Ácido Salicílico no desenvolvimento de plantas e nas caracteristicas físico-químicas de frutas de morango “Milsei-Tudla”

SALICYLIC ACID IN PLANT DEVELOPMENT AND PHYSICO-CHEMICAL CHARACTERISTICS OF STRAWBERRY FRUIT ‘MILSEI-TUDLA’

Fernando Trevisan
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Brasil
Cláudia Simone Madruga Lima
UFFS, Brasil
Vânia Zanella Pinto
Campus Laranjeiras do Sul, Paraná, Brasil
Lisandro Tomas da Silva Bonome
Campus Laranjeiras do Sul, Brasil
Karlise Morais de Liz
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Brasil

Ácido Salicílico no desenvolvimento de plantas e nas caracteristicas físico-químicas de frutas de morango “Milsei-Tudla”

Revista Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, vol. 18, núm. 2, pp. 106-114, 2017

Asociación Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, S.C.

Recepção: 28 Setembro 2017

Aprovação: 06 Dezembro 2017

Resumo: O ácido salicílico, devido suas características como elicitor, pode se apresentar na cultura do morangueiro como uma alternativa aos produtores na busca pela produção de alimentos saudáveis. Nessa perspectiva, esse trabalho buscou verificar a aplicação de ácido salicílico no cultivo do morangueiro cv. Milsei-Tudla, com o objetivo de conhecer as melhorias que a sua aplicação pode proporcionar as características fisiológicas das plantas e qualidades físico-químicas das frutas. O ácido salicílico foi aplicado nas concentrações de: 1,0mM, 2,0mM, 3,0mM, 4,0mM e 0 (zero) como testemunha. A frequência de aplicação de ácido salicílico ocorreu em dois intervalos, um quinzenalmente e outro mensalmente, a partir do plantio. O ácido salicílico promoveu aumento nos teores de clorofila das folhas e alterações físico-químicas nas frutas de morango.

Palavras-chave: Fragaria x ananassa Duch, elicitor, pós-colheita.

Abstract: The salicylic acid, due to its characteristics as elicitor, can present itself in the strawberry crop as an alternative to the producers in the search for healthy food production. In this perspective, this work sought to verify the application of salicylic acid in the cultivation of strawberry cv. Milsei-Tudla, with the objective of knowing the improvements that its application can provide the physiological characteristics of the plants and physicochemical qualities of the fruits. Salicylic acid was applied at the concentrations of: 1.0mM, 2.0mM, 3.0mM, 4.0mM, and 0 (zero) as a witness. The frequency of application of salicylic acid occurred in two intervals, one fortnightly and another monthly, from planting. Salicylic acid promoted increased chlorophyll content of leaves and alterations physico-chemical changes in strawberry fruits.

Keywords: Fragaria x ananassa Duch, elicitor, post-harvest.

INTRODUÇÃO

A cultura do morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) desperta grande interesse comercial pois possui características que agradam os consumidores, como coloração avermelhada devido a presença de antocianinas, aroma marcante, sabor da fruta suave, propriedades nutracêuticas devido aos seus compostos fitoquímicos e, por sua versatilidade na culinária (Giménez, Andriolo e Godoi 2008). A cultura também é atrativa aos produtores em virtude do alto valor do produto no mercado, ampliando assim gradativamente as áreas de cultivo (Calvete et al., 2008). Apresenta-se assim, como uma alternativa de produção para a agricultura familiar, podendo desempenhar um importante papel socioeconômico (Pivoto e Martelleto, 2014).

A produção de morangueiro em sistema convencional tem se destacado por meio do cultivo sem uso do solo que propicia controle sobre os nutrientes fornecidos à planta, fitossanitário e redução de riscos climáticos (Bezerra Neto e Barreto, 2012). Segundo Godoy et. al. (2009), o sistema fora de solo apresenta vantagens em relação ao cultivo em solo, principalmente por facilitar o trabalho e reduzir a incidência de doenças, especialmente as radiculares.

No sistema de cultivo fora de solo as plantas são cultivadas em substrato, material inerte ou pouco ativo quimicamente como areia lavada, cascalho e argila expandida, para dar sustentação às plantas (Bezerra Neto e Barreto, 2012). Göebel (2014) ressalta que o sistema de produção semi-hidropônico ou fora de solo é uma boa alternativa para geração de renda em pequenas propriedades, mas que segundo Sanhueza (2007), apresenta desvantagens com relação ao alto investimento inicial, exigência de qualificação dos produtores e custo com assistência técnica.

