam misturados com 16 (dezesseis) distratores (gambá, canguru, guaxinim, ariranha, diabo-da-tasmânia, cangambá, coelho, lemure de madagascar, lêmure, esquilo, suricate, urso, bicho-preguiça, coala, tamanduá e panda), totalizando 24 (vinte e quatro) fichas.
Por fim, no quarto bloco, estavam 8 (oito) fichas com cachorros, cada uma com uma espécie diferente, que estavam misturados com 16 (dezesseis) distratores (rinoceronte, guará, ovelha, veado, cavalo, vaca, anta, burro, porco, javali, camelo, lobo, boi, elefante e hipopotamo), totalizando 24 (vinte e quatro) fichas. As crianças podiam responder como quisessem, com um sinal somente, ou descrevendo o sinal, ou até dizendo não saber como é feito o sinal, mas o pesquisador não as interrompeu tampouco disse nada que as forçasse ou induzisse à produção. Procedimento análogo foi realizado com as crianças ouvintes, sendo a elas solicitada a produção de palavras, oralmente, correspondentes às imagens das fichas, sendo-lhes também facultada à produção livre, com uma palavra, com duas ou mais palavras, com descrição da imagem.
ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados será subdividida em dois momentos, em que os nossos achados sobre os dados serão, primeiro, apresentados em termos percentuais (4.1); em seguida, no item 4.2, traremos a análise estatística a qual terá como base o programa software JMP ® 9.0.1 Statistical Discovery. Conforme descrição dos dados, encontramos as seguintes realizações de linguísticas: os dados referentes a HIPE + EXP (Hiperônimo+Explicação) foram incluídos em HIPE (Hiperônimo) e os dados referentes a HIPE + MOD (Hiperônimo+Modificador), HIPE + REP (Hiperônimo+Sinais de Representação[11]) e ILP (Item Lexical Padrão[12]) foram inseridos numa nova categoria: HIPO (Hipônimo). Já os dados referentes a CH (Co-hipônimo), REP (Sinais de Representação) e NS (Não saber) foram incluídos na categoria OUTRAS. Sendo assim, apresentaram o seguinte gráfico com os dados de todos os surdos e os ouvintes.
ANÁLISE PERCENTUAL DOS DADOS
O gráfico a seguir mostra os resultados em percentuais, considerando a comparação entre surdos (azul) e ouvintes (vermelho) no tocante à produção de hiperônimos, hipônimos e outras.

Temos que o grupo de surdos apresentou 66,97% de HIPERÔNIMOS em suas respostas, enquanto que o grupo de ouvintes apresentou 75,94%. Para a categoria HIPÔNIMO, surdos produziram 25,89% e ouvintes 17,18%. Os surdos apresentaram 7,14% de OUTRAS respostas, enquanto que os ouvintes 6,88%. No que diz respeito à comparação entre as categorias hiperônimo, hipônimos e outras respostas para o grupo de surdos, a análise descritiva apontou que 66,97% das respostas das crianças foram a produção do hiperônimo isolado ou com alguma explicação. 25,89% foram hipônimos, sejam eles pela produção do item lexical padrão, ou por alguma estratégia de composição. Somente 7,14% das produções foram de outras respostas, como “não sei”, produção de co-hipônimos ou representações a partir da imagem, sem nenhuma designação para o animal.
Sobre os resultados apontados pelas análises a respeito da relação entre as categorias do grupo de ouvintes, temos, inicialmente, a partir da análise descritiva, que os hiperônimos representaram 75,94% dos resultados, enquanto que os hipônimos foram 17,18%, somando a quantidade de itens lexicais padrão com a quantidade de sinais gerados por composição, no caso dos ouvintes, apenas a partir da combinação entre o hiperônimo e um modificador. As outras respostas, no caso dos ouvintes, co-hipônimos e a não designação do animal somaram apenas 6,88%.
Além desta, realizamos uma comparação entre os tipos de hipônimos produzidos, somente a título de descrição, pois não faremos uma análise estatística destes resultados, uma vez que a quantidade de dados é ínfima. Separamos a categoria HIPÔNIMOS em dois tipos: ILPs (itens lexicais padrão) e COMPs[13] (composições feitas a partir do hiperônimo com um modificador ou com um sinal de representação). Seguem os resultados:

