Casos Clínicos
Recepção: 14 Outubro 2017
Aprovação: 26 Dezembro 2017
Publicado: 18 Março 2019
Resumo: Teratomas hepáticos são neoplasias benignas raras. Anatomicamente, eles são mais frequentes no lobo direito do fígado. No entanto, o relato de caso a seguir se refere a um teratoma na região do hilo hepático. Os exames de ultrassonografia e de tomografia diagnosticaram um cisto hepático em uma mulher de 38 anos com queixa de dor abdominal há 6 meses. A conduta adotada foi um destelhamento do cisto por videolaparoscopia. Durante o procedimento, além do cisto, foi identificado um Teratoma de Hilo Hepático, cujas dimensões eram 7,2 x 4,0 x 3,0 cm, confirmado pela anatomia patológica. Portanto, foi detectado um caso raro de teratoma de hilo hepático, em que os exames realizados não tinham feito um diagnóstico preciso. A abordagem laparoscópica foi segura, apesar dessa incoerência no diagnóstico.
Palavras-chave: Hilo hepático, tumor, laparoscopia, teratoma.
Resumen: Los teratomas hepáticos son neoplasias benignas raras. Anatómicamente son más frecuentes en el lóbulo derecho del hígado. Sin embargo, el siguiente relato de caso se refiere a un teratoma en la región del hilio hepático. Los exámenes ultrasonográficos y tomográficos diagnosticaron un cistohepático en una mujer de 38 años con dolor abdominal hace 6 meses. La conducta adoptada fue destello del quiste por videolaparoscopía. Durante el procedimiento, además del quiste, fue identificado un teratoma del hilio hepático de 7,2 x 4,0 x 3,0 cm, confirmado por la anatomía patológica. Por lo tanto, tenemos un caso raro de teratoma de hilio hepático, en el cual los exámenes realizados no brindaron el diagnóstico preciso. El abordaje laparoscópico fue seguro, a pesar de esta incoherencia en el diagnóstico.
Palabras clave: Hilio hepático, tumor, laparoscopia, teratoma.
Resumen: Los teratomas hepáticos son neoplasias benignas raras. Anatómicamente son más frecuentes en el lóbulo derecho del hígado. Sin embargo, el siguiente relato de caso se refiere a un teratoma en la región del hilio hepático. Los exámenes ultrasonográficos y tomográficos diagnosticaron un cistohepático en una mujer de 38 años con dolor abdominal hace 6 meses. La conducta adoptada fue destello del quiste por videolaparoscopía. Durante el procedimiento, además del quiste, fue identificado un teratoma del hilio hepático de 7,2 x 4,0 x 3,0 cm, confirmado por la anatomía patológica. Por lo tanto, tenemos un caso raro de teratoma de hilio hepático, en el cual los exámenes realizados no brindaron el diagnóstico preciso. El abordaje laparoscópico fue seguro, a pesar de esta incoherencia en el diagnóstico.
Palabras clave: Hilio hepático, tumor, laparoscopia, teratoma.
Abstract: Liver teratomas are rare benign neoplasms. Anatomically, they are more frequent in the right lobe of the liver. However, this case report is about a teratoma found in the hepatic hilum. The ultrasonography and the tomographic exams showed hepatic cyst in a woman (age 38 years) with abdominal pain. The conduct adopted was laparoscopic ressection. During the procedure, in addition to the cyst, a hepatic hilum teratoma was identified, whose dimensions were 7.2 x 4.0 x 3.0 cm, confirmed by the pathological anatomy. Therefore we have a rare case of hepatic hilum teratoma, in which the exams performed did not make the precise diagnosis. The laparoscopic approach was safe, despite this incoherence in the diagnosis.
Keywords: Hepatic hilum, tumor, laparoscopy, teratoma.
Os teratomas são neoplasias caracterizadas pelo crescimento anormal de tecidos derivados de células germinativas, as quais podem estar presentes em diversas regiões do corpo. Por derivarem desse tipo de células, os teratomas ocorrem com frequência decrescente em ovários, testículos, mediastino anterior, retroperitônio, região sacrococcígea e crânio.1
Desse modo, teratomas hepáticos são extremamente raros. Constituem menos de 1% de todos os teratomas.2 A maioria deles ocorrem em crianças menores de três anos de idade e de sexo feminino. Além disso, eles geralmente se desenvolvem no lobo direito do fígado.3
O diagnóstico de teratoma pode não ser aparente por meio de radiografia então normalmente, o exame histológico comprova o diagnóstico definitivo.4 Contudo, o exame histológico é um método delicado e invasivo. Por este motivo, busca-se aprimorar exames de imagem para precisão do diagnóstico. A angiografia é um dos métodos mais utilizados para determinar o local do tumor e sua relação com os vasos hepáticos, porém o fato de necessitar de anestesia pode limitar a abordagem. Já as imagens de tomografia convencionais podem não alcançar a localização e as relações com os vasos de modo preciso, mas mesmo assim são utilizadas. Há testes recentes de uso de imagens tomográficas em 3D, as quais houve uma comprovação de que são melhores do que a tomografia convencional na avaliação da viabilidade de ressecção tumoral (localização, tamanho e relações com os vasos). Isso porque a rotação e a profundidade das imagens 3D permitem reservar os vasos, principalmente a veia porta.5 Existem poucos relatos de casos publicados na literatura sobre teratomas hepáticos ou, mais especificamente, de hilo hepático. Este relato é relevante para a ampliação do conhecimento sobre o tema, bem como para a precisão dos métodos diagnósticos. Isso porque há um registro do procedimento laparoscópico, através de vídeo e também exames de imagem.
História clínica
Relata-se o caso de uma mulher de 38 anos (altura 1,64 m e peso 80 kg), que apresentou sensação de empachamento e dor abdominal há seis meses. Não havia outros eventos prévios clinicamente significantes e a paciente também não apresentava comorbidades prévias associadas, com exceção ao seu sobrepeso (IMC = 29,7). Ela negava alergias, hábitos ou uso de medicamentos contínuos.
Exames complementares
1. Ultrassonografia que mostrou cisto hepático.
2. Tomografia convencional que confirmou cisto extenso (com região de hiper-realce central) em lobo esquerdo, registrado através das seguintes imagens:
A. Corte coronal (Figuras 1, 2 e 3):



B. Corte transversal (Figuras 4 e 5):


Conduta e diagnóstico final
A conduta adotada foi o destelhamento do cisto por laparoscopia guiada através de video (Figuras 6 e 7). O local dessa massa tumoral, o hilo hepático, é uma região delicada, principalmente pela passagem da artéria hepática e da veia porta. A cirurgia foi concluída sem anormalidades e a paciente teve alta no segundo dia de pós-operatório.
Após o procedimento, o diagnóstico final foi de Teratoma de Hilo Hepático. Um tumor extremamente raro no local e nas condições apresentadas.


Estudo anatomo-patológico
Registrou-se um teratoma hepático (Figuras 8 e 9 acima), de dimensões 7,2 x 4,0 x 3,0 cm. Segmento irregular de tecido amarelado e macio com presença de elementos dentários e de áreas pétreas.



Discussão e conclusão
Lesões císticas hepáticas são comumente encontradas nos exames de imagem. O diagnóstico preciso é importante para determinar seu grau de malignidade e a conduta a aplicar. Relatou-se um caso raro de teratoma de hilo hepático em uma mulher de 38 anos. Há poucos casos na literatura como este, na revisão bibliográfica realizada foram encontrados não mais de trinta casos.2 O fato de serem mais comuns em crianças e de representarem menos de 1% das lesões císticas hepáticas, torna o relato importante para a ampliação de conhecimento sobre o tema.
Nesse caso, os métodos diagnósticos realizados foram imprescindíveis. O USG, complementado com a tomografia convencional, permitiram a análise da localidade e do tamanho do teratoma para a abordagem cirúrgica, apesar de não haver sido utilizada tecnologia em 3D. O diagnóstico anatomo-patológico de proliferação de tecidos derivados dos folhetos germinativos constituídos, predominantemente por pele e anexos cutâneos, trouxeram uma certeza quanto ao tamanho e a ausência de sinais de malignização da lesão.
A precisão diagnóstica permitiu a exérese do cisto hepático complexo por via laparoscópica. Desse modo, houve boa evolução da paciente, com alta hospitalar no segundo dia pós-cirúrgico e sem queixas dolorosas.
Referencias
1. Kufe DW, Pollock RE, Weichselbaum RR. Holland-Frei Cancer Medicine, Harvard Medical School Boston, Massachusetts 2003.
2. Certo M, Franca M, Gomes M, Machado R. Liver teratoma. Acta Gastroe Belg 2008.
3. Rahmat K, Vijayananthan A, Abdullah B, Amin S. Benign teratoma of the liver: a rare cause of cholangitis”, University of Malaya, Malaysia 2006.
4. Davidson AJ, Hartman DS, Goldman SM. Mature teratoma of the retroperitoneum: radiologic, pathologic, and clinical correlation. Radiology 1989.
5. Dong Q, Xu W, Jiang B, Lu Y, Hao X, Zhang H, Jiang Z, Lu H, Yang C, Cheng Y, Yang X, Hao D. Clinical applications of computerized tomography 3-D reconstruction imaging for diagnosis and surgery in children with large liver tumors or tumors at the hepatic hilum. Qing Dao University, China 2007.
Autor notes
tadisanti@gmail.com
Ligação alternative
http://www.actagastro.org/numeros-anteriores/2019/Vol-49-N1/Vol49N1-PDF14.pdf (pdf)