DOSSIÊ 100 ANOS DE PAULO FREIRE: Pedagogia de Paulo Freire e engajamento na práxis
Reflexões em torno dos círculos de cultura na perspectiva freiriana: um espaço-tempo de comunicar-formar sujeitos sociais
Reflexões em torno dos círculos de cultura na perspectiva freiriana: um espaço-tempo de comunicar-formar sujeitos sociais
Comunicação & Educação, vol. 26, núm. 2, pp. 165-178, 2021
São Paulo SP: Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Departamento de Comunicações e Artes
Recepção: 15 Junho 2021
Aprovação: 29 Setembro 2021
Resumo: Este artigo tem como objetivo refletir as potencialidades dos círculos de cultura, considerando-os como um espaço-tempo dialógico-comunicativo para a formação dos sujeitos sociais. Para tal itinerário reflexivo, mobilizou-se a metodologia da pesquisa bibliográfica, recorrendo-se a textos produzidos por autores abalizados nas discussões acerca da Educação ou, mais especificamente, na abordagem das categorias dialogicidade e comunicação como constitutivas da dinâmica dos círculos. A reflexão parte da origem dos círculos de cultura e destaca os aspectos teórico-metodológicos desta experiência educativa que propiciam um caminho de conscientização para a formação dos sujeitos sociais, a partir da construção de saberes em coletividade.
Palavras-chave: Círculos de cultura, dialogicidade, comunicação, coletividade, sujeito social.
Abstract: This article aims to reflect on the potential of culture circles, considering them as a dialogical-communicative space-time for the formation of social subjects. For this reflexive itinerary, the methodology of bibliographical research was undertaken, using texts produced by authoritative authors in discussions about Education, specifically in the approach of dialogicity and communication categories as constitutive of the dynamics of these circles. The reflection starts from the origin of the culture circles and highlights the theoretical-methodological aspects of this educational experience that provide a path of awareness for the formation of social subjects based on the construction of collective knowledge.
Keywords : Culture circles, dialogicity, communication, collectivity, social subject.
1. INTRODUÇÃO
No marco das celebrações do centenário de Paulo Freire, a proposta de um estudo sobre os círculos de cultura resgata a experiência que está nas origens do pensamento pedagógico do educador. Os círculos têm trazido muitas contribuições para a formação de cidadãos conscientes sobre os movimentos sociais e culturais no Brasil, passando a ter maior relevância no campo educativo quando se tornaram uma experiência valorizada por Freire na alfabetização de adultos e na promoção de uma educação em perspectiva emancipatória das classes populares.
Nos últimos anos, foi possível constatar um crescimento do interesse de educadores pelas dinâmicas mobilizadas pelos círculos de cultura, que visam à formação de sujeitos sociais críticos, éticos e comprometidos com a sociedade em que vivem. Neste sentido, a problemática que motiva este estudo é: quais são as potencialidades dos círculos de cultura enquanto experiência educativa para a formação dos sujeitos sociais? Este artigo tem como objetivo responder a esta indagação por meio de uma reflexão sobre as potencialidades dos círculos de cultura, considerando-os como um espaço-tempo dialógico-comunicativo que contribui de modo eficaz para a formação dos sujeitos sociais.
O itinerário metodológico se deu por meio de pesquisa bibliográfica; recorreu-se a autores que se dedicaram à reflexão acerca dos círculos de cultura, suas dinâmicas e os aspectos metodológicos que os caracterizam como uma experiência educativa, tais como: Freire, Marinho, Brandão, Gomez, Pitano e Lima 1 . O estudo se desenvolveu como uma abordagem crítica em torno dos sentidos de dialogicidade e comunicação no interior dos círculos de cultura e está articulado em três partes: (1) as possibilidades de organicidade do círculo de cultura: uma comunicação em circularidade; (2) as implicações e dimensões das dinâmicas dialógicas do círculo de cultura: reflexões para comunicar-formar pela leitura do mundo e da palavra; (3) a potência formativa e transformadora do círculo de cultura: tessituras críticas acerca da formação do sujeito social.
