Editorial

Contribuições e Limitações de Revisões Narrativas e Revisões Sistemáticas na Área de Negócios

Wesley Mendes-Da-Silva
Fundação Getulio Vargas, Brasil

Contribuições e Limitações de Revisões Narrativas e Revisões Sistemáticas na Área de Negócios

Revista de Administração Contemporânea, vol. 23, núm. 2, p. 00, 2019

Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração


Neste editorial, o segundo do volume 23 da Revista de Administração Contemporânea (RAC), julguei oportuno abordar um assunto que se apresenta sensivelmente relevante para dirimir esforços redundantes de pesquisa no campo de negócios: as duas maneiras mais comuns de produzir artigos de revisão de literatura, revisões narrativas (RN) e revisões sistemáticas (RS), conforme testemunham Bolderston (2008); Grant e Booth (2009); e Pautasso (2013). Isto é, a caracterização, e a distinção, de trabalhos cuja contribuição essencial seja creditada à revisão de literatura narrativa (Green, Johnson, & Adams, 2006), em relação àqueles dedicados a realizar revisões sistemáticas (Fisch & Block, 2018) constitui-se relevante para a produção de trabalhos que permitam o entendimento sistematizado da literatura a respeito de determinado tema.

Esse debate encontra ainda conexão com o tema da comunicação da pesquisa, a respeito do qual tratei no editorial do número anterior da RAC (Mendes-Da-Silva, 2019). Afinal, o estabelecimento de agendas de pesquisa, por meio de revisões de literatura, constitui ferramenta valiosa para conduzir estudos com elevado potencial de impacto (Moosa, 2018). E, portanto, as revisões per se frequentemente são uma espécie de artigo que acaba por atrair a atenção da comunidade, vis a vis a contribuição marginal de revisões de literatura para a execução de projetos de pesquisa (Yuan & Hunt, 2009).

Conforme Ferrari (2015), uma síntese periódica de conhecimento é necessária devido à expressiva quantidade, além da velocidade segundo a qual novas publicações são diariamente colocadas ao dispor da sociedade (Bornmann & Mutz, 2015; Noorden, 2014). Assim, a necessidade de uma revisão da literatura pode estar apoiada tanto na abundância de informações, como na divergência de opiniões, ou mesmo na falta de consenso acerca de determinado tópico (Bolderston, 2008; Green et al., 2006).

Se por um lado a tarefa de sintetizar a literatura representa necessidade de esforço acentuado por parte do pesquisador, por outro o interesse da comunidade por revisões, RSs em especial, é explicitamente crescente (Figura 1). De maneira diferente dos artigos originais, as revisões de literatura não se destinam a apresentar novos dados, alternativamente pretendem avaliar o que já está publicado (Derish & Annesley, 2011; Pautasso, 2013). Além disso fornecem uma visão detalhada de evidências disponíveis, bem como oportunidades de pesquisa.

Evolução do Número de Artigos Publicados na Área de Negócios Dedicados a
						Revisões Narrativas ou Revisões Sistemáticas (2003-2018)
Figura 1
Evolução do Número de Artigos Publicados na Área de Negócios Dedicados a Revisões Narrativas ou Revisões Sistemáticas (2003-2018)
Fonte: Elaborado pelo autor, com dados coletados na base de dados Scopus (Recuperado em 13 janeiro de 2019 de https://www.scopus.com). Foram considerados apenas artigos classificados em uma das duas áreas a seguir: Business, Management and Accounting e Economics, Econometrics and Finance, cujos títulos contivessem systematic review ou narrative review. Não foram encontrados registros para systematic review anteriores a 2003, motivo pelo qual a Figura 1 (Recuperado de http://doi.org/10.5281/zenodo.2538809) considera apenas registros desse ano em diante.