Para o grupo de surdos, 12,07% dos hipônimos foram itens lexicais padrão, enquanto que 87,93% foram composições de hiperônimos com modificadores ou sinais de representação. Já para o grupo de ouvintes, 85,45% dos hipônimos foram itens lexicais padrão, enquanto que 14,55% foram composições de hiperônimos com modificadores ou sinais de representação.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
A seguir, faremos uma análise estatística dos dados coletados. Serão realizadas duas análises: uma análise comparativa entre as categorias HIPERÔNIMO, HIPÔNIMO e OUTRAS por grupo, e uma análise comparativa entre as variáveis ouvinte e surdo por categoria. Como já mencionado, não faremos uma análise estatística dos tipos de hipônimo, pois não há dados suficientes para uma análise consistente.
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS CATEGORIAS HIPERÔNIMO, HIOÔNIMO E OUTRAS POR GRUPO


Assim como nos resultados para o grupo de ouvintes, temos no gráfico 4 que o resultado para a categoria HIPERÔNIMO foi bastante superior às demais. As outras duas categorias estão abaixo da média, tendo a categoria HIPÔNIMO um resultado superior à categoria OUTRAS. A tabela 2, que aponta os resultados para as comparações entre as categorias, indica que a diferença entre HIPERÔNIMO e OUTRAS é estatisticamente significante, pois o p-Value é de 0.0001*, assim como a diferença entre HIPERÔNIMO e HIPÔNIMO, que apresenta um p-Value de 0,0050*. Somente a comparação HIPÔNIMO x OUTRAS, assim como no grupo de ouvintes, não foi estatisticamente significante, pois apresentou um p-Value 0,2464.
ANÁLISE COMPARATIVA ENTER AS VARIÁVEIS OUVINTE E SURDO POR CATEGORIA
O gráfico 5 apresenta os resultados para a categoria HIPERÔNIMO com surdos e ouvintes. É perceptível que não há uma grande diferença entre os resultados dos dois grupos, estando o grupo de ouvintes um pouco acima da média e o grupo de surdos um pouco abaixo. Entretanto, como registrado na tabela 3, o valor de Prob > F foi superior a 0,05, o que indica que a diferença entre os grupos não é estatisticamente relevante.


Os resultados no gráfico 6 apontam que há também uma diferença entre os grupos surdo e ouvite no que diz respeito à categoria HIPÔNIMO, estando desta vez o grupo de surdos acima da média e o grupo de ouvintes abaixo dela. Entretanto, mais uma vez, segundo o que consta na tabela 4, o valor de Prob > F foi superior a 0,05, indicando que essa diferença não é estatisticamente relevante.


No gráfico 7, a categoria OUTRAS foi a que apresentou uma maior homogeneidade nos resultados. A média dos dois grupos é praticamente a mesma. Há uma leve diferença entre as máximas e mínimas, em que o grupo de surdos aponta um resultado superior. Por conta disso, o valor Prob > F é quase 1, o que se distancia muito do valor de diferença estatisticamente relevante.


DISCUSSÃO
Apresentaremos agora uma reflexão sobre os resultados das análises dos dados. Começaremos pela comparação entre as categorias hiperônimos, hipônimos e outras respostas para surdos, trazendo as peculiaridades de cada análise. Em seguida, estabeleceremos as mesmas relações para os resultados trazidos pelo grupo de ouvintes, apontando justificativas para esses resultados. Por fim, apresentaremos a relação entre os grupos, por categoria, comparando esse resultado com outras duas pesquisas na mesma área e encerraremos com considerações a respeito do resultado.
RELAÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS DO GRUPO DE SURDOS
Esses resultados indicam, inicialmente, que crianças surdas, quando lhes são apresentadas figuras de diversas espécies de um mesmo animal, tendem a generalizar a resposta, identificando o animal pelo seu hiperônimo. Este fato pode estar relacionado ao input linguístico no processo de aquisição lexical. Os hipônimos de GATO, por exemplo, como persa ou abissínio (exemplos presentes nos testes), possivelmente não estão presentes no input a que a criança é exposta. Dentro do ambiente linguístico da criança, os falantes também utilizam generalizações, uma vez que não há a necessidade na língua de identificar esses tipos distintos de gatos. Dessa forma, acreditamos ser provável que a criança não seja exposta a muitos sinais referentes às diferentes raças de gatos.
Pouquíssimos foram os casos em que as crianças surdas não souberam identificar o animal apresentado, correspondendo a 7,14% das respostas. Algumas crianças surdas, mesmo não identificando o animal, tentaram realizar algum sinal de representação ou Depicting signs (Johnston; Schembri, 2007).
Mesmo havendo uma diferença significativa entre hiperônimos e hipônimos, o número de hipônimos produzidos pelas crianças foi superior ao esperado. Mais de 25% das produções podem ser caracterizadas como hipônimos. Alguns animais foram identificados a partir de um item lexical padrão na Libras, quais sejam, o GORILA (três produções) , o BEIJA-FLOR (quatro produções) e o MICO-LEÃO (uma produção). Não é surpresa o fato de que os animais beija-flor e gorila tenham sido identificados com um item lexical padrão, uma vez que, mesmo que não haja o contato efetivo das crianças com estes animais, os sinais apresentados pelas crianças são amplamente difundidos, e estão presentes em dicionários de Libras, como o dicionário Capovilla et al. (2015), segundo as figuras apresentadas abaixo.



