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LITURATERRA [Resenha: 2019, 1] Barbas de molho
Gisálio Cerqueira Filho
Gisálio Cerqueira Filho
LITURATERRA [Resenha: 2019, 1] Barbas de molho
LITURATERRA [Reseña: 2019,1] Barbas de molho
LITURATERRA [Review: 2019,1] Barbas de molho
LITURATERRA [Compte rendu: 2019,1] Barbas de molho
文字国 [图书梗概:2019,1] Barbas de molho
Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, vol. 11, núm. 1, pp. 146-150, 2019
Universidade Federal Fluminense
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Resumo: As resenhas, passagens literárias e passagens estéticas em Passagens: Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica são editadas na seção cujo título apropriado é LITURATERRA. Trata-se de um neologismo criado por Jacques Lacan1, para dar conta dos múltiplos efeitos inscritos nos deslizamentos semânticos e jogos de palavras tomando como ponto de partida o equívoco de James Joyce quando desliza de letter (letra/carta) para litter (lixo), para não dizer das referências a Lino, litura, liturarios para falar de história política, do Papa que sucedeu ao primeiro (Pedro), da cultura da terra, de estética, direito, literatura, inclusive jurídicas – canônicas e não canônicas – ainda e quando tais expressões se pretendam distantes daquelas religiosas, dogmáticas, fundamentalistas, para significar apenas dominantes ou hegemônicas.

Resumen: Las reseñas, incursiones literarias y pasajes estéticos en Passagens: Revista Internacional de Historia Política y Cultura Jurídica son publicadas en una sección apropiadamente titulada LITURATERRA. Se trata de un neologismo creado por Jacques Lacan para dar cuenta de los múltiples efectos introducidos en los giros semánticos y juegos de palabras que toman como punto de partida el equívoco de James Joyce cuando pasa de letter (letra/carta) a litter (basura), sin olvidar las referencias a Lino, litura, liturarios para hablar de historia política, del Papa que sucedió al primero (Pedro), de la cultura de la terre (tierra), de estética, de derecho, de literatura, hasta jurídica - canónica y no canónica. Se da prioridad a las contribuciones distantes de expresiones religiosas, dogmáticas o fundamentalistas, para no decir dominantes o hegemónicas.

Abstract: The reviews, literary passages and esthetic passages in Passagens: International Journal of Political History and Legal Culture are published in a section entitled LITURATERRA [Lituraterre]. This neologism was created by Jacques Lacan, to refer to the multiple effects present in semantic slips and word plays, taking James Joyce’s slip in using letter for litter as a starting point, not to mention the references to Lino, litura and liturarius in referring to political history, to the Pope to have succeeded the first (Peter); the culture of the terra [earth], aesthetics, law, literature, as well as the legal references – both canonical and non-canonical – when such expressions are distanced from those which are religious, dogmatic or fundamentalist, merely meaning ‘dominant’ or ‘hegemonic’.

Résumé: Les comptes rendus, les incursions littéraires et les considérations esthétiques Passagens. Revue Internationale d’Histoire Politique et de Culture Juridique sont publiés dans une section au titre on ne peut plus approprié, LITURATERRA. Il s’agit d’un néologisme proposé par Jacques Lacan pour rendre compte des multiples effets inscrits dans les glissements sémantiques et les jeux de mots, avec comme point de départ l’équivoque de James Joyce lorsqu’il passe de letter (lettre) à litter (détritus), sans oublier les références à Lino, litura et liturarius pour parler d’histoire politique, du Pape qui a succédé à Pierre, de la culture de la terre, d’esthétique, de droit, de littérature, y compris juridique – canonique et non canonique. Nous privilégierons les contributions distantes des expressions religieuses, dogmatiques ou fondamentalistes, pour ne pas dire dominantes ou hégémoniques.