2. AS POSSIBILIDADES DE ORGANICIDADE DO CÍRCULO DE CULTURA: UMA COMUNICAÇÃO EM CIRCULARIDADE
Os círculos de cultura estão na gênese da pedagogia de Paulo Freire e nascem como um evidente contraponto à educação bancária, como o educador define o processo pedagógico que reduz o educando a mero receptor de conhecimentos previamente elaborados por mestres detentores do saber, revelando-se, assim, não um processo educativo, mas um processo de domesticação, de desumanização 2 . Para se contrapor a esta concepção pedagógica, Freire propõe uma educação libertadora, a serviço da emancipação e da humanização do sujeito.
Antes de discorrer sobre os aspectos que constituem os círculos de cultura, suas características e sua organicidade enquanto espaço-tempo educativo, faz-se necessário apresentar um breve recorte histórico acerca da origem desta experiência e de quando ela começou a revelar o seu potencial para a uma educação emancipadora. Tendo lançado as primeiras experiências dos círculos de cultura e do processo que então se denominava Método Paulo Freire no Centro de Cultura D. Olegarinha, no bairro de Casa Forte, no Recife 3 , foi no sertão nordestino, mais precisamente na pequena cidade de Angicos, na região central do Rio Grande do Norte, que Paulo Freire, junto a um grupo de educadores e universitários, executou um ousado projeto de alfabetização que iria marcar para sempre não apenas aquela comunidade, mas também a história da educação brasileira nas décadas seguintes 4 .
Era o início dos anos 1960 e “vivia-se no Brasil um clima de entusiasmo e a esperança de um tempo de liberdade e desenvolvimento, o país se industrializava e modernizava” 5 . A grave desigualdade social e econômica, no entanto, persistia como um sério obstáculo ao desenvolvimento do país, sendo os índices de analfabetismo da população a sua face mais evidente: “segundo o IBGE, no início da década de 60, os índices de analfabetismo no RN totalizavam 61,8%” 6 . Os ideais do Movimento de Cultura Popular (MPC), criado no Recife em 1960, espalharam-se por vários estados do nordeste, “associando a cultura popular à luta políticas, conscientizando as massas e alfabetizando por meio de Círculos de Cultura” 7 . No ano seguinte, em 1961, a Igreja Católica fundou o Movimento de Educação de Base (MEB) com o objetivo de contribuir para a alfabetização de adultos, utilizando para tal fim a rede de emissoras católicas. Neste mesmo ano, a União Nacional dos Estudantes (UNE) criou o Centro Popular de Cultura (CPC), experiência que também se espalhou pelo país e promoveu a arte popular revolucionária para a conscientização da população marginalizada, reunindo artistas, estudantes e trabalhadores 8 .
O projeto de Angicos foi concebido neste contexto. O trabalho começou em dezembro de 1962, com o levantamento do número de sujeitos não alfabetizados do município e a pesquisa acerca do universo vocabular da comunidade, do qual seriam destacados as palavras e os temas geradores. O projeto de alfabetização começou logo no início do ano seguinte, com um grupo de 380 moradores, marcado por uma dinâmica em que “as aulas eram dadas ao mesmo tempo em que aconteciam as reuniões de formação continuada dos coordenadores dos Círculos de Cultura, refletindo sobre a sua prática” 9 .
Naquele projeto de alfabetização, Freire substituiu a sala de aula pelo círculo de cultura por acreditar que era a dinâmica que melhor correspondia ao seu propósito de promover uma educação emancipadora. Chamava-se círculo porque todos os seus participantes se posicionavam no espaço “formando a figura geométrica do círculo, e nessa disposição todos se olhavam e se viam” e cultura porque “havia uma interação das relações do homem com a realidade, recriando-a e buscando-se a dinamização de seu espaço no mundo” 10 . Segundo Freire 11 , o ser humano, “no Círculo, vai dominando a realidade. Vai humanizando-a. Vai acrescentando a ela algo que ele mesmo é fazedor. Vai temporalizando os espaços geográficos. Faz cultura”.
