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ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: POSSÍVEIS RELAÇÕES TEÓRICAS
Arthur Ferreira CAMPOS; Marckson Roberto Ferreira de SOUSA; Henry Poncio Cruz de OLIVEIRA
Arthur Ferreira CAMPOS; Marckson Roberto Ferreira de SOUSA; Henry Poncio Cruz de OLIVEIRA
ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: POSSÍVEIS RELAÇÕES TEÓRICAS
Findability and Information Architecture: possible theoretical relationships
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, vol. 26, e77624, 2021
Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação - Universidade Federal de Santa Catarina
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RESUMO

Objetivo: Investigar como os estudos sobre Encontrabilidade da Informação têm estabelecido relações teóricas com a Arquitetura da Informação.

Método: Utiliza o Método Quadripolar como ferramenta, com abordagem qualitativa mediante a análise de conteúdo. No polo epistemológico, discorre sobre o paradigma sócio-cognitivo. No polo teórico, discute a relação entre a Arquitetura da Informação e a Encontrabilidade da Informação. No polo técnico, utiliza a análise de conteúdo para subsidiar categorizações e núcleos de sentido entre as publicações encontradas no Portal de Periódicos da Capes no quadriênio 2016 -2019. No polo morfológico, ressalta as possíveis relações teóricas entre esses estudos neste momento da história e cultura científicas.

Resultado: Mediante a análise de conteúdo, são estabelecidas classes e categorias temáticas aos núcleos de sentido constatados entre a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação, observados na produção científica do quadriênio de 2016 a 2019.

Conclusões: Conforme o quadriênio de 2016 a 2019, refletindo este momento da história e cultura científicas, a Arquitetura da Informação tem preponderância sobre a Encontrabilidade da Informação, no sentido de fornecer elementos sistêmicos aos ambientes analógicos, digitais ou híbridos de informação.

PALAVRAS-CHAVE: Informação e Tecnologia, Arquitetura da Informação, Encontrabilidade da Informação.

ABSTRACT

Objective: Investigate how studies on Findability have established theoretical relationships with Information Architecture.

Methods: It uses the Quadripolar Method as a tool, with a qualitative approach through content analysis. At the epistemological pole, he discusses the socio-cognitive paradigm. In the theoretical pole, it discusses the relationship between Information Architecture and Findability. In the technical pole, it uses content analysis to support categorizations and cores of meaning among the publications found on the Portal de Periódicos Capes in the 2016-2011 quadrennium. At the morphological pole, it highlights the possible theoretical relationships between these studies at this time in scientific history and culture.

Results: Through content analysis, it establishes classes and thematic categories to the core of senses found between Findability and Information Architecture, observed in the scientific production of the four-year period from 2016 to 2019.

Conclusions: According to the quadrennium period from 2016 to 2019, reflecting this moment in scientific history and culture, Information Architecture has a preponderance over Findability, in the sense of providing systemic elements to analog, digital or hybrid information environments.

KEYWORDS: Information and Technology, Information Architecture, Findability.

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Artigo Original

ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: POSSÍVEIS RELAÇÕES TEÓRICAS

Findability and Information Architecture: possible theoretical relationships

Arthur Ferreira CAMPOS
Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Marckson Roberto Ferreira de SOUSA
Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Henry Poncio Cruz de OLIVEIRA
Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, vol. 26, e77624, 2021
Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação - Universidade Federal de Santa Catarina

Recepção: 10 Outubro 2020

Aprovação: 29 Dezembro 2020

Financiamento
Fonte: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Número do contrato: 001
Descrição completa: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Código 001
1 INTRODUÇÃO

Com base na interação do ser humano com ambientes de informação digital, torna-se necessário o estudo referente à capacidade desses ambientes em proporcionarem uma navegação voltada à facilidade do sujeito em encontrar uma informação. A possibilidade de relação entre a Arquitetura da Informação (AI) e a Encontrabilidade da Informação (EI), conforme Campos, Sousa e Oliveira (2019), fundamenta-se na observação de que a sociedade vivencia um período tecnológico, no qual o contato dos sujeitos com esses ambientes é frequente.