A respeito das RSs, Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA) fornece diretrizes para construir relatórios desse tipo. Já Ferrari (2015) oferece orientações gerais para escrever RNs. Mas essas referências são principalmente dedicadas ao campo de pesquisa em saúde (Callaghan, Ford, & Schneider, 2010; Caspi, Sorensen, Subramanian, & Kawachi, 2012; Cattan, White, Bond, & Learmouth, 2005; Feng, Glass, Curriero, Stewart, & Schwartz, 2010; Hammick, Freeth, Koppel, Reeves, & Barr, 2007; Mann, Gordon, & MacLeod, 2009). Em se tratando da comunidade de pesquisadores em negócios, as oportunidades de contribuições para a literatura por meio de execução de RNs ou RSs não são poucas, conforme apontam Endenich e Trapp (2018), e Fisch e Block (2018).

Em diversas áreas de conhecimento, como Medicina (Dyrbye, Thomas, & Shanafelt, 2006), Engenharia, Direito (Lipsey & Cullen, 2007; Ttofi & Farrington, 2011), Computação (Connolly, Boyle, MacArthur, Hainey, & Boyle, 2012), gestão de negócios (Hansen & Schaltegger, 2016; Hohenstein, Feise, Hartmann, Giunipero, 2015), entre outras áreas (Law, Boyle, Harris, Harkness, & Nye, 2000; Livingston & Boyd, 2010; Lund et al., 2010), as RSs exercem papel preponderante no estabelecimento de agendas de pesquisa, e sobretudo têm o potencial de oferecer uma seleção planejada de trabalhos em determinado tema de interesse. Existe espaço para contribuições na área de gestão de negócios, tendo em vista a emergência de temas carentes de pesquisa. Em adição, o surgimento de novos métodos, e novas tecnologias, permite a realização de pesquisas com elevado potencial de impacto, seja no nível teórico, seja no nível aplicado.

O debate ao redor das contribuições típicas dos diferentes tipos de revisões ainda está longe de ser atenuado. Ao menos segundo Collins e Fauser (2005), nem as RSs - com seu típico foco restrito, tampouco as RNs - com suas características distintivas, satisfazem completamente a ampla gama de tópicos a serem analisados. Assim, novas abordagens estão em desenvolvimento, tais como revisões meta-narrativas e sínteses realistas (Renehan, Tyson, Egger, Heller, & Zwahlen, 2008; Wong, Greenhalgh, Westhorp, Buckingham, & Pawson, 2013a, 2013b).

O que é uma revisão narrativa?

As RNs usualmente abordam uma ou mais questões, e os critérios de seleção para inclusão dos artigos podem não estar especificados explicitamente. Desse modo, a subjetividade implícita à seleção dos artigos representa a principal fraqueza atribuída às RNs, destacadamente por induzir potenciais vieses (Yuan & Hunt, 2009). Enquanto uma RN histórica pode ser insubstituível para acompanhar o desenvolvimento de um princípio científico ou conceito econômico, em uma RS a narrativa pode esvaziar-se dadas as regras restritivas típicas dessa modalidade de revisão. Isto é, algumas questões exigem o escopo mais amplo, emblemático de uma RN. Contudo, o rigor de uma RS é necessário para avaliar questões específicas de pesquisa, por exemplo, a eficácia de políticas públicas adotadas por um determinado governo, ou os resultados decorrentes da adoção de uma prática gerencial no nível da firma (Collins & Fauser, 2005). A Tabela 1 resume as principais diferenças entre RNs e RSs apontadas pela literatura.

