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DIMENSÕES DO EMPODERAMENTO FEMININO: AUTONOMIA OU DEPENDÊNCIA?
TAIZE DOS SANTOS FERNANDES; GISELE SILVEIRA COELHO LOPES ; MELISSA WATANABE ;
TAIZE DOS SANTOS FERNANDES; GISELE SILVEIRA COELHO LOPES ; MELISSA WATANABE ; CRISTINA KEIKO YAMAGUCHI; CHRISTIANE KLEINUBING GODOI
DIMENSÕES DO EMPODERAMENTO FEMININO: AUTONOMIA OU DEPENDÊNCIA?
DIMENSIONS OF EMPOWERMENT OF WOMEN: AUTONOMY OR RELIANCE
DIMENSIONES DEL EMPODERAMIENTO FEMENINO: ¿AUTONOMÍA O DEPENDENCIA?
Revista Alcance, vol. 23, núm. 3, pp. 391-413, 2016
Universidade do Vale do Itajaí
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Resumo: Este estudo objetiva compreender as manifestações das dimensões do empoderamento entre mulheres empreendedoras do município de Forquilhinha, SC. O empreendedorismo e o empoderamento feminino constituem os temas centrais contextualizados teoricamente neste trabalho. Para alcançar o objetivo proposto, esta pesquisa se caracteriza como descritiva, qualitativa e com amostragem não probabilística por acessibilidade. A técnica de coleta dos dados foi a entrevista qualitativa com roteiro semiestruturado elaborado com base nas dimensões do empoderamento alinhadas à iniciativa empreendedora para abrir o próprio negócio, aplicada a 15 mulheres lojistas. Os resultados evidenciaram que o empreendedorismo oportunizou às entrevistadas o empoderamento econômico, tendo em vista que as afirmações se concentraram na ampliação da renda, na independência financeira e na autovalorização. Nas dimensões psicológica, educacional, política e familiar as entrevistadas demonstraram certo grau de dependência de outras pessoas, insegurança na tomada de decisão e direcionamento do próprio negócio.

Palavras-chave:EmpoderamentoEmpoderamento, Empreendedorismo Empreendedorismo, Gênero Gênero.

Abstract: This study aims to understand the dimensions of empowerment among women entrepreneurs in the municipality of Forquilhinha, Santa Catarina. Entrepreneurship and women's empowerment are the central themes theoretically contextualized in this work. This research is characterized as descriptive and qualitative, with non-probability sampling by accessibility. The data collection technique was a qualitative interview with a semistructured script, prepared based on the dimensions of empowerment aligned with the entrepreneurial initiative to open their own business, applied to 15 women owners of retail stores. The results showed that entrepreneurship provided an opportunity for economic empowerment for the interviewees, based on statements that focused on the expansion of income, financial independence, and self-worth. In the psychological, educational, political and family dimensions, the interviewees demonstrated a degree of dependence on others, and insecurity in decision-making and the direction of the business.

Keywords: Empowerment, Entrepreneurship, Gender.

Resumen: Este estudio tiene el objetivo de comprender las manifestaciones de las dimensiones del empoderamiento entre mujeres emprendedoras del municipio de Forquilhinha, SC. El emprendedorismo y el empoderamiento femenino constituyen los temas centrales contextualizados teóricamente en este trabajo. Para alcanzar el objetivo propuesto, este estudio se caracteriza como descriptivo, cualitativo y con muestreo no probabilístico por accesibilidad. La técnica para recoger los datos fue la entrevista cualitativa con una guía semiestructurada elaborada con base en las dimensiones del empoderamiento alineadas a la iniciativa emprendedora para abrir el propio negocio, aplicada a 15 mujeres comerciantes. Los resultados mostraron que el emprendedorismo dio oportunidad a las entrevistadas para un empoderamiento económico, considerando que las afirmaciones se concentraron en la ampliación de los ingresos, en la independencia financiera y en la autovalorización. En las dimensiones psicológica, educacional, política y familiar las entrevistadas demostraron cierto grado de dependencia de otras personas, inseguridad en la toma de decisiones y dirección del propio negocio.

Palabras clave: Empoderamiento, Emprendedorismo, Género.

Carátula del artículo

DIMENSÕES DO EMPODERAMENTO FEMININO: AUTONOMIA OU DEPENDÊNCIA?

DIMENSIONS OF EMPOWERMENT OF WOMEN: AUTONOMY OR RELIANCE

DIMENSIONES DEL EMPODERAMIENTO FEMENINO: ¿AUTONOMÍA O DEPENDENCIA?