Observamos que as discussões sobre a EI abordam a AI como pressuposto para organização de ambientes de informação, o que ilustra a ponte empírica. Na Ciência da Informação, existem estudos sobre AI que fazem referência à EI, incorporando a AI como categoria teórica e prática (VECHIATO; VIDOTTI, 2014; OLIVEIRA, 2014; CAMPOS; SOUSA; OLIVEIRA, 2019).

Segundo Campos, Sousa e Oliveira (2019), a necessidade de se estabelecer teoricamente os pressupostos que dão sentido entre esses estudos se torna fundamental para analisarmos a atual conjuntura científica que alicerça essa ponte. Procuramos responder a seguinte questão: quais as relações teóricas atuais entre Encontrabilidade da Informação e Arquitetura da Informação? O objetivo desta pesquisa é investigar como os estudos sobre Encontrabilidade da Informação têm estabelecido relações teóricas com a Arquitetura da Informação.

Entender as relações teóricas entre a Arquitetura da Informação e a Encontrabilidade da Informação parte da problemática de propiciar as interações supracitadas. Visando a navegação facilitada e a disposição de informações encontráveis ao sujeito, classificamos e categorizamos os núcleos de sentidos, investigando a possível relação teórica entre esses estudos (CAMPOS; SOUSA; OLIVEIRA, 2019).

Utilizamos o Método Quadripolar (SILVA; RIBEIRO, 2002) como ferramenta para estruturar a pesquisa mediante quatro polos dinâmicos e flexíveis. No polo epistemológico, alicerçamo-nos no paradigma sócio-cognitivo (HJØRLAND, 2002), devido aos sujeitos interagirem com os conteúdos informacionais nos ambientes analógicos, digitais ou híbridos de informação num contexto social e cultural (OLIVEIRA; LUVIZOTTO, 2017). No polo teórico, fundamentamos a discussão mediante os pressupostos teóricos da Arquitetura da Informação e da Encontrabilidade da Informação. No polo técnico, utilizamos a análise de conteúdo para estabelecer categorizações e núcleos de sentido entre ambos os estudos mediante publicações encontradas no Portal de Periódicos da Capes no quadriênio 2016 - 2019. No polo morfológico, estabelecemos as relações teóricas possíveis ilustrando os resultados em um mapa conceitual.

2 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO

Esta seção estrutura parte do polo teórico. AI, de acordo com Oliveira (2014) contribui na estruturação, organização, desenho e armazenamento da informação em ambientes analógicos, digitais ou híbridos. Cronologicamente, o autor supracitado indica que os estudos em AI datam dos anos 1960, por meio das pesquisas nos laboratórios da IBM e posteriormente nos laboratórios da Xerox.

O paradigma sócio-cognitivo delineia o ponto epistemológico deste estudo, tendo subsídios em Hjørland (2002). Esse paradigma é um “[...] estrato que conecta o paradigma cognitivo e o paradigma social da Ciência da Informação” (OLIVEIRA; LUVIZOTTO, 2017, p. 14), enquadrando que a interação do sujeito em ambientes informacionais se fundamenta em ordem cognitiva e social, tendo enfoque no sujeito cognoscente e na sua inserção social e cultural.

Oliveira e Luvizotto (2017) compreendem que a Arquitetura da Informação Digital está sobreposta nesse contexto sócio-cognitivo. Desse modo, as Tecnologias da Informação e Comunicação são o prisma para inserção dos sujeitos sob a ótica do acesso e uso da informação e, num panorama geral, quanto melhor estruturada e arquitetada as informações nos sistemas e ambientes informacionais, melhor será a encontrabilidade da informação pelos sujeitos.

