Resumo: As missões pedagógicas são estratégias que buscam produzir conhecimento sobre o estrangeiro e sobre si, com vistas a remodelar projetos em curso, inscrevendose aí os investimentos no campo da educação. Neste tra-balho, analisamos determinadas representações da América em dois relatórios-livro de Celéstin Hippeau, nos quais examina as experiências dos Estados Unidos e Argentina (1871 e 1879, res-pectivamente). Com base nesta documentação, focalizamos dois temas para uma reflexão mais detida sobre as marcas da narrativa e os modelos pedagógicos legitimados, tomando por base o tratamento dispensado à educação das mulheres e a questão racial. Como procedimento, procuramos entrecruzar os documentos para pensar as representações elaboradas a respeito da instrução pública e observar o jogo entre aquilo que conhece e o que se forja nos estudos realizados para dar a ver os projetos em curso, as mediações estabelecidas e o programa que o professor francês procura legitimar.
Palavras-chave:Celéstin HippeauCeléstin Hippeau,Educação FemininaEducação Feminina,Educação dos LibertosEducação dos Libertos,viagens pedagógicasviagens pedagógicas,circulação de modelos pedagógicoscirculação de modelos pedagógicos.
Abstract: The pedagogical missions are strategies that seek to produce knowledge on foreign and about themselves, in order to reshape ongoing projects, signing up there investments in education. In this paper, we analyze specific representations of America in two book reports of Celestin Hippeau, in which he examines the experiences of the United States and Argentina (1871 and 1879, respectively). Based on this documentation, we focus on two themes for a more detailed reflection on the marks of the narrative and the legitimate pedagogical models, based on the treatment given to the education of women and the issue of race. As a procedure, we try to intersect the documents to consider the representations made about public education and observe the play between what we know and what is forged in studies to give to see the projects in progress, the mediations established and the program that French teacher seeks legitimize.
Keywords: Celéstin Hippeau, Female Education, Freedmen Education, Pedagogical Trips, Circulation of pedagogical models.
Artículos
América en revisión: un análisis de la educación femenina y de los libertos en los Estados Unidos y Argentina (1871-1879)
America in review: an analisys of female education and freedmen in the United States and Argentina (1871-1879)

Recepção: 09 Novembro 2015
Aprovação: 03 Março 2016
“J’y ai retrouvé
l’esprit dont j’avais été si vivement frappé en visitant les écoles des
États-Unis. Dans la grande République de l’Amerique du Nord comme dans la
République de l’Amérique naissance du Sud, les institutions démocratiques ont
pour condition essentielle le plus large développement donné à l’ éducation
nationale. (...) On ne peut sans doute établir de comparaison entre les deux
États, soit pour la splendeur des établissements scolaires, le nombre des
instituteurs et des institutrices, soit pour la magnificence avec laquelle les
citoyens ont pourvu aux frais de l’enseignement, depuis l’école primaire jusqu’
aux universités”.
Fonte: Hippeau, 1879: 56
O interesse por conhecer a experiência norte americana pode ser articulado às viagens de estudos, de larga tradição, como se pode notar pelas diversas matérias publicadas na Revue des Deux Mondes[1], na Revue des Voyages (1833)[2] e também na historiografia que explora as fontes derivadas desse tipo de empreendimento[3]. Ao lado disso, a viagem de Célestin Hippeau aos Estados Unidos pode ser analisada pelo interesse em conhecer uma experiência de reconstrução nacional, na medida em que a mesma ocorre quatro anos após o término da guerra de secessão (1861-1865), descrita como desastrosa guerra de cinco anos, o que não impedira que os fundos destinados à escolarização fossem triplicados no referido período. É, portanto, nesse quadro de reconstrução nacional que Hippeau realiza sua viagem, visita estabelecimentos escolares de diferentes graus e modalidades, recolhe documentação e, por fim, redige dois textos. O primeiro consiste no artigo L’Éducation des femmes et des affranchis em Amérique depuis la guerre publicado na Revue des Deux Mondes, em 1869. O segundo, mais detalhado, consiste na publicação do relatório de viagem intitulado L’Instruction Publique aux États Unis, dirigido ao Ministro da Instrução Pública da França, datado de 1870[4]. Após esse relatório, publica uma série de seis estudos sobre a questão da instrução pública em vários países, sendo o último deles destinado à Argentina, em 1879[5]. Na impossibilidade de explorar o conjunto desses estudos, para efeitos desse trabalho, nos detivemos na análise dos dois que analisam a problemática da instrução na América, selecionando dois temas presentes nos mesmos para uma observação mais detida e, com isso, analisar as marcas da narrativa e os modelos pedagógicos legitimados, tomando por base o tratamento dispensado à educação das mulheres e a questão racial.
