Secciones
Referencias
Resumen
Servicios
Descargas
HTML
ePub
PDF
Buscar
Fuente


Permanência e sucessão no meio rural: o caso dos jovens de Santana do Livramento/RS
Permanence and succession in the rural environment: the case of young people of Santana do Livramento/RS
Ciências Sociais Unisinos, vol. 56, núm. 1, pp. 26-37, 2020
Universidade do Vale do Rio dos Sinos Centro de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais

Articles


Recepção: 18 Setembro 2018

Aprovação: 13 Fevereiro 2020

DOI: https://doi.org/10.4013/csu.2020.56.1.03

Resumo: A sucessão rural é uma problemática que vem sendo discutida na academia, entre os policymaker e, sobretudo, entre os agricultores familiares do mundo todo. Os jovens têm demonstrado cada vez menos interesse em permanecer no meio rural, menor ainda tem sido o interesse em dar sequências nas atividades agrícolas desenvolvidas pelos pais. Reconhecendo o papel dos jovens para o processo de desenvolvimento rural, o objetivo do presente estudo é analisar as perspectivas dos jovens rurais de Santana do Livramento/RS acerca da permanência no meio rural e o interesse na sucessão familiar. A metodologia do estudo é quantitativa, realizada através da estatística descritiva. Foram aplicados questionários estruturados contendo questões abertas e fechadas a jovens, filhos de agricultores familiares, que frequentavam o ensino médio, num total de 59 jovens rurais, com idade entre 14 e 19 anos. Como principais resultados têm-se: os jovens homens desejam permanecer no campo e possuem interesse em serem gestores da propriedade em maior número que as jovens mulheres; os jovens com menos área de terra têm menos interesse em serem sucessores; fatores emocionais e de relacionamentos familiares e comunitários prevalecem no desejo de permanência no campo; obstáculos do trabalho agrícola, dificuldades de acesso as unidades de produção, escassez de terra, baixa autonomia gerencial e financeira, além da pressão econômica exercida pelas grandes propriedades, são os fatores que contribuem para a saída dos jovens do meio rural de Santana do Livramento/RS.

Palavras-chave: Gestão rural, Desenvolvimento rural, Questão de gênero, Sucessão na agricultura, Juventude rural.

Abstract: Rural succession has been a problem that has been discussed in the academy, among policymakers and, above all, among family farmers around the world. Young people have shown less and less interest in staying in rural areas, but there has been less interest in sequencing the agricultural activities of their parents. In this sense, recognizing the role of young people in the rural development process, the objective of the present study is to analyze the perspectives of the rural young people of Santana do Livramento / RS about the permanence in the rural environment and the interest in the family succession. The methodology of the study is quantitative, performed through descriptive statistics. Structured questionnaires containing open and closed questions were applied to young people, children of farmers, who attended high school, in a total of59 rural youth, aged between 14 and 19 years. The main results are: young people want to stay in the field and have a greater interest in being managers of the property in greater number than the young ones; young people with less land area are less interested in being succes-sors; emotional and relationship factors prevail in the desire for permanence in the fíeld; obstacles to agricultural labor, difficulties in accessing production units, land scarcity, low autonomy, and the economic pressure exerted by large farms, are the factors that contribute to the exit of rural youth from Santana do Livramento / RS.

Keywords: Rural management, Rural development, Gender issue, Succession in agriculture, Rural youth.

Introdução

A transferência de propriedades rurais familiares entre gerações é uma questão atual e complexa, seja em termos de sociedade ou de sustentabilidade agrícola. Baixo número de jovens sucessores resultará em menor número de agricultores no campo e pode ter consequências na indústria, no próprio campo, no uso da terra e na sustentabilidade das comunidades rurais (Goeller, 2012; Ingram e Kirwan, 2011). Este cenário é cada vez mais comum às diferentes regiões do mundo e, especificamente no Rio Grande do Sul (RS), a problemática está presente de forma acentuada na agricultura familiar. Essa categoria social enfrenta dificuldades no processo sucessório que, em partes, se relacionam com a migração dos filhos jovens para o meio urbano. Ou seja, os jovens rurais cada vez menos têm projetado as perspectivas de futuro pessoal e profissional no campo.

O problema se mostra com maior intensidade quando abordadas questões de gênero, pois as mulheres jovens têm menos predisposição em permanecer no campo. Consequentemente, desencadeia um processo de masculinização no meio rural, desestimulando jovens do sexo masculino por não conseguirem parceiras para constituir uma família no meio em que vivem (Abramovay et al., 1998). Bourdieu (2004), a partir de estudo realizado no Sudoeste da França, também chama a atenção para o celibato no campo. Para o autor, as posições econômicas e sociais interferem no aumento do celibato no campo, resultante de uma consciência introjetada pelos homens acerca de sua posição social. Quando as categorias urbanas frequentam o meio rural, carregam consigo um julgamento que leva à desvalorização dos jovens do campo. As jovens mulheres, baseando-se na educação recebida e na sua posição social, têm padrões culturais urbanos e são sensíveis à forma como os jovens se apresentam, especialmente como se vestem, se comportam e sua aparência. Estes critérios de julgamento acabam desvalorizando os jovens homens rurais pelos potenciais cônjuges.

Consequentemente, o jovem homem rural internaliza esse julgamento negativo feito deles por princípios urbanos e passa a se ver como um jovem rural, distinto do urbano, com corpo e atitudes de pessoa rural. Esta internalização tem como consequência o rompimento da relação consigo mesmo, fazendo se comportar de forma introvertida, envergonhada, o que é acentuado pela coibição de partilhar as emoções e pela segregação dos sexos (BOURDIEU, 2004).

Tais características tornam-se ainda mais agravantes quando a agricultura familiar por si só enfrenta invisibilidade e/ ou descaso, como ocorre em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste do RS, objeto da atual investigação. Na região, a agricultura familiar, apesar de estar historicamente presente, passou a ter notoriedade somente a partir dos anos 1990 com a criação de políticas específicas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e, principalmente, pela instalação de assentamentos rurais. Até então, a categoria social desenvolvia-se às margens da agricultura patronal produtora de commodities, marcada pela figura de grandes proprietários pecuaristas (Troian e Breiten-bach; 2018a). Merece destaque neste cenário o município de Santana do Livramento que possui 30 assentamentos rurais de reforma agrária, os quais têm alterado as características do meio rural local.