Sousa (2012, p. 65) afirma que “as Tecnologias da Informação e Comunicação devem ser utilizadas para facilitar o acesso a todos os usuários, independentemente de suas limitações físicas ou cognitivas[...]”. Percebemos então a interligação das Tecnologias da Informação e Comunicação, estando a Arquitetura da Informação inserida nesse círculo, com a acessibilidade dos sujeitos.

Vechiato (2013) relaciona a Arquitetura da Informação com a Ciência da Informação entendendo que a AI contribui de forma prática para projetos, estruturações, como também para a avaliação e organização de sistemas de informação e ambientes informacionais digitais. Esse contributo é possível a partir de um conjunto de elementos, métodos e técnicas que oportunizam a acessibilidade e a usabilidade da informação pelos sujeitos que usam e acessam.

Rosenfeld, Morville e Arango (2015) estudam a Arquitetura da Informação numa abordagem sistêmica para a web e além dela, compreendo a sua propensão em dispor informações de maneira simplificada e compreensível e a sua ligação com a área de Design. Os autores compreendem que a AI engloba as facetas contexto, conteúdo e usuário. Para Rosenfeld, Morville e Arango (2015, p. 24, tradução nossa), a Arquitetura da Informação é:

o desenho estrutural de ambientes de informação compartilhados; a combinação de sistemas de organização, rotulagem, busca e navegação em websites e intranets; a arte e ciência de estruturar produtos de informação e experiências que permitam a encontrabilidade e; uma disciplina emergente, de prática focada em trazer princípios de design e arquitetura para o ambiente digital.

Alvarez et al (2016, p.277, acréscimo nosso) ressalta que o “objetivo [da arquitetura da informação] é a organização e estruturação das informações disponibilizadas nos websites”. Com isso, a AI é fundamentada sob as práticas de organização, estruturação e projeto de ambientes informacionais e sistemas de informação.

Entendemos que a aplicação da AI favorece a usabilidade e a acessibilidade procurando melhorar a organização e a disposição da informação na web, nos ambientes informacionais, com foco nos digitais e híbridos, e nos sistemas de informação.

3 ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO

Esta seção também estrutura parte do polo teórico. Para além de recuperar a informação, os sujeitos devem encontrá-la com autonomia, num processo infocomunicacional relativo à navegação e busca de informações em ambientes de informação analógicos, digitais ou híbridos (VECHIATO, 2013). Vechiato e Vidotti (2014) destacam que o pensamento voltado ao ato de encontrar uma informação pressupõe uma informação localizável, disponibilizada, estruturada no ambiente de forma compreensível para o sujeito (CAMPOS; SOUSA; OLIVEIRA, 2019).

As pesquisas em encontrabilidade da informação advêm dos contributos de Morville (2005) sobre findability. Ilustramos, segundo Morville (2005), as definições de findability no Quadro 1.

Quadro 1
Definições de Findability

Fonte: adaptado de Morville (2005, p. 4).

Morville (2005) introduz para a comunidade científica, para profissionais da tecnologia, para profissionais da informação e profissionais da comunicação a importância do pensamento voltado ao ato de ‘encontrar uma informação’ em meio web e enxerga também como um sistema pode propiciar mecanismos que tornarão a informação localizada, disponibilizada, estruturada e compreensível para que um sujeito possa usufruí-la.

Findability é uma qualidade que pode ser medida ao nível tanto do objeto que se deseja encontrar quanto do sistema em questão. Podemos estudar os atributos de um objeto em particular que o tornam com mais ou menos possibilidades de ser recuperado. O título de um documento. A cor de um colete salva-vidas. A presença de um aviso por meio de uma etiqueta RFID embutida. E podemos avaliar a proporção com que um sistema global suporta a capacidade das pessoas para encontrarem o seu caminho e, a partir disso, encontrarem o que precisam (MORVILLE, 2005, p. 4, tradução nossa).

Findability e EI trazem a mesma característica de análise em ambientes informacionais. Websites comerciais, acadêmicos, informativos (relacionado a noticiários e jornais) ou redes sociais são passíveis de serem analisadas na conjuntura de findability.