TAIZE DOS SANTOS FERNANDES
Universidade do Extremo Sul Catarinense, Brasil
GISELE SILVEIRA COELHO LOPES
Universidade do Extremo Sul Catarinense, Brasil
MELISSA WATANABE
Extremo Sul Catarinense, Brasil
CRISTINA KEIKO YAMAGUCHI
Universidade do Extremo Sul Catarinense, Brasil
CHRISTIANE KLEINUBING GODOI
Universidade do Vale do Itajaí, Brasil
Revista Alcance, vol. 23, núm. 3, pp. 391-413, 2016
Universidade do Vale do Itajaí

Recepção: 02 Fevereiro 2016

Aprovação: 02 Julho 2016

1 INTRODUÇÃO

O empreendedorismo está relacionado com o progresso econômico que é justificado pela inovação e pela difusão de novos produtos e serviços (VENKATARAMAN, 1997). Dada a importância do ato de empreender, as mulheres se posicionaram nos últimos anos como força motriz para o crescimento e o desenvolvimento econômico de vários países emergentes ao redor do mundo (HOLMÉN; MIN; SAARELAINEN, 2011), tendo em vista as mudanças culturais que modificaram a participação feminina na sociedade e no mercado de trabalho. As novas configurações mercadológicas têm exigido mais competência e conhecimento especializado em algumas áreas, ao emergir novas demandas para liderar, pensar e realizar um trabalho de alta qualidade. É neste contexto que o perfil de liderança das mulheres tem sido oportuno no cenário de constantes transformações e valores distintos aos modelos tradicionais de mercado (COUGHLIN; THOMAS, 2002).

O termo empreendedor é derivado da palavra francesa entrepreneur, que significa o indivíduo que assume riscos (FERREIRA; GIMENEZ; AUGUSTO, 2014). No Brasil, o empreendedorismo surgiu em meados dos anos de 1990 a partir da influência da globalização e do efeito do capitalismo. Nesta época o ato de empreender era restrito ao gênero masculino, que ao longo do tempo, a mulher emerge como protagonista da sua independência a partir da abertura do próprio empreendimento. Apesar das dificuldades, a atuação feminina no mercado de trabalho foi se consolidando nas últimas décadas como alternativa de sobrevivência para completar a renda familiar e ampliar a participação na economia (FERREIRA; NOGUEIRA, 2013).

Embora o empreendedorismo feminino tenha evoluído gradativamente, é possível afirmar que este fenômeno tem ganhado espaço não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Um dos desdobramentos deste fato é que o estudo de mulheres empreendedoras se tornou um tópico de pesquisas presentes em conferências internacionais (GOUVÊA; SILVEIRA; MACHADO, 2013). No contexto brasileiro, o empreendedorismo feminino se destacou por três décadas, o que significou estudos relacionados à relação feminina com o trabalho e família (ARRUDA, 1996; TEIXEIRA; BOMFIM, 2016), a trajetória profissional das empreendedoras (NORONHA; VOLPATO, 2006; DREHER; MORO, 2010; LEMOS JÚNIOR; SANTINI; SILVEIRA, 2015), a relação entre gêneros e a ascensão profissional das mulheres (OLIVEIRA; GAIO; BONACIN, 2008; VALE; SERAFIM; TEODÓSIO, 2011; CRAMER et al., 2012) e a influência do empoderamento feminino no trabalho (SOUZA et al., 2012; JONATHAN, 2011; GOLVÊA; SILVEIRA; MACHADO et al., 2003; ALPERSTEDT; FERREIRA; SERAFIM, 2014).

Se o ato de empreender oportuniza novos espaços no contexto econômico, é possível dizer que o fato de as mulheres assumirem um papel importante como protagonistas do exercício profissional eleva seu potencial de empoderamento na conquista de autonomia e direito de decidirem o melhor para si. Neste sentido, empoderar significa alcançar a emancipação, o controle e a busca do poder social ou político, além do controle da própria vida (DEERE; LÉON, 2002).