SINAL BEIJA-FLOR: Fazer este sinal BICO: Mão vertical fechada, palma para frente, polegar e indicador unidos pelas pontas, dorso da mão tocando a boca. Separar e unir os dedos indicador e polegar, duas vezes. Em seguida, fazer este sinal FLOR: Mão em F, palma para a esquerda, diante do nariz. Mover a mão em pequenos círculos verticais para frente (sentido horário), passando a lateral do indicador na ponta do nariz.
Fonte: Capovilla et al, 2015, v. 1, p. 517.

Entretanto, quanto ao sinal de mico-leão, mesmo não encontrando uma referência no dicionário, entendemos que o item produzido pela criança segue um padrão, pois a criança utilizou os sinais MACACO + LEÃO (ver figura 4) na sua produção, tendo como referência a língua portuguesa, como beija-flor. Tanto o modificador FLOR, quanto LEÃO seguem a mesma referência do português. Esta produção foi realizada apenas uma vez.

Sobre os hipônimos construídos a partir de estratégias de composição (COMP), percebemos que as crianças utilizaram sempre a combinação do hiperônimo com um modificador ou sinal de representação que atribuía tanto uma característica física, como a sua cor, ou o formato de suas orelhas, quanto a uma designação de ação própria daquele animal, como CÃO + ATACAR (ver figura 5), ou ainda com um qualificador GATO + GORDO (ver figura 6). Os casos de composição com um modificador de característica física foram os mais comuns, o que nos leva a pensar que o caráter visual está sempre em maior evidência para a criança surda.


Independente disso, todos esses tipos de construção hiponímica são comuns nas línguas naturais (LYONS, 1977). Isso nos leva a refletir que, mesmo não possuindo itens lexicais padrão para identificar os sinais, o léxico da língua se encarregou por estabelecer relações entre os itens já adquiridos, de tal forma que a criança conseguiu identificar os animais sem muitas dificuldades; essas estratégias não foram aleatórias, ou particularizadas, mas seguem um padrão geral de produção, como por exemplo: PÁSSARO+AMARELO, para o hipônimo bem-te-vi. O léxico da Libras, portanto, possui os mesmos mecanismos idiossincráticos de categorização que qualquer outra língua.
O que também ficou evidente foi a organização do léxico da Libras no que diz respeito ao processo de composição de sinais. Uma parte dos sinais era composto por um item do léxico nativo com outro item do léxico nativo, como CÃO + FORTE ou MACACO + VELHO. Outra parte, no entanto, era composta por um item do léxico nativo e um item do léxico não-nativo (nesse caso um classificador), como CÃO + ORELHA (ver figura 7) ou MACACO + ANDAR (ver figura 8), segundo as figuras apresentadas abaixo.