A encontrabilidade da informação é um constructo que “se situa entre as funcionalidades de um ambiente informacional tradicional, digital ou híbrido e as características dos sujeitos” (VECHIATO, 2013, p. 169). A EI procura tornar localizável a informação aos sujeitos, sejam usuários que navegam e buscam informações nos ambientes de informação, sejam os profissionais informáticos atuando na abordagem sistêmica bottom-up, sejam os profissionais da informação trabalhando na abordagem gerencial e da interface top-down (VECHIATO; VIDOTTI, 2014). Ilustramos o Modelo de Encontrabilidade da Informação (MEI) na Figura 1.


Figura 1
MEI
Fonte:Vechiato e Vidotti (2014, p. 172).

O MEI representa os seguintes atributos da EI: taxonomias navegacionais; instrumentos de controle terminológico; folksonomias; metadados; mediação dos informáticos; affordances; wayfinding; descoberta de informações; acessibilidade e usabilidade; mediação dos profissionais da informação; mediação dos sujeitos informacionais; intencionalidade; e mobilidade, convergência e ubiquidade (VECHIATO; VIDOTTI, 2014).

Mesmo com o avanço nos estudos teóricos e práticos sobre Informação e Tecnologia, no contexto da Ciência da Informação, ainda evidenciamos relatos científicos e empíricos sobre dificuldades de navegação em ambientes digitais, bem como a não disposição de informações encontráveis nestes ambientes. Os estudos sobre Encontrabilidade da Informação, no contexto da Ciência da Informação, estão em ritmo de consolidação. O termo surge a partir dos estudos de Vechiato (2013) e Vechiato e Vidotti (2014), como ressignificação na noção de findability preconizada por Morville (2005). A modelagem conceitual de Vechiato (2013) para EI estabelece um ponto de conexão com a AI. Esta realidade de produção de estudos científicos, da criação do conceito de Encontrabilidade da Informação (VECHIATO, 2013) aos dias atuais, nos provocou no sentido de investigar as possibilidades de conexão teórica entre a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação (CAMPOS; SOUSA; OLIVEIRA, 2019).

Observamos que, segundo a Figura 1, a abordagem no sistema ou ambiente de informação é pensada tanto para uma arquitetura da informação ‘de cima pra baixo’ (top-down), quanto para uma arquitetura da informação ‘de baixo pra cima’ (bottom-up), o que é relevante, em termos estratégicos, para a organização e processamento da informação. Em subsídio aos contributos iniciais dos elementos da experiência do usuário de Garrett (2000), podemos notar que a interface é, como representado, a parte intermediária do que será projetado pela arquitetura da informação.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Utilizamos o Método Quadripolar como alicerce deste artigo por meio dos polos: epistemológico, teórico, técnico e morfológico (DE BRUYNE; HERMAN; DE SCHOUTHEETE, 1991). Consonante Silva e Ribeiro (2002), esse método é um aparato dinâmico e flexível apropriado a sua condição global para investigações em Ciência da Informação. Delineamos os procedimentos metodológicos expandido a discussão de Campos, Sousa e Oliveira (2019).

Para o polo epistemológico, alicerçamos a pesquisa no paradigma sócio-cognitivo (HJØRLAND, 2002). De acordo com Oliveira e Luvizotto (2017), esse paradigma reflete a interação dos sujeitos com os conteúdos informacionais nos ambientes analógicos, digitais ou híbridos de informação num contexto social e cultural.

Para o polo teórico, discutimos os fundamentos da EI e da AI (CAMPOS; SOUSA; OLIVEIRA, 2019). A literatura indica que esse polo compreende o cenário da estruturação de conceitos, fundamentando e movimentando o arcabouço teórico-conceitual (DE BRUYNE; HERMAN; DE SCHOUTHEETE, 1991; SILVA; RIBEIRO, 2002).