Neste contexto, o presente estudo visou analisar as perspectivas dos jovens rurais de Santana do Livramento/RS acerca da permanência no meio rural e interesse na sucessão familiar. Especificamente, objetivou-se: a) identificar os fatores que motivam a permanência e a saída do campo; b) mapear o interesse na sucessão familiar; c) averiguar as diferenças de gênero acerca da sucessão e permanência no campo. Se utilizou metodologia quantitativa. Aplicaram-se questionários estruturados para filhos de agricultores familiares que frequentavam o ensino médio, num total de 59 jovens rurais, com idade entre 14 e 19. Os jovens participantes da pesquisa estudavam em três escolas que recebem jovens rurais, sendo uma localizada no meio rural, em um assentamento, e duas escolas urbanas.

Juventude rural: desafios para sucessão familiar e permanência no meio rural

Nesta seção serão apresentados conceituações e estudos sobre juventude e sucessão rural na agricultura familiar. Também, serão abordadas as motivações para a permanência e a saída dos jovens do meio rural. Para tanto, se inicia com uma discussão sobre a juventude no contexto rural.

Ao falar da juventude é preciso reconhecer que existem diferentes maneiras de ser jovem, pois é uma categoria social representada pela heterogeneidade. Isto decorre da diversidade de contextos sociais que influenciam, direta ou indiretamente, na formação e percepção de mundo destes sujeitos (Troian e Brei-tenbach, 2018b).

Uma das definições oficiais determina como jovens aqueles incluídos na faixa etária entre 15 e 24 anos (ONU, 1985). Por outro lado, Carneiro e Castro (2007) consideram que definir o momento exato de início e término da juventude é difícil, pois se trata de uma etapa imprecisa. Porém, a juventude está relacionada ao fim dos estudos, início da vida profissional, saída da casa dos pais, constituição de uma nova família, ou uma faixa etária pré-definida (Carneiro e Castro, 2007). Portanto, existem distintas abordagens para a definição do termo jovem, as quais variam desde abordagens cronológicas, em que a juventude é demarca pela faixa etária, como a da ONU, até a abordagem geracional, que consiste na ideia de situação social, estabelecendo um paralelo com a circunstância de classe (Troian e Breitenbach, 2018b).

A juventude é uma categoria muitas vezes subalterna na sociedade atual, por ser percebida como em estado de formação, intermediária entre a infância e a vida adulta. No caso dos jovens rurais, apesar de serem atores imprescindíveis no processo de desenvolvimento rural, eles não têm recebido a devida atenção por parte dos pais, governantes, ou de ações de desenvolvimento estabelecidas (Troian, 2014; Troian e Breitenbach, 2018b).

Dentre as problemáticas que envolvem o contexto da juventude rural, destaca-se a limitação no planejamento da sucessão familiar. Ou seja, os jovens não estão envolvidos na transferência da propriedade rural de uma geração (patriarcas) para outra (jovens/filhos) (Inwood e Sharp, 2012). Em muitas propriedades os planos de sucessão são desconhecidos, seja porque a progênie não tem idade suficiente para sinalizar suas intenções, ou porque os planos nunca foram feitos ou discutidos na família. No entanto, em alguns casos, o curso provável da sucessão é conhecido ou pode ser antecipado (Inwood e Sharp, 2012). Quando os planos de sucessão são conhecidos e existe a presença de um herdeiro sucessor, os agricultores e suas famílias se interessam em perseguir na atividade agrícola e maximizar a receita (Gasson e Errington, 1993; Potter e Lobley, 1996; Inwood e Sharp, 2012).

A transferência da propriedade entre as gerações é um processo multifacetado que abrange três procedimentos distintos, mas inter-relacionados: sucessão, herança e aposentadoria (Gasson e Errington, 1993). Na lógica do processo sucessório, à medida que a nova geração é bem-sucedida, a antiga geração deveria se aposentar (Gasson e Errington, 1993; Errington e Lobley, 2002). Porém, nas últimas décadas, a dificuldade de identificação e interesse de um herdeiro sucessor nas propriedades, vem resultando no envelhecimento da população rural (Abramovay et al., 1998; Mishra e El-osta, 2008).

No Brasil, a questão da sucessão rural vem passando por mudanças devido às modificações estruturais na sociedade, afetando, dessa forma, o meio rural e o modo de vida das famílias. O que se denomina de "problema da questão sucessória" na agricultura, acontece quando a formação de uma nova geração de agricultores perde a naturalidade com que era vivida até então pelas famílias e pelos indivíduos envolvidos nos processos sucessórios (Carneiro, 1998).

Resultado disso é êxodo rural por parte dos jovens, especialmente do sexo feminino, já que as moças deixam o campo antes e numa proporção superior que os rapazes, levando à mas-culinizarão da juventude que permanece no campo (Abramovay et al., 1998). Se considerado os dados do Censo Demográfico de 2000 e 2010 (IBGE 2020), observa-se que na faixa etária entre 15 a 29 anos, o número de pessoas do sexo masculino na agricultura é maior que feminino e que as jovens se encontram em maior número no espaço urbano. Carneiro (2001) já alertava que apenas 32% das filhas têm interesse em permanecer no campo.

A continuidade do projeto coletivo familiar, a reprodução do estabelecimento e a família ocorrer pelo interesse do possível sucessor. Portanto, a sucessão permite a continuidade das funções produtivas e sociais dos estabelecimentos, bem como das comunidades rurais a que pertencem (Woortmann, 1995). Em contraponto, o problema da sucessão rural gera consequências na própria dinâmica socioeconômica das cidades e do campo (Abramovay et al., 1998; Breitenbach e Corazza, 2017; Troian e Breitenbach, 2018b).

A partir da diluição da fronteira entre rural e urbano torna-se cada vez mais complexa a decisão entre ficar ou sair do meio rural. Os jovens são criados e transitam por ambos os espaços, experimentando o "melhor" dos dois mundos (Carneiro, 1998). No entanto, ainda são discutíveis as razões e motivações para a saída e permanência no campo. Existe uma gama de particularidades, interesses e motivações que movimentam o contexto em que se inserem os jovens. Consequentemente, existem fatores que estimulam a permanência ou de saída do meio rural. O Quadro 01 sintetiza alguns condicionantes de permanência e saída do campo, tendo como base pesquisas previamente realizadas pela comunidade acadêmica nacional.