No âmbito científico, a mulher tem sido foco de pesquisa, sendo evidenciada com participação relevante na economia como empreendedora. Os temas de maior destaque nas pesquisas brasileiras são as representações femininas na ação empreendedora (CRAMER et al., 2012), as compreensões do empreendedorismo e o exercício do papel desempenhado tanto por homens e mulheres em organizações (MACHADO et al., 2003; GOUVÊA; SILVEIRA; MACHADO, 2014), os desafios da mulher empreendedora e os cargos de poder (JONATHAN, 2011), o crescimento do empreendedorismo feminino no Brasil (NATIVIDADE, 2009), as relações de gênero e ascensão feminina no ambiente organizacional (OLIVEIRA; GAIO; BONACIM, 2009), o empreendedorismo feminino e o conflito trabalho-família (STROBINO; TEIXEIRA, 2014), o empreendedorismo feminino e o estilo de gestão feminina (BARBOSA et al., 2011).

Partindo deste pressuposto e pelo aumento da participação da mulher no desenvolvimento socioeconômico de um país, este estudo objetiva compreender as manifestações das dimensões do empoderamento entre mulheres empreendedoras do município de Forquilhinha, SC.

2. O EMPREENDEDORISMO FEMININO

Com base nos dados do anuário das mulheres empreendedoras e trabalhadoras em micro e pequenas empresas (SEBRAE, 2014) na década de 2002 a 2012 no Brasil, as mulheres aumentaram a sua participação no mercado devido ao crescimento da economia que oportunizou a abertura de micro e pequenos empreendimentos, embora a participação como assalariadas ainda representou maior proporção. Jonathan (2011) concluiu em seus estudos que os motivos que levaram as mulheres a empreenderem não foram apenas os aspectos relacionados à sobrevivência, mas devido à insatisfação com a liderança masculina no campo profissional e pessoal, com vistas à ampliação da satisfação pessoal e da autonomia na tomada de decisão. Machado et al. (2003), ao estudarem o processo de criação de empresas por mulheres no Brasil, Canadá e França, concluíram que o principal motivo para a criação do próprio negócio das mulheres pesquisadas estava relacionado à realização pessoal.

A melhora no grau de instrução das mulheres e as mudanças na estrutura familiar têm ampliado a participação feminina na economia. No trabalho de Machado et al. (2003), a economia pessoal constituiu a principal fonte de recursos das mulheres brasileiras e canadenses. O grau de instrução foi fator decisivo para que tivessem a iniciativa de abrirem o próprio negócio. Para os autores, talvez as políticas públicas possam ter contribuído para que o acesso à instrução feminina tenha melhorado. Neste cenário, novos valores sociais começam a fazer parte do cotidiano das famílias e da sociedade, em que o número de filhos é reduzido significativamente (GEM, 2014). Na realidade, a introdução da mão de obra feminina no mercado de trabalho desperta uma série de discussões que relacionam a interação entre homens e mulheres no comportamento empresarial, a ocupação da mulher em cargos de poder e o empreendedorismo feminino como novidade no contexto econômico contemporâneo (CRAMER et al., 2012).

Nesta esteira, embora as características empreendedoras entre os gêneros geralmente se apresentem muito semelhantes, as mulheres diferem em relação à motivação, às habilidades e o histórico profissional. Em relação à motivação para iniciar um negócio, os homens são motivados por ganhos financeiros, autorrealização e autonomia, enquanto para as mulheres o status é um fator de motivação adicional significativo (GOUVÊA; SILVEIRA; MACHADO, 2013). Vale ressaltar que no mercado de trabalho as mulheres em seus empreendimentos desejam manter uma relação saudável com a família versus o negócio. Esta preferência requer um autocontrole na vida profissional e familiar. Por meio deste equilíbrio, há indícios que a mulher tem certa destreza em desempenhar diversos papéis na sociedade. O resultado disto proporciona alacridade para as mulheres pela capacidade de solucionar seus problemas e conseguir se adaptar aos desafios existentes (JONATHAN, 2011). Na vida familiar e nos negócios, as mulheres, quando iniciam um novo empreendimento, precisam estar preparadas para lidar com eventuais preconceitos (CRAMER et al., 2012). O apoio afetivo e social familiar influencia muito nos empreendimentos femininos. Muitas vezes, pela falta de suporte dos cônjuges, algumas mulheres enfrentam amplo desafio para conciliar o trabalho com as responsabilidades da família (BARBOSA et al., 2011).