O círculo de cultura era, desse modo, um espaço em que se ensinava e se aprendia dialogicamente, numa dinâmica que afastava qualquer possibilidade de o considerar apenas transferência de conhecimento e revelava um espaço-tempo “de construção do saber do educando, com suas hipóteses de leitura do mundo” 12 , como explicita Freire 13 :
Assim, em lugar de escola, que nos parece um conceito, entre nós, demasiado carregado de passividade, em face de nossa própria formação (mesmo quando se lhe dá o atributo de ativa), contradizendo a dinâmica fase de transição, lançamos o Círculo de Cultura. Em lugar de “professor”, com tradições fortemente doadoras, o Coordenador de Debates. Em lugar de aula discursiva, o diálogo. Em lugar de aluno, com tradições passivas, participante de grupo. Em lugar dos “pontos” e programas alienados, programação compacta, “reduzida” e “codificada” em unidades de aprendizado.
Na crítica formulada por Freire 14 acerca da prática da educação bancária, o círculo de cultura quebra a disposição hierárquica ao organizar as pessoas num círculo, pois nele ninguém ocupa um lugar de destaque. Em vez de um professor que detém o conhecimento e o transmite aos alunos, há a figura do coordenador, cuja função é auxiliar o diálogo entre os participantes e lhes propor a construção coletiva do saber solidário, numa dinâmica a partir da qual cada um ensina e aprende 15 . A dinâmica se desenvolve por meio de uma circularidade que vai se transformando em um espaço-tempo diferente do que é comum para uma sala de aula. Ninguém dá as costas a ninguém, todos se olham nos rostos uns dos outros, todos se veem. Todos se reconhecem no círculo, numa atitude de comunicação e interação que se realiza em condições de igualdade, não obstante a diversidade dos sujeitos, com suas existências individuais, seus desejos, medos, inquietações, sonhos e esperanças.
Considerando os princípios da igualdade entre os sujeitos, da conquista da autonomia, do respeito à diversidade, da originalidade de cada participante e da consideração do contexto social, o processo do círculo de cultura se constitui de três elementos estruturantes fundamentais: a codificação e descodificação, o tema gerador e o conteúdo programático 16 .
O primeiro elemento é a tematização a partir do levantamento do universo vocabular da comunidade, este codificado em palavras e imagens que são apresentadas aos participantes do círculo a fim de serem por eles descodificadas, em um exercício do pensamento dialético – na análise do concreto – existencial e “codificado”. O objetivo é “chegar ao contexto real a partir do conhecimento cotidiano que cada participante tem” 17 . A codificação e a descodificação são dois momentos dialéticos que ajudam na definição de outro importante elemento do círculo de cultura: o tema gerador.
Segundo Marinho 18 , no círculo de cultura, o coordenador tem como primeira tarefa “a criação de condições para que todos os participantes descubram, no contexto gerador, os temas geradores ou a temática significativa para a compreensão crítica da realidade”. Como a realidade se encontra codificada, o tema gerador vai ajudar no processo de construção do conhecimento a partir da leitura do mundo dos participantes e por meio da dinâmica de codificação-descodificação. É um exercício epistemológico de busca e de criação que “exige de seus sujeitos que vão descobrindo, no encadeamento dos temas significativos, a interpretação dos problemas” 19 . O tema gerador é a base semântica a partir da qual se escolhem as palavras geradoras que serão utilizadas no processo de alfabetização.
O conteúdo programático do círculo de cultura é organizado a partir da investigação temática e da situação concreta e existencial da comunidade, refletida criticamente pelos participantes. É a sistematização dos temas que emergem nas inter-relações que ocorrem no círculo, tendo por objetivo articular o movimento de reflexão-ação-reflexão.
É neste sentido que o círculo de cultura se revela como o lugar da episteme, um espaço-tempo da produção de conhecimento e da construção de saberes, porquanto se forma ali uma coletividade que, através do diálogo, da comunicação e da partilha da diversidade de vivências e histórias, faz cultura, tece a linguagem e constrói o modo de ler e de dizer a palavra e o mundo. Constituindo-se como este lugar de elaboração de saberes e de construção coletiva de uma episteme, o círculo de cultura revela que seus participantes, além de serem sujeitos comunicativos, são sujeitos do conhecimento, como explicita Marinho 20 :
Ninguém pode conhecer por outro, logo, o animador de debate deve desafiar o grupo a perceber-se na e pela própria prática como sujeitos capazes de saber. Assim, não se dicotomiza prática de teoria, pensamento de ação, filosofia de linguagem e tampouco se separa objetividade de subjetividade do sujeito que aprende e ensina ao aprender, que desenvolve sua curiosidade epistemológica à produção de seu conhecimento e do conhecimento coletivo. Construção essa, que constitui em mais um essencial elemento do Círculo de Cultura.
Segundo Freire 21 , o círculo favorece a interação, isto é, a comunicação entre pessoas de condições sociais e profissionais diferentes que não se misturam, seja por motivos culturais ou convenções sociais. A concepção de dialogicidade no pensamento freiriano pressupõe uma postura de respeito mútuo e um intercâmbio de saberes intelectuais e populares, considerando que “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros” 22 . Nesse sentido, a proposta freiriana do círculo de cultura constitui um mecanismo de construção coletiva do conhecimento, que se concretiza num grupo formado por especialistas e pessoas comuns que, juntos, problematizam a realidade com o objetivo de desenvolver o conteúdo programático da ação educativa 23 .
O círculo de cultura é o espaço-tempo da leitura do mundo e da leitura da palavra, numa circularidade comunicativa coletiva. No pensamento freiriano 24 , “a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de ‘escrevê-lo’ ou de ‘reescrevê-lo’, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente”, prática sobre a qual se reflete e que vai constituindo o sujeito como ser consciente, livre e comunicativo.
Nascido no chão da realidade dos movimentos de cultura popular, a partir da realidade das comunidades oprimidas que começavam a se organizar com o intuito de tomar nas próprias mãos as rédeas do seu destino 25 , o círculo de cultura logo se revelou uma experiência de educação libertadora. A sua organicidade e estrutura circular, baseada no respeito à igualdade e à diversidade dos sujeitos, com um coordenador que anima o intercâmbio de saberes e em que cada um tem igual direito de fala e de escuta, favorece a construção coletiva de conhecimentos. Assim, o círculo de cultura se revela como o lugar da episteme e da palavra que escreve, reescreve e diz o mundo. Quanto à sua dinâmica, revela-se como um espaço-tempo dialógico, tendo na comunicação e no diálogo o seu principal fundamento.
3. AS IMPLICAÇÕES E DIMENSÕES DAS DINÂMICAS DIALÓGICAS DO CÍRCULO DE CULTURA: REFLEXÕES PARA COMUNICAR-FORMAR PELA LEITURA DO MUNDO E DA PALAVRA
O círculo de cultura, por ser um espaço-tempo educativo formado por diferentes subjetividades e em que circulam diferentes saberes, “assume a experiência do diálogo de forma coletiva e solidária em todos os momentos do processo, de tal sorte que seu produto – o conhecimento gerado – seja resultante dessas situações” 26 . A dialogicidade é, assim, a marca estruturante e dinamizadora desta experiência educativa, que gera um movimento crítico que abre a escola às comunidades. Gomez 27 assevera que o círculo de cultura, “enquanto estratégia dialógica, remete a uma compreensão dialética da educação, gerando um movimento crítico de pessoas, saberes e poderes para a transformação socioeducacional”. É uma experiência que, considerada como uma opção político-pedagógica, e não simplesmente uma metodologia, abre a escola à comunidade e a conhecimentos não estabelecidos previamente. Assim, as situações de diálogo que ocorrem neste dinamismo circular comunicativo são capazes de concretizar o inédito-viável que possibilita a superação das situações-limites.
A dimensão dialética e dialógica do círculo de cultura está baseada no inacabamento ou inconclusão do ser humano, chamado ontologicamente a ser mais28 , num processo permanente de devir que tece, “no diálogo comprometido e posicionado a favor dos oprimidos, a máxima consciência possível dos participantes naquele momento” 29 , buscando a transformação da realidade.
Os círculos de cultura exigem conteúdos educativos novos, de níveis diferentes, o que demanda novas pesquisas temáticas. Tal dialeticidade produz uma dinâmica que supera o caráter estático da concepção ingênua da educação, ou educação bancária, como “pura transmissão de ’conhecimentos” 30 . É importante considerar, no entanto, a necessidade de um conhecimento prévio acerca das aspirações, dos níveis de percepção da realidade, da visão de mundo e dos saberes que trazem os participantes do círculo. A partir deste conhecimento será organizado o conteúdo programático, constituído por temas geradores sobre os quais educador e educando, como sujeitos cognoscentes, construirão saberes e novos conhecimentos 31 .