Quadro 1
Condicionantes e ações para saída e permanência dos jovens no meio rural

Tendo em vista a complexidade de fatores que podem influenciar a decisão dos jovens rurais, o item a seguir aborda a metodologia adotada para a coleta e análise dos dados da presente pesquisa.

Metodologia

O presente estudo caracteriza-se como quantitativo, desenvolvido a partir de estatística descritiva. Os dados empíricos foram obtidos a partir de questionário estruturado e posteriormente foram tabulados e analisados. A pesquisa teve como público alvo os jovens filhos de agricultores familiares, que frequentavam o ensino médio em escolas de Santana do Livra-mento/RS, localização representada pela Figura 01.


Figura 01
Localização da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, com destaque para Santana do Livramento/RS
Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2009).

A coleta de dados deu-se após o contato com a Secretaria Municipal de Educação de Santana do Livramento/RS, em que se obteve a informação de quais eram as escolas que atendiam alunos vindos do meio rural, quais sejam: a) Escola de Primeiro e Segundo

Grau Alceu Valmosi; b) Escola de Ensino Médio Nossa Senhora do Livramento; c) Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Conselheiro. As escolas (a) e (b) estão localizadas no perímetro urbano do município e recebem estudantes urbanos e rurais, enquanto a escola (c) está localizada no assentamento Bom Será, Segundo Distrito de Santana do Livramento. De posse destas informações, realizou-se o contato com a direção de cada escola para explicar a pesquisa e agendar dia e horário para a aplicação dos questionários.

A pesquisa foi conduzida durante o primeiro semestre de 2016 a jovens, filhos de agricultores, que frequentavam o ensino médio, num total de 59 jovens rurais, com idade entre 14 e 19 anos. O público alvo foi definido ao considerar que o fluxo migratório do meio rural para o meio urbano vem ocorrendo cada vez mais cedo e, cada vez mais, jovens com menos de 20 anos saem do meio rural (Camarano e Abramovay, 1999). Ainda, o ensino médio é uma fase determinante na vida do jovem, por ser a fase de decisão acerca da profissão, se irá cursar uma faculdade, curso e área de atuação vai escolher (Breitenbach e Corazza, 2017).

A coleta de dados deu-se por meio de questionários estruturados contendo questões abertas e fechadas. As perguntas foram formuladas a partir do referencial teórico sobre o tema. Os questionários foram aplicados nas dependências das escolas para a totalidade dos jovens que atendiam o perfil traçado e que estavam presentes em aula nos dias da pesquisa. Após a aplicação do questionário, os dados foram tabulados em planilha do Microsoft Office Excel®.

Posteriormente foram realizadas as análises estatísticas no programa computacional PSPP. As análises estatísticas foram univariadas (frequência de variáveis), e bivariadas (teste Qui Quadrado). Na análise bivariada foram cruzados: a) todos os dados de perfil dos jovens e do perfil das propriedades rurais com todas as demais variáveis; b) a variável referente ao interesse em permanecer no campo com todas as demais variáveis; c) a variável referente ao interesse em ser sucessor com todas as demais variáveis. Por fim, de posse dos resultados quantitativos, os mesmos foram analisados qualitativamente com auxílio da base teórica.

Jovens Santanenses: caracterização e motivações para a permanência e saída do meio rural

Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos através da pesquisa. Para tanto, inicia-se descrevendo o perfil dos entrevistados e das propriedades rurais, que pode ser visualizado no Quadro 02. Dos 59 jovens que participaram da pesquisa, 49,2% são do sexo feminino, 49,2% do sexo masculino e 1,6% não assinalou nenhuma das alternativas. 74,6% dos jovens são solteiros e 23,7% estão namorando ou noivos. A composição familiar dos jovens entrevistados é, de quatro integrantes em sua maioria (54,2%).

Quadro 02
Perfil dos jovens e das propriedades dos entrevistados no município de Santana do Livramento/RS

A maioria dos jovens (37,3%) vive em propriedades rurais situadas ente 16 e 30 km do meio urbano, com até 20 ha (66,1%), menores que um módulo fiscal. O módulo fiscal para o município de Santana do Livramento é 28 ha (INCRA, 2013).

O leite, para 52,5% dos jovens entrevistados, é a principal atividade desenvolvida com fins comerciais. Além da atividade leiteira, outras produções merecem destaque, especialmente milho, soja e bovinocultura de corte, como pode ser visualizado no Quadro 01. Segundo Patias et al., (2017), a produção leiteira em Santana do Livramento, considerada pequena pela potencialidade territorial, passou de 7.479.479 milhões de litros/ano em 1996 para 12.732 milhões de litros/ano em 2006. Isso reflete a organização da cadeia produtiva do leite com incentivo da prefeitura municipal e dos outros órgãos, como o Ministério da Ciência e Tecnologia. O leite produzido no município é comercializado principalmente para a Cosulati, de forma direta ou através da Cooperativa dos Assentados de Santana do Livramento (Coperforte) e Associação dos Pequenos Produtores de Leite de Santana do Livramento (Applesa).

A agricultura de Santana do Livramento e da Fronteira Oeste como um todo, é conhecida pelas grandes extensões de terras e pela pecuária extensiva. Assim, a agricultura familiar passa despercebida pelos órgãos de investigação e, principalmente, pelas políticas públicas (Troian e Breitenbach; 2018a).

Perspectivas de permanência no meio rural de Santana do Livramento/RS

O processo sucessório é uma preocupação para os jovens rurais, sobretudo os pertencentes à agricultura familiar. O interesse na sucessão, dentre outros fatores está relacionado com a valorização da agricultura familiar. Neste sentido, entende-se que quanto o processo sucessório está estabelecido ele contribui para a reprodução dos estabelecimentos familiares e para o desenvolvimento como um todo. Neste sentido, visando compreender as aspirações dos jovens rurais de Santana do Livramento, a Tabela 01 apresenta os interesses deles na permanência e saído do campo.

Tabela 01
Interesse dos jovens rurais de Santana do Livramento/RS acerca da permanência no campo e sucessão familiar rural

Os dados demonstram que parte dos jovens (49,2%) não decidiu se vai permanecer no campo após concluir o ensino médio, se vai migrar para o meio urbano (20,3%), se vai fazer um curso superior (25,42%), e, ainda, se o curso almejado terá o foco em voltar para o campo (40,68%). Parte da indecisão entre migrar ou não para o meio urbano pode ter relação com o próprio destino universitário e se conseguirão ingressar em um curso superior.