Tabela 1
Principais Diferenças entre Revisões Narrativas e Revisões Sistemáticas
ItensRevisão narrativaRevisão sistemática
Questão de pesquisaAmplaEspecífica
Característica centralDescreve artigos publicados, mas o método empregado para selecionar pode não estar claramente descrito.A questão é bem definida (questão central, questão secundária, e/ou análises em níveis específicos). É claramente definida por critérios de seleção dos artigos na literatura. Possui métodos explícitos de extração e síntese dos dados. Constitui-se em uma pesquisa aprofundada para encontrar todos os estudos relevantes
Usos e aplicaçõesDebates gerais, discussão de trabalhos anteriores, e lacunas atuais no campo de conhecimento. Podem ainda trazer racionais para pesquisas futuras.Identificação, acesso e síntese da literatura correlata para responder a uma questão específica. Coleta o que é conhecido a respeito de determinado tópico, e identifica as bases desse conhecimento. Report aprofundado e detalhado, com processo explícito (racional, premissas, e métodos)
Fonte de dadosFrequentemente não-especificada, potencialmente com viésAbrangente, com estratégia de busca explícita e rigorosamente aplicada
Seleção de trabalhosFrequentemente não-específica, potencialmente com viésSuportada por critérios explícitos e rigorosamente aplicados
AvaliaçãoVariávelCriteriosa e reprodutível
SíntesePredominantemente qualitativaPredominantemente quantitativa
InferênciasÀs vezes baseadas em resultados de pesquisaMais frequentemente baseadas em resultados de pesquisa
LimitaçõesAs premissas e o planejamento são frequentemente desconhecidos, vieses de seleção e de avaliação dos trabalhos podem ser desconhecidos. Não é rigorosamente reprodutível.O escopo é limitado pela definição de questão, e usando critérios de seleção. Além disso, na maioria das vezes, leitores precisam reformular questões alternativas que não são respondidas pela questão central escolhida.
Nota. Fonte: Adaptado de Collins, J. A., & Fauser, C. J. M. B. (2005). Balancing the strengths of systematic and narrative reviews. Hum Reprod Update, 11(2), 103-104. https://doi.org/10.1093/humupd/dmh05; Rother, E. T. (2007). Systematic literature review x narrative review. Acta Paulista de Enfermagem, 20(2), v-vi. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001; e de Ferrari, R. (2015). Writing narrative style literature reviews. Medical Writing, 24(4), 230-235. https://doi.org/10.1179/2047480615Z.000000000329

Uma vez que a necessidade de uma RN tenha sido identificada, uma verificação das opiniões dos especialistas a respeito do tópico em particular pode ser útil para melhorar o método de seleção da literatura, e consequentemente reduzir o risco de, ao final do esforço de pesquisa, obter-se um trabalho com resultados abaixo do ideal para o campo de estudo. No entanto, as RNs ainda são vistas como a base para a síntese da literatura, com funções e aplicações diferentes das RSs. A preparação de RNs pode beneficiar-se da aplicação do rigor metodológico das RSs. Segundo Ferrari (2015), a qualidade das RNs poderia ser melhorada via restrição do foco em questões bem definidas, estabelecendo critérios claros de inclusão e exclusão para busca na literatura, concentrando-se em um conjunto específico de estudos, e estabelecendo critérios relevantes de seleção.

O que é uma revisão sistemática?

Em contraste com as RNs, o principal objetivo das RSs é, com base na formulação de uma questão bem definida, fornecer uma análise tanto quantitativa, quanto qualitativa acerca das evidências relevantes, seguidas ou não de uma meta-análise. Os principais pontos fortes da RS são: (a) foco em uma busca específica; (b) clareza na recuperação de artigos para revisão; (c) resumo objetivo e quantitativo; e (d) inferências suportadas por evidências (Adesope, Lavin, Thompson, & Ungerleider, 2010; Collins & Fauser, 2005).

No entanto, RSs possuem limitações potenciais que merecem atenção: (a) potencial heterogeneidade dos estudos selecionados, (b) possíveis vieses de estudos individuais (e.g. seleção das entidades de análise), e até mesmo vieses de publicação (Moher, Liberati, Tetzlaff, & Altman, 2009; Moher, Tetzlaff, Tricco, Sampson, & Altman, 2007; Yuan & Hunt, 2009); (c) necessidade contínua de atualização. Na área de saúde, por exemplo, a mediana da validade de uma RS foi estimada em ~5,5 anos, a depender da área de estudo a respeito da qual a questão de pesquisa estiver apresentada (Moher et al., 2009; Shojania et al., 2007). Yuan e Hunt (2009) defendem ainda a necessidade de atenção especial a: avaliação de vieses, completude do relato de aspectos metodológicos de relevância central, e rigor na aplicação de critérios de inclusão de eventos.

Métodos padrão de coleta de dados para RSs podem ser complexos. Por exemplo, se as características dos participantes de um experimento, ou do fenômeno sob análise, não forem bem relatadas (Bastian, Glasziou, & Chalmers, 2010), pode ser difícil formar conclusões que seriam aplicáveis na prática diária. Além disso, não há regras acerca dos requisitos de tamanho da amostra (Yuan & Hunt, 2009). A definição de RS tem evoluído no tempo, tendo em vista aspectos particulares de RS e de meta-análise, conforme o Quality of Reporting of Meta-analysis (QUOROM) e PRISMA, tal como realçam Moher, Liberati, Tetzlaff e Altman (2009).

Revisão sistemática na área de negócios

A literatura recente de gestão de negócios tem publicado RSs, tais como Endenich e Trapp (2018); Parris e Peachey, (2013); Hohenstein, Feise, Hartmann e Giunipero (2015); Tummers, Bekkers, Vink e Musheno (2015); Hansen e Schaltegger (2016); Nabi, Liñá, Fayolle, Krueger e Walmsley (2017). Contudo, dada a premissa de que existe a necessidade de manter atualizados estudos dessa natureza, e tendo em vista a ampla gama de tópicos relevantes nos subcampos de gestão de negócios, entende-se que a publicação de revisões pode constituir um canal para publicação continuada de contribuições relevantes.

Além disso, um conjunto emergente de temas tem se apresentado como detentor de elevado potencial de interesse, e carece de revisões, sejam sistemáticas ou narrativas, por exemplo: mudanças climáticas, tecnologia e automação, desigualdade, desenvolvimento econômico, estabilidade financeira, transição demográfica, comércio e globalização, desemprego, corrupção, entre outros temas relevantes na agenda de gestão de negócios, como o trabalho de Hemsley-Brown e Oplatka (2006).

A Figura 1 apresenta a evolução do número de artigos publicados cuja finalidade foi oferecer uma revisão sistemática, ou uma revisão narrativa, na área de negócios. Nota-se que esta última parece ter crescimento aproximadamente nulo nos últimos 15 anos. Já quando observada a curva que caracteriza a evolução do número de revisões sistemáticas é possível constatar um franco crescimento, sobretudo a partir de 2010.

Procedimento de construção de revisões sistemáticas

A literatura corrente não é unânime em eleger um procedimento dito padrão para a construção de uma RS (Cronin, Ryan, & Coughlan, 2008), conforme pode ser verificado em consulta a trabalhos dedicados a recomendar procedimentos a esse respeito, tais como Khan, Kunz, Kleijnen, e Antes (2003); Nightingale (2009); e Shea et al. (2017) na área de saúde; Fisch e Block (2018) na área de gestão de negócios. Além disso, conforme detalham Moher et al. (2009), PRISMA statements propõe um rol de 27 aspectos a observar na construção de uma RS. Assim, de modo a apresentar uma visão resumida do procedimento de construção de RS, com base nos trabalhos de Rother (2007), e de Khan et al. (2003), podem ser elencados os sete passos principais a seguir:

  1. 1. Formulação da pergunta: realização de uma revisão sistemática deve ser iniciada com a formulação de uma pergunta a respeito do fenômeno de interesse.
  2. 2. Localização dos estudos: devem ser utilizadas fontes diversas de busca para localização e identificação dos estudos, devendo ser incluídos estudos relevantes das principais bases de dados eletrônicas: Web of Science, Scopus, Spell, e Google scholar, além de outras fontes de informação relevante como: trabalhos publicados em anais de congressos; estudos de especialistas e buscas manuais em revistas não disponíveis nas bases de dados. Para cada uma dessas fontes utilizadas deve ser detalhada a estratégia de busca utilizada.
  3. 3. Avaliação crítica dos estudos: são critérios para determinar a validade dos estudos selecionados. Essa avaliação crítica permite determinar quais estudos irão ser utilizados na revisão. Os que não preencherem os critérios de validade deverão ser citados e explicados o motivo de sua exclusão.
  4. 4. Coleta de dados: todas as variáveis estudadas devem ser observadas nos estudos e resumidas, além das características do método, das características da amostra e dos resultados, que permitirão determinar a possibilidade de comparar ou não os estudos selecionados.
  5. 5. Análise e apresentação dos dados: os estudos deverão ser agrupados baseados na semelhança entre os estudos. Cada um desses agrupamentos deverá ser preestabelecido no projeto, assim como a forma de apresentação gráfica e numérica, de modo a facilitar o entendimento do leitor.
  6. 6. Interpretação dos dados: é determinada a força da evidência encontrada, a aplicabilidade dos resultados, o custo e a prática corrente que sejam relevantes, determinando claramente os limites entre os benefícios e os riscos.
  7. 7. Aprimoramento e atualização da revisão: uma vez publicada a revisão receberá sugestões e críticas que devem ser incorporadas às edições subsequentes, caracterizando uma publicação dinâmica que deve ser atualizada tão frequentemente quanto seja frequente o surgimento de novos estudos no tema de interesse.