摘要: Passagens 电子杂志在“文字国”专栏刊登一些图书梗概和文学随笔。PASSAGENS— 国际政治历史和法学文化电子杂志开通了“文字国” 专栏。“文字国”是法国哲学家雅克﹒拉孔的发明,包涵了语义扩散,文字游戏,从爱尔兰作家詹姆斯﹒乔伊斯 的笔误开始, 乔伊斯把letter (字母/信函)写成了litter (垃圾), 拉孔举例了其他文字游戏和笔误, lino, litura, liturarios, 谈到了政治历史,关于第二个教皇(第一个教皇是耶稣的大弟子彼得),关于土地的文化 [Cultura一词多义,可翻译成文化,也可翻译成农作物],拉孔联系到美学, 法学,文学, 包括司法学— 古典法和非古典法, 然后从经典文本延伸到宗教, 教条, 原教旨主义, 意思是指那些占主导地位的或霸权地位的事物。

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LITURATERRA [Resenha: 2019, 1] Barbas de molho

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LITURATERRA [Review: 2019,1] Barbas de molho

LITURATERRA [Compte rendu: 2019,1] Barbas de molho

文字国 [图书梗概:2019,1] Barbas de molho

Gisálio Cerqueira Filho
Fluminense Federal University, Brasil
Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, vol. 11, núm. 1, pp. 146-150, 2019
Universidade Federal Fluminense

Recepção: 02 Dezembro 2018

Aprovação: 02 Janeiro 2019

LITURATERRA [Resenha: 2019, 1] Barbas de molho
VUILLARD, Eric. El Orden del día. Tradução para o espanhol por Javier Albiñana Serain. Barcelona: Tusquets, 2018. Colección Andanzas. Premio Goncourt, 2017.

Muitos dirão que o título é uma referência machista e é. Mas aqui no caso funcionaria como uma metáfora à qual as mulheres poderiam acudir. Pois significa que a pessoa em questão, qualquer um(a), deve ter paciência, ficar alerta, exercer a virtude da prudência. O provérbio foi vigente quando a honra era defendida apenas pelos homens e eles usavam barba.

Ora, ora, isto já era...

Para nós, que assinalamos o sentimento do autoritarismo apontando para a assertiva o “afeto é político”,2 o livro “El Ordem del dia” de Eric Vuillard, (Premio Goncourt, 2017), em tradução para o espanhol por Javier Albiñana Serain, Tusquets, 2018, é verdadeiramente um alento. A obra em si mistura interesses materiais (econômicos) com fortes emoções, podemos dizer com Freud, algumas delas “emoções inconscientes”3, numa novela realista de aproximação entre a Alemanha e Inglaterra às vésperas da anexação da Áustria na revelação do projeto expansionista e militarista nazi.

Éric Vuillard é escritor e cineasta francês (Lyon, 4 de maio de 1968). A edição original intitula-se L’Ordre du jour, Actes Sud Littérature, 2017,160 pp. Seus temas preferidos são de natureza histórica. E, quase sempre, abordando diversas formas de violência e poder.

Neste livro recente o que está em jogo é o apoio da burguesia industrial alemã a nada menos que Adolf Hitler. A teoria da história e a análise de conjuntura em particular tem feito avanços notáveis. Já estudamos a formação histórica multifacetada numa perspectiva mais longeva (as influências de longa duração) sem perder de vista a conjuntura política onde a dinâmica das alianças e choques de interesses são mais voláteis. Mas sobretudo estamos também habilitados para focar num dado instante político onde algo em si espetacular está por acontecer ou já está acontecendo. Aí é necessário usar lupa e circunscrever o momento.

Por exemplo: como se movimenta o Capital diante das escaramuças de Adolf naquele longínquo ano de 1933. Como se deu o financiamento da campanha eleitoral visando o Anschluss (anexação) da Áustria? O que está na “Ordem do dia” é a submissão e a obediência dos austríacos ao plano de Hitler. Não por acaso o título do livro é dúbio no sentido de uma ordem política geral ou um “aviso militar que o comando ordena num dia determinado”. Se o título do livro pende mais para o discurso militar, para o discurso político ou para o discurso empresarial, tal o impasse que o leitor deve considerar e refletir.