Entre os entrevistados, 69,5% destaca o desejo de cursar faculdade após a conclusão do ensino médio, 25,4% ainda não decidiu e 5,1% demonstrou nenhum interesse. Entre os jovens que pretendem fazer um curso superior, 49,1% não tem nenhum interesse em voltar para o campo após a conclusão da faculdade. Destaca-se que Santana do Livramento possui três universidades, sendo duas públicas, a Universidade Federal do Pampa, com cursos na área das Ciências Sociais Aplicadas e

a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, com cursos na área das Ciências Agrárias. Também conta com uma universidade particular, a Universidade da Região da Campanha, com cursos em diversos campos do conhecimento. Assim, cursar faculdade é possível sem necessidade de deslocamento intermunicipal.

Considera-se que os dados mais reveladores desta etapa do trabalho dizem respeito ao interesse dos jovens em serem sucessores e gestores das propriedades rurais. Tais dados apontam que 37,3% dos entrevistados tem total interesse em ser o sucessor, 27,1% médio e 35,6% nenhum interesse. Ainda, os jovens foram questionados sobre o interesse na gestão das propriedades. Dentre os 59 entrevistados, 49,2% respondeu não ter nenhum interesse em ser gestor, 27,1% total interesse e 23,7% tem mediano interesse em gerir a propriedade.

A maioria dos entrevistados não apresentou interesse na gestão. Breitenbach; Corazza (2017) destacam que a sobrevivência das propriedades rurais está relacionada com a permanência da juventude no campo, tendo em vista que os filhos seriam os responsáveis em dar seguimento às atividades agropecuárias exercidas pela família. Por outro lado, muitos jovens visualizam nos centros urbanos alguns atrativos e oportunidades, como a possibilidade de estudar, conhecer pessoas e lugares novos, ter mais chance de conseguir um emprego. Migram de seus locais de origem repletos de expectativas de uma vida "melhor" do que se permanecerem no campo (Carneiro e Castro, 2007), o que nem sempre ocorre.

O padrão sucessório na agricultura familiar tende a seletividade, ou seja, a escolha de um único sucessor pelos pais e a exclusão dos demais como forma de garantir a continuidade dos estabelecimentos (Carneiro, 2001). O perfil das propriedades rurais analisadas corrobora com isso, pois são propriedades familiares com pouca área, que dificilmente comportam mais de um grupo familiar. Portanto, a saída de um ou de alguns filhos para seguir em outras profissões ou para ser agricultor em outro local faz parte das estratégias familiares para garantir a continuidade do estabelecimento familiar (Woortmann, 1995).

A forma como os pais incentivam ou não o jovem pode ser definitivo nas escolhas acerca de seu futuro (Almeida e Silva, 2011). Na presente pesquisa, levando em consideração a influência dos pais (pai e mãe), 78% dos jovens diz receber total incentivo para cursar faculdade, 15,2% não recebem nenhum incentivo e 6,8% menciona receber incentivo mediano. Já com relação à influência na decisão acerca da sucessão das unidades de produção, o total incentivo vem de 59,3% dos pais e 44,1% das mães, o médio incentivo é de 11,9% dos pais e 18,6% das mães e não dão nenhum incentivo aos jovens para que sejam sucessores 37,3% das mães e 28,8% dos pais.

A influência dos pais ocorre continuamente nos processos de interação dentro dos grupos familiares (Almeida e Silva, 2011). Nos casos analisados, os pais, de forma geral, têm incentivados os seus filhos a realizarem cursos superiores. Os dados mostram ainda, que o incentivo com relação a decisão de suceder as atividades dos pais no meio rural altera com relação aos pais e mães. Ou seja, as mães têm incentivado menos os jovens na sucessão rural.

A unidade doméstica, independente da configuração e sobretudo por meio dos pais, é o grupo de referência mais importante na transmissão do capital cultural e para orientar os filhos nos processos de socialização e desenvolvimento (Romanel-li, 2003). O caso de as mães terem incentivado menos a sucessão rural pode estar relacionada ao fato da mulher desempenhar o papel de "ajuda" nas atividades agrícolas e suas atividades terem papeis invisíveis no campo (PAULILO, 1987; Menasche e Torrens, 1996), sendo desvalorizadas.

O domínio que o pai ainda exerce na propriedade, muitas vezes leva o mesmo a não querer escutar a opinião do filho, que - embora participe das atividades - não tem "voz" para coordená-las ou opinar sobre elas. Este aspecto vai ao encontro dos resultados da pesquisa, uma vez que 66,1% dos jovens entrevistados participa nas atividades operacionais na propriedade rural, mas na tomada de decisões apenas 42,4% enquanto a mesma proporção, 42,2%, nunca participa (Tabela 02).

Tabela 02
Participação dos jovens de Santana de Livramento/RS nas atividades operacionais e de gestão da propriedade e consequente remuneração

Portanto, a participação dos jovens na hora de tomar as decisões que dizem respeito à propriedade é menos expressiva, quando comparada à participação na realização das atividades braçais que são desenvolvidas na propriedade. Os dados encontrados entre os jovens rurais de Santana do Livramento corroboram com a realidade encontrada por Troian et al., (2011), em estudo realizado no interior de Santa Rosa/RS em que a participação dos jovens na tomada de decisão é pequena ou quase nula. O fato dos jovens estarem menos envolvidos nas decisões é um condicionante para a saída do meio rural.

Com relação ao pagamento recebido pelas atividades realizadas na propriedade (Tabela 02), 66,1% dos jovens entrevistados recebe apenas em algumas ocasiões, especialmente quando necessitam ir para a cidade ou em algum evento de lazer. Ainda, 20,3% respondeu receber valores em dinheiro mensalmente, enquanto que 13,6% dos jovens respondeu que nunca recebem valores em dinheiro pelas atividades realizadas na propriedade.

Com relação ao aspecto financeiro e a participação dos jovens, as habilidades para planejar as finanças pessoais e familiares, para manejar serviços financeiros, são adquiridas por meio de processos educativos. Na agricultura familiar tal aprendizado se dá especialmente através da experiência e da educação familiar (Magalhães, 2009). A relação financeira entre pais e filhos e a participação dos jovens e crianças nas decisões financeiras das famílias é fundamental para a formação de um comportamento financeiro responsável entre jovens.