Antes de proceder ao desenvolvimento de uma RS é necessária atenção especial à constituição do conjunto de artigos considerados para revisão. A Figura 2 apresenta esquematicamente o fluxo de informações típico da seleção de artigos participantes do procedimento empregado na construção de RSs. O trabalho de Ferrari (2015), que discute as características que diferenciam RNs, é um exemplo ilustrativo de aplicação desse procedimento.

Fluxo de Procedimentos para Tratamento dos Documentos Participantes
							de uma Revisão Sistemática
Figura 2
Fluxo de Procedimentos para Tratamento dos Documentos Participantes de uma Revisão Sistemática
Fonte: Adaptado de Moher et al (2009, p. 3). Esta figura representa esquematicamente o procedimento básico da construção de uma revisão sistemática, em quatro etapas principais para o tratamentos dos documentos participantes do estudo: Passo #1: identificação dos trabalhos de pesquisa nas bases de dados; Passo #2: verificação e validação dos registros identificados; Passo #3: obtenção do conjunto de artigos mediante critérios de elegibilidade adotados pelos pesquisadores interessados em construir a revisão sistemática em determinado tema; Passo #4: inclusão de artigos nas sínteses quali e quantitativas.

Primeiro o pesquisador, tendo definido seu tema de interesse, conforme recomenda Ferrari (2015), deve realizar a sua busca por trabalhos nas bases de dados dedicadas a oferecer o serviço de catalogação de trabalhos científicos. Em segundo lugar, o pesquisador deve investir tempo e esforço no cuidadoso exame daquilo que possa constituir duplicidades de registros, garantindo que cada documento seja listado apenas uma única vez no seu conjunto de trabalhos. No terceiro passo, os autores de revisões sistemáticas devem selecionar apenas os artigos encontrados na busca realizada, excluindo aqueles artigos que não atendam às intenções do pesquisador, desde que a razão para a exclusão esteja claramente apontada nos procedimentos adotados. Desse modo, os autores terão constituído o conjunto final de trabalhos que serão considerados na sua RS.

Pelos motivos detalhados no presente editorial, a RAC está interessada em publicar revisões narrativas ou sistemáticas rigorosa e cuidadosamente conduzidas nos diversos subcampos da gestão de negócios (Fisch e Block, 2018; Yuan & Hunt, 2009).

Palavras finais

Nesta edição publicamos seis artigos inéditos - entre os autores desses artigos temos alguns que se dispuseram a seguir as recomendações Committee on Publication Ethics (COPE) a respeito da publicação de trabalhos com dados abertos (COPE, 2016, 2018). A esses autores, em especial, a RAC agradece a disposição para incrementar a contribuição de seu trabalho para a comunidade de negócios (Mendes-Da-Silva, 2018). O primeiro artigo inédito publicado nesta edição da RAC intitula-se Efeitos do Modelo de Fleuriet e Índices de Liquidez na Agressividade Tributária, é de autoria de Viviane Ferreira de Oliveira Chiachio, e Antonio Lopo Martinez. O objetivo da pesquisa é investigar se o nível de agressividade fiscal altera-se dependendo da estrutura financeira de uma empresa, tendo por base o Modelo Fleuriet para análise dinâmica do capital de giro. A partir de um conjunto dados relativos a 2.142 empresas-ano listadas na bolsa valores B3 no período 2010 a 2016 verificou-se que, independentemente do nível de saúde financeira da firma, não se encontrou diferença no nível de agressividade fiscal entre as empresas classificadas de acordo com as estruturas do Modelo Fleuriet.