Como procedimento, tomando como ponto de partida o artigo, procuramos entrecruzar os três documentos para refletir a respeito das representações elaboradas por Célestin Hippeau a respeito da instrução pública e, com isso, observar o jogo de semelhança e diferenciação entre aquilo que conhece e a compreensão forjada nos estudos realizados[6]. Com esse movimento, procuramos dar a ver os projetos em curso, as mediações estabelecidas e o programa que o professor francês procura legitimar com base nas suas experiências prévias, nos estudos realizados e naquilo que pode testemunhar em sua viagem aos EUA.
O início do artigo de 1869 parece fornecer o tom geral que orienta sua narrativa. Para ele, o que conferia a organização de escolas públicas nos Estados Unidos um caráter especial, consistia na necessidade, altamente reconhecida e proclamada desde o início, de assegurar, sem estabelecer qualquer diferença entre os sexos, a instrução a mais ampla e liberal a um povo conclamado a definir seu próprio destino (Hippeau, 1869: 450).
Com isso, fornece e mobiliza alguns dos princípios orientadores da narrativa, isto é, a universalidade, igualdade, o liberalismo e a autodeterminação[7]. Ao proclamar esses quatro princípios como organizadores das escolas públicas e da sociedade estadounidense, indicia o emprego de uma chave de leitura presente no conjunto dos estudos que promove, o que pode ser notado no exame de diferentes aspectos, inclusive nos dois que foram selecionados para aprofundamento nesse estudo. Deste modo, procuramos interrogar: Como o narrador opera com esses fundamentos? Que efeitos procura produzir? Como eles são articulados à educação feminina e dos libertos no artigo e nos relatórios que publicou?
O tema da educação feminina é explorado nas duas partes iniciais do artigo. Já no livro dos Estados Unidos, merece dois capítulos específicos[8] e no livro da Argentina é abordado de modo genérico. No artigo de 1869, o contraste inicial a respeito dessa questão é estabelecido entre os EUA, Inglaterra, França e “muitos Estados da Europa” que colocavam em dúvida o direito das mulheres à uma educação superior, chegando, uns, a reconhecer que elas não possuíam inteligência suficiente para os altos estudos científicos. Já nos EUA, a experiência era de outra ordem, pois todas as escolas se encontravam abertas para a educação feminina e os resultados obtidos consistiam na resposta a mais viva que se podia oferecer às objeções produzidas em todos os lugares sobre a questão da emancipação intelectual das mulheres. Emancipação que se encontrava articulada a um fundamento da sociedade americana que assumira a educação popular como o primeiro de seus deveres. De acordo com Hippeau, onde houvesse uma comuna, deveria se edificar uma escola e uma igreja, complementadas por um jornal; considerados, então, os três elementos essenciais de toda civilização.
Se o instituto da igualdade é constituído em um dos organizadores da narrativa do letrado francês, é possível reconhecer dois outros. Um que aponta para os desafios já superados e outro que ressalta a existência de questões insuficientemente equacionadas, ao mesmo tempo em que reconhece todas as condições e qualidades dos norteamericanos em superá-las. Trata-se, portanto, do manejo do princípio da superação como recurso de leitura da experiência dos outros e a de seu país de origem. Princípio que também pode ser reconhecido no modo como representa a questão da escolarização geral e da educação feminina em suas múltiplas faces. Uma dessas faces se refere à presença das mulheres no magistério. Segundo Hippeau, desde os primeiros tempos, os mestres eram raros e não podiam suprir todas as necessidades. Desse modo, os americanos apelaram às mulheres que, com seu saber, demonstravam aptidão para a profissão de professoras (Hippeau, 1869: 453).
Ao notar a solução encontrada para a falta de professores e a solução do trabalho feminino, agrega o argumento financeiro e o efeito complementar de suas limitações, isto é, o aparecimento da escola mista, seja do ponto de vista de gênero, seja do ponto de vista das classes sociais. De acordo com o relato do viajante francês, poucas localidades possuíam os recursos necessários para a construção de duas escolas. Deste modo, um mesmo estabelecimento recebia crianças de ambos os sexos. E condição social, fazendo com que a igualdade ingressasse profundamente nos costumes do outro lado do Atlântico. Com isso, os filhos de ricos e pobres passaram a compartilhar os mesmos bancos e receber a mesma educação, do nível primário ao mais alto. Aos benefícios igualitários desta medida, acrescenta
L’on ne tarda pas à s’apercevoir non-seulement que les jeunes filles, instruites à côté des jeunes garçons, ne leur étaient inférieures ni en application ni en intelligence, mais encore que les institutrices appliquaient à l’enseignement des qualités et des aptitudes que l’on ne trouvait pas au même degré chez les instituteurs (Hippeau, 1869: 453).
Como se pode notar, a presença da mulher no magistério implica na superação de preconceitos, mas também na elaboração de um modelo escolar, reforçado pelas qualidades e atitudes da professora da common school. Modelo novo que se vê igualmente revestido pelo signo da superação. Neste caso, o superado corresponde ao velho modelo das nações europeias, mas também ao modelo de educação escolar centrado na figura masculina.