A expressão “Ordem do dia” significa tema, questão ou assunto, que está em pauta, seja nas instituições (Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário) seja nos noticiários de em geral (hoje além do rádio, a televisão, a internet, as rede sociais, etc.); seja ainda nas instituições militares ou policiais-militares, quando a ordem é dada para subordinados devidamente formados e aptos para a ação imediata.

O que estava na ordem do dia naquele fevereiro de 1933, precisamente no dia 20 de fevereiro, era um encontro entre o empresariado industrial e o Führer. A personificação do poder da empresa na figura do patrão, com o consequente esvaziamento dos sindicatos dos trabalhadores, a personificação do poder político no Chefe do Estado; por incrível que pareça, uma semana antes do incêndio do Reichstag em Berlim. Todavia, para que mesmo o Parlamento?...

Já em novembro de 1937 Lord Halifax, pelo Conselho Britânico, seguindo a política de “colocar panos quentes” de Chamberlain (Primeiro-Ministro do Reino Britânico, entre maio de 1937 e maio de 1940), esteve na Alemanha a convite de Adolf Hitler e Hermann Göring. Conversações políticas...segredos de Estado. Discrição e apoio velado.

Sonhos, delírios, pesadelos à parte, as emoções inconscientes, se atualizam em velocidade espantosa, para muitos surpreendente, mas sempre avassaladora. E comunica ao leitor a pressa dos acontecimentos. Este fica mobilizado e o livro coloca na cena múltiplos interesses, que convergem, porém, para muito mais do que um autoritarismo de ocasião ou de conveniência, ou seja, de um tipo novo, entranhado nas subjetividades e nas relações sociais, conquistando corações e mentes. Fato é que o Capital surfa nesta onda. E ainda hoje, muitos não percebem ou se esforçam para perceber isto.

A reflexão sobre esta novela, nesta hora de revival da guerra fria, estimulada pela atual guerra comercial, com o aparente ressurgimento de um pensamento autoritário que assume ser de “direita” (a Hungria, de Viktor Orbán, na hora presente; a Áustria de novo; os EUA de Donald Trump; o Brasil de Jair Bolsonaro e Israel de Benjamin “Bibi” Netanyau). A Hungria mesma acaba de instituir um sistema jurídico paralelo para competir com o Poder Judiciário que se observa a si mesmo encurralado segundo novos adeptos do “Estado de exceção”4. E não sabemos o que virá a partir do BREXIT proposto pelo Reino Unido, tanto em relação à Casa europeia, quanto aos conflitos nas Irlandas...

Este momento singular em que reverberam os primeiros gritos de guerra de uma “direita fundamentalista iliberal” chamando a “esquerda democrática progressista” para a briga, pede firmeza e prudência. Um NÃO ao amor do censor...

Como diz este outro provérbio português, e este já não pode ser acusado de machista, “Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”.

Material suplementar
Notas
Notas
1 Lacan, Jacques. Outros Escritos. Tradução Vera Ribeiro; versão final Angelina Harari e Marcus André Vieira; preparação de texto André Telles, Rio de Janeiro: Zahar, 2003, p. 11-25. [Lacan, Jacques (2001). Autres Écrits, Paris: Éditions de Seuil.
2 Cerqueira Filho. O afeto é político. foi ‘Tese de Concurso” para Professor Titular de Teoria Política na Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, 2015.
3 FREUD, Sigmund. O Inconsciente (1915). In: SALOMÃO, Jayme (Org.). Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. XIV, p. 165-209. Edição Standard Brasileira.
4 Conceito desenvolvido por Carl Schimitt com inspiração na teologia política do catolicismo romano (conservadorismo clerical) que muito influenciou a Alemanha nazista.
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