Servicios
Servicios
Buscar
Idiomas
P. Completa
Cobertura Jornalísticas (De)marcadas. A greve dos professores na mídia paranaense em 2015 (S.L. Gadini)
Isadora ORTIZ DE CAMARGO
Isadora ORTIZ DE CAMARGO
Cobertura Jornalísticas (De)marcadas. A greve dos professores na mídia paranaense em 2015 (S.L. Gadini)
Chasqui. Revista Latinoamericana de Comunicación, núm. 133, pp. 416-418, 2016
Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicación para América Latina
resúmenes
secciones
referencias
imágenes
Carátula del artículo

Reseñas

Cobertura Jornalísticas (De)marcadas. A greve dos professores na mídia paranaense em 2015 (S.L. Gadini)

Isadora ORTIZ DE CAMARGO
Universidade de São Paulo, Brasil
Chasqui. Revista Latinoamericana de Comunicación, núm. 133, pp. 416-418, 2016
Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicación para América Latina
. 2015. Ponta Grossa, Brasil. Estúdio Texto. 217pp.. 978-85-67798-52-3
1. Um manifesto encoberto pela mídia

Em uma era de multitelas, overdose informacional, redes e perfis sociais ativas e atuantes, nota-se uma ação avessa à mídia tradicional e suas coberturas pouco plurais e associadas indiretamente a quem financia o modelo de negócio destas mesmas empresas jornalísticas. O tom de diversidade de fontes, apresentação dos fatos e dos contradizeres dos fatos passam a não ser evidenciados nas coberturas jornalísticas hegemônicas do 29 de abril de 2015, grande ato de professores do Paraná em favor da educação. A desmistificação de acontecimentos, características da produção midiática e perspectiva crítica da participação da mídia e da população no ato são pautadas no livro Cobertura Jornalísticas (De)marcadas - A greve dos professores na mídia paranaense em 2015.

Pesquisadores reúnem na obra uma vasta apuração do que se publicou, pautou ou produziu sobre o 29 de abril, bem como relaciona com conceitos da comunicação importantíssimos para entender debate e esfera pública, democracia, rotinas produtivas, visibilidade midiática, valor notícia, ambiências digitais e seus formatos, além dos discursos e narrativas dos meios de comunicação. De tal forma, a publicação se coloca como única referência acadêmica organizada especialmente para a temática da greve dos professores do Paraná com discussão epistemológica atual e oportuna para estudantes de comunicação em suas diversas habilitações, bem como ciências políticas e sociais.

A organização do livro permite ao leitor entender a lógica da imprensa no estado do Paraná, Brasil durante um dos eventos mais impactantes daquele ano. Para entender o 29 de abril, recorremos a um dos artigos de apresentação feita pela professora paulista Denise Cogo, que destaca o massacre contra os professores que protestaram contra a aprovação de um projeto de lei (PL) que previa a modificação da Previdência Social da categoria e colocava em risco a aposentadoria dos educadores.

Os professores foram violentados durante o dia da votação do projeto na Assembleia Legislativa do Paraná, no dia 29 de abril. Também por isso a data ficou marcada como uma ação truculenta da Polícia Militar a mando do governo do estado sob comando do governador Beto Richa do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Policiais foram deslocados de todas as regiões para a capital Curitiba com o objetivo de garantir a votação na Assembleia Legislativa do Paraná, que aprovou o Projeto de Lei, enquanto estudantes, servidores e professores eram violentados no Centro Cívico curitibano, onde se localizam as casas públicas e, portanto, o governo. Balas de borracha, bombas de gás e jatos de água foram os elementos que marcaram a violência contra os manifestantes e que não foi mostrado pela mídia local. Pessoas ficaram gravemente feridas à época e algumas denunciaram o ato da polícia e do governo.

Não demorou para o fato se espalhar mundialmente, devido uma violência jamais vista contra educadores públicos. Frente a isso, a cobertura da mídia ficou mais visada e o livro Coberturas Jornalísticas Demarcadas além de ser um registro pontual e necessário para a história da mídia e história social do Paraná, coloca-se como uma das poucas publicações online e gratuitas sobre o tema, tornando acessível a discussão do massacre pelos meioa de comunicação com uma análise crítica e epistemológica dos assuntos que a norteiam.