É possível afirmar que ao longo do tempo o empreendedorismo feminino supera questões de diferenciação de gênero entre homens e mulheres, embora ainda existam barreiras que restrinjam a ascensão feminina no ambiente de trabalho e na criação de novos negócios. A dificuldade existente se caracteriza pelas limitações em termos de amplitude e composição, pois as mulheres recorrem aos laços mais próximos para obter informações e suporte (VALE; SERAFIM; TEODÒSIO, 2011). Hisrich e Peters (2004) nesta questão destacam que há uma diferença entre os gêneros quanto à capacidade de empreender, apesar de ambos terem um forte interesse e experiência na área de atuação do seu empreendimento. Os homens aproveitam a experiência do seu trabalho anterior para aplicação no seu negócio atual, com isso tornam seu empreendimento um hobby para sua vida. Já as mulheres não aproveitam a ocupação anterior por motivos de frustração, e com isso acabam partindo para um negócio novo, agindo com mais entusiasmo e dinamismo.

Em síntese, as mulheres prosperaram na conquista do seu espaço na sociedade, e isto provém da consciência do papel social que desempenham, apesar de suas limitações que lhe são impostas culturalmente. Essas limitações caracterizadas pela desigualdade social e pelos conflitos trabalho-família não impediram avançarem nas suas trajetórias profissionais. Isso significa que a mulher em sua evolução profissional e social contribuiu para o desenvolvimento da economia e melhora no seu posicionamento no mercado de trabalho, em decorrência da formação educacional e grau de escolaridade maior em relação ao gênero masculino, mudanças na estrutura familiar com a redução do número de filhos e novos valores inerentes à inclusão da classe feminina na sociedade brasileira (GEM, 2014).

3. AS DIMENSÕES DO EMPODERAMENTO

A palavra empoderamento originou-se do vocábulo inglês empowerment, cujo termo foi utilizado inicialmente em países de língua inglesa, sobretudo nos EUA. O significado é quase sinônimo de autonomia, que se refere à capacidade do indivíduo e/ou grupos poderem decidir sobre as questões que lhes dizem respeito. O conceito tem raízes na reforma protestante, desde as lutas pelos direitos sociais do movimento feminista, principalmente nos países desenvolvidos por volta dos séculos XX (BAQUERO, 2012).

Kleba e Wendausen (2009) sustentam que no Brasil há dois sentidos de empoderamento, sendo o primeiro ao processo de mobilizações e práticas que objetivam promover e impulsionar grupos e comunidades na melhoria de suas condições de vida para aumentar a autonomia. E o outro refere-se às ações destinadas para promover a integração dos excluídos e carentes de bens elementares à sobrevivência e aos serviços públicos por meio de projetos de ações de cunho assistencial. A definição da palavra empoderamento aborda exatamente o encorajamento, uma vez que o termo implica atribuir poderes a alguém, transferir poderes de decisão a funcionários individuais e a equipes, ao visar à potencialização do comprometimento dos mesmos com os resultados organizacionais. Seguindo a mesma linha, entende-se que a utilização do conceito empoderamento para as organizações serve como instrumento de maior controle para os grupos e/ou líderes, os quais condicionariam a distribuição de poder aos interesses de seus grupos corporativos.

Luttrell et al. (2009) apontam que as dimensões do empoderamento são manifestações e ações para o fortalecimento do gênero feminino. Neste sentido, ao atentar para a literatura é possível destacar algumas dimensões contextualizadas aleatoriamente nos trabalhos de Arruda (1996), Malhotra (2002), Deere e Léon, (2002), Lisboa (2007), Costa (2008) e Melo e Lopes (2012).

Quadro 1
As dimensões do Empowerment feminino

Elaborado pelos autores com base em Arruda (1996), Malhotra (2002), Deere e Léon, (2002), Lisboa (2007), Costa (2008), Melo e Lopes (2012).

  • Dimensão Econômica:

    A participação econômica favorece principalmente as mulheres para o mercado de trabalho nos cargos e nas rendas de forma igualitária ao gênero masculino. Diz respeito à qualidade do envolvimento econômico da mulher (MELO; LOPES, 2012). Para Costa (2008), além de propiciar o acesso da mulher no mercado de trabalho, traz a independência econômica, influenciando no empoderamento psicológico. Para Malhotra (2002), nesta dimensão, o empoderamento da mulher possibilita ter o controle aos recursos da família e proporciona o acesso ao crédito e ao emprego.

  • Dimensão psicológica:

    A dimensão psicológica por sua vez se origina da capacidade da consciência dos indivíduos de apresentarem força com necessidade de crescer e se desenvolver por meio da autoconfiança e motivação. Está relacionada ao poder pessoal, cuja capacidade das pessoas de avançarem na conquista da autonomia e emancipação (LISBOA, 2007) é perceptível na autoestima do indivíduo, bem-estar, senso de aceitação dos direitos (MALHOTRA, 2002).