Celles-ci se trouvèrent donc en possession d’une instruction plus solide, plus étendue, et se firent ainsi dans la société une place plus élevée que celle qui leur est assignée chez les nations européennes. Le respect et la considération dont elles étaient l’objet en Amérique s’accrurent encore lorsqu’au milieu des grands événemens dont les États-Unis furent le théâtre, elles montrèrent que leur courage et leur patriotisme ne le cédaient en rien à ceux des hommes (Idem: 453).
Deslocamento de forma que se viu favorecido pela conjuntura da guerra, pelo volume de mortos produzidos[9], sobretudo homens e, parte deles, professores. Deslocamento que também se encontra vinculado ao modo como as atitudes das mulheres aparecem representadas no teatro da guerra. De acordo com Hippeau, é sabida a admirável devoção que as mulheres e meninas dos Estados do Norte exibiram durante os anos cruéis da mais terrível guerra verificada nos anais dos tempos modernos, que colocou armas nas mãos das duas partes da União. Elas foram vistas correndo para o campo de batalha, levando alívio e consolo para os feridos, transformando-se em verdadeiras irmãs de caridade. Os professores pagaram à morte um grande tributo. Em muitos Estados, correspondiam a um pequeno número de pessoas alistadas nas forças armadas do exército do norte. As professoras se multiplicaram para substituí-los e, naquele momento, passaram a corresponder a 70% do magistério nas escolas dos Estados Unidos.
É possível observar mais um traço de superação, desta feita, na composição social do ofício nas common school que, nos EUA, nos anos 1860, já era majoritariamente feminino[10]. Na sequência da narrativa, retoma a questão da emancipação intelectual das mulheres adicionando o testemunho pessoal das visitas que realizara a três estabelecimentos de ensino superior frequentados por mulheres que gozavam de uma “justa celebridade”: Packer collegiate institute do Brooklyn, o Rutger’s female college de New-York e, sobretudo, o Vassar college de Poughkeepsie.
Ao inserir o que extrai das visitas, destaca aspectos relacionados aos saberes, espaços, métodos e ação dos professores, para concluir que não havia observado qualquer inferioridade entre jovens de mesma idade, em todos os ramos do saber. Ainda que reconhecesse a existência de opositores a essa ideia nos diversos Estados dos EUA, assinala que eram muito reduzidos e que, a cada dia que passava, a educação superior ganhava mais terreno.
Para ele, não era apenas o direito à educação igualitária recebido pelos homens que, nos vários estados de América, encontrava um pequeno número de adversários. A opinião que passava a prevalecer, como uma consequência necessária do ensino superior, implicava na abertura a todas as carreiras cujo acesso lhes havia sido fechado, nas quais se podia verificar, cotidianamente, um grande progresso. Para tanto, apresenta elementos empíricos da formação médica realizada no Vassar college com vistas a validar a defesa da formação feminina nos cursos superiores.
Déjà elles ont été admises à suivre les cours de six facultés de médecine: plus de 300 docteurs du sexe féminin exercent maintenant dans les états de l’Union la médecine et la chirurgie avec un talent et un succès réels. A Philadelphie, six doctoresses sont inscrites, sur les registres où sont établies les taxes sur le revenu, pour une somme de bénéfices annuels variant de 10,000 à 50,000 francs; enfin j’ai eu le plaisir de voir à New-York une de ces habiles doctoresses à la tête d’une clientèle qui lui assure un revenu de 80,000 francs (Hippeau, 1869: 460).
Cumpre notar que a reconfiguração social do magistério e o incremento da educação feminina introduzem outra questão. Trata-se da convivência de indivíduos de ambos os sexos em um mesmo espaço escolar que, nos EUA, apresentava mais vantagens que inconvenientes. Para sustentar esse diagnóstico, o relator se apoia em elementos extraídos da visita ao estabelecimento de Oberlin; mas também em dados de escolas de New York, Baltimore, New Haven, Chicago, Boston, Providence e Springfield. No entanto, é na experiência de Oberlin escola com 30 anos de existência, com 15.000 estudantes já formados, sem o registro de qualquer abuso que merecesse ser destacado que busca sustentação para demonstrar a pertinência da escola mista. Nesse sentido, reproduz os argumentos dos diretores do estabelecimento que justificavam tanto a reunião, como o ensino das mesmas matérias aos sujeitos de ambos os sexos (Hippeau, 1869: 464-465). Para eles, a experiência possibilitava:
Ao ressaltar aspectos econômicos, familiares e na aprendizagem derivados do convívio dos dois sexos, assinala que o sistema da coeducação ainda apresentava outras vantagens mais dignas de consideração: polidez, urbanidade, redução das melancolias, ordem, disciplina, respeito e aumento da permanência dos alunos nos cursos. Por fim, no que se refere às infrações, acrescenta
Les infractions aux lois de propriété, ordinairement assez communes entre écoliers, cessent d’exister dès que l’élément féminin fait partie de la communauté. M. Fairchild ajoutait à ces remarques des détails qui trouveraient plus d’un incrédule parmi nos étudians français. La défense de fumer, partout prescrite et partout violée, est scrupuleusement observée à Oberlin, grâce à la présence des jeunes filles, envers les quelles aucun élève ne voudrait manquer d’égards (Hippeau, 1869: 465).