Para explicitar a interconexão entre a descrição e debate conceitual do 29 de abril na mídia é ressaltada na apresentação do livro escrita pelo argentino César Arrueta o tom geral da publicação: rigorosidade científica e compromisso social com o empenho de pesquisadores regionais de entenderem e replicarem cientificamente os acontecimentos que os cercam e impactam diretamente o desenvolvimento regional:

Se aborda esta cuestión desde una mirada participativa, crítica y convergente que busca, en esa integración, sumar perspectivas complementarias a una problemática compleja e injusta. Así el conflicto puede entenderse, con horizonte teórico y base empírica, desde diferentes planos: publicitario, opinión pública, entornos digitales, movimientos sociales, prácticas periodísticas y discursos. En todos los casos, subyace un interés historiográfico desde el cual se intenta asignar sentido a las prácticas identificadas. (Arrueta, 2015, p. 7)

Arrueta quase resenha o livro e ressalta que a publicação concatena três polos importantes para a pesquisa em comunicação: construção do campo comunicacional, conhecimento social e integração dos pesquisadores/autores dos artigos com a temática.

São 217 páginas de debate com 16 artigos, cada um deles tratando de um segmento teórico ao qual o fato ocorrido em 29 de abril pode ser associado e analisado. Por falar em análises, o livro traz quanti e qualitativamente formas de pensar, entender e debater o acontecimento noticioso e social dentro da academia. A ciência, aqui, dá suporte à construção social, elucidando algumas características, bem como contrapondo outros.

Oportuno ressaltar que este deve ser o papel do pesquisador, associando à teoria a práxis, bem como a atuação orgânica. Fica evidente durante a leitura de ‘Coberturas jornalísticas (De)marcadas’ o engajamento com a pesquisa e com a sociedade que a cerca. Outro importante manifesto do livro é o desafio que a produção jornalística tem ao propor um debate social em mídias extremamente tradicionais como jornais impressos locais, televisão e sites que se diferenciam das críticas superficiais em rede trazidas pelos “memes” e gifs, ambos virais e que, nesse caso representaram a perspectiva crítica do tema em contraponto ao tempo dedicado pelas empresas jornalísticas no tratamento do mesmo assunto.

2. O off x o online

De um lado, as páginas do jornal Gazeta do Povo ou as imagens da RPC TV, que representam um monopólio de mídia no Paraná. Do outro, o Twitter e seus 140 caracteres de mais manifestos do que descrição dos acontecimentos (em tempo real), memes em redes sociais e charges como metáforas críticas do 29 de abril.

Outro bloco de textos presentes no livro trata do direito à comunicação e propaganda política, o jornalismo como legitimador da memória coletiva pautando uma discussão científica mais sociológica, a qual se precisa recorrer ao refletir sobre o 29 de abril.

Também se pode aproveitar a leitura para conferir como a linguagem e o humor digital, encontrado no formato dos memes, sugeriram crítica e olhares mais rigorosos às ações do governo parananense, o que ao ‘viralizar’, por meio das redes sociais proporcionou tanto abrangência nacional ao tema como uma divulgação dinâmica e rápida. A comunicação em rede pauta, então, um discurso diferenciado da mídia hegemônica e isso fica evidenciado nas análises e delimitações feitas no livro.

A obra organizada no mesmo ano do ato de violência contra os professores também traz uma convergência temática ao associar análise de conteúdo de mídia, cobertura de manifestações, práticas de produção e formatação de conteúdo. Tudo isso pode ser comparado com outras iniciativas latinas se pensarmos que as manifestações populares ainda sofrem com a cobertura midiática tradicionalizada e, muitas vezes, financiada pelo poder público.

Material suplementar
Notas
Buscar:
Contexto
Descargar
Todas
Imágenes
Visualizador XML-JATS4R. Desarrollado por Redalyc