  • Dimensão política e de grupo:

    O empoderamento se expressa na busca pelo poder social, que se torna evidente quando as pessoas conquistam o controle da própria vida, dos projetos, das escolhas e da capacidade de agir e se socializar (DEERE; LÉON, 2002). Quando as mulheres possuem o poder de decisão e sabem como agir em níveis micro e macro da sociedade, tendem a se envolver nas relações e nas ideologias sobre gênero e direitos na sociedade (COSTA, 2008).

  • Dimensão Familiar:

    Na dimensão familiar o empoderamento feminino desafia as relações existentes entre homens e mulheres. Trata-se da atuação de cada um dentro da família, na capacidade de acesso a recursos e vantagens na vida profissional e participação econômica (MELO; LOPES, 2012). Na visão de Malhotra (2002), a mulher pode fazer suas tomadas de decisões tanto em relação ao aumento de membros na família quanto às decisões domésticas. O papel da mulher na relação empresa e família está condicionado pela própria situação da mulher que sofreu não poucas vicissitudes ao longo dos anos, pois era sempre relegada como plano secundário desde os tempos romanos (ARRUDA, 1996).

  • Dimensão sociocultural ou educacional:

    Malhotra (2002) evidencia que nesta dimensão as mulheres possuem liberdade de movimento, acesso aos espaços sociais e participações em grupos, redes sociais e mudanças nas normas religiosas. Por meio da educação, as mulheres têm acesso à aquisição de novos valores e ao relacionamento com outros indivíduos. No nível relacional, a educação é um pré-requisito essencial para o empoderamento das mulheres na sociedade, pois age de uma forma para emancipar com o saber e as habilidades que geram autoconfiança (DEERE; LÉON, 2002).

4 METODOLOGIA

Este estudo objetiva compreender as manifestações das dimensões do empoderamento nas mulheres empreendedoras do município de Forquilhinha, SC. Para a realização desta pesquisa, primeiramente as pesquisadoras buscaram informações junto à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) para identificar o número de estabelecimentos com CNPJ inscritos por mulheres. Forquilhinha, SC, segundo dados do IBGE (2010), possui uma média de 22.548 habitantes, destes, 11.241 são mulheres. Com base nos dados disponibilizados pela CDL (2015), há 42 empreendimentos com CNPJ cadastrados por mulheres, número significativo dada a proporção relacionada ao número de habitantes.

Para alcançar o objetivo proposto, esta pesquisa foi realizada com amostragem não probabilística por acessibilidade. Após a identificação da população-alvo, foi necessário visitar os estabelecimentos e apresentar uma carta convite para as proprietárias afim de aceitarem ou não participar da pesquisa. O instrumento de coleta dos dados foi um roteiro semiestruturado elaborado com base nas dimensões do empoderamento identificadas nos trabalhos de Arruda (1996), Malhotra (2002), Deere e Léon, (2002), Lisboa (2007), Costa (2008) e Melo e Lopes (2012) alinhadas à iniciativa empreendedora para abrir o próprio negócio. O método de coleta de dados foi a entrevista qualitativa com roteiro semiestruturado, gravadas, com duração média de 45 minutos cada. Com as autorizações assinadas, os pesquisadores visitaram os empreendimentos de acordo com as datas previamente agendadas para a realização das entrevistas. Dos 42 empreendimentos visitados, 15 aceitaram participar da pesquisa. O Quadro 2 apresenta a estrutura do instrumento de coleta dos dados.

Quadro 2
Questões norteadoras do roteiro semiestruturado

Elaborado pelos pesquisadores à luz de Arruda (1996), Malhotra (2002), Deere e Léon, (2002), Lisboa (2007), Costa (2008) e Melo e Lopes (2012).

Insta observar que o conteúdo apresentado no Quadro 1 serviu para nortear o diálogo entre os pesquisadores e as entrevistadas. No decorrer das entrevistas muitas destas questões foram surgindo no sentido de entender como a prática empreendedora influenciava no empoderamento das mulheres entrevistadas.

Após o processo de coleta dos dados, as entrevistas foram ouvidas e transcritas literalmente, conforme sugere Silva (2010). Todas as entrevistas foram geradas em protocolos que serviram para a posterior análise dos relatos das entrevistadas. Considerada uma pesquisa de caráter qualitativo, o processo de análise da pesquisa seguiu a proposta analítica dos dados sugerido por Silva (2010) referente ao ciclo de compreensão e interpretação dos fenômenos, conforme segue:


Figura 1
Ciclo de compreensão e interpretação dos dados pesquisa
Silva (2010)

Com base nas orientações metodológicas de Silva (2010), as entrevistas foram codificadas em EI, EII, EIII (...) como forma de garantir o anonimato das participantes da pesquisa. Os números acompanhados da identificação das entrevistadas referem-se às linhas em que estão transcritas as falas nos protocolos das entrevistas.