Para o polo técnico, a literatura indica a compreensão dos procedimentos de investigação utilizados. Temos a pesquisa bibliográfica para a fundamentação de conhecimento (LIMA; MIOTO, 2007) e a investigação exploratória como subsídio (MORESI, 2003). Utilizamos o Portal de Periódicos Capes como fonte de informação para recuperar artigos sobre a Encontrabilidade da Informação que façam referência textual, em seu conteúdo, a Arquitetura da Informação.

Utilizamos a busca por assunto, personalizando os resultados para artigos em Library & Information Science, ordenando para o quadriênio 2016-2019. Para o termo “encontrabilidade da informação”, recuperamos 12 artigos; para o termo “encontrabilidade”, recuperamos seis artigos; para o termo “findability”, recuperamos 72 artigos; e para “findability” AND “information architecture”, recuperamos 11 artigos.

Empregamos a técnica de análise de conteúdo temática constatando “[...] os ‘núcleos de sentido’ que compõem a comunicação e cuja presença ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para o objetivo analítico estudado” (BARDIN, 2011, p. 135). Percorremos o conteúdo de todos os artigos, segundo a fundamentação metodológica da Análise de Conteúdo, para selecionar aqueles que possuem fragmentos textuais ou núcleos de sentido que relacionam a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação.

O polo morfológico compreende os quadros de análise, adaptando esboços teóricos e empíricos para apresentar resultados científicos e inferir futuras demandas de pesquisa (DE BRUYNE; HERMAN; DE SCHOUTHEETE, 1991; SILVA; RIBEIRO, 2002; OLIVEIRA, 2014). Apresentamos como os estudos em EI tem incorporado os conceitos de AI, estabelecendo uma relação teórica estruturada por meio de quadros e de mapa conceitual.

5 ANÁLISANDO OS DADOS E DISCUTINDO OS RESULTADOS

Esta seção estrutura parte do polo morfológico. Ilustramos no Quadro 2 os resultados do processo de pesquisa. Nele, recortamos citações que dialogam diretamente e/ou conceitualmente a Encontrabilidade da Informação com a Arquitetura da Informação. Grifamos termos, palavras e trechos relevantes para o entendimento da relação teórica e realizamos comentários mediante as citações retiradas dos artigos indicados na aba das referências no Quadro 2.

Quadro 2
Relações teóricas entre a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Alvarez et. al. (2016) abordam a EI em referência ao estado do sujeito no momento de busca e navegação, dialogando com os sistemas da AI. Silva (2016) traz a EI em consenso com as estratégias de busca de informação, tendo base nos pressupostos da Encontrabilidade da Informação indicados por Vechiato (2013). Nessa reflexão, a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação mapeiam práticas entre o sujeito, suas estratégias de busca e as abordagens sistêmicas da AI, com foco no sistema de busca e no sistema de navegação.

Hajibayova e Jacob (2016) relacionam a EI com a Arquitetura da Informação com base na representação e organização do conhecimento em tags geradas pelo sujeito. Essas podem melhorar a encontrabilidade de informações nos ambientes informacionais. Custódio e Vechiato (2016) afirmam que os atributos de EI compõem o Modelo de Encontrabilidade da Informação para aplicação e avaliação de arquiteturas de informação.

Silva, Vechiato e Vidotti (2017) refletem que a eficiência da Encontrabilidade da Informação pelos sujeitos depende da disposição dos elementos informacionais numa Arquitetura da Informação. Campos e Vechiato (2017), ao estudarem o elemento de orientação espacial wayfinding no contexto da EI, afirmam que esse pode otimizar a organização, estruturação e apresentação do ambiente informacional quanto à busca e encontrabilidade de informações (referência aos pressupostos em Arquitetura da Informação).