Ao destacar qualidades morais, disciplinares e na prevenção de hábitos considerados indesejáveis, como o fumo; sinaliza que, apesar de todas essas conveniências, ainda havia resistências ao modelo da escola mista. Ao dar visibilidade a esta tensão, mobiliza os argumentos dos opositores, contrastando com aquilo que tivera oportunidade de verificar no Colégio d´Orbelin. Como se pode notar, contesta um princípio geral com os elementos observáveis de um dispositivo em funcionamento. Nesse exercício, expõe quatro objeções à coeducação: o preparo para as funções sociais, a construção do caráter rude ou afeminados e frívolos, os costumes e as paixões e, por fim, aquela que considerava a objeção mais forte contra a educação mista: a questão do casamento. Para ele,
Les élèves ont vécu ensemble pendant plusieurs années et trouvé mille occasions de s’apprécier mutuellement, de connaître les qualités et les défauts de leurs jeunes camarades. Il est assez naturel que, se rencontrant plus tard dans le monde, ceux qui ont éprouvé l’un pour l’autre quelque sympathie s’en souviennent, et se recherchent pour unir leur destinée. La question est de savoir si ce sont là des conditions peu favorables pour assurer des unions heureuses et bien assorties. (…). Enfin, disent les directeurs des grandes institutions mixtes, tout compte fait, les unions entre les jeunes gens et les jeunes filles qui se sont connus dans ces écoles ne sont pas plus nombreuses que celles qui ont lieu entre des jeunes gens élevés loin les uns des autres (Hippeau, 1869: 468).
Na resposta ao suposto perigo que, de sua parte, colocaria em risco a segurança das famílias, o autor francês contesta o mesmo, apoiado no que percebera e pretendia legitimar; os exercícios de liberdade e autogoverno observados na escola visitada, considerada como exemplo bem sucedido de formação mista. Por fim, assinala que as objeções relativas à coeducação fundavam-se nas leis, costumes e preconceitos resultantes das miseráveis tradições francesas, cujo ideal de educação feminina era a do convento, de onde as mulheres sairiam para se casar e cumprir os deveres para os quais estavam pouco preparadas. Para ele, a reclusão absoluta e a independência sem limites eram dois excessos a serem evitados. As mães de família que compreendiam a necessidade de oferecer as suas filhas a maior e mais extensa instrução sabiam conciliar liberdade e vigilância.
No que se refere à experiência argentina, cabe assinalar sua descrição como uma sociedade mista, composta de 1.877.490 indivíduos de acordo com o censo de 1869[11]. Desse total, 845.333 correspondia ao universo feminino.
A população argentina é caracterizada pela antiga hospitalidade bíblica, generosidade, sobriedade, amor à pátria e bravura. A respeito desses pontos, os argentinos não tinham porque invejar os outros povos. Na sequência, ainda apoiado no estudo de Napp (1876), assinala que as mulheres ocupavam um lugar distinto na sociedade, sendo sua influência na vida pública muito grande. Amáveis e dotadas pela natureza de todos os charmes do tipo meridional, elas eram excelentes mães e o amor maternal fazia com que tratassem suas crianças com uma grande intimidade.
Um indício complementar da participação feminina na sociedade pode ser percebido na fundação das sociedades de damas em Buenos Aires, Paraná e muitas outras cidades voltadas para tudo o que se referisse à educação da primeira infância. Reconhecia que as damas da alta sociedade eram melhores dotadas para as tarefas de criar, patrocinar e/ou dirigir esse tipo de estabelecimento, o que apresentava, ainda, outros benefícios: o desejo de se instruir, percepção direta da poderosa ação moralizadora da educação e da importância da missão a que se dedicavam e afastamento das ocupações frívolas.
Ao remeter ao que testemunhara nos Estados Unidos, aponta que o futuro das escolas primárias repousava na educação feminina, pois a elas deveria caber a direção da maior parte dos estabelecimentos escolares, cabendo-lhes o dever de dar à infância as primeiras noções morais e os primeiros elementos de instrução. Este parece ser um princípio compartilhado pelos homens que se encontravam na gestão do aparelho de Estado argentino. De acordo com o narrador francês, o ministro da educação da época (M. Lastra), seguidor do presidente (M. Leguizamon)[12], atribuía grande valor à educação feminina, pois já havia criado 14 escolas normais primárias para meninas, encorajando igualmente todas associações em que as mulheres poderiam colaborar. Movimento que se explica pela expansão da malha das escolas primárias, mas também pela defesa da institucionalização da criança da “primeira idade” em creches e jardins de infância, que deveriam ser conduzidas por professoras.
