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Perspectiva do Turismo Rural como Alternativa de Renda para Agricultura Familiar: Análise de Trabalhos Científicos
Rural Tourism’s Perspectiveas Alternative Family Income for Agriculture: Scientific Papers’analysis
Perspectiva do Turismo Rural como Alternativa de Renda para Agricultura Familiar: Análise de Trabalhos Científicos
Desenvolvimento em Questão, vol. 15, núm. 38, pp. 197-227, 2017
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
Recepção: 12 Maio 2015
Aprovação: 05 Abril 2016
Resumo: O objetivo deste artigo é levantar e analisar estudos relacionados ao turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar. Nas últimas décadas diversos proprietários rurais vêm diversificando suas atividades, com o turismo rural conciliando estas atividades econômicas com as demais de suas propriedades. É relevante o número de propriedades rurais que estão incorporando atividades turísticas em suas rotinas. Foram analisados 20 artigos científicos e 6 teses e dissertações publicados entre 2007 e 2015. A metodologia adotada foi concebida como uma pesquisa bibliográfica. Para atingir o objetivo os dados foram coletados e analisados a partir dos seguintes procedimentos: pesquisa nos sites dos periódicos; classificação dos temas abordados e a análise dos dados. Os estudos concluem que o turismo no espaço rural não pode ser encarado como uma atividade não agrícola milagrosa, mas sim como uma alternativa ou um complemento de renda, além de proporcionar melhor qualidade de vida para essas famílias.
Palavras-chave: Turismo rural, Agricultura familiar, Geração de renda.
Abstract: The paper aims to survey and analyze studies related to rural tourism as an alternative income for family farmers. In recent decades many farmers have diversified their activities to rural tourism reconciling these economic activities with the other of its properties. The number of farms that are incorporating tourist activities in their routines is relevant. We analyzed twenty scientific papers and six theses and dissertations published between 2007 and 2015. The methodology was conceived as a literature search. To achieve the goal, the data were collected and analyzed from the following: Research the websites of journals; classification of topics and data analysis. The studies conclude that tourism in rural areas cannot be regarded as an activity miraculous nonfarm, but as an alternative or an income supplement, and provide quality of life for these families.
Keywords: Rural Tourism, Agriculture and family, Income generation.
Na década de 80 do século 20, devido à grande expansão das inovações tecnológicas que se sucederam na produção alimentícia, produtores menores e com recursos financeiros limitados para ampliação de sua capacidade produtiva e maiores investimentos, perderam espaço no mercado interno, em virtude dos grandes latifúndios, os quais, com investimentos diversificados, conseguiram aumentar a produção e diminuir o valor final do produto (SILVA, 2010; WHITACKER, 2012).
Segundo o Ministério do Turismo – MTur (BRASIL, 2004), a partir desta situação houve um estímulo ao desenvolvimento de atividades paralelas com a agricultura nessas propriedades rurais, a fim de valorizar a ruralidade, ampliar os recursos e resultados obtidos, e consequentemente, proporcionar inclusão social.
Entre estas iniciativas destaca-se a atividade turística realizada no espaço rural, chamada de turismo rural – TR. Turismo rural
é o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade (BRASIL, 2003, p. 23).
Além disso, o avanço das políticas públicas para a agricultura familiar, a partir do ano de 2006, oportunizou a construção do conceito e da prática do turismo rural na agricultura familiar.
Nesse prisma, formulou-se a seguinte pergunta de pesquisa: Qual atual discussão científica sobre o turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar?
Este estudo tem como objetivo analisar trabalhos científicos que foram desenvolvidos sobre turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar.
O turismo rural surge como forma de alternativa de renda, um negócio que proporciona aos proprietários rurais manter suas propriedades produtivas, além de gerar empregos à população local. Também desperta a consciência e compreensão ecológicas, transformando os moradores, de forma espontânea, em agentes conservadores da natureza, sobretudo à medida que percebem o turismo como fonte de economia.
REFERENCIAL TEÓRICO
O estudo está fundamentado em turismo, turismo rural, turismo rural na agricultura familiar e alternativa de renda para agricultura familiar.