Na constante busca pela produção de alimentos saudáveis que apresentem melhoria na qualidade de vida, algumas substâncias vêm sendo estudadas a fim de comprovações sobre sua eficiência como elicitoras, que de acordo com Carvalho, Machado Neto e Custódio (2007), são macromoléculas capazes de estimular as respostas das plantas a patógenos, existindo esses uma gama de compostos, assim como o ácido salicílico (AS).

O ácido salicílico é um dos sinalizadores endógenos envolvidos na resistência sistêmica adquirida (Taiz e Zeiger, 2013), e representa papel central como um sinalizador envolvido nessa defesa (Mauch et al., 2001). E ainda, é um composto fenólico natural que pode diminuir a síntese de etileno das plantas, retardando os efeitos desse hormônio, pois atua reduzindo a atividade da ACC oxidase, enzima precursora para sua síntese (Altvorst e Bovy, 1995).

Segundo Robaina (2013), métodos de controle envolvendo o ácido salicílico em perdas pós-colheita de produtos hortícolas vêm sendo considerado uma alternativa com grande potencial, já que este elicitor é uma molécula chave para a expressão de resistência a estresses nas plantas, em relação a estresses abióticos e bióticos.

Pesquisas verificando os efeitos do ácido salicílico foram realizadas por Borsatti (2014), na cultura da acerola (Malpighia emarginata), os autores relataram que a aplicação em póscolheita de ácido salicílico manteve a qualidade pós-colheita, retardando a maturação e senescência e, reduzindo a incidência de podridões. Na cultura de milfolhas (Achillea millefolium L.) submetida à aplicação de AS, Gorni (2015) confirmou o efeito elicitor devido ao aumento na produção de compostos secundários. Moreno et al. (2015), verificaram que a aplicação de 2,0mM de ácido salicílico no período pré-colheita de amora (Morus sp.) cv. Tupy reduziu a perda de massa e podridões.

A utilização desse composto é uma técnica viável, pois de acordo com Andrade (2015), o ácido salicílico apresenta como vantagem o baixo custo, aproximadamente R$ 150 kg, o alto rendimento, pois suas aplicações são realizadas em milimol (mM), além de ser um composto natural de fácil aplicação. Conforme a mesma autora, ainda são poucas as pesquisas com o uso deste regulador.

Existem poucos estudos realizados com aplicação do ácido salicílico ao longo do cultivo de morangueiro fora de solo, a fim de verificar seus efeitos na pós-colheita, nas características das plantas e físico-químicas das frutas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos da aplicação do ácido salicílico nas características fisiológicas das plantas e físico-químicas de frutas de morango oriundas de cultivo em substrato.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em propriedade rural particular, denominada de Sitio Coqueiro Alto, localizada no município de Laranjeiras do Sul-PR (25º23’39,4”S, 52º23’41,7”W e altitude de 840m). O clima da região é classificado como Cfb, clima temperado com verão ameno, segundo a classificação de Köeppen, com temperatura média anual entre 18 e 19ºC e precipitação de 1800 a 2000 mm/ano (Caviglione et. al., 2000).

Como material vegetal foram utilizadas mudas de morangueiro cultivar Milsei-Tudla, produzidas no mesmo ano na propriedade e padronizadas quanto à altura de plantas e comprimento de raízes, ambos verificados com régua milimetrada expressa em cm; número de folhas e diâmetro, medido com o auxilio de paquímetro digital, expresso em milímetro. As mudas apresentavam valores médios de 9,62 cm de altura, 6,39 cm de comprimento de raiz e 2,36 mm de diâmetro de caule.

As mudas foram transplantadas no mês de abril de 2016, em sacos de polietileno denominados slabs, com coloração externa branca e interna preta, possuindo dimensões de 1,5m x 0,3m (comprimento x largura) e 250micras, preenchidos com aproximadamente 45 litros do substrato comercial Carolina Padrão®, composto por Turfa de Sphagno, Vermiculita expandida, calcário dolomítico, gesso agrícola e fertilizante NPK, com condutividade elétrica de 0,4 mS/cm e pH 5,5.

Em cada slab foram transplantas 14 plantas, distribuídas em duas fileiras com espaçamento de 20cm x 15cm, sendo dispostos em bancadas de madeira construídas horizontalmente sobre palanques de sustentação instalados sob estrutura do tipo túnel alto, construída em madeira e plástico.

Os tratamentos utilizados foram: aplicação de ácido salicílico e intervalo de aplicação. Para as concentrações de ácido salicílico utilizaram-se as concentrações descritas por Robaina (2013), sendo elas: 1,0mM, 2,0mM, 3,0mM, 4,0mM e 0 (zero) como testemunha. A frequência de aplicação de AS ocorreu em dois intervalos, um quinzenalmente (P1) e outro mensalmente (P2), a partir do plantio. As aplicações foram realizadas diretamente na parte aérea da planta, por meio de borrifador com capacidade de 2L, com volume 5 ml/ 3 segundos por planta.

A colheita das frutas se iniciaram aproximadamente 70 dias após o plantio das mudas, sendo que as frutas foram colhidas quando atingiram 75% da coloração vermelha conforme metodologia descrita por Flores Cantillano (2010).

As avaliações realizadas nas plantas ao final da fase produtiva da cultura foram: determinação do número de folhas e coroas, diâmetro do caule com auxílio de paquímetro digital, avaliação de clorofila por meio do aparelho clorofilômetro marca Falker modelo cloroFILOG CFL1030, determinando os teores de clorofila a, clorofila b e clorofila total (a+b). Os teores de clorofila foram avaliados em três frações distintas das plantas, sendo elas parte superior, mediana e inferior.

As avaliações nas frutas foram realizadas no laboratório de Análise de Alimentos da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Laranjeiras do Sul, PR, sendo estas, realizadas imediatamente após a colheita, avaliou-se: massa fresca (g) com balança de precisão, diâmetro das frutas (mm) com paquímetro digital, coloração (ºHue) por meio de colorímetro portátil (CR400, Konica Minolta, Japão), sólidos solúveis (ºBrix) com refratômetro digital, acidez titulável por titulometria (% de Ácido Cítrico), pH por meio de pHmetro de mesa, antocianinas com extração em metanol acidificado e leitura da absorbânica de 520 nm em espectrofotometro (mg/100g de amostra) e atividade da água através de leitura direta à 25°C em analisador de aw (CH8863, Novasina AG Lanchem Lab Master, Suiça). Rattio obtido através do cálculo da razão entre sólidos solúveis e a acidez titulável.

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 2 (concentração x período). Para diâmetro de caule foram utilizadas 10 repetições e para a verificação de número de caules e de folhas 4 repetições, sendo cada repetição representada por uma planta. Para a determinação de clorofila foram utilizadas 5 repetições, representadas por uma planta cada, da qual se realizaram medidas em três folhas no terço superior, mediano e inferior. Para as análises de pós-colheita, utilizou-se três repetições com seis frutas em cada.

Os dados foram submetidos à analise de variância (ANOVA), quando significativos, foi realizada análise de regressão e teste de tukey. Para análise de variância, os dados expressos em porcentagem, foram transformados em arco seno 15 √(x/100), e os expressos em número, foram transformados em y = √(x+K), onde K = 1, se x > 15, K = 0,5, se 0 ≤ x ≤ 15.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as variáveis diâmetro do caule, número de folhas e de coroas os tratamentos não foram significativos ao nível de 5% de significância. Gorni (2015) também não obteve diferença significativa no número de folhas de mil-folhas (Achillea millefolium L.) para os tratamentos com 0,25 e 1,0mM de ácido salicílico (AS) em relação ao controle, obtendo ainda redução de 28% da variável quando utilizada a concentração 0,5mM de AS.

Em relação aos teores de clorofila o fator concentração de ácido salicílico apresentou significância, sendo que para clorofila a, as concentrações de 2, 3 e 4mM apresentaram valores superiores em relação a testemunha na fração inferior das plantas (Figura 1). O conteúdo de clorofila b nas frações inferior, mediana e superior das plantas, apresentou curva crescente a partir da concentração 1,0mM, sendo a concentração 4,0mM a que apresentou maiores teores em todas as frações (Figura 2). Para clorofila total (a+b) somente a fração superior apresentou significância, com maior teor atrelado à maior concentração de AS (Figura 1).

Clorofila
A da fração inferior das plantas (A) e clorofila total (a+b) da fração superior
(B) de plantas de morangueiro cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações
de ácido salicílico. Regressão polinomial significativa na probabilidade de 5%
para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.
Figura 1
Clorofila A da fração inferior das plantas (A) e clorofila total (a+b) da fração superior (B) de plantas de morangueiro cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações de ácido salicílico. Regressão polinomial significativa na probabilidade de 5% para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.