Na dialogicidade que marca a dinâmica dos círculos de cultura, constitui-se a relação comunicativa entre os sujeitos cognoscentes, em seu exercício de conhecimento, de leitura do mundo. Sem a intercomunicação entre tais sujeitos não seria possível o conhecimento objetivo do mundo e da realidade, como explicita Freire 32 :
A intersubjetividade ou a intercomunicação é a característica primordial deste mundo cultural e histórico. Daí que a função gnosiológica não pode ficar reduzida à simples relação do sujeito cognoscente com o objeto cognoscível. Sem a relação comunicativa entre sujeitos cognoscentes em torno do objeto cognoscível desapareceria o ato cognoscível.
A concepção freiriana de comunicação, entendida como “relação social, cujo processo de interação coloca os sujeitos em diálogo, mesmo que eles tenham perspectivas diferentes” 33 , constitui o fundamento e a intenção do círculo de cultura: a formação de sujeitos críticos, conscientes e livres que, em relação com outros, constroem conhecimento. Segundo Freire, a educação “deriva desta perspectiva comunicacional e emancipatória, que só se dá de maneira contextualizada e tendo em conta a totalidade social” 34 .
Ao propor uma reflexão sobre as ideias de Freire acerca dos conceitos de comunicação e cultura, Lima 35 assevera que, para o educador, “a comunicação significa coparticipação dos sujeitos no ato de pensar e que o objeto do conhecimento não pode se constituir no termo exclusivo do pensamento, mas, de fato, é o seu mediador”. O conhecimento é, assim, construído nas relações entre os seres humanos e o mundo, enquanto a comunicação é “a situação social na qual as pessoas criam conhecimentos juntas, transformando e humanizando o mundo em vez de transmiti-lo, dá-lo ou impô-lo” 36 . A comunicação é, portanto, uma interação que se estabelece entre sujeitos iguais e criativos.
O círculo de cultura é um espaço-tempo estratégico de, ao mesmo tempo, aprendizagem e construção de saberes, organizado circularmente por pessoas que trazem, cada uma, histórias, visões de mundo, culturas e jeitos de ser e de viver. Os participantes se comunicam, face a face, codificando e decodificando suas realidades para, a partir desta base, escolher o tema gerador para o debate, seguido de novas construções. Neste sentido, é importante refletir sobre o fato de que, no círculo de cultura, o respeito à esta diversidade e à dignidade da vida e da história do outro é fundamental para que haja uma escuta autêntica e uma comunicação verdadeira, considerando que o diálogo autêntico não pode se resumir a uma experiência racionalista, como reflete Freire 37 : “[…] é como uma totalidade – razão, sentimentos, emoções, desejos –, que meu corpo consciente do mundo e de mim capta o mundo a que se intenciona”.
Esta perspectiva da formação integral na educação freiriana, que considera o ser humano em sua totalidade, não se restringindo à dimensão racional, é, também, uma característica da experiência dos círculos de cultura, que se revela um espaço-tempo da sensibilidade, do cuidado e do respeito. É o lugar de sentir e perceber o outro e de se permitir ser sentido e percebido. A comunicação dialógica se realiza quando há tal movimento de sair de si mesmo em direção ao outro. Na perspectiva de Buber 38 , “para podermos sair de nós mesmos em direção ao outro, é preciso, sem dúvida, partirmos do nosso próprio interior, é preciso ter estado, é preciso estar em si mesmo”. Segundo o filósofo, é através do diálogo que o indivíduo se torna pessoa, pois se questiona “[…] por que meios poderia um homem transformar-se, tão essencialmente, de indivíduo em pessoa, senão pelas experiências austeras e ternas do diálogo, que lhe ensinam o conteúdo ilimitado do limite?” 39
A dialogicidade, segundo Pitano 40 , “é o resultado permanente do processo de troca recíproca, intersubjetiva, em um movimento de ‘sair-de-si’ em direção a si mesmo, ao outro e ao mundo”. Não se trata, portanto, de uma disputa argumentativa, em que uma pessoa quer convencer a outra de suas certezas e convicções, mas de uma contribuição para o crescimento coletivo, isto é, para a construção de saberes. É este o dinamismo dialógico do círculo de cultura, que visa à “ampliação da capacidade de diálogo com os outros e com o mundo, acompanhada de uma maior captação da esfera existencial” 41 , abrindo espaço para a conscientização do sujeito.