Turismo Rural
O turismo rural teve suas primeiras experiências registradas no Brasil EM 1984, no município de Lages-SC, quando um grupo de proprietários rurais, em virtude das dificuldades econômicas que surgiam no setor agropecuário, decidiram diversificar suas atividades, passando a receber turistas em suas propriedades (ZIMMERMANN, 1996). Desde então, a prática do turismo rural vem se expandindo de maneira significativa nas diferentes regiões brasileiras, destacando-se como uma atividade não agrícola com potencial para promover o desenvolvimento local, favorecendo a dinamização social e econômica das áreas rurais.
O turismo rural também contribui para proporcionar bem-estar às famílias envolvidas com a atividade, fazendo com que passem a sentir orgulho de sua origem e se conscientizem da preservação de seu patrimônio, que é enaltecido pelo turista, que procura o campo para satisfazer suas necessidades de lazer, interagindo com a comunidade local e com as atividades que são comuns aos residentes. O jeito simples e acolhedor do homem do campo também chamam a atenção do turista, ou mesmo o desejo de resgatar sua cultura e sua origem, além de afastá-lo, por um determinado tempo, do tumulto e da poluição da cidade grande (ZIMMERMANN, 1996).
O conceito adotado pelo Ministério do Turismo (BRASIL, 2004) define turismo rural como
[...] o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometidas com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade (BRASIL, 2003, p. 11).
Assim, além do comprometimento com as atividades agrícolas e pecuárias, tal atividade caracteriza-se pela valorização do patrimônio cultural e natural, considerados elementos da oferta turística no meio rural. Entendido dessa forma, o turismo rural estaria relacionado às especificidades do rural, como paisagem, estilo de vida e cultura rural (TULIK, 2006).
Trata-se, portanto, de uma atividade que, na sua forma mais original e “pura”, deve estar instituída em estruturas essencialmente rurais, de pequena escala, situadas ao ar livre, favorecendo ao visitante o contato direto com a natureza, com a herança cultural das comunidades do campo e, também, com as denominadas sociedades e práticas “tradicionais” (RUSCHMANN, 2000).
Turismo Rural na Agricultura Familiar
O Turismo Rural na Agricultura Familiar (Traf) é a atividade turística que ocorre no âmbito da propriedade dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando o bem-estar aos envolvidos.
O Traf é uma expressão que tomou força acompanhada de outras designações como: agroturismo, ecoturismo, turismo esportivo, turismo cultural, entre outros, que têm revalorizado o território, grupos sociais rurais e carreado um crescente fluxo de urbanistas (FROEHLICH, 2000).
Apesar do amplo número de termos usados para definir turismo rural, o conceito mais aceito atualmente é o definido pela Lei nº 15.143, de 31 de maio de 2006, o qual define que Traf são:
Todas as atividades turísticas que ocorrem na unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem-estar aos envolvidos (PARANÁ, 2006, art. 1º).
O Traf mantém aspectos da ruralidade que se encontram ainda presentes em pequenas propriedades estruturadas a partir da ótica da produção familiar. Estas propriedades, por fatores diversos, como isolamento geográfico, manutenção de processos tradicionais de produção de alimentos, valorização das formas de tratamento entre familiares, entre outros, conseguem manter os aspectos da ruralidade (SCHNEIDER, 2006).
Nesse contexto, o turismo passa a ser um forte aliado para manter as famílias no campo, revelando-se como uma possibilidade para melhorar os rendimentos de proprietários rurais e valorizar os modos de vida tradicionais, a ruralidade e o contato harmonioso com o ambiente natural. Os agricultores buscam no turismo uma complementação da renda ou, muitas vezes, mudam a atividade original, configurando um novo uso do território, baseado no patrimônio histórico, cultural e arquitetônico (GUZZATTI; TURNES, 2011).
Nos últimos anos essa realidade do espaço rural vem passando por profundas transformações, quer seja no avanço da modernização agrícola, no estilo de vida, bem como na inclusão de novas atividades como fonte de renda (SILVA, 1999).