O segundo artigo inédito, de autoria de Simone Sehnem, Graciella Martignago, Susana Carla Farias Pereira e Charbel Chiappetta Jabour, Sustainable Management at a University in Light of Tensions of Sustainability Theory, consiste em um estudo que busca analisar as tensões que emergiram durante o processo de inserção da sustentabilidade nos principais processos de uma universidade brasileira. Os autores apoiam-se em dados coletados por meio de entrevistas para concluir principalmente que houve predominância de tensões provenientes da dimensão organizacional; e que a dimensão do desempenho está associada à pluralidade de resultados esperados pelas partes interessadas.

O terceiro artigo, Efficiency Losses in Healthcare Organizations Caused by Lack of Interpersonal Relationships é de autoria de Sérgio Almeida Migowski, Iuri Gavronski, Cláudia de Souza Libânio, Eliana Rustick Migowski, e Francisco Dias Duarte. Os autores propõem-se a examinar os relacionamentos interpessoais em três hospitais de grande porte localizados no sul do Brasil, e sua relação com a eficiência organizacional. A partir de dados coletados por meio de entrevistas, os autores concluem que a integração ocorre ao nível das lideranças formais em apenas um dos hospitais, e não envolve os profissionais médicos e os operacionais. E ainda, a gestão da qualidade não parece estar completamente incorporada às rotinas assistenciais e estão relacionadas com perdas de eficiência.

O quarto artigo é de autoria de Fernanda da Silva Momo, Giovana Sordi Schiavi, Ariel Behr e Percival Lucena, e intitula-se Business Models and Blockchain: What Can Change?. Os autores apontam como objetivo do estudo: identificar as características de modelos de negócios inovadores que utilizam a blockchain. Por meio de uma pesquisa qualitativa e descritiva, os autores encontraram resultados que apontam que a maioria das empresas identificadas em sua busca atua na área Financeira e Tecnológica.

Felipe Fróes Couto, Bruno Eduardo Freitas Honorato, e Everton Silva compõem a autoria do artigo inédito intitulado Organizações Outras: Diálogos Entre a Teoria da Prática e a Abordagem Decolonial de Dussel. Nesse ensaio os autores buscam propor um alinhamento teórico entre o aporte dos estudos decoloniais latino-americanos - com ênfase no trabalho de Enrique Dussel - e a abordagem teórico-metodológica da teoria da prática, partindo de um entendimento específico do debate centro/periferia, para, segundo os autores, adentrar a forma de capturar as organizações em sua localidade.

O sexto, último, artigo inédito tem como título Executivos com Maior Sofisticação Financeira são mais Confiantes e Otimistas?, e possui como autores Cassiana Bortoli, e Rodrigo Oliveira Soares. O objetivo perseguido pelos autores desse trabalho foi identificar a relação entre a Sofisticação Financeira dos CEO's e os vieses cognitivos de Excesso de Confiança e Otimismo. O conjunto de dados compreendeu 179 empresas listadas na bolsa de valores B3 durante o período 2011-2015.

Indicadores do Processo Editorial da RAC (janela móvel agosto/2017 a julho/2018)
SituaçãoAgo'17-Jul'18Jul'17-Jun'18Jun'17-Mai'18
Total de artigos publicados513635
Total de artigos submetidos399422440
Artigos em avaliação535256
Artigos aceitos e publicados241226
Artigos aceitos a serem publicados081206
Tempo médio entre submissão e publicação (# dias)223237298

Referências

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Material Suplementar

Todos os dados e materiais foram disponibilizados publicamente por meio da plataforma Zenodo e podem ser acessados em: Mendes-Da-Siva, Wesley. (2019, January 13). Evolution of the number of articles published in the area of business dedicated to systematic reviews or narrative reviews (2003-2018). Revista de Administração Contemporânea (Journal of Contemporary Administration). Zenodo. http://doi.org/10.5281/zenodo.2538809

Autor notes

Wesley Mendes-Da-Silva, Rua Itapeva, 474, 8º andar, 01332-000, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: rac.wesley.mendes@gmail.com

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