O primeiro caso pode ser caracterizado como uma composição de dois sinais completamente especificados, previstos como uma categoria de itens lexicais presentes no léxico. O segundo caso, entretanto, não é previsto como uma categoria do léxico nativo, uma vez que os sinais de representação ainda não estão completamente internalizados no sistema linguístico, pois são polimorfêmicos e não obedecem necessariamente às restrições paramétricas do sistema linguístico (JOHSNTON; SCHEMBRI, 2007). Isso implica dizer que, embora a criança tenha utilizado uma estratégica para compor o sinal, não podemos chamá-lo de sinal padrão do núcleo do léxico. Somente depois da adaptação dos sinais ao sistema, poderíamos afirmar isso.
A partir dessas reflexões, entendemos que as crianças surdas, quando necessitam identificar animais, o fazem, em sua maioria, utilizando-se de hiperônimos, o que também vai ocorrer com as crianças ouvintes, contrariando a nossa hipótese inicial da pesquisa em que pressuponhamos que isso acontecia apenas com os surdos tendo em vista a falta de acesso à Libras no tempo adequado ao processo aquisicional, ou seja, a partir nascimento. Entendemos também que, apesar de realizar poucos hipônimos com itens lexicais padrão, as crianças desenvolveram estratégias de composição hiponímica que são previstas nos estudos diversos sobre línguas orais e de sinais, e que os itens gerados dessas composições estão, de uma forma, já no léxico nativo, e, de outra, numa junção entre o léxico nativo e não nativo, mas que, mesmo assim, podem vir a estar no léxico nativo, conforme o desenvolvimento natural do sistema linguístico.
RELAÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS DO GRUPO DE OUVINTES
Os resultados obtidos a partir das análises apontam que crianças ouvintes utilizam muito mais hiperônimos do que hipônimos para identificar os animais. Mais uma vez, isso pode estar relacionado ao input linguístico dessas crianças. Os animais apresentados, por mais que façam parte do dia a dia das pessoas, parecem não haver necessidade de distingui-los em categorias diferentes por parte das crianças, sendo, pois, preferível o uso de hiperônimos para referir às figuras dos animais a elas expostas. Hipônimos como siamês e poodle, que são amplamente conhecidos entre adultos, não foram identificados pelas crianças, uma vez que parece que a entrada lexical desses itens ainda não faz parte do repertório dos informantes. É possível que, com o acesso à escola, à TV e outras mídias, e com a ampliação das relações interpressoais, esses hipônimos comecem a ser inseridos no léxico dessas crianças. Entretanto, vale salientar que, mesmo não conhecendo o hipônimo, a criança conseguiu identificar linguisticamente o animal, utilizando o seu hiperônimo.
Em relação às outras respostas, em alguns casos, as crianças realmente não souberam identificar o animal, mas, em outros, elas disseram um co-hipônimo, na tentativa de serem específicas na identificação. Os co-hipônimos, por vezes, eram espécies mais conhecidas – e.g. sagui no lugar de macaco-de-cheiro – e, por outras vezes, eram espécies menos conhecidas – buldogue no lugar de pitbull.
Quanto aos hipônimos, vimos que a produção de ILPs foi de 85,45%, enquanto que a produção de COMPs foi de 14,55%. Os ILPs se justificam por serem amplamente conhecidos, tanto por serem facilmente encontrados em área urbana (e.g. sagui, pombo, bem-te-vi etc.), quanto por aparecerem frequentemente em mídias como a TV (e.g. gorila, chimpanzé e pica-pau). Já os COMPs, no caso dos ouvintes, foram resumidos às combinações do hiperônimo com um modificador. Todos os modificadores caracterizam aspectos físicos do animal – como gato pelado ou pássaro preto com marrom –, fato que nos leva a pensar que o aspecto visual também é relevante para a criança ouvinte quando há a necessidade de especificar um animal.
RELAÇÃO ENTRE SURDOS E OUVINTES
Sobre a comparação entre a produção lexical de crianças surdas e ouvintes, há dois estudos que apresentam resultados diferentes. O primeiro é um estudo de Carvalho (2006) sobre a produção de hipônimos de vários tipos de hiperônimos, em que se incluíam os animais. Segundo essa pesquisa, “Na avaliação do vocabulário, por sua vez, as crianças surdas tiveram um desempenho significativamente inferior que as crianças ouvintes, com maior número de Processos de Substituições e de Não Designações” (p. 68). O resultado aponta que as crianças surdas utilizam mais substituições (co-hipônimos ou outras estratégias de hiponimização) e não designações, enquanto que as crianças ouvintes utilizaram mais designações a que chamamos de ILPs.