Observamos que os estudos em EI incorporam a AI na abordagem sistêmica para busca e navegação, tendo também o MEI como modelo de avaliação e relação direta numa Arquitetura de Informação. Os estudos em EI incorporam a AI como pressuposto relacional para disposição de elementos informacionais, quanto ao sistema de busca, ao sistema de organização e para a disposição das informações.

Pereira, Krzyzanowski e Imperatriz (2018) afirmam que os mecanismos de busca (abordagem ao sistema de busca da AI) têm potencial para favorecer a EI. Townsend e Mathieu (2018) também relacionam a EI com o Sistema de busca da AI, onde dados estruturados otimizam a encontrabilidade de informações a curto e longo prazo. Brandt, Vechiato e Vidotti (2018) afirmam que a Encontrabilidade da Informação se insere no contexto da Arquitetura da Informação. Reis et. al. (2018) enxergam o profissional da informação como mediador dos sujeitos na EI por meio da Representação e Organização da Informação (Sistema de organização). Desse modo, investigamos que os estudos em EI relacionam-se com a AI numa combinação entre a abordagem sistêmica, os mecanismos de busca, o profissional da informação e a representação e organização da informação.

Vidotti et. al. (2019) discutem que os novos estudos teóricos e epistemológicos da AI se relacionam com a EI, assim como a AI materializa a web pragmática. Os contextos da web pragmática “só poderiam ser explorados por meio de uma interseção entre as tecnologias da Web Semântica e de outras ferramentas computacionais” (VIDOTTI et. al., 2019, p. 211).

Os autores entendem a Arquitetura da Informação como epistemologia e construto teórico para a Encontrabilidade da Informação. Araújo e Valentim (2019) designam que a interação humano-máquina (sujeito-sistema de informação), relacionada com a ergonomia, usabilidade e inteligência artificial são temáticas para a representação da informação, tendo a Encontrabilidade da Informação como proposta inovadora nesses estudos.

Investigamos que a atribuição de sentido (web semântica) e a observação de contextos (web pragmática) relacionam a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação. Essa contribuição entende as estratégias de busca e navegação dos sujeitos e a sua interação com os sistemas de informação, em contexto semântico e pragmático. Vidotti et. al. (2019), portanto, entendem que a os estudos em EI tem a AI como epistemologia e construto teórico.

Filtramos o conteúdo dos artigos encontrados e lidos na íntegra com a finalidade de constatar um número de núcleos de sentido significativo para a construção das relações teóricas propostas nos procedimentos metodológicos. O objetivo foi sistematizar e catalisar possíveis repetições de conceitos entre os artigos e diminuir a exaustividade gerada com o processo de busca, refletida na quantidade de artigos encontrados e percorridos.

O Quadro 3 apresenta as referências de artigos selecionados, a partir da Análise de Conteúdo Temática, resultantes desse filtro analítico. Os artigos apresentados no Quadro 3 tiveram os núcleos de sentido destacados quantitativamente.

Quadro 3
Artigos e Núcleos de Sentido encontrados

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).

Os núcleos de sentido são fragmentos textuais, retirados do corpus de artigos e analisados no sentido de gerar classes e/ou categorias temáticas, segundo a literatura sobre a análise de conteúdo (BARDIN, 2011). O Quadro 4 é resultado da seleção de 11 artigos, resultando em 18 núcleos de sentido.

Quadro 4
Classes e Categorias Temáticas

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).

Procuramos identificar em cada fragmento textual o tipo de relação apresentada entre a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação gerando as classes subsequentes. Em seguida, fizemos uma redução temática analítica até chegar às categorias que estruturam cada classe, conforme apresentamos no Quadro 4. Os números expressos entre parênteses sinalizam a frequência de aparecimento da categoria no corpus dos artigos analisados.

Apontamos que os sistemas de busca, navegação e organização da Arquitetura da Informação são essenciais para tornar a informação encontrável num ambiente de informação, assim, uma relação sistêmica se estabelece entre a EI e a AI. Inferimos que a Encontrabilidade da Informação tem sua eficiência em função da abordagem sistêmica, estruturada por Rosenfeld, Morville e Arango (2015) e apontada por Oliveira (2014). Indicamos as possíveis relações teóricas entre a EI e a AI destacando (CAMPOS; SOUSA; OLIVEIRA, 2019):

A Classe denominada “Eficiência da Encontrabilidade da Informação” engloba as categorias que, retiradas dos núcleos de sentido do corpus analisado, sinalizam sistemas ou elementos vinculados direta ou indiretamente à Arquitetura da Informação que atuam no melhoramento da Encontrabilidade. Ou seja, são categorias que devidamente projetadas na AI tornam a informação localizável e encontrável pelos sujeitos;

A primeira categoria que merece destaque nesta discussão é o “sujeito psicossocial” visto que, nos estudos clássicos de Arquitetura da Informação (ROSENFELD; MORVILLE; ARANGO, 2015), o sujeito tem sido apontado como elemento central em um projeto de AI junto com o conteúdo e o contexto. O sujeito está imerso em contextos que são sociais, culturais e tecnológicos e produz/consome conteúdos informacionais nos diversos ambientes analógicos, digitais ou híbridos de informação;

Ainda na Classe Eficiência em EI, temos a categoria representação da informação e do conhecimento, apontando que estruturas de representação como tesauros, metadados e vocabulários controlados, desejáveis em um projeto de AI conforme preconiza Rosenfeld, Morville e Arango (2015), se configuradas adequadamente, estabelecem uma correlação positiva com a Encontrabilidade da Informação;

A análise de conteúdo também apontou duas categorias incorporáveis à Arquitetura da Informação, trata-se dos Sistemas de Recomendação e Interoperabilidade. Apesar de não figurarem na literatura clássica de Arquitetura da Informação como elementos essenciais à AI, os Sistemas de Recomendação e as ações práticas de Interoperabilidade foram identificadas como elementos que, incorporados ao projeto de Arquitetura da Informação em ambientes analógicos, digitais ou híbridos, também estabelecem uma correlação positiva com uma encontrabilidade eficiente da informação;

A segunda classe encontrada diz respeito ao potencial de aplicação do MEI. Segundo os achados teóricos na literatura pesquisada, o MEI pode ser aplicado em qualquer AI. Este achado também tem respaldo na obra de Rosenfeld, Morville e Arango (2015) que conceituam a AI como arte e ciência de estruturar produtos de informação e experiências que permitam a encontrabilidade. Se a encontrabilidade da informação é, operacionalmente, objetivo da arquitetura da informação, um modelo de encontrabilidade deve ser considerado em quaisquer projetos ou avaliações de Arquitetura da Informação;

A terceira classe, encontrada a partir da análise de conteúdo, diz respeito à abrangência teórica prevalente entre EI e AI. Um dos trabalhos investigados no corpus analisado aponta que a EI tem uma amplitude mais abrangente que a AI, gerando a categoria: encontrabilidade da informação orienta a arquitetura da informação.

Os outros textos investigados apontam uma relação contrária, compreendendo a AI como um campo mais amplo e consolidado que incorpora a EI como um fim, como um objetivo a ser alcançado na interação nos ambientes analógicos, digitais ou híbridos de informação. O que acabamos de afirmar é verificável por meio da categoria “arquitetura da informação favorece encontrabilidade da informação” e “arquitetura da informação soluciona encontrabilidade da informação” (CAMPOS; SOUSA; OLIVEIRA, 2019).


Figura 2
Mapa de relações entre Encontrabilidade da Informação e Arquitetura da Informação
Fonte: Dados da Pesquisa (2019).

Para sintetizar as relações entre a EI e a AI, encontradas neste estudo, apresentamos esse mapa de relações. Nossa análise demonstra que a AI tem preponderância sobre a EI, no sentido de fornecer elementos sistêmicos aos ambientes analógicos, digitais ou híbridos de informação que potencializam a Encontrabilidade da Informação.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, ampliamos a análise de um estudo anterior mapeando e sintetizando as relações teóricas entre a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação. Conforme sinalizamos no título deste trabalho, trata-se de um empreendimento contextual que, em alguma medida, radiografa as relações teóricas entre a EI e a AI neste momento da história e cultura científicas.