Clorofila
B das frações inferior (A), mediana (B) e superior (C) de plantas de morangueiro
cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações de ácido salicílico.
Regressão polinomial significativa na probabilidade de 5% para ambas as
variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.
Figura 2
Clorofila B das frações inferior (A), mediana (B) e superior (C) de plantas de morangueiro cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações de ácido salicílico. Regressão polinomial significativa na probabilidade de 5% para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.

Hegazi e El-Shrayi (2007), verificaram que a aplicação foliar de AS na cultura do feijão (Phaseolus vulgaris) na concentração de 0,01mM resultou na diminuição dos teores de clorofila a, clorofila b e total. Gorni (2015), observou que nas concentrações de 0,25 e 1,0mM de AS aplicadas em plantas de milfolhas (Achillea millefolium L.), obteve-se um aumento significativo do teor de clorofila a em relação à testemunha e para a clorofila total na concentração de 1,0mM, porém para clorofila b não verificou resultados significativos. As clorofilas são os pigmentos presentes em organismos fotossintéticos responsáveis pela absorção da energia da luz (Taiz e Zeiger, 2013). Dessa forma, o aumento no teor de clorofilas promove uma maior produção de energia pelas plantas. De acordo com os resultados obtidos neste experimento a aplicação de AS induziu a síntese de clorofilas, resultando em incrementos fotossintéticos e consequente acúmulo de massa fresca e aumento no diâmetro das frutas.

Para massa fresca das frutas houve interação significativa entre concentração e intervalos de aplicação, porém, as concentrações de 1,0 e 2,0mM no intervalo de aplicação de 15 dias apresentaram frutas com maior massa à testemunha. O mesmo ocorreu para o intervalo de 30 dias, em que as concentrações 1,0 e 3,0mM se destacaram em relação à testemunha (Tabela 1). Camargo et al. (2008), verificaram que a cultivar MilseiTudla em sistema de produção convencional apresentou massa de 12,94g, diferindo dos resultados obtidos na testemunha desse trabalho, onde ambos os intervalos de aplicação apresentaram valores diferentes.

Tabela 1
Massa fresca (g) de frutas de morangos cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações de ácido salicílico e dois intervalos de aplicação. Laranjeiras do Sul-PR, 2017
Massa
fresca (g) de frutas de morangos cv. Milsei-Tudla em função de cinco
concentrações de ácido salicílico e dois intervalos de aplicação. Laranjeiras
do Sul-PR, 2017
* Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Frutas com maior diâmetro foram obtidas em todas as concentrações em relação à testemunha, sendo os maiores tamanhos atribuídos às concentrações 1,0mM e 2,0mM, fato que pode estar relacionado a efeito antagônico para as concentrações 3,0 e 4,0mM (Figura 3). Conforme os resultados obtidos para massa fresca e diâmetro verificase correlação direta entre esses parâmetros nas concentrações 1,0 e 2,0mM. De acordo com dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP (2009), todas as concentrações de AS proporcionaram frutas classificadas à classe 15, com diâmetro de 15 a 35 mm, estando aptas a comercialização.

Diâmetro
de frutas (mm) de morangos cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações de
ácido salicílico. Regressão polinomial significativa na probabilidade de 5%
para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.
Figura 3
Diâmetro de frutas (mm) de morangos cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações de ácido salicílico. Regressão polinomial significativa na probabilidade de 5% para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.

Com relação à coloração dos frutos não foi observada diferença significativa entre os tratamentos. Moreno et al. (2015), verificou que a aplicação de 2,0mM de AS na cultura da amora preta “Tupy” conferiu maior valor ao ângulo Hue quando comparada a testemunha tanto no momento da colheita, como ao segundo e terceiro dia de armazenamento. De acordo com Molon (2013), a determinação da coloração se torna importante no sentido de que frutas escuras podem indicar estado de senescência e alto teor de açúcar, enquanto frutas de coloração clara podem estar indicando frutos verdes e ácidos.