O diálogo no interior do círculo de cultura se desenvolve pela valorização da palavra e pela escuta dos participantes do processo, numa acolhida mútua, livre de preconceitos e pré-julgamentos. Essa dinâmica provoca a ação pelas palavras, que, “transformadas pela criticidade dialética e dialógica tornam-se palavra-ação, atividade humana de significação e transformação do mundo” 42 . Desse modo, o processo dialógico fortalece o conhecimento construído coletivamente como “uma forma de intervenção no mundo” 43 . O crescimento da consciência crítica e da atitude firme e decidida na reflexão-ação para a transformação da realidade é, portanto, o resultado do processo vivido pelos participantes dos círculos de cultura, que se configura em um espaço-tempo dialógico para comunicar-formar sujeitos sociais pela leitura do mundo e da palavra.
4. A POTÊNCIA FORMATIVA E TRANSFORMADORA DO CÍRCULO DE CULTURA: TESSITURAS CRÍTICAS ACERCA DA FORMAÇÃO DO SUJEITO SOCIAL
A proposta educativa de Freire encontra nos círculos de cultura uma de suas mais importantes expressões, considerando que a dinâmica dos círculos, marcada pela dialogicidade na perspectiva da conscientização, está fundamentada em pressupostos filosóficos, antropológicos e metodológicos que os gabaritam não somente como um método de alfabetização de adultos, mas também, e acima de tudo, como um método que move os sujeitos a pensar sobre suas realidades em uma dinâmica de ação-reflexão-ação. O círculo favorece o diálogo criativo, em que “todos sabemos algo e todos ignoramos algo, mas onde todos juntos podemos buscar e saber mais. É uma estratégia de problematização de situações para desmascarar, analisar e dialogar com os outros e assim superar a consciência ingênua” 44 , em vista da transformação da realidade, como assevera Dantas 45 :
Paulo Freire fala de educação como conscientização, reflexão rigorosa sobre a realidade em que se vive, com o entrelaçamento das linguagens e suas respectivas lógicas epistêmicas […]. O Círculo de Cultura constitui-se locus da vivência democrática, de formas de pensamentos, experiências, linguagens e de vida, que possibilita o estabelecimento de condições efetivas para a democracia de expressões, de pensamentos e de lógicas com base no respeito às diferenças e no incentivo à participação em uma dinâmica que lança o sujeito ao debate, focando os problemas comuns.
Esse olhar atento à realidade provoca a atitude crítica dos participantes, potenciando a sua liberdade e autonomia enquanto sujeitos de sua própria história, capazes de intervir na realidade social para transformá-la, como exemplifica Weffort 46 ao destacar o nível de consciência política dos que são formados nessa dinâmica: “Os homens do povo que tomaram parte nos círculos de cultura fazem-se cidadãos politicamente ativos ou, pelo menos, politicamente disponíveis para a participação democrática”. A experiência da atualização políticas da cidadania social e econômica real, vivida no círculo por estes homens oprimidos e excluídos pelo sistema, transformava-os em sujeitos sociais dispostos a reescrever a história por uma perspectiva libertadora, igualitária e inclusiva.
A capacidade de ler o mundo e intervir nele é resultado do processo de emancipação vivido pelos participantes do círculo de cultura. Referindo-se à dinâmica da alfabetização, Freire 47 afirma que “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”. É a palavra, portanto, que estabelece uma circularidade de comunicação que constitui e revela tudo e todos, bem como a relação do ser humano consigo, com os outros e com o mundo, concebendo a realidade como algo dinâmico em sua totalidade. Assim, o sujeito social vai se constituindo nessa circularidade dialógica “como sujeito livre, autônomo, capaz de transformar o mundo e a si mesmo, ao mesmo tempo em que considera os outros também como sujeitos autônomos e livres” 48 .