Construímos classes e categorias relacionais entre a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação, por meio da produção científica detectada sobre as temáticas e publicadas no último quadriênio (2016 a 2019). Visto que a pesquisa científica é dinâmica, a presente pesquisa poderá ser refeita em outros momentos e encontrar novos resultados.

Para um estudo subsequente, a utilização dessas categorias resultantes servirá como subsídio para projetos de ambientes de informação e ecologias informacionais complexas, incorporando os pressupostos teórico-práticos em Encontrabilidade da Informação para a Arquitetura da Informação.

Material suplementar
REFERÊNCIAS
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VECHIATO, Fernando Luiz. Encontrabilidade da informação: contributo para uma conceituação no campo da Ciência da Informação. 2013. 206 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília, 2013. Disponível em: Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/103365. Acesso em: 28 jul. 2019.
VECHIATO, Fernando Luiz; VIDOTTI, Silvana Aparecida Borsetti Gregório. Encontrabilidade da informação. Coleção PROPG Digital (UNESP), 2014. Disponível em: Disponível em: http://www.culturaacademica.com.br/catalogo/encontrabilidade-da-informacao/. Acesso em: 20 jun. 2019.
Notas
Notas
AGRADECIMENTOS Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
CONJUNTO DE DADOS DE PESQUISA Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.
FINANCIAMENTO Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Código 001
CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Quando a imagem de terceiros no artigo, informar e anexar como documento suplementar o registro da autorização de uso. Foi obtido o consentimento escrito dos participantes. Usar “Não se aplica” quando: as imagens sejam de domínio público, do próprio autor no caso de imagens de prédios em locais públicos, paisagens, etc, exceto quando a pessoa aparecer na foto.
APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Informar se teve ou não aprovação do comitê de ética, número de processo e data, anexar o o documento comprobatório como suplementar. Quando a pesquisa não ter necessidade de aprovação em comitê de ética, informar: não se aplica.
LICENÇA DE USO Os autores cedem à Encontros Bibli os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.
Declaração de interesses
CONFLITO DE INTERESSES Informar conflitos de interesse: financeiros, pessoais, entre possíveis revisores e editores, e/ou possíveis vieses temáticos. Se não houver, mencionar: Não se aplica. Para mais informações: https://www.abecbrasil.org.br/arquivos/whitepaper_CSE.pdf
Autor notes
CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA Concepção e elaboração do manuscrito: A. F. Campos, M. R. F. de Sousa, H. P. C. de Oliveira Coleta de dados: A. F. Campos, M. R. F. de Sousa, H. P. C. de Oliveira Análise de dados: A. F. Campos, M. R. F. de Sousa, H. P. C. de Oliveira Discussão dos resultados: A. F. Campos, M. R. F. de Sousa, H. P. C. de Oliveira Revisão e aprovação: A. F. Campos, M. R. F. de Sousa, H. P. C. de Oliveira
EDITORES Enrique Muriel-Torrado, Edgar Bisset Alvarez, Camila Barros.
Quadro 1
Definições de Findability

Fonte: adaptado de Morville (2005, p. 4).

Figura 1
MEI
Fonte:Vechiato e Vidotti (2014, p. 172).
Quadro 2
Relações teóricas entre a Encontrabilidade da Informação e a Arquitetura da Informação

Fonte: Dados da pesquisa (2019).
Quadro 3
Artigos e Núcleos de Sentido encontrados

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).
Quadro 4
Classes e Categorias Temáticas

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).

Figura 2
Mapa de relações entre Encontrabilidade da Informação e Arquitetura da Informação
Fonte: Dados da Pesquisa (2019).
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