Quanto à nossa pesquisa, a análise estatística mostrou que não há diferença estatisticamente relevante entre surdos e ouvintes. Esses resultados vão de encontro à pesquisa realizada por Carvalho (2006), uma vez que não há diferenças significativas entre as produções de surdos e ouvintes. Essa diferença pode ser explicada pelos tipos de hiperônimos selecionados para ambas as pesquisas. Os hiperônimos da pesquisa da autora são de uma categoria mais alta – e.g. alimentos, transportes e animais –, enquanto que os hiperônimos da nossa pesquisa estão numa categoria mais baixa.
Crianças surdas e ouvintes de mesma faixa etária apresentam produções linguísticas semelhantes quanto à categorização dos animais GATO, PÁSSARO, MACACO e CÃO. Vale salientar que há algumas diferenças no que se refere às estratégias utilizadas por ambos os grupos. A exemplo disso, temos que crianças ouvintes e surdas produziram quase a mesma quantidade de hipônimos, mas sobressaíram os ILPs para os ouvintes e as COMPs para os surdos, ainda que o número real de produções tenha sido baixo em ambos os casos. Uma peculiaridade nesse ponto é que crianças surdas têm na sua língua a possibilidade de descrever imageticamente o animal se utilizando de sinais de representação, o que não acontece no português.
Em nenhum caso, a criança utilizou a datilologia da palavra no português para identificar o hipônimo.
Além disso, muitas crianças surdas traziam, junto ao sinal hiperônimo, uma explicação sobre o objeto, enquanto que nenhuma das crianças ouvintes utilizou essa estratégia. Percebemos que o fato de o pesquisador ser surdo pode ter interferido nessas produções. As crianças surdas, ao se depararem com um pesquisador surdo que sabe falar em Libras, tentaram explicar para ele algo sobre o animal, enquanto que as crianças ouvintes, por saberem que o pesquisador não ouviria a sua explicação, atinham-se somente às respostas, tanto assim o é que, quando não sabiam responder, gesticulavam, erguiam os braços ou balançavam a cabeça, evitando o uso do português.
Outra diferença foi a utilização dos co-hipônimos. Nenhuma criança se utilizou de co-hipônimos para designar os animais, enquanto que as crianças ouvintes o fizeram algumas vezes. Isso pode estar relacionado à característica icônica dos sinais em Libras. O sinal de pitbull, por exemplo, dificilmente seria confundido com o sinal de buldogue, pois apresentam alguma relação com o aspecto físico do animal e esses dois cães são diferentes fisicamente. Essa substituição pelo co-hipônimo aconteceria se os dois tipos de animais tivessem aspectos físicos semelhantes.
Independentemente das pequenas diferenças entre as estratégias de produção, podemos dizer que tanto o português, quanto a Libras se comportam da mesma maneira no que diz respeito à produção de hipônimos e hiperônimos por crianças. Isso implica dizer que não há na Libras uma falha no léxico ou uma ausência de itens lexicais que venha a prejudicar o desenvolvimento da criança surda. Crianças surdas e ouvintes se desenvolvem linguisticamente e intelectualmente ainda que desconheçam diversas categorias de hipônimos e hiperônimos. Essas categorizações estão relacionadas ao processo de aquisição lexical que se dará pelo contato com a língua-E, seja a Libras ou o Português, da qual a criança extrai também as informações gramaticais suficientes para marcar os parâmetros e chegar ao estágio final, a língua-I. Nenhuma língua-E é capaz de especificar com um item lexical todos os elementos presentes no mundo, mas toda língua-I dá ao indivíduo a capacidade de se expressar e de se comunicar atribuindo valor a qualquer elemento do mundo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como resultado da pesquisa, temos que crianças surdas e ouvintes apresentam uma quantidade significativamente maior de produção de hiperônimos do que de hipônimos quando necessitam identificar gatos, pássaros, macacos e cães e que, ao analisarmos estatisticamente a diferença entre o grupo de surdos e o grupo de ouvintes, vimos que não há uma diferença estatisticamente relevante, como aventamos na hipótese da pesquisa.
Em relação aos tipos de hipônimos realizados, identificamos diversas estratégias realizadas por ambos os grupos. O grupo de ouvintes produziu a maioria de itens lexicais padrão e poucas composições do hiperônimo com um modificador ou co-hipônimos para representar os animais. Já o grupo de surdos expressou poucos itens lexicais padrão, mas estabeleceu diferentes tipos de composição e nenhum co-hipônimo. Acreditamos que esses resultados para crianças surdas podem estar relacionados ao ambiente linguístico em que elas estão inseridas, um ambiente desfavorável à aquisição de uma língua-I, afinal, como dito anteriormente, apenas 5% dos surdos são filhos de pais surdos, e portanto, receberiam input linguístico no período crítico de desenvolvimento.
Esses resultados apontam para o fato de que o léxico da Libras atua não só como um armazenador de sinais, mas como principal mecanismo de categorização e de composição de novos sinais, de modo a servir ao falante quando ele necessita falar sobre qualquer tema. Não há, portanto, lacunas na Libras no que diz respeito ao léxico, ainda que haja a necessidade de que as crianças conheçam melhor os animais ao seu redor e que conheçam também outros itens lexicais padrão da Libras para que a comunicação se torne mais fluida. Entretanto, não há como dizer que a língua portuguesa é sobressalente à Libras, uma vez que os resultados foram bastante semelhantes em ambos os grupos. A mesma necessidade que existe de que crianças surdas devem conhecer mais animais e que devem saber como identificá-los é aplicada às crianças ouvintes.
A partir da pesquisa, entendemos que as problemáticas relacionadas à hiperonímia e à hiponímia não estão relacionadas à Libras, mas ao contexto que envolve essas crianças, seja em casa ou na escola. As reflexões sobre esses processos em Libras, dessa forma, servirão para que outras pesquisas sejam realizadas dentro desse foco. Há ainda muito o que desbravar sobre os estudos semânticos e do léxico em relação não só às línguas de sinais, mas à linguística como um todo.
REFERÊNCIAS
CANÇADO, Márcia. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
CAPOVILLA, Fernando Cesar; RAPHAEL, Walkiria Duarte, MAURÍCIO, Aline Cristina L. Novo Deit-Libras: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (Libras) baseado em Linguística e Neurociências Cognitivas, Volume 1: Sinais de A a H. 3. ed. rev. e ampl., 1. reimpr. São Paulo: EDUSP, 2015.
CARVALHO, Lavínia Santos de. Habilidades semântico-pragmáticas de crianças surdas e ouvintes na idade de sete anos. 2006. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado) – Universidade do Estado da Bahia. Campus I – Departamento de Ciências da Vida, Salvador: [s.n.], 2006.
CENTRO DE CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO E DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS COM SURDEZ - CAS. Cartilha Informativa do CAS. Maceió. Secretária de Educação. 2011.
CHOMSKY, N. Knowledge of language: its nature, origin and use. New York. Praeger. 1986.
FERREIRA, M. I, et al. Avaliação do vocabulário expressivo em crianças surdas usuárias da língua brasileira de sinais. Rev. CEFAC. 2012 Jan-Fev; 14(1). p. 9-17.
GROLLA, E.; SILVA M. C. F. Para conhecer aquisição da linguagem. São Paulo: Contexto, 2014.
JOHNSTON, Trevor; SCHEMBRI, Adam. Australian Sign Language: An introduction to sign language linguistics. Cambridge University Press. New York, 2007.
LYONS, Jonh. Semantics. Cambridge University Press, 1977.
MCCLEARY. L.; VIOTTI, E. Semântica e Pragmática. Material didático do curso de Letras Libras a Distância. Florianópolis: UFSC, 2009.
PIETROFORTE, Antônio Vicente Seraphim; LOPES, Ivã Carlos. A Semântica Lexical. In: FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
PIZZIO, Aline Lemos; QUADROS, Ronice Muller de. Aquisição da Língua de Sinais. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 2011..
QUADROS, Ronice Muller de. Teorias de aquisição da linguagem. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008. 304p.
RODRIGUES, Cristiane Seimetz; VALENTE, Flávia. Aspectos Linguísticos da Libras. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2011.
SILVA, Fernanda Gomes da; SANT´ANNA, Simone. A semântica Lexical e as relações de sentido: sinonímia, antonímia, hiponímia e hiperonímia. Cadernos do CNLF, Vol. XIII, Nº 03: 34 - 48. Rio de Janeiro, 2009.
VIDAL, M. V. E. La Semântica. In: VIDAL, M. V. E. (Coord.).; AGUIAR, V. M.; FRESNILLO, C. C.; RODRIGUEZ, E. G.; CANO, N. P. Invitación a La Linguística. Editorial Universitaria, Ramón Areces, 2011.
VILLALVA, Alina; SILVESTRE, João Paulo. Introdução ao estudo do léxico: descrição e análise do Português. Petrópolis: Vozes, 2014. (Coleção de Linguística).
Notas