Autônomo, integrado e livre, o ser humano é sujeito da sua história. Percebe-se não apenas como um ser enraizado historicamente, mas também como alguém capaz de expressar a sua humanização, exercitar a sua liberdade, agir com consciência e assumir os desafios e as tarefas do seu tempo com o auxílio de uma dinâmica de reflexão-ação-reflexão que o faz capaz de interferir e transformar a realidade. No círculo de cultura, fica evidente que esta emancipação não ocorre por meio de uma perspectiva individual e egoísta; o sujeito social se constitui na coletividade, em comunicação dialógica com os outros, como explicita Pitano 49 :
[…] Avançar sozinho é buscar apenas a emancipação, assumindo o individualismo sistêmico. A plenitude da existência, embora sempre se fazendo, consiste em poder pronunciar o mundo, atitude do sujeito que transforma o meio em que vive. Por isso, a dimensão coletiva se revela um imperativo […]. É impossível pronunciar o mundo sozinho, da mesma forma que tornar-se sujeito quando apartado dos outros […]. O sujeito, assim, se constitui pela interação com os demais e com a sua consciência. A horizontalidade do diálogo estabelece relações de confiança e reconhecimento, verdadeira comunhão no processo esperançoso de vir a ser mais . Por isso, o diálogo compõe um dos princípios basilares do processo de constituição do sujeito social.
É na interação com os outros que o ser humano se percebe como indivíduo e como sujeito, segundo Freire 50 : “[…] não é o eu, não é o ‘eu existo’, ‘eu penso’, que explica o ‘eu existo’. É o ‘nós pensamos’ que explica o ‘eu penso’. Não é o ‘eu sei’ que explica o ‘nós sabemos’. É o ‘nós sabemos’ que explica o ‘eu sei’”. No diálogo com outros sujeitos, o ser humano exercita sua liberdade e autonomia, crescendo em sua capacidade de decisão, na busca incessante “pelo direito de ser sujeito da história” 51 . A partir do momento em que começa a agir mais crítica e eficazmente sobre a realidade, o sujeito também se transforma, pois, quando a ação e a reflexão se articulam na práxis, provocam mudança e crescimento na perspectiva do ser mais . Nesse sentido, “a plenitude da existência – sempre entendida como algo que está em processo, fazendo-se – consiste no fato de o sujeito poder dizer o mundo, pronunciá-lo, transformando o meio em que vive de forma consciente e responsável” 52 .
Na perspectiva freiriana da educação – concebida em torno da visão integral do ser humano em todas as dimensões do seu existir no mundo –, é necessário destacar a importância do corpo para a comunicação dialógica do círculo de cultura e seu papel na constituição do sujeito social. A respeito deste tema, Freire 53 oferece uma reflexão bastante significativa:
É o que eu faço, ou talvez melhor, o que eu faço faz meu corpo. […] Meu corpo consciente está sendo porque faço coisas, porque atuo, porque penso já. A importância do corpo é indiscutível; o corpo move-se, age, rememora a luta de sua libertação, o corpo afinal deseja, aponta, anuncia, protesta, se curva, se ergue, desenha, e refaz o mundo. Nenhum de nós, nem tu, estamos aqui dizendo que a transformação se faz através de um corpo individual. Não, porque o corpo se constrói socialmente.
Esta declaração de Freire, destacando que “meu corpo consciente está sendo porque faço coisas, porque atuo, porque penso já”, revela o lugar e a importância do corpo no círculo de cultura. Como seres aprendentes e ensinantes, cada um traz no corpo as marcas da sua história: seu jeito de olhar, falar, silenciar, ser etc. A disposição das pessoas em círculo favorece o diálogo, a escuta autêntica, a fala livre e transparente e a comunicação verdadeira. O fato de todos poderem se olhar, se ver e se observar de frente, sem uma hierarquia de papéis e de posições que possam inibir a fala ou o silêncio, potencia a comunicação dialógica na perspectiva democrática de participação cidadã num projeto de sociedade, beneficiando o crescimento de todos. Assim, o conhecimento de si, dos outros e da realidade se constroem em circularidade, fomentando saberes para a transformação e o crescimento pessoal e coletivo.
O processo educacional no círculo de cultura, segundo Freire 54 , dá-se de tal forma que, por meio do diálogo, “há um crescendo criativo de novas descobertas, individuais e coletivas, que não educa o sujeito apenas para um determinado saber ou fazer”. Na visão do educador 55 , o que se aprende no círculo vai além do desenvolvimento de uma habilidade específica:
Nesse círculo se prepara para a vida crítica em sociedade e para a redescoberta do próprio ser humano como tal e como ser social, que vive em permanente contato com os seus próprios limites e com as suas potencialidades no encontro e no confronto com o outro, com quem disputa poder, mas que ao mesmo tempo, reconhecendo-se diferente, ao se relacionar, se reconhece melhor no outro e, com a ajuda dele, enxerga melhor a si mesmo e pode, por conseguinte, intervir crítica e radicalmente no contexto, no mundo em que vive.