A valorização e o estímulo às formas de ocupação, emprego e geração de renda que promovem as atividades não agrícolas no meio rural ganham destaque. O turismo rural, assim como as várias formas de prestação de serviços, agregação de valor aos produtos agrícolas, valorização de atributos locais e ambientais são exemplos destas novas formas de empreendedorismo rural (SCHNEIDER, 2006).
Além da valorização do espaço rural e da agregação de renda à família, o Traf e outros termos que envolvem o turismo rural também contemplam a preservação do ambiente e, todos juntos, fazem parte da estrutura atrativa para a propriedade. O agroturismo na sua importância para o meio rural desenvolve atividades voltadas para a sustentabilidade, resguardar e envolver a população residente, preservar os recursos naturais e culturais, envolver instituições públicas e empresas privadas e gerar renda (PARRA; SILVA; CHEHADE, 2006).
Turismo Rural e Geração de Renda
Ao longo do século 20, diante das muitas realidades da agricultura e do mundo rural em diversos países, iniciam-se as discussões em torno de termos como agricultor em tempo parcial, atividades não agrícolas no meio rural, empregos múltiplos, fontes de renda diversificadas e pluriatividade.
No Brasil, somente na década de 90 é que a temática despertou o interesse de pesquisadores, com destaque para os trabalhos de Schneider (1994, 1999), Graziano da Silva (1997, 1998) e Kageyama (2008).
Kageyama (2008) lembra que foi entre a década de 70 e o início dos anos 80 que longos debates foram realizados, principalmente na Europa e nos Estados Unidos sobre o assunto, no entanto a expressão que caracterizou o discurso no final dos anos 80 na Europa foi pluriactivity, conhecida no Brasil como pluriatividade.
A pluriatividade remete a um fenômeno em que os componentes de uma unidade familiar executam diversas atividades com o objetivo de obter uma remuneração com isso. Estas atividades tanto podem se desenvolver no interior como no exterior da própria propriedade, por meio da venda da força de trabalho familiar, da prestação de serviços a outros agricultores ou de iniciativas centradas na própria exploração – industrialização em nível da propriedade, turismo rural, agroturismo, artesanato e diversificação produtiva – que conjuntamente impliquem o aproveitamento de todas as potencialidades existentes na propriedade e/ou em seu entorno (RABAHY, 1990).
Inseridos no contexto da pluriatividade, isto é, da diversificação das atividades agrícolas e não agrícolas desenvolvidas dentro e fora das unidades de exploração familiar, o lazer e o turismo no meio rural vêm sendo vistos como promissoras alternativas de renda para os agricultores familiares, fazendo com que haja um significativo crescimento das propriedades rurais que oferecem atividades de lazer e turismo.
Segundo Rosa (apud Sampaio, 2002), estão surgindo novas configurações no espaço rural, traduzidas pelas possibilidades de aumento do trabalho não agrícola, como atividades de lazer, turismo, artesanato, residência, preservação do meio ambiente, etc.
Segundo Silva (2001, p. 44),
as novas dinâmicas em termos de geração de emprego e renda no meio rural brasileiro têm origem urbana, ou seja, são impulsionadas por demandas não agrícolas das populações urbanas, como é o caso das dinâmicas imobiliárias por residência no campo e dos serviços ligados ao lazer (turismo rural, preservação ambiental, etc.)
As mudanças no rural, decorrentes principalmente da integração com mercados e com a população urbana, refletem também na organização do trabalho familiar e no próprio modo de vida dos membros da família, de forma diferenciada. Nesse sentido, o consumo é redefinido de acordo às aspirações ao acesso a bens disponíveis, sejam eles materiais ou culturais (SAMPAIO, 2002).
Para Sampaio (2002), essas alterações fazem com que o agricultor familiar tenha de se adaptar, criando novas estratégias para garantir sua reprodução. Dentro dessas estratégias está a inserção de agricultores familiares em atividades de lazer e de turismo, a qual vem sendo considerada vantajosa por parte de políticos e alguns pesquisadores e incentivada pelo poder público e pela iniciativa privada.