Para sólidos solúveis (SS), conforme o aumento das concentrações houve redução dos teores de SS (Figura 4). Resultados semelhantes foram obtidos por Borsatti (2014) em experimento com acerola (Malpighia emarginata), relatando que a aplicação de ácido salicílico promoveu redução no teor de sólidos solúveis, o mesmo relatou Sanches et al. (2015), em experimento com jabuticabas (Plinia cauliflora) e Weber et al. (2012) na cultura do maracujazeiro (Passiflora edulis Sims). A aplicação de AS promoveu redução no teor de SS, podendo estar relacionado ao fato de o AS atuar impedindo a ação do etileno, retardando a maturação das frutas.

ph (A) e
sólidos solúveis-SS - ºBrix (B) de morangos cv. Milsei-Tudla em função de cinco
concentrações de ácido salicílico. Regressão linear significativa na
probabilidade de 5% para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.
Figura 4
ph (A) e sólidos solúveis-SS - ºBrix (B) de morangos cv. Milsei-Tudla em função de cinco concentrações de ácido salicílico. Regressão linear significativa na probabilidade de 5% para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.

Krolow (2007) verificou que os teores de sólidos solúveis de morangos cv. Aromas produzidos em sistema de produção convencional apresentou 6,20 (ºBrix) e 6,0 (ºBrix) segundo Cantillano (2008), que observou ainda valores de 6,8 e 7,0 (ºBrix) nas cultivares Ventana e Camino Real, respectivamente. Semelhante aos valores obtidos neste experimento, com exceção ao tratamento 2,0 mM de AS que apresentou valor menor. Françoso et al. (2008) aponta valores entre 7,0 e 9,5 (ºBrix) na cultivar Sweet Charles.

Para a variável acidez titulável (AT) não foram verificadas diferenças significativas entre os fatores concentração e intervalos de aplicação, porém, o maior valor apontado foi para a testemunha, similar ao valor encontrado na concentração 3,0mM. Já para as concentrações 1,0mM, 2,0mM e 4,0mM foram verificados valores inferiores, demonstrando que o AS tornou os frutos mais ácidos.

Sanches et al. (2015) verificou que os teores de acidez reduziram para os frutos de jabuticaba não tratados com AS durante o período de armazenamento. Robaina (2013) constatou que a utilização de metil jasmonato e ácido salicílico não afetaram os teores de acidez em morangos cultivar “oso grande”.

As concentrações de 1,0 e 2,0mM apresentaram pico na determinação do pH das amostras (Figura 4). O pH é uma importante ferramenta de avaliação do estado de conservação das frutas, sendo indicativo da preservação e armazenamento do produro, uma vez que o ácido dificulta o crescimento de microrganismos e a ação de enzimas (Molon, 2013).

A interação entre os fatores concentração de AS e intervalos de aplicação foi significativa na determinação do teor de antocianinas (mg/100g de amostra), com curva crescente conforme o aumento da concentração para o intervalo de aplicação de 15 dias Figura 5). No entanto, para o intervalo de 30 dias foi verificada ação contrária do AS, com curva decrescente conforme o aumento da concentração. Sanches et al. (2015) verificou que o teor de antocianinas de frutos de jabuticaba submetidos a tratamento com AS não apresentaram diferença significativa em função do tempo de armazenamento.

Teor de
antocianinas (mg/100g de amostra) apresentado em morangos cv. MilseiTudla
tratados com diferentes doses de ácido salicílico e intervalos de aplicação
durante o cultivo. Regressão linear significativa na probabilidade de 5% para
ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.
Figura 5
Teor de antocianinas (mg/100g de amostra) apresentado em morangos cv. MilseiTudla tratados com diferentes doses de ácido salicílico e intervalos de aplicação durante o cultivo. Regressão linear significativa na probabilidade de 5% para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.

A determinação da atividade de água apontou o intervalo de 30 dias se sobressaindo ao de 15 dias (Figura 6).

Atividade
de água (aw) apresentado em morangos cv. Milsei-Tudla tratados com diferentes
doses de ácido salicílico e intervalos de aplicação durante o cultivo.
Regressão linear significativa na probabilidade de 5% para ambas as variáveis.
Laranjeiras do Sul – PR, 2016.
Figura 6
Atividade de água (aw) apresentado em morangos cv. Milsei-Tudla tratados com diferentes doses de ácido salicílico e intervalos de aplicação durante o cultivo. Regressão linear significativa na probabilidade de 5% para ambas as variáveis. Laranjeiras do Sul – PR, 2016.

CONCLUSÕES

A aplicação de ácido salicílico durante o cultivo de morangueiro promoveu o aumento no teor de clorofila em folhas e alterações físico-químicas em frutas de morango cultivar Milsei-Tudla. Contudo, sua aplicação promoveu a redução dos teores de sólidos solúveis nas frutas.

Dessa forma, o ácido salicílico se apresenta como uma alternativa aos produtores devido seu baixo custo de aquisição, fácil aplicação e não apresentar impedimentos à agricultura orgânica.

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