O círculo de cultura é, por conseguinte, um espaço-tempo propício à formação do sujeito social, favorecendo o seu crescimento em consciência crítica a respeito de si, dos outros e da realidade em que vive, atuando eficazmente para a transformação da sociedade. Marcada pela dialogicidade criativa, geradora de saberes em coletividade, a experiência vivida no círculo se revela como uma dinâmica de comunicação e educação que vincula, de forma crítica, o sujeito à realidade, articulando os aspectos epistêmicos com as atitudes éticas necessárias para a transformação social.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pergunta sobre as potencialidades dos círculos de cultura como espaço-tempo educativo, postas em evidência por Freire na experiência de Angicos, mobilizaram a reflexão apresentada neste estudo. Na conclusão deste itinerário reflexivo, percebe-se a relevância e a pertinência de retomar a reflexão acerca dos círculos de cultura no contexto da celebração do centenário de nascimento do patrono da educação brasileira, pela constatação de que esta é uma experiência socioeducativa em que estão presentes, de forma bastante explícita, os elementos basilares da pedagogia freiriana.
Ao considerar a gênese e os aspectos teóricos e metodológicos dos círculos, evidenciam-se as suas possibilidades de organicidade como uma experiência de comunicação-educação em circularidade. Em uma sociedade em que o fenômeno da comunicação se torna cada vez mais complexo, os círculos de cultura ajudam a compreender o processo educativo como uma dinâmica de formação do sujeito na perspectiva da práxis, no sentido do ser mais e na articulação da reflexão-ação-educação, em que o sujeito está implicado com todo o seu ser, saber e sentir, uma vez que tem a permanente atitude de buscar conhecer e compreender a si mesmo e ao mundo junto com os outros. Assim, o indivíduo é capaz de interferir na realidade, transformando-a a partir da práxis e da ação reflexiva, visto que está munido de saberes construídos em coletividade.
Tomando o diálogo como uma das categorias centrais do pensamento pedagógico freiriano, o estudo considerou as implicações das dinâmicas dialógicas dos círculos de cultura para a comunicação-formação dos sujeitos pela leitura do mundo e da palavra. Constatou-se a necessidade de recuperar a reflexão sobre a noção freiriana de comunicação e foi possível observar o quanto ela está presente no processo educativo que visa à formação do ser humano para a prática da liberdade por meio do diálogo e da interação com os demais. Soma-se a isto, ainda, o fato de o círculo de cultura ser um espaço-tempo socioeducativo epistêmico, que constrói coletivamente conhecimentos.
O potencial transformador dos círculos de cultura para a formação dos sujeitos sociais fica evidente na observação da própria dinâmica da experiência socioeducativa. Nela, o sujeito se constitui em diálogo com outros sujeitos, aprendendo a dizer o mundo e a palavra, ou seja, descobre como dizer-comunicar a si mesmo, revisitando a sua história, reconhecendo seus desejos e sonhos, sua identidade e dignidade, enfim, sua humanidade. No círculo, o sujeito aprende, em coletividade, como ler, escrever, dizer e comunicar o mundo. Nessa dinâmica, o sujeito se torna capaz de usar a palavra para denunciar o que desumaniza e destrói a vida do ser humano no mundo e anunciar o que deve ser vivido e cultivado como valor de transformação social e de humanização.
Dessa forma, no círculo de cultura, por meio do diálogo e da possibilidade que lhe é oferecida de manifestar as suas inquietações, o sujeito social aprende a reconhecer criticamente as situações-limites que o desafiam e que ameaçam suas esperanças e a descobrir, em grupo, o inédito-viável que pode, do aparentemente impossível, realizar a utopia, ou seja, a superação improvável dos limites impostos pelo contexto social adverso. Os círculos de cultura são, portanto, um espaço-tempo socioeducativo e político de concretização do sonho freiriano de pensar/fazer uma sociedade alicerçada na esperança.
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Notas
Autor notes
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