Para Bovo, Logatto e Pimentel (2006), as vantagens potenciais do turismo rural na agricultura familiar seriam:
revitalização do espaço rural;
inserção competitiva de pequenas propriedades no mercado;
valorização da policultura;
emprego de mão de obra;
recuperação da autoestima;
dinamização econômica local;
valorização da cultura;
preservação do meio ambiente
Além da conhecida ênfase aos benefícios econômicos, socioculturais e ambientais, entre as vantagens apontadas pelos autores citados, destaca-se a perspectiva de inserção competitiva de pequenas propriedades no mercado. Conforme levantado por Santos (1996), a competitividade apresenta-se como uma forte arma a favor dos atores hegemônicos do capital, e sua disseminação é uma estratégia de expansão do capitalismo globalizado, que não se preocupa com o lugar e com seus habitantes.
Mesmo assim, o turismo rural na agricultura familiar vem sendo considerado uma das grandes alternativas de emprego e renda para as famílias rurais, tendo atualmente, apoio institucional do governo federal, por meio do Programa Nacional de Turismo Rural na Agricultura Familiar (BRASIL, 2003).
METODOLOGIA DE PESQUISA
Segundo Collis e Hussey (2005), metodologia é a maneira global de tratar o processo de pesquisa, iniciando na base teórica indo até a coleta e análise dos dados. Para Bastos et al. (2002), o fundamento básico de uma boa metodologia está vinculado a um plano detalhado de como alcançar os objetivos da questão pretendida.
A metodologia adotada foi concebida como uma pesquisa bibliográfica, pois o objetivo foi pesquisar o turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar em trabalhos científicos publicados entre 2007 e 2015.
De acordo com Oliveira (2007), a pesquisa bibliográfica é uma modalidade de estudo e análise de documentos de domínio científico tais como livros, periódicos, enciclopédias, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos.
Para atingir o objetivo os dados foram coletados e analisados a partir dos seguintes procedimentos:
a) Pesquisa no portal de periódicos e no Banco de Teses da Capes. Posteriormente, avaliaram-se os resumos e problemas de pesquisa dos estudos. Outra forma de busca foi a análise das palavras-chave dos trabalhos: turismo rural, agricultura familiar e alternativa de renda.
b) Classificação dos temas abordados, observando as convergências de assuntos.
c) A análise dos dados utilizando o método de inclusão e exclusão.
Os critérios de inclusão no presente estudo foram: artigos, teses e dissertações publicados entre 2007 e 2015 que avaliavam o turismo rural como alternativa de renda para agricultura familiar. Foram utilizados os seguintes critérios de exclusão: artigos, teses e dissertações relacionados aos assuntos que não abordam o turismo rural como alternativa de renda no desenvolvimento do trabalho.
Com esses procedimentos, no Portal dos Periódicos da Capes, quando se busca a palavra-chave “turismo rural” obtém-se um resultado de 1.590 artigos; com “turismo rural” e “agricultura familiar” 182 artigos, inserindo a palavra-chave “alternativa de renda” foram encontrados 42 artigos. Utilizando o método de exclusão, dos 42 artigos encontrados foram selecionados 20, nos quais fica claro o turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar.
Utilizando os mesmos procedimentos, no Banco de Teses da Capes, quando se busca a palavra-chave “turismo rural” obtém-se um resultado de 190 teses e dissertações, com “turismo rural” e “agricultura familiar” 110 teses e dissertações; inserindo a palavra chave alternativa de renda foram encontrados 38 teses. Utilizando o método de exclusão, das 38 teses e dissertações encontradas foram selecionados 6 teses e dissertações nas quais fica claro o turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar.
Foram estudados outros artigos, teses e dissertações sobre turismo rural e agricultura familiar, mas não foram citados pela delimitação do período.
O Quadro 1 apresenta artigos publicados entre 2007 e 2015, nacionais e internacionais, em que o principal objetivo é o turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar.



O Quadro 2 apresenta teses e dissertações publicadas entre 2007 e 2015, nas quais o principal objetivo é o turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar.

DISCUSSÃO
O foco central dos artigos e teses é identificar a importância do turismo rural como alternativa de renda para a agricultura familiar, observando a limitação do período da pesquisa.
Estudos apontam que o turismo rural na agricultura familiar é visto como uma fonte de recursos para as propriedades, por meio da adaptação de estruturas fundiárias para recepção de turistas, de forma a oferecer condições para que estes desfrutem dos recursos naturais e históricos inerentes à propriedade, que não são possíveis de encontrar no meio urbano.
Para Arruda et al. (2008), essas atividades podem estimular um processo que desenvolva a consciência da própria existência em equilíbrio na natureza visando à manutenção da qualidade de vida das atuais e futuras gerações.
Esse aprendizado permite que o turista tenha a possibilidade de transformar e renovar seu comportamento cotidiano. O dia a dia urbano com a qual o turista convive gera reflexões sobre a poluição destes grandes centros, manutenção de áreas verdes, destinação e reciclagem de resíduos sólidos, melhorando a qualidade de vida. Busca-se, assim, a qualidade de vida dessas famílias e a geração de renda nas propriedades.
Segundo Lima Filho et al. (2007), é importante salientar que o turismo rural na agricultura familiar não é a solução para os problemas do campo como um todo, pois não atinge a todos os agricultores, mas apenas os que possuem uma cultura voltada para a preservação ambiental e a busca de alternativas econômicas para sua continuidade no campo.
O turismo rural, entretanto, tem a importante função de induzir o desenvolvimento e a preservação ambiental de regiões.
No que se refere ao processo de planejamento das ações das entidades para o desenvolvimento do turismo rural na agricultura familiar, os estudos apontam que nenhuma instituição adota uma diretriz específica para a realização desta atividade. Cada projeto ou ação é desenvolvida e planejada geralmente por técnicos extensionistas da Emater, que buscam perceber as necessidades das famílias.
No estudo de Altíssimo (2008), as atividades turísticas, entre estas o turismo rural na agricultura familiar, é reconhecido em toda a região pelo ambiente de cordialidade reinante, pelas opções de lazer existentes, pelos produtos oferecidos pela agricultura familiar em suas tendas. Por isto o nome do município na região é sinônimo de descanso, lazer, opções de atividades diferentes, etc. As famílias rurais envolvidas com os diversos tipos de turismo existentes sofreram impacto econômico significativo, impacto social considerável e mudança de hábitos que alteraram a rotina familiar acostumada à monocultura.
Desta forma, visualiza-se uma nova opção para o incremento na renda, com um percentual de valor agregado, devido principalmente à possibilidade de produzir e comercializar os produtos, sem intermediações, na própria propriedade. Nesse contexto, pode-se afirmar que essa pluriatividade revitaliza os negócios das propriedades e fornece ao turista, que advém do meio urbano, principalmente, o contato com o meio rural. Sendo assim, gera-se a integração entre as experiências da cidade e as do campo.
O turismo rural na agricultura familiar deve ser mais incentivado, por ser uma potencialidade que poderá contribuir para o desenvolvimento local. É preciso também, na agricultura familiar, preservar e dar novos significados à paisagem e à cultura local, oportunizando não só a geração de renda e emprego, mas também a preservação do meio ambiente.
Os estudos atuais afirmam também que diversas são as estratégias para melhorar as condições do setor rural e, desta forma, é preciso que primeiramente os produtores tenham uma visão mais totalitária do ambiente e, a parir de então, vislumbrem novas oportunidades.
Philereno e de Souza (2009), no seu estudo, concluem que, devido aos resultados obtidos nas pesquisas, a prática da atividade turística no meio rural pode representar a solução de diversos problemas, um grande incremento econômico e a melhoria das condições gerais de vida das comunidades envolvidas e também do seu entorno, ou seja, mais uma evidência de um “novo rural” que está a se desenvolver na região estudada.
Tal conclusão leva a afirmar que o turismo rural merece ser incentivado e desenvolvido de forma adequada e consciente, pois representa, em última análise, a valorização não só do patrimônio natural e cultural e a proteção do meio ambiente, mas, principalmente, a valorização do homem como beneficiário final de todo o processo.
Segundo Queiroz (2006), da mesma forma que o turismo rural representa um produto inteiramente novo na relação entre produtores e consumidores, faz-se necessário que as políticas públicas moldem-se para esta atividade a fim de atender às especificidades. Os programas e políticas públicas precisam chegar até o pequeno produtor rural, tanto na forma de uma política eficiente de investimento em infraestrutura, como também em termos de oportunidades de formação e capacitação em atividades turísticas no meio rural. Um conjunto de ações (eventos turísticos, troca de experiências entre pequenos produtores rurais, etc.) deve contribuir para a formação de um novo cenário, favorável ao turismo, nas comunidades e nos assentamentos rurais.
Segundo os artigos estudados o turismo rural na agricultura familiar encontra algumas dificuldades para se desenvolver, por ser um assunto um tanto novo ainda, falta de bibliografias para abordar o assunto, escassas linhas de financiamento para esse nicho de mercado, técnicos da Emater com pouco conhecimento sobre o assunto para trabalhar com esses produtores.
Fazendo um comparativo com um dos estudos pioneiros do turismo rural na agricultura familiar no Brasil, Zimmermann (1996) observa que o turismo rural, quando seriamente planejado, pode proporcionar à comunidade diversos benefícios, como a diversificação dos polos turísticos, diminuição do êxodo rural, intercâmbio cultural, novas fontes de renda, consciência ecológica, entre outros.
Ainda segundo Zimmermann (1996), deve ser um produto diferenciado, no qual sejam respeitados alguns princípios básicos como: identidade própria, autenticidade, harmonia ambiental, preservação das raízes e divulgações dos costumes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos apontam que para um desenvolvimento amplo do turismo no Brasil, é preciso que as iniciativas públicas, estatais ou privadas, promovam essa atividade econômica, superem os preconceitos e cheguem até os atores, potenciais produtores e criadores das oportunidades de turismo.
No caso do turismo rural o agente social estratégico é o pequeno produtor rural. Neste caso, cabe indagar se os planejadores das políticas de turismo poderão compreender plenamente esse fato, posto que os artigos deixam claro que existe uma carência de políticas voltadas para o turismo rural e agricultura familiar.
De um modo geral, devido à potencialidade do setor, o turismo rural deve ser formulado a partir de considerações gerais sobre a cultura, a organização do trabalho e os modos de vida no meio rural. Existem ocorrências específicas e recursos locais de paisagem, patrimônio histórico, festas folclóricas que podem se tornar muito atrativos para o turismo rural. Sempre que possível estes recursos podem e devem ser mobilizados pelos pequenos produtores rurais, e associados as suas ofertas de turismo.
A integração do turismo rural com a agricultura familiar está conquistando definitivamente os agricultores, os sindicatos, as instituições parceiras, as prefeituras, trazendo novas formas de desenvolvimento e renda para a população rural. Como há o reconhecimento de que, cada vez mais, a metrópole dependerá do campo, não se trata mais de submeter o meio rural às necessidades dos centros urbanos, mas desenvolver ações que atendam a todos os envolvidos.
Para isso, as políticas de fomento ao turismo rural como atividades próprias dos pequenos produtores rurais devem ter uma perspectiva ampla, alicerçada na expectativa de incentivos políticos e qualificações para famílias que trabalham com o turismo rural na agricultura familiar.
Com isso podemos afirmar que os estudos atuais apontam o mesmo direcionamento de quase duas décadas, ou seja, o turismo rural na agricultura familiar vem sendo um fator para diversificação das atividades, uma importante alternativa de renda, além de proporcionar qualidade de vida para essas famílias.
Finalmente, os estudos concluem que o turismo no espaço rural não pode ser encarado como uma atividade não agrícola milagrosa, mas sim como uma alternativa ou um complemento que proporciona novas chances ao agricultor para se manter no setor, desde que esteja conscientizado sobre a necessidade de diversificação e diferenciação de seus produtos/serviços, gerando assim vantagens competitivas, necessárias para enfrentar a grande competitividade à qual está exposto.
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