3.1 Perfil das Entrevistadas

Quadro 3
Perfil das entrevistadas

Dados obtidos na pesquisa

Quadro 3 (cont.)
Perfil das entrevistadas

Dados obtidos na pesquisa

Ao todo foram 15 mulheres lojistas entrevistadas. São jovens com uma variação de idade entre 20 a 56 anos. No que se refere ao estado civil, houve uma predominância na modalidade de casadas (10/dez). Em relação ao grau de escolaridade, predominou o ensino médio completo.

Foi possível perceber que as entrevistadas iniciaram suas experiências no mercado de trabalho desde muito cedo. A função que exerciam no início da carreira foi desde atuação na agricultura, atendentes e vendedoras, costureira, babá até empregada doméstica. Do total das entrevistadas, 3 (três) iniciaram suas atividades com 10 anos de idade, 6 (seis) começaram a trabalhar entre os 10 anos a 15 anos e 6 (seis) a partir dos 16 anos.

Esses resultados esclarecem que a entrada no mercado de trabalho ocorreu por necessidade de ter a própria renda ou até mesmo para ajudar no orçamento familiar. A entrevistada EXV destaca: “[...] eu comecei já vendendo coisas dos 7 anos até 12 anos. Trabalhava fora e ajudava em casa com os pais. Antes eu cuidava das crianças do meu tio e depois fui trabalhar com restaurante, fazia sobremesas e lavava pratos, depois fui monitora por 8 anos [...]”. [Grifo nosso] (E XV.164).

5 RESULTADOS

Nesta seção serão apresentadas as dimensões do empoderamento feminino a partir das razões que levaram as entrevistadas abrirem o próprio negócio. As dimensões do empoderamento estão alinhadas com base nos trabalhos dos autores Arruda (1996), Malhotra (2002), Deere e Léon, (2002), Lisboa (2007), Costa (2008) e Melo e Lopes (2012), dentre as quais são: econômica, psicológicas, educacional, política e familiar.

a) Dimensão económica

A dimensão econômica está relacionada ao poder financeiro que as mulheres obtêm devido à iniciativa de ter um negócio próprio. Está relacionado à emancipação financeira e influência pessoal no âmbito da família (MELO; LOPES, 2012). Para compreender melhor as razões pelas quais as entrevistadas vislumbraram a abertura do próprio negócio, foi oportuno questionar sobre os aspectos determinantes desta iniciativa. O Quadro 4 apresenta a análise estrutural das descrições das entrevistadas referente ao questionamento.

Ao observar as asserções no discurso das entrevistadas, foi possível identificar 2 (dois) grupos de significados. O primeiro grupo abriu o próprio negócio para a realização de um sonho e o segundo pela necessidade de ajudar no orçamento familiar.

Ficou evidenciado que todas apresentaram a palavra luta como atributo essencial para a concretização do sonho de vida, conforme confirma a entrevistada EII.192, “[...] foi na raça pra começar e na vontade de tentar um negócio [...]. Nas asserções destacadas pelas entrevistadas que abriram o próprio negócio pela necessidade de ajudarem no orçamento familiar, é oportuno destacar o discurso da entrevistada EXIII.248, que menciona: “[...] desde solteira eu sempre vendia alguma coisa e nunca pensei que um dia eu fosse ter uma loja. Foi mais por necessidade [...] não tive apoio de banco, só do meu esposo... e tudo a gente fez foi na cara e na coragem. [grifo nosso]. Esse discurso remente a importância do apoio financeiro do cônjuge para a abertura do negócio.

Quadro 4
Análise estrutural das descrições sobre os fatores que impulsionaram para a abertura do empreendimento

Dados obtidos na pesquisa

O planejamento e a mensuração dos riscos de longe foram considerados na abertura dos empreendimentos destas mulheres. É perceptível nas falas o entusiasmo de melhorar a condição de vida e oportunizar aos filhos o acesso a benéfices financeiras, como boa escola, moradia e conforto com vistas a um futuro melhor para a família, conforme afirma a entrevistada EVIII.222, “[...] pagar os estudos pra eles na faculdade e também ajudar eles como ajudei a minha filha a comprar um apartamento, pensando no futuro deles”. No Quadro 5 é apresentada a análise estrutural do discurso das entrevistadas, quando questionadas sobre os reflexos na vida pessoal ao ter o próprio negócio.

Quadro 5
Análise estrutural da dimensão econômica (reflexos na vida pessoal ao ter o próprio negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

As asserções articuladas no discurso das entrevistadas remetem o desejo de abrir o próprio negócio pelo desejo de ter a própria renda. Para elas, o fato de conquistar a independência financeira denota certo grau de valorização pessoal. Estas afirmações estão em consonância com a literatura (MELO; LOPES, 2012) em que estas mulheres buscam a autovalorização como pressuposto de autonomia e valorização do próprio gênero.

b) Dimensão psicológica:

O poder psicológico origina-se da consciência individual da força e da transmissão da autoconfiança do indivíduo para outras pessoas. É possível dizer que o poder pessoal é muito importante para a igualdade dos gêneros. No empoderamento feminino, o poder torna o incremento da capacidade de as mulheres avançarem na conquista da autonomia e da emancipação na sociedade (LISBOA, 2007). Nesta dimensão estão relacionados os aspectos como bem-estar, sucesso profissional, objetivo de vida e avaliação dos desafios da atividade empreendedora. Neste sentido, foi questionado às entrevistadas sobre o significado de bem-estar. As asserções referentes a este questionamento estão apresentadas no Quadro 6.




Dados obtidos na pesquisa

Para as entrevistadas, a questão bem-estar está relacionada em estar bem com a família e o trabalho, ter horas de lazer, realização de ter o negócio bem organizado, manter as contas em dia e principalmente os clientes gostarem dos produtos e do atendimento prestado. Para elas, todos esses fatores proporcionam uma tranquilidade para os negócios e para si mesmas.

O Quadro 7 apresenta o significado de sucesso profissional para as entrevistadas. O sucesso profissional envolve para as entrevistadas a família unida, a fé, tempo para a saúde e lazer. Para Jonathan (2011), o sucesso profissional para mulheres está entre o equilíbrio da vida profissional e familiar, pois significa que conseguem desempenhar seus diversos papéis na sociedade com mais facilidade do que os próprios homens. Essas evidências remetem que os vínculos familiares ainda permeiam nos alicerces da vida profissional destas mulheres.

Quadro 7
Análise estrutural dimensão psicológica (sucesso profissional) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

O fato de já estarem atuando profissionalmente fora do eixo familiar, ainda os laços de família são as forças propulsoras para entusiasmar e motivar na condução do empreendimento, conforme afirma a entrevistada EVIII.901: Ser reconhecida pelo esforço que fiz, mas se tiver uma situação financeira melhor, ajuda muito, e manter o negócio” [Grifo nosso]. Outras entrevistadas remetem o sucesso profissional ao desempenho do empreendimento. É possível perceber certa racionalidade quanto à importância da sustentabilidade do negócio para alcançar o sucesso, é o que afirma a entrevistada EIV.886: [...] sucesso é conseguir deixar a loja em dia todo dia, ter aquela clientela, entrar bastante gente pra poder conseguir vender tudo certinho, para conquistar clientes. [grifo nosso].

O Quadro 8 destaca qual é a definição de sonho/objetivo profissional para as entrevistadas. Nesta categoria as entrevistadas destacaram que o objetivo pessoal é a tranquilidade financeira, a contribuição na realização dos sonhos dos filhos e família e principalmente em manter o negócio e a carteira cheia de cliente. A entrevistada EIII.809 foi uma exceção, pois apresentou uma visão mais ousada ao afirmar que, além de manter o empreendimento, deseja abrir filiais.

É perceptível nas falas das entrevistadas uma forte ligação com a família. Se por um lado a abertura do negócio foi para muitas a realização de um sonho, por outro elas ainda apresentam comportamentos de provedora dos sonhos da família. As afirmações do tipo “ajudar meus filhos”; “contribuir nos custos dos estudos dos filhos” são comuns nos discursos das entrevistadas.

Quadro 8
Análise estrutural dimensão psicológica (definição de sonho/objetivo profissional) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

Frente a esses pressupostos, o Quadro 9 apresenta a avaliação dos desafios da atividade empreendedora.

Quadro 9
Análise estrutural dimensão psicológica (avaliação dos desafios da atividade empreendedora) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

Quadro 9 (cont.)
Análise estrutural dimensão psicológica (avaliação dos desafios da atividade empreendedora) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

Diante dos aspectos supracitados, é possível perceber que os desafios mais evidentes foram a inadimplência, a gestão de pessoas (pessoas qualificadas), a fiscalização e a carga tributária. É importante evidenciar que as empresárias não apresentaram desafios relacionados a elas em si, mas deram destaques a fatores externos ao empreendimento.

c) Dimensão educacional:

O objetivo desta dimensão é compreender como as empreendedoras investiram na qualificação profissional e no grau de instrução. O intuito é entender se há influência do grau de instrução no desempenho empreendedor.

Os discursos no Quadro 10 apresentam 3 (três) grupos de opiniões sobre a influência do grau de instrução no desempenho empreendedor. O primeiro grupo (EI, EII, EVII, EVIII, EIX) considera que é importante a busca de conhecimentos através de leituras, compreensão do mercado e outras alternativas para melhorar o empreendimento, conforme afirma a entrevistada EIX, “[...] Hoje tô muito ligada e focada em leituras, procuro novidades em sites, não tô fazendo cursos, mas procuro estar informado com tudo, com livros e o conhecimento visual, procuro quando viajo, sempre procuro ver como estão as outras lojas do meu segmento” [grifo nosso].

O segundo grupo (EIV, EX, EXI), formado por um número reduzido, entende que o grau de instrução foi fundamental para o desempenho empreendedor. Para elas, o ingresso ao ensino superior auxiliou na coragem de falar em público, maturidade na gestão do empreendimento, compreensão sobre os riscos do negócio e desafios futuros, é o que confirma a entrevistada EX, “sim e muito! Porque se não tivesse faculdade de moda, eu não teria toda preparação [...]”.

Quadro 10
Análise estrutural dimensão educacional (influência do grau de instrução no desempenho empreendedor) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

O terceiro grupo (EIII, EV, EVI, EXII, EXIII, EXIV, EXV) com maior representatividade em número de concordância entende que o grau de instrução não possui influência no desempenho empreendedor. É perceptível no discurso das entrevistadas as seguintes afirmações: “[...] vejo pelas minhas primas que são formadas em moda que o dia a dia que te ensina, não adianta” [grifo nosso] [EIII); “eu acredito que não, porque hoje tem pessoas que não estudam, e que possuem só o ensino fundamental e tem seu negócio próprio de 30 anos [...]” [grifo nosso] [EV]; “[...] Não. Porque meu marido é formado em Administração e fez pós-graduação e tudo... e vejo que pensamos totalmente diferente, ele é perfeito nas coisas da escola, mas não tem coragem que eu tenho no negócio [...]” [grifo nosso] [EXIII). Ao observar os discursos, parece que estas mulheres tiveram alguma frustração quanto ao grau de instrução de familiares, em que percebem qualquer mudança na vida dos mesmos. Os discursos intentam para a valorização da coragem de assumir riscos e conduzir o negócio pela bravura do empirismo do que por influências oriundas do conhecimento adquirido de forma mais estruturada, como ocorre nos espaços escolares e universitários.

d) Dimensão Política

Esta dimensão está relacionada ao poder social de influenciar, agir e interagir com outras pessoas. O controle da própria vida e a capacidade de fazer escolhas sem a dependência de outras pessoas justificam a habilidade política (DEERE; LÉON, 2002; COSTA, 2008). Nesta perspectiva, esta categoria pretende apresentar os discursos das entrevistadas referentes ao senso de liberdade para empreender.

O Quadro 11 apresenta a análise estrutural da dimensão política quanto ao senso de liberdade para empreender. O objetivo desta categoria é entender se estas mulheres empreendem por conta própria ou se dependem do cônjuge ou de outras pessoas para conduzir e gerir o empreendimento.

Ao observar os discursos das entrevistadas, é possível notar que, por unanimidade, estas mulheres se sentem independentes no que se refere à tomada de decisão, à autoconfiança e à autonomia da área financeira. A entrevistada EXIII afirma que possui autonomia até nas decisões do cônjuge. Segundo ela, “[...] totalmente! Em tudo! Eu me dedico muito as coisas, até nas roupas que meu marido vai vestir, quando vamos viajar no caso de arrumar as malas, tudo, tudo, tudo é comigo [...]” [grifo nosso].

Quadro 11
Análise estrutural dimensão política (senso de liberdade para empreender) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

Neste contexto, como forma de compreender o quanto as entrevistadas se sentiam seguras no comando do negócio, foi questionado sobre o nível de autoconfiança na condução do empreendimento, