ATIVIDDES EM SALA DE AULA
Um dos maiores desafios que o ecossistema comunicativo faz à educação é: ou se dá a sua apropriação pelas maiorias ou se dá o reforçamento da divisão social e a exclusão cultural e política que ele produz 1 .
“Enfrentados os desafios, a comunicação/educação estará apta a levar os alunos a uma produção que valorize aspectos da cultura em que vivem, que abra discussões sobre a dinâmica da sociedade, sua inserção na totalidade do mundo, conhecendo-o para modificá-lo – reformando-o e/ou revolucionando-o, numa nova linguagem audiovisual, num novo mundo”
2 .As atividades nesta edição estão organizadas na reflexão sobre educomunicação em dois momentos: a comunicação apoiada nos artigos: “Explorações teóricas para pensar as inter-relações entre educomunicação e comunicação comunitária”, de Jiani Adriana Bonin; “Cursos de jornalismo em perspectiva histórico-geográfica: arranjos locais e regionais no Brasil”, de Antônia Alves Pereira e Sonia Virgínia Moreira. A educação é tratada no artigo “Representações e discursividades da educação na comunicação”, de Fernanda Elouise Budag.
Todos os artigos trazem em seu referencial teórico questões relacionadas à educomunicação, separamos os artigos em comunicação e educação a partir da análise da ênfase que é dada no desenvolvimento de cada narrativa. Para fazer a síntese entre comunicação e educação, apontamos o artigo “Democratização das mídias e educação”, de Maria Cristina Castilho Costa
A comunicação comunitária tratada no artigo de Bonin, segundo a autora, tem como horizonte as necessidades de uma pesquisa que investiga os processos educomunicativos desenvolvidos na produção dos jornais Boca de Rua e O Cidadão e seu papel na construção da cidadania comunicativa.
O vazio da comunicação jornalística em atender grupos da comunidade excluídos da grande mídia é apresentada no artigo de Pereira e Moreira que analisa a expansão dos cursos de jornalismo em instituições públicas e privadas de ensino superior e a distribuição geográfica das redes. O artigo mostra, também, que o acesso ao ensino superior contribuiu para a diversidade e a inclusão social de jovens de baixa renda no processo de interiorização das universidades e dos cursos de jornalismo.
1. TEMA: COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA
A figura do professor e a imagem da educação é objeto de estudos do artigo de Budag; particularmente do docente e do ensino de Filosofia, a autora apresenta uma reflexão teórica e questiona se há a reprodução de estereótipos da docência, ou a sua quebra; e quais os enunciados hoje construídos em torno da educação.
2. TEMA: A FIGURA DO PROFESSOR E A IMAGEM DA EDUCAÇÃO
A presença da tecnologia e suas formas de comunicação é registrada no artigo: “ Escrevivência : o blog e o microblog como espaços de pesquisa em história de vida”, de Roselete Fagundes de Aviz e Gilka Elvira Ponzi Girardello. O objetivo do artigo, segundo suas autoras, é discutir contribuições metodológicas desse estudo, especialmente nos aspectos alusivos aos objetos blog e microblog (Twitter) como espaços de pesquisa associados ao método Histórias de Vida .
3. TEMA: AS REDES SOCIAIS BLOG E TWITTER NO DIAGNÓSTICO DAS FORMAS DE VIOLÊNCIAS
As atividades desta edição estão organizadas nos seguintes temas:
Comunicação Comunitária
A figura do professor e a imagem da Educação
As redes sociais blog e twitter no diagnóstico das formas de violências
A democratização das mídias
4. PRIMEIRA ATIVIDADE
4.1. Comunicação Comunitária.
O objetivo da atividade é apresentar a pesquisa sobre as práticas dos sujeitos na produção dos jornais Boca de Rua e o Cidadão, sua atuação crítica e constitutiva como produtores de comunicação e paralelamente explorar as perspectivas teóricas para pensar a relação entre Educomunicação e comunicação comunitária, propostas no artigo de Jiani Adriana Bonin “Explorações teóricas para pensar as inter-relações entre educomunicação e comunicação comunitária”.
A atividade é destinada aos alunos e professores de graduação da área das Ciências Humanas, em especial da Comunicação (Jornalismo) e Pedagogia.
Organizamos a atividades na seguinte sequência didática:
Diálogos possíveis entre comunicação comunitária e educomunicação.
A comunicação comunitária caminha para efetivar o exercício do direito à comunicação, condição que amplia os horizontes da garantia de outros direitos.
Na intersecção entre comunicação e educação coexiste a possibilidade de os sujeitos fazerem uso de palavras originalmente próprias dos dominantes para “dizer coisas novas que ilustram seus anseios e suas lutas” 3 .
Os processos educomunicativos, como argumenta Baccega, dotam os sujeitos de competências para “construir novos modos de atuação na mídia e no mundo” 4 .
Fazer a síntese das opiniões, priorizando a noção comunicação comunitária.
Solicitar que os alunos, em pequenos grupos, pesquisem o jornal Boca de Rua. Sugerimos que consultem o site: https://jornalbocaderua.wordpress.com/sobre-nos/ .
Um jornal fala e por isso o nosso tem até o nome de Boca. Mas também escuta o povo da rua, escuta outros movimentos. As pessoas também nos escutam quando compram nosso jornal, a universidade nos escuta quando nos chama para falar do nosso trabalho. O outro lado da cidade nos vê porque nos escuta e nos lê. Ver, falar e escutar. É assim que a comunicação é feita 5 .
O jornal Boca de Rua, publicação feita por moradores em situação de rua e que circula há 19 anos em Porto Alegre, também foi atingido pelas restrições impostas pela chegada da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Para seguir circulando, a solução foi criar uma edição online e lançar uma campanha de assinaturas para conseguir apoiadores e assegurar a continuidade do projeto coordenado pela Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação.
(ALICE)Fazer uma roda de conversa sobre a intenção do jornal, as demais informações obtidas e como ajudar o jornal neste momento de pandemia.
Nos mesmos grupos propor que busquem informações sobre o jornal Cidadão, sugerimos o site: https://mareonline.com.br/quemsomos/ .
O site apresenta a missão do jornal:
Produzir e difundir conteúdos e narrativas que mobilizem e contemplem os moradores das 16 favelas da Maré a partir do seu protagonismo e potencial de forma a superar as representações negativas e preconceituosas comumente veiculadas nas mídias hegemônicas sobre as favelas e periferias. Instrumentalizar o morador com informação de qualidade visando uma opinião crítica para preservação e conquista de direitos, com linguagem textual acessível, fomentando ações de longo prazo capazes de gerar mudanças que impactem na qualidade de vida da população da Maré
6 .Esse site apresenta uma visão geral das matérias já publicadas e ações comunitárias empreendidas.
5. SEGUNDA ATIVIDADE
5.1. Representações: figura do professor e imagem da Educação.
A atividade está centrada no artigo de Fernanda Elouise Budag “Representações e discursividades da educação na comunicação”, a autora orienta suas reflexões a partir da concepção de Morin 7 de que a “educação deve contribuir para a autoformação da pessoa e ensinar como se tornar cidadão”. Assim, entende que o educador no espaço da sala de aula é um interlocutor qualificado para dialogar com seus estudantes e ajudá-los em sua formação.
Essa atividade é destinada aos professores da escola básica e para a autora ao professor de Filosofia.
Organizamos a atividade na seguinte sequência didática:
Sugerimos:
[…] ao mesmo tempo em que Merlí ensina sobre o conteúdo previsto no plano de ensino da disciplina, ensina também sobre/para a vida, levando os alunos-personagens a refletirem sobre seus pensamentos e atitudes individuais e em sociedade;[…] Não obstante costume agir de modo autocentrado, Merlí revela-se particularmente preocupado com a coletividade e alteridade, e, portanto, empático quanto à dor alheia sempre que se depara com manifestações de machismo, homofobia e transfobia […]
Nas considerações finais, identificar a imagem de professor e o papel da educação apresentados pela autora no artigo sobre a série Merli.
6. TERCEIRA ATIVIDADE
6.1. As redes sociais blog e Twitter no diagnóstico das formas de violências.
A presença da tecnologia e suas formas de comunicação é registrada no artigo: “Escrevivência: o blog e o microblog como espaços de pesquisa em história de vida”, de Roselete Fagundes de Aviz e Gilka Elvira Ponzi Girardello. Esse, segundo as autoras, busca refletir sobre fundamentalismos religiosos contra meninas e mulheres, com ênfase na aculturação, nas violências e no papel da educação.
A atividade é destinada aos professores da escola básica e de graduação. Propomos a seguinte sequência didática.
Uso do blog e do microblog como ferramentas de comunicação criou um lugar da voz para essas mulheres, no sentido de que pudessem “contar a todo mundo” o que acontece em sua intimidade, indo ao encontro de outras vozes que a elas afinam-se.
A pesquisa deu ainda mais consistência a essas ideias quando nos permitiu perceber a escola, como (re)produtora do medo, assim como o são os contextos fundamentalistas religiosos.
Twitter, além de publicações livres como ocorre com os blogs, destacou-se como ferramenta de comunicação direta entre perfis, incentivando a participação e o compartilhamento de informações que geram conhecimento, além de caracterizar-se como ferramenta de comunicação para as pessoas acompanharem umas às outras a distância.
Fazer uma roda de conversa com os alunos sobre essas afirmações e sintetizar com as considerações finais do artigo.
Propomos para os alunos de graduação das diferentes áreas da Comunicação e da Pedagogia que aprofundem a reflexão sobre o papel das tecnologias no mundo globalizado com a leitura do artigo: “Democratização das mídias e educação”, de Maria Cristina Castilho Costa. O artigo, na opinião da autora, apresenta o conflito que existe entre os mecanismos políticos republicanos e a liberdade de expressão, assim como entre os interesses do mercado e a informação. Analisando historicamente esses conflitos, propõe a luta pela democratização das mídias como forma de libertar o público da “Caverna de Platão” do mundo contemporâneo.
Recomendamos os itens:
Sociedade contemporânea e comunicação em rede: em que analisa a comunicação em rede e as transformações trazidas para essa sociedade globalizada.
O que é democratizar as mídias?
Referências bibliográficas
BACCEGA, Maria Aparecida. Comunicação/educação e a construção de nova variável. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 19-28, 2009.
BRANDALISE, Roberta; ASSENCIO, Sandro. Contra a barbárie da incomunicação e pela construção de uma sociedade educativa. MATRIZes, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 313-317, 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v8i2p313-317 .
MARTIN-BARBERO, Jesús. Desafios culturais da comunicação à educação. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 181, p. 51-61, 2000.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 20. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
Notas
Autor notes
E-mail:acarambi@alumni.usp.br