No caso da educação nos anos que precediam a escola primária, há uma defesa que vem associada a alguns princípios doutrinários. Nesse caso, considera que esses anos se constituíam no tempo necessário para abrir a inteligência, dirigir a atividade, formar atitudes de ordem e limpeza e para imprimir nas almas os germens de todos os sentimentos puros e honestos. Acrescenta ainda que aqueles que fossem educados por mães instruídas e inteligentes estariam maravilhosamente preparados para a escola infantil, recurso adicional em favor da educação feminina.
Temos pois a configuração de um conjunto de causalidades que, no caso da criança pequena, vincula-se ao papel da mulher, de cuja formação, por sua vez, dependeria o sucesso da formação da criança pequena. Cadeia causal em forma de ciclo em que se entrelaçam as ações institucionais da casa e da escola com o papel a ser exercido pela mulher. Nessa linha, o autor compreende que a direção da escola infantil, dos jardins de infância e da escola primária deveria ser confiada às mulheres[13]. Não qualquer mulher, mas as que fossem preparadas em uma escola especial; isto é, nas escolas normais. Nesse caso, chama atenção para os investimentos em curso, seja nas escolas normais mistas, seja nas escolas normais femininas[14].
De acordo com lei de 15/10/1875, o governo deveria abrir uma escola normal de mestres na capital de cada Província, cujos efeitos podem ser observados no quadro 1:

* Não consta o número de alunos que frequentam a EN. No entanto, aparece o registro de que havia um colégio de órfãs vinculado a essa escola normal que, juntamente do curso elementar, oferecia curso de economia doméstica e uma classe de tipografia, que já formara hábeis operárias. Nesse estabelecimento havia mais de 240 meninas, sendo 195 pensionistas. Registra ainda que as instituições eram patrocinadas e dirigidas pela Sociedade Beneficente, fundada pelo presidente Rivadávia, composta por damas devotadas à obra filantrópica e gratuita, com um zelo nobre, desinteressado e infatigável.
Hippeau, 1879: 88.Como se pode notar, o fundamento primeiro consiste na educação de todos, sobretudo na escolarização inicial, que recobriria a educação desde a primeira idade e a instrução primária. Nesse caso, tais equipamentos deveriam ficar sob a coordenação de mulheres, inclusive as escolas mistas. Esse fundamento se aproxima da experiência que o autor estudara e testemunhara na República do Norte, mas também se ancora em um repertório de leituras da documentação argentina e de um conjunto de outros autores que fornecem os princípios que deveriam orientar a escolarização inicial, seja no que se refere aos saberes, métodos e procedimentos gerais. Dentre eles, podemos destacar: Froebel (s/d), Pestalozzi, Ferdinand Buisson (1876), Grosselin (1876), Laveleye (1872) e Eugénie Hippeau (1875).
Com base nos indícios dessa biblioteca, podemos considerar que se trata, menos de um empiricista, mas de um sujeito que procura se alinhar a um grupo de autores que estava participando do debate a respeito da racionalização da pedagogia e da constituição de uma orientação cada vez mais científica para o funcionamento das escolas.
Se é possível notar que o processo de legitimação da forma escolar de educação se encontra associado ao seu papel nas lutas contra as segregações de gênero, cabe destacar que ele também se articula a um projeto que pretende equacionar as separações do ponto de vista de classe, religião, procedência e raça. Instituição que, pelas múltiplas funções que lhes são atribuídas, concorreria para forjar a integração ou reconstrução nacional. Como procuramos destacar, o deslocamento da forma escolar no registro da superação relativa à desigualdade da educação de acordo com o gênero é apenas uma das lutas sociais articuladas à escola. Outra que a ela se vincula se refere à integração racial, que assume relevo ainda maior no quadro da guerra de secessão e dos movimentos emancipatórios do período nos Estados Unidos.
O tema da integração racial aparece inicialmente articulado à questão do magistério feminino, reservando-se a terceira parte do artigo para um desenvolvimento mais alentado da questão. No relatório sobre a instrução pública nos EUA há um capítulo específico[15] e no livro sobre a instrução na Argentina, esse aspecto assume pouca visibilidade, merecendo uma nota no momento em que Hippeau trata da educação dos índios na “República do Sul”[16].
Associado à docência feminina, mas também à guerra, o tema da educação dos libertos assume contornos especiais pois, para Hippeau os resultados da guerra submeteram o talento e ardor das professoras norte-americanas a uma nova prova, na medida em que a vitória do Norte sobre o Sul terminou por promover a emancipação de uma população de, no mínimo, 4.000.000 de negros. Com isso, a religião, a humanidade e a política se ocuparam com o destino dos libertos, repelido por seus senhores e obrigados a procurar trabalho como meio para assegurar a subsistência. Nesse sentido, as numerosas associações formadas nos Estados do Norte cuidaram da criação de escolas para as crianças de cor, dos dois sexos. Um caloroso apelo foi feito aos ricos, habituados a se unirem na promoção de atos beneficentes, e, desde 1862, mais de 4.000 escolas para jovens negros foram estabelecidas nos principais Estados do Sul. Frente a alta mortalidade de homens, a quem coube a tarefa de colocar em funcionamento a nova maquinaria de formação de crianças, jovens e adultos negros? A guerra operou um deslocamento na forma escolar, mas também no protagonismo docente. De acordo com o testemunho do viajante europeu, coube às mulheres assegurar o funcionamento dessa nova engrenagem, destinada ao atendimento de um público novo, a ser integrado em uma nação não mais dividida. Nos seus termos, às mulheres foi confiado este ensino, e essas missionárias generosas da ciência não[17] hesitaram em abandonar o seu país e sua família para se dedicar a um trabalho dificultado pela oposição encontrada na maioria das cidades onde se instalaram. Tudo isto, confirmado pelo testemunho pessoal: Eu as vi no trabalho, e eu também fiquei espantado com o seu zelo inteligente e com os resultados que vinham obtendo. De acordo com o professor francês, os relatórios apresentados anualmente pelos superintendentes das escolas públicas reconheciam unanimemente que, no exercício das suas funções, as mulheres apresentavam uma inteligência, habilidade e tato, difícilmente encontrados no caso dos homens. Se havia uma crítica que lhes poderia ser dirigida era a de que se engajavam tão avidamente em sua tarefa trabalhosa que, muito frequentemente, comprometiam a saúde pelo trabalho excessivo (Hippeau, 1869: 454).
Ao retomar essa questão na terceira parte do artigo reforça a relevância da ação das professoras e seu trabalho na obra “eminentemente civilizadora”, viabilizado pela ação governamental e pelas associações privadas que se ocuparam, no momento mais terrível da guerra de secessão, de assegurar aos negros do sul os meios de existência e a criação de escolas para eles e seus filhos. Medida que também representava uma incisão na cultura, na medida em que procurava suspender o preconceito que considerava “os filhos da África pertencentes a uma raça inferior”. Para Hippeau, mesmo na “terra da igualdade”, persistia uma repugnância invencível que lhes atribuía um lugar a parte na sociedade, mantendo-se entre eles e os privilegiados da raça branca uma distinção ofensiva e injuriosa. No entanto, aqui, uma vez mais, o princípio da superação assume a condução da narrativa, pois mesmo nesta situação adversa, algumas iniciativas voltadas para a ultrapassagem dessa condição florescia.
Ce pendant des écoles pour les enfans de couleur n’avaient pas laissé de s’établir, et, tout en les considérant comme incapables de jouir des droits civils et politiques, l’état s’était cru obligé de leur assurer les bienfaits de l’éducation. Quelques-uns des fonctionnaires préposés à l’enseignement public avaient porté un véritable intérêt à ces déshérités et reconnu que ni l’aptitude ni l’intelligence ne leur faisaient défaut. Quelques bons esprits commençaient à soupçonner que c’est à la fatale influence de l’esclavage bien plus qu’à la nature qu’il est juste d’attribuer leur infériorité morale, universellement admise. Toutefois la plus grande partie de la nation n’éprouvait pas pour eux, il faut bien le dire, les mêmes sympathies. (Hippeau, 1869: 470).
No entanto, apesar de reconhecer as iniciativas seminais que punham sob suspeição a inferioridade da raça negra, admite que efetivamente essa não se constituía na percepção mais disseminada na sociedade americana. É a guerra contra a cisão interna que favorecerá a constituição de outro quadro de compreensão a respeitos dos “filhos da África”[18]. Os eventos extraordinários que conduziram, contra todas as expectativas, a emancipação dos escravos no Sul tornaram os direitos políticos possíveis para todos. Como primeira consequência, esta nova conjuntura provocou a criação, em cada cidade, de uma secretaria para os marginalizados. Nessas secretarias, organizadas com a presteza e espírito maravilhosos que, nos Estados Unidos da América, presidem todas as empresas de grande interesse nacional, imediatamente concentraram sua atenção na criação de escolas para meninos e meninas de cor (Hippeau, 1869: 470).
A partir de então, outro conjunto de medidas regulatórias foram sendo elaboradas tendo em vista a integração nacional e a integração racial. É neste registro que Hippeau descreve o dia 1 de janeiro de 1863 como um dia memorável nos anais da União, visto que se trata da data em que o presidente Lincoln proclamara a emancipação dos escravos em todos os distritos do país revoltados contra o governo dos Estados Unidos. Em 22 do mesmo mês, outra lei estabelecia o comitê de emancipação junto à Câmara dos Representantes. Da parte da sociedade civil, um grande número de associações privadas foi organizado em diferentes Estados para socorrer os libertos. Marcada pelo princípio da superação, pela sequência de acontecimentos incomuns, fenomenais e ações honrosas e exemplares, visando provocar grande admiração, a narrativa efetivamente assume ares de uma epopeia. O destaque à ação das mulheres vem acompanhada de outros atos exemplares de cidadãos, missionários e militares.
On ne saurait se faire une idée de l’énergie avec laquelle les citoyens de l’Union concoururent à cette œuvre. Dès l’année 1862, des réunions publiques furent tenues à New-York, à Boston, à Philadelphie, et aussitôt se formèrent, sous la double influence de l’humanité et de la religion, l’association pour secourir les affranchis, l’association des missionnaires à New-York, le comité d’éducation à Boston, des sociétés d’éducation à Philadelphie, à Cincinnati, à Chicago. Des feuilles spéciales s’établirent pour rendre compte des résultats obtenus par chacune des sociétés, pour faire connaître le montant des dons volontaires recueillis, publier les lettres et les informations envoyées de tous les lieux où les protecteurs des noirs exerçaient leur action. Dès la seconde année, 1,500 écoles avaient pu être ouvertes aux hommes de couleur. A mesure que l’armée du nord prenait possession de quelque ville nouvelle, une phalange dévouée d’instituteurs et d’institutrices y entrait à sa suite. En incorporant parmi leurs soldats les nègres fugitifs, les généraux formaient pour eux des écoles régimentaires. Les chapelains les initiaient aux vérités de la religion, aux principes de la morale, et leur apprenaient en même temps à lire et à écrire (Idem: 470-471).
Ao descrever os investimentos voltados para o novo tempo, o narrador também anota aquilo que constituía em resto, como é o caso de uma lei do Sul, impeditiva do ensino da leitura e escrita aos escravos, descumprimento que submetia o infrator à pena capital. Trata-se efetivamente de narrar o acontecimento de modo épico, em especial quando registra a grande comunhão constituída em favor da educação escolar dos libertos. Para o Francês, era necessário dizer que, para a honra da raça dos deserdados, nenhum espetáculo poderia ser mais emocionante do que aquele, então, oferecido a esses desventurados, velhos, homens, mulheres e crianças, tão ávidos para chegar às escolas, onde a instrução regeneraria suas almas. O homem com fome não se joga mais avidamente sobre os alimentos, com um instinto tão aguçado, do que esses pobres fugitivos sobre o pão do saber, pois o consideravam como a primeira condição para sua regeneração. Os professores e as professoras estavam no auge dessa grande tarefa. As ofertas de dinheiro, o envio de gêneros alimentícios e roupas chegavam de todos os lados. O benemérito Peabody destinou US$ 5 milhões para a criação de escolas. Uma só associação, a Missionnaire Américaine, recebia mais de 45 mil francos por mês, uma quantia ainda, provavelmente, bastante insuficiente para resolver eficazmente os sofrimentos físico e mental. O Congresso do ou 45 milhões dólares ao Gabinete dos Libertos, cuja presidência foi confiada por Lincoln ao general Howard, que havia perdido uma perna em uma das últimas batalhas. Tudo o que estava sendo feito por este Gabinete desde o dia em que foi instalado era algo inimaginável, sublinha o redator francês.
No que se refere à questão da educação dos negros na Argentina há uma observação inserida no item que trata das escolas para os índios (item IX, parte I). Nesse momento, há um esforço de caracterização da população indígena, classificada em três raças diferentes pelos colonizadores espanhóis, considerando algumas características físicas especiais e, sobretudo, a linguagem. A população dos índios nômades foi calculada em 93.291 para os que viviam no Chaco, Pampas, Patagonia e nas Missões[19]. Nessa parte, faz uma breve referência aos africanos que, segundo Hippeau, foram introduzidos na Argentina ao longo do século XVIII. No entanto, o número nunca foi muito considerável, sendo ainda mais reduzido ao longo dos tempos. As africanas se ocupavam principalmente com os serviços de lavadeiras ou domésticas e os africanos trabalhavam nas estâncias como carroceiros, barqueiros, etc. Todos viviam em perfeita harmonia com o resto a população e, considerados como cidadãos, cumpriam seus deveres, sendo todos livres e completamente independentes, visto que a escravidão havia sido abolida, de fato, em 1817. Portanto, a questão da integração não passava, segundo o narrador francês, pela população negra, seja pelo fato de constituir uma fração reduzida da população, seja pelo fato de viverem em harmonia, liberdade e independência. A questão da segregação racial assumia outros matizes, recobrindo a população indígena, como assinalado, mas também o conjunto dos imigrantes europeus, cuja taxa crescera muito a partir de 1854, atingindo o total de 480.310 em 1876[20]. O desafio, na Argentina, era de outra ordem, isto é, integrar os primeiros habitantes e os novos imigrantes, de modo a assegurar o projeto de construção de uma nação moderna e integrada. A solução para esse desafio, ainda que marcado por uma configuração específica, reconhecia a ação escolar como estratégia privilegiada.
Cabe, enfim, fazer uma anotação a partir da narrativa argentina e, com isso, flagrar as seleções operadas pelo narrador europeu. No que se refere aos imigrantes nos EUA há alguma visibilidade, sobretudo pela quantidade. Segundo ele, os últimos anos haviam registrado a chegada de 300.000 novos imigrantes e, a população que, em 1780 totalizava 3.000.000, em 1876 atingira a cifra de 37.930.903 habitantes[21]. Trata-se, portanto, de pensar a common school como dispositivo de integração para evitar a segregação em função do país originário. No entanto, em relação aos indígenas da “América do Norte”, há um grande silêncio. Se a hipótese de adesão do autor à doutrina do “destino manifesto” procede, a lacuna se explica, pois nessa linha não estava em pauta integrar essa parcela da população considerada indomável. Representação que, curiosamente, aparece no relatório sobre a instrução na República do Sul da América e que parece justificar a eliminação dos índios na América do Norte.
Para Hippeau (1879), os Estados Unidos tiveram e ainda tinham muitas dificuldades a vencer, seja para fazer viver, com boa inteligência, a raça africana livre com os demais habitantes, seja para triunfar sobre a resistência obstinada que a maior parte dos índios do faroeste oferecia, bem mais numerosos e com um caráter mais orgulhoso, mais indomável e frequentemente mais ferozes. Já os índios argentinos eram dotados de um espírito e, sobretudo, de um traço de doçura e moderação, o que não estimulava aversões violentas contra eles, procedimento ordinariamente existente entre os conquistadores e as raças indígenas, reduzidas à impotência. Os meios pacíficos empregados e, sobretudo, a obra de civilizar pela educação das crianças, seguida com perseverança pelos missionários, secundados pelo governo, fundia em um só corpo os diversos elementos que compunham a nação à época (Hippeau, 1879: 106). Como se pode notar, ainda que o tom geral incida na crença da integração e na força da educação, esse traço desaparece quando se trata da população de índios norte-americanos. Nesse caso, como uma espécie de exceção, a natureza atribuída aos mesmos aparece como grande obstáculo ao projeto de integração e como justificativa para as estratégias adotadas para lidar com os numerosos indígenas “orgulhosos, ferozes e indomáveis”.
Ao concluir a primeira notícia de sua viagem aos Estados Unidos, o narrador francês mantém o tom épico da sua narrativa, reforçando a doutrina do “destino manifesto”, esta espécie de ideal moral ou lei superior que alimentou e orientou políticas expansionistas e imperialistas dos EUA desde o século XIX. O modo como o letrado francês descreve o que pode ver em termos de educação feminina e dos libertos confere legitimidade ao “grande experimento” que se encontrava em curso e ao seu caráter excepcional[22]. Para ele, nos Estados Unidos ocorria um duplo movimento que elevava e fortalecia as mulheres na família, ao mesmo tempo em que libertava o escravo na sociedade. Os estadounidenses perceberam que não bastava reconhecer e proclamar a igualdade de direitos, a abolição dos privilégios, a elegibilidade de todos para todas as profissões, mas, sobretudo, se fazia necessário que tais benefícios não fossem perigosos ou estéreis para aqueles que os recebessem, para o que era necessário iluminar as mentes antes da emancipação e armar de vontade e coragem aqueles que eram chamados a suportar o peso das responsabilidades da vida. É por uma vasta e abrangente educação que os Estados Unidos tornaram as mulheres capazes de exercer a grande influência que adquiriram e, pelos mesmos meios, os libertos estavam sendo preparados para assumir um lugar entre os cidadãos de um país livre.
Ao final do artigo publicado no periódico mais antigo da Europa e autorepresesentado como “o incontornável da vida intelectual francesa e europeia” e como uma “revista de viagens”, o viajante francês pede licença, para oferecer o exemplo dado pelos Estados Unidos como um motivo de encorajamento para a falange de espíritos generosos que considerava a difusão amplamente generalizada das luzes como condição essencial para o progresso político e social; proclamação final da exemplaridade dos EUA e da crença na razão como motor do progresso e de sociedades integradas.
http://www.revuedesdeuxmondes.fr/home/whoarewe.php#chrono. Acesso em 17 de julho de 2013. Ver também Broglie, 1979 e Steka, 2013.

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* Não consta o número de alunos que frequentam a EN. No entanto, aparece o registro de que havia um colégio de órfãs vinculado a essa escola normal que, juntamente do curso elementar, oferecia curso de economia doméstica e uma classe de tipografia, que já formara hábeis operárias. Nesse estabelecimento havia mais de 240 meninas, sendo 195 pensionistas. Registra ainda que as instituições eram patrocinadas e dirigidas pela Sociedade Beneficente, fundada pelo presidente Rivadávia, composta por damas devotadas à obra filantrópica e gratuita, com um zelo nobre, desinteressado e infatigável.
Hippeau, 1879: 88.