Nesta seção foram apresentados os resultados obtidos com relação as motivações em permanecer no meio rural, gerir a propriedade rural, sobre a participação dos jovens nas atividades agrícolas e na tomada de decisão. Dando sequência, o item a seguir abordará as motivações dos jovens rurais de Santana do Livramento para a permanência no meio rural.

Motivações para a permanência e a saída do campo entre os jovens de Santana do Livramento/RS

Permanecer ou sair do campo é uma decisão a ser tomada pelos jovens rurais e que interfere não só no seu futuro, mas também no destino das comunidades rurais onde vivem. Considerando que essa decisão não é simples e pode ter a interferência de distintos condicionantes, a pesquisa elencou alguns fatores, em ordem de importância, que interferem nesta decisão. Tais aspectos foram divididos entre aqueles que contribuem para a permanência e aqueles que incentivam a evasão do campo e podem ser visualizados no Quadro 03.

Quadro 03
Condicionantes elencados pelos jovens rurais de Santana do Livramento/RS para ficar ou sair do campo

Ocupam papel de destaque para condicionar a permanência no campo, fatores relacionados aos aspectos emocionais, como valorização das tradições familiares e orgulho em ser agricultor. Estes aspectos são fundamentais para a permanência no campo para 95% e 89,9% dos jovens, respectivamente.

Fatores relacionados aos aspectos familiares, de relacionamento interpessoal entre as gerações, tanto no que diz respeito às questões voltadas às práticas diárias dentro da propriedade, como nas motivações diretas da família, são fundamentais para que os jovens queiram permanecer no campo e serem os sucessores (Panno e Machado, 2016). Em todo o mundo, a vida agrícola caracteriza-se pela integração íntima quase inseparável do lar, do trabalho, das memórias e da tradição familiar (Uchiyama e Whitehead, 2012; Barclay et al., 2012; Kirkpatrick, 2012). Uma característica distintiva dos agricultores é que tendem a ter uma ligação emocional enraizada com os principais ativos comerciais que possuem, como a terra ou animais, aumentando a relutância para abandonar a propriedade e a agricultura (Lobley e Potter, 2004; Gillmor, 1977; 1999).

A partir de questões fechadas, aplicadas aos jovens rurais participantes da pesquisa constatou-se que as motivações financeiras apareceram em terceiro lugar dentre os fatores investigados. Porém ela é um incentivo para permanecer no campo para 52,5% dos jovens. Outras pesquisas já apontaram que é mais provável que a sucessão ocorra em fazendas lucrativas (Lobley et al., 2009), mas infere que existem outros fatores tão ou mais importantes que a renda, como a motivação pessoal e o relacionamento familiar. Segundo Ferrari et al., (2004), a obtenção da independência financeira por parte dos jovens, para suprir seus próprios desejos e necessidades, já não é mais um fato difícil de acontecer.

Já entre os fatores que condicionam o desejo de saída do campo, destacam-se: dificuldades e incertezas da atividade agrícola para 72,9% dos jovens; baixa valorização deste trabalho para 71,2%; e, escassos espaços de lazer relacionados a reunião de pessoas, acesso à internet e demais atrações mais acessíveis ao meio urbano, apontado por 62,7% dos jovens entrevistados. Por fim, a penosidade do trabalho agrícola (55,9%) e os aspectos relacionados diretamente a sucessão na propriedade como passagem de patrimônio de "pai para filho" ser feita tardiamente (52,5%) e a consequente existência de até três gerações (avô, pai e neto) convivendo na mesma terra/proprie-dade (45,8%), também interferem na decisão de sair do campo.

Os resultados se assemelham com os encontrados por Brei-tenbach e Corazza (2017), quando constataram que no município de Alto Alegre/RS os aspectos que mais motivavam os jovens a sair da propriedade familiar foram a penosidade e dificuldades do trabalho na agricultura (sendo que este aspecto afetou mais as moças); e as incertezas e dificuldades enfrentadas pelos agricultores (sendo que este aspecto afetou mais os rapazes). Acerca da falta de lazer e demora no processo sucessório, também são fatores que contribuem para dificultar a permanência do jovem no campo (Castro et al., 2013; Carvalho et al., 2009; Prediger, 2009).

Os resultados da presente pesquisa também reafirmam o que Abramovay et al., (1998) já havia apontado, que o trabalho na agricultura é dificultoso, apesar dos avanços tecnológicos dos últimos anos. Mesmo havendo especificidades do local da presente pesquisa, percebe-se que as motivações dos jovens não são distintas dos demais, sobretudo no tempo.

Gênero e sucessão familiar na agricultura de Santana do Livramento/RS

Por fim, a presente pesquisa buscou identificar se os aspectos investigados relacionados a sucessão familiar na agricultura se diferenciavam para as jovens mulheres comparativamente aos jovens homens. Para tanto, se correlacionou o perfil das propriedades, o perfil dos jovens, os fatores de intenção de permanência no campo e de ser sucessor, com os demais aspectos investigados pela pesquisa. Desta análise resultou o Quadro 04, o qual apresenta as variáveis que demonstraram significância no teste Qui Quadrado.

Quadro 04
Variáveis analisadas que apresentaram correlação

Os resultados da pesquisa reforçam a tendência anunciada teoricamente de masculinização do campo (Camarano; Abramovay, 1999; Neto e Nazareth, 2013), uma vez que os jovens homens têm mais interesse em permanecer no campo, bem como de serem gestores das propriedades rurais. Ou seja, o campo se encontra masculinizado, já que as moças têm migrando, em maior proporção do que os rapazes, para os centros urbanos.

A saída das mulheres pode estar atrelada a desvalorização das atividades realizadas por elas na unidade de produção. Tais afazeres são tratados como uma "ajuda", considerados trabalhos secundários e invisíveis (Menasche, et al., 1996; Carneiro, 2001, Brumer, 2004; 2014). Isso desencadeia no desinteresse das jovens mulheres em permanecer no campo (Carvalho et al., 2009).

Por fim, um fator importante que a análise demonstrou para a região de Santana do Livramento, é que os jovens que pertencem a propriedades rurais maiores estão mais dispostos a serem sucessores. Pesquisas conduzidas na França por Champagne, em 1986, também apontaram que nas propriedades maiores a probabilidade de ter um filho sucessor também era maior. No Brasil, Abramovay et al., (1998) concluiu que nas propriedades mais capitalizadas, em que a atividade agrícola permite a reprodução familiar e o investimento e acumulação, as chances de ter um filho sucessor são maiores.

Destarte, em propriedades maiores ocorre o incentivo por parte dos pais para que seus filhos, pelo menos um deles, permaneça na propriedade e dê sequência às atividades da família. Já nas pequenas propriedades existe incentivo dos pais para que os filhos estudem e saiam do meio rural em busca de uma vida melhor (Prediger, 2009; Abramovay et al., 1998). Neste caso, a sucessão é mais provável em propriedades com renda maior (Lo-bley et al., 2009), o que pode estar atrelado com a maior disponibilidade de área.

Considerações finais

O jovem tem papel preponderante no processo de desenvolvimento rural, sobretudo em regiões em que a agricultura familiar ainda necessita ser reconhecida e valorizada. A reprodução da agricultura familiar no Rio Grande do Sul depende da condução de um processo sucessório que desperte o interesse dos jovens em permanecer no campo e dar seguimento aos negócios familiares com eficiência e eficácia. Dessa forma, ações no sentido de incentivar a permanência dos jovens na agricultura são importantes. O incentivo pode vir por parte do governo ou dos atores locais como as associações, cooperativas e instituições de ensino (Breitenbach e Giareta, 2015).

Neste sentido, faz-se necessário estudos para entender as motivações para permanência e saída dos jovens rurais, como a presente pesquisa, que buscou analisar as perspectivas dos jovens rurais de Santana do Livramento/RS acerca da permanência ou saída do meio rural. A pesquisa, de forma geral, reafirma estudos que vêm sendo desenvolvidos desde a década de 1980, segundo os quais os jovens homens têm mais propensão em permanecer nas propriedades rurais do que as jovens mulheres. No entanto, destaca-se que a maior parte dos entrevistados ainda não decidiu se vai permanecer ou sair do meio rural. Acredita-se que a decisão ainda não ocorreu em função dos entrevistados serem muito jovens, entre 15 e 19 anos, e estarem inseguros quanto as possibilidades de estudo após o ensino médio.

O estudo identificou que os jovens que pertencem a propriedades maiores, com mais disponibilidade de terra, têm mais disposição a serem sucessores. Porém, a falta de abertura dos pais para que os filhos participem nas tomadas de decisões é uma das principais causas para reduzir o interesse em serem os gestores da unidade de produção. Os dados apontaram o que poderia ser uma tendência para o futuro da agricultura: um interesse maior dos jovens em serem sucessores (37,3%) do que em serem apenas gestores (27,1%). Para fins dessa pesquisa, considerou-se que um filho pode assumir unicamente a gestão de uma unidade de produção, mas não serem sucessores em outros aspectos, como o trabalho agropecuário e a vida no campo. Neste caso, o jovem que é apenas gestor pode ter outras atividades profissionais e residir fora do meio rural. Já o jovem que é sucessor, passa por um processo em que, durante anos, a responsabilidade pela unidade de produção, a tomada de decisão, o conhecimento de cultivos e criações, a propriedade e a mão de obra são transferidas dos pais agricultores para o sucessor (Burton, 2012).

Com relação ao interesse em gerir as propriedades rurais, atualmente sob comando dos pais, 49,2% dos entrevistados respondeu não ter nenhum interesse em ser gestor. O que, de certa forma, indica uma possibilidade destes jovens não serem sucessores. Tal situação pode ser reflexo do incentivo recebido pelos pais para seguir nos estudos e cursar ensino superior. Já que 84,8% dos jovens recebem incentivo para cursar faculdade.

Ainda como resultado do estudo, se constatou que os jovens participam das atividades realizadas nas propriedades, mas que a participação na tomada de decisão é menor, bem como poucos são remunerados pelo labor realizado na propriedade. Tal situação reforça a especificidade da agricultura familiar em que as atividades são feitas pelo núcleo familiar e a gestão dos recursos é feita pelo pai. Os demais membros da família recebem o que necessitam, como comida, roupas, material escolar, festas e as necessidades pessoais. Esse cenário pode não refletir uma necessidade atual dos jovens, os quais desejam autonomia acerca do uso dos recursos financeiros, bem como valorização do trabalho que desenvolvem.

Com relação às motivações para a saída e para a permanência no campo, destaca-se que fatores emocionais e de relacionamentos prevalecem no desejo de permanência. Da mesma forma, a desvalorização e as incertezas inerentes a atividade agrícola têm papel preponderante na decisão de saída do campo.

Por fim, conclui-se que menos da metade dos entrevistados tem interesse em permanecer no meio rural. Apesar do contexto e da problemática relacionada à sucessão familiar na agricultura, se reconhece que ninguém é obrigado a projetar seu futuro no campo só por que nasceu neste meio. Diante das con

dições internas, como o tamanho da propriedade, dificuldades do trabalho agrícola, entre outros, somados às condições externas, como as precárias condições das estradas, a desvalorização da agricultura familiar, as dificuldades de escoar a produção, entre outros, cabe reconhecer a esperança e persistência dos jovens que têm interesse em permanecer no rural.

Salienta-se ainda, que o problema da permanência ou saída dos jovens do meio rural reside também na condução do processo sucessório, no diálogo entre os pais e os filhos, na autonomia financeira e de gestão tardia que é dada aos jovens, na dificuldade de constituir família, entre outros elencados neste estudo. Estes aspectos contribuem com o desinteresse dos jovens em permanecer no campo e serem sucessores, já que dificultam a vida deles dentro e fora da propriedade rural.

Referências

ABRAMOVAY, R.et al. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: Edições UNESCO, 1998, 101p.

ABRAMOVAY, R. Juventude rural: ampliando as oportunidades. Raízes da Terra: parcerias para a construção de capital social no campo Brasília, v. 1, n. 1, abr. 2005, pp. 45-52.

ALMEIDA, F. H., SILVA, L. L. M. Influência dos pais no processo de escolha profissional dos filhos: uma revisão da literatura. Psico-USF v. 16, n. 1, jan./abril 2011, pp.75-85.

ALVES, E., MARRA, R. A persistente migração rural-urbana. Revista de Política AgrícolaBrasília v. 18, n. 4, out/nov/dez, 2009, pp.1-13.

BARCLAY, E., REEVE, I., FOSKEY, R. Australian Farmers' Attitudes Towards Succession and Inheritance. In: BAKER, J. R., LOBLEY, M., WHITEHEAD, I. Keeping it in the family: international perspectives on succession and retirement on family farms (Ashgate), 2012, pp. 21-36.

BARRAL, G. Práticas Reprodutivas e transformadoras na escola pública. Revista Línguas e Letras Cascavel, v.6, n.11,2, 2005, pp.1-9.

BOURDIEU, P. The peasant and his body. Ethnography v. 5, n. 4, Dec, 2004, pp. 579-598.

BREITENBACH, R., GIARETA, L. Heterogeneidade da agricultura familiar: contexto nacional (Brasil), estadual (Rio Grande do Sul) e local (Floriano Peixoto). Congresso da Sober, 54, Paraíba. In: Anais...Paraíba, 2015, 20 p.

BREITENBACH, R., CORAZZA, G. Perspectiva de permanência no campo: Estudo dos jovens rurais de Alto Alegre, Rio Grande do Sul/Brasil. Revista Espacios v. 38, n. 29, 2017, p.1-11.

BRUMER, A. et al. Juventude rural e divisão do trabalho na unidade de produção familiar. Congresso da International Rural Sociology Associa-tion (IRSA), 10, Rio de Janeiro. In: Anais... do X Rio de Janeiro, 2000.

BRUMER, A. Gênero e agricultura: a situação da mulher na agricultura do Rio Grande do Sul. Estudos Feministas Florianópolis, v. 12, n. 1, 2004, pp. 205-227.

BRUMER, A. As perspectivas dos jovens agricultores familiares no início do século XXI. In: RENCK, A., DORIGON, C. (Orgs.). Juventude rural, cultura e mudança social. Chapecó: Unochapecó, 2014, pp. 115-138.

BURTON, R. J. F. Understanding farmers' aesthetic preference for tidy agricultural landscapes: a Bourdieusian perspectiveLandsc. Res. 37(1), 2014, pp. 51-71. https://doi.org/10.1080/01426397.2011.559311

CAMARANO, A. A., ABRAMOVAY, R. Êxodo rural, envelhecimento e ma-sculinização no Brasil: panorama dos últimos cinquenta anos. Revista Brasileira de Estudos de População Pampulha, MG, v. 15, n. 2, jul./dez. 1998, pp. 45-66.

CARNEIRO, M. J. O ideal rurbano: campo e cidade no imaginário dos jovens rurais. In: TEIXEIRA DA SILVA, F.C., SANTOS, R., COSTA, L.F.C. (orgs.) Mundo Rural e Política Rio de Janeiro, Campus/Pronex, 1998, pp. 97-115.

CARNEIRO, M. J. Herança e gênero entre agricultores familiares. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, n. 1, 2001, pp. 22-55. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2001000100003.

CARNEIRO, M. J., CASTRO, E. G. C. Juventude rural em perspectiva Rio de Janeiro: Mauad X, 2007, 311 p.

CARVALHO, D. M. et al. Perspectivas dos jovens rurais: campo versus cidade. 47 Congresso da Sober, Porto Alegre. In: Anais... Porto Alegre, 2009, 14 p.

CASTRO, A. M. G. et al. Juventude rural, agricultura familiar e políticas de acesso à terra no Brasil Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2013, 56 p.

CHAMPAGNE, P. La reproduction de Lidentité. Actes de la Recherche en Sciences Sociales v.65, nov. 1986, pp. 41-64.

ERRINGTON. A. J., M. LOBLEY. "Handing Over the Reins: A Comparative Study of Inter-generational Farm Transfers in England. France, Canada and USA ... Conference Paper. Agricultural Economics Society. Aberyst-wyth. April, 2002, pp. 8-11.

FERRON, J. L. Estratégias de reprodução social dos agricultores familiares assentados em Santana do Livramento/RS 2019. Dissertação (Mestrado em Administração), Universidade Federal do Pampa, Santana do Livramento/RS, 2019, 163 p.

FERRARI, D. L. et al. Dilemas e estratégias dos jovens rurais: ficar ou partir? Estudos Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro, v. 12, n 2, 2004, pp. 237-271.

GASSON, R., CROW, G., ERRINGTON, A., HUTSON, J., MARSDEN, T., WIN-TER, D. M. The Farm as a Family Business CAB International, Walling-ford, 1993, pp. 1-41. https://doi.org/10.1111/j.1477-9552.1988.tb00560.x

GILLMOR, D. A. Agriculture in the Republic of Ireland Budapest: Aka-démiai Kiadó, 1977. 201 p.

GILLMOR, D. A. The Scheme of Early Retirement from Farming in the Republic of Ireland, Irish Geography Ireland, v.32, n. 2, 1999, p. 78-86.

GOELLER, D. Facilitating Succession and Retirement in US Agriculture: The Case of Nebraska. 16 p. In: BAKER. JR., LOBLEY M., WHITEHEAD, I. Keeping it in the family: international perspectives on succession and retirement on family farms (Ashgate), 2012, 272 p. https://doi.org/10.4324/9781315591001

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaCenso Agropecuário 2006: Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro, IBGE, 2009.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaCenso Demográfico de 1991, 2000 e 2010 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/apps> Acesso em: 04/02/2020.

INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Módulos Fiscais Municipais 2013. Disponível em:<http://www.incra.gov.br/ tabela-modulo-fiscal>Acesso em: 31 de out. de 2016.

INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Disponível em: <https://www.incra.gov.br>. Acesso em 07 Dez. 2019.

INGRAM, J., KIRWAN, J. Matching new entrants and retiring farmers through farm joint ventures: insights from the Fresh Start Initiative in Cornwall, UK. Land Use Policy, International, v.28, n.4, 2011, pp. 917-927. https://doi.org/10.1016/jJandusepol.2011.04.001

INWOOD, S.M., SHARP, J.S. Farm persistence and adaptation at the ru-raleurban interface: Succession and farm adjustment, Journal of Rural Studies. International, v. 281 2012, pp.107-117. http://dx.doi.org/10.1016/j.jrurstud.2011.07.005

KIRKPATRICK, J. Retired Farmer - An Elusive Concept. 14 p. In: BAKER. JR., LOBLEY M., WHITEHEAD, I. Keeping it in the family: International perspectives on succession and retirement on family farms (Ashgate), 2012, 272 p. https://doi.org/10.4324/9781315591001

LOBLEY, M., BUTLER, A., REED, M. The contribution of organic farming to rural development: an exploration of the socio-economic linkages or organic and non-organic farms in England. Land Use Policy, International , v. 26, 2009, pp. 723-735.

LOBLEY, M., POTTER, C. Agricultural change and restructuring: recent evidence from a survey of agricultural householders in England. Journal of RuralStudies. International, v. 20, 2004, pp. 499-510.

MAGALHÃES, R.S. A "masculinização" da produção de leite. RESR Piracicaba, SP , v. 47, n. 1, jan/mar 2009, pp. 275-300.

MENASCHE, R., TORRENS, J. C. S. Gênero e agricultura familiar, cotidiano da vida e trabalho no leite. DESER/CEMTR/PR, Curitiba, 1996, 97 p.

MENDONÇA, K. F. C et al. Sucessão na agricultura familiar: estudo de caso sobre o destino dos jovens do alto Jequitinhonha. Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 16, Caxambu, MG, 2008. In: 2008.

MISHRA AK, El-OSTA HS. Effects of agricultural policy on succession de-cisions of farm households. Review of the Economics of the Householdv.6, 2008, pp.285-307.

MORAES, A. M. X. Onde concentrar os esforços para a permanência do jovem no campo? Sustentabilidade do campo Rio de Janeiro, Via Corporativa Comunicação, v. 1, n.2, jul, 2011, p.8.

NETO, M. I. D'Á., NAZARETH J. Redes Sociais na Experiência Migratória de Mulheres Nordestinas. Encontro Nacional da ABRAPSO - Associação Brasileira de Psicologia Social, 15, Curitiba, 2013. In: Anais...Curitiba, 2013.

ONU. Organização das Nações Unidas. Comunicado de imprensa Departamento de Informação Pública. 12/08/2010 Disponível em: <https:// www.unric.org/pt/juventude/28816-comunicado-de-imprensa-assem-bleia-geral-vai-lancar-hoje-12-de-agosto-o-ano-internacional-da-juventude-o-tema-do-ano-e-dialogo-e-compreensao-mutua> Acesso em: 10 set. 2018.

PANNO, F., MACHADO, J. A. D. A sucessão em propriedades rurais familiares de Frederico Westphalen/RS: influências e direcionamentos de-cisórios dos atores dos atores. Redes, Santa Cruz Sul, v. 21, n. 3, set./dez. 2016, pp. 217-237. http://dx.doi.org/10.17058/redes.v21i3.7634

PATIAS, T. Z et al. Governança de arranjo produtivo local: um estudo de caso no APL do Leite de Santana do Livramento, RS, Brasil. Gest. Prod.São Carlos, v. 24, n. 3, 2017, pp. 622-635. https://doi.org/10.1590/0104-530x1218-16.

PAULILO, M. I. O peso do trabalho leve. Revista Ciência Hoje Rio de Janeiro, v. 5, n. 28, jan./fev. 1987, pp. 27-48.

POTTER, C., LOBLEY, M. The farm family life cycle: succession paths and environmental change in Britains countryside. Journal of Agricultural Economics, v.47, 1996, pp. 172-190. https://doi.org/10.1111/j.1477-9552.1996.tb00683.x

PREDIGER, S. Estado da Arte da Situação do Jovem Rural: a construção de identidades. Revista Anagrama: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação, São Paulo, v. 3, n. 1, 2009, p.5.

REDIN, E. Jovem rural em questão. Revista de Ciências Sociais e Humanas, Santa Maria, v. 25, n. 1, jan./jun. 2012, pp. 123-139.

ROMANELLI, G. Questões teóricas e metodológicas nas pesquisas sobre família e escola. In: ZAGO, N., CARVALHO, M. P., VILELA, R. A. T. Itinerários de pesquisa: perspectivas qualitativas em Sociologia. Rio de Janeiro: DP&A. 2003, pp.245-263.

SILVESTRO, M. et al. Os impasses sociais da sucessão hereditária na agricultura familiar Florianópolis: EPAGRI; Brasília: NEAD, 2001, 120 p.

SPANEVELLO, R. M., DREBES, L. M., LAGO, A. A influência das ações co-operativistas sobre a reprodução social da agricultura familiar e seus reflexos sobre o desenvolvimento rural. In: I Circuito de Debates Acadêmicos e II Conferência do Desenvolvimento, Brasília, 2011. Anais... do 2011.

TEDESCO, J. C. Terra, trabalho e família: racionalidade produtiva e ethos camponês. Passo Fundo: EDIUPF, 1999, 331 p.

TROIAN, Alessandra. Percepções e projetos de jovens rurais produtores de tabaco de Arroio do Tigre/RS 2014. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

TROIAN, A. et al. Jovens e a tomada de decisão entre sair e permanecer no meio rural: um estudo de caso. Revista de Extensão e Estudos Rurais Viçosa, v.1, n.2, jul./dez. de 2011, pp. 349- 374. https://doi.org/10.36363/rever122011%25p

TROIAN, A., BREITENBACH, R Estratégias e formas de reprodução social na agricultura familiar da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Novos Cadernos NAEA Belém, v. 21 n. 1, jan-abr, 2018a, pp. 139-158.

TROIAN, A., BREITENBACH, R. A Questão da Juventude na contempora-neidade: Estudo dos Projetos de Vida em Arroio do Tigre/RS. Desenvolvimento em Questão Ijuí, v. 16, n. 44, ago. 2018b, pp. 260-284. https://doi.org/10.21527/2237-6453.2018.44.260-284

UCHIYAMA, T. WHITEHEAD, I. Intergenerational Farm Business Succession in Japan. Pp. 55-73. In: BAKER. JR., LOBLEY M., WHITEHEAD, I. Keeping it in the family: International perspectives on succession and retirement on family farms (Ashgate), 2012, 272 p. https://doi.org/10.4324/9781315591001

WOORTMANN, E. Herdeiros, parentes e compadres: colonos do Sul e sitiantes no Nordeste. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora da UNB, 1995, 336 p.

Autor notes

raquel.breitenbach@sertao.ifrs.edu.bralessandratroian@unipampa.edu.br



Buscar:
Ir a la Página
IR
Visualizador XML-JATS4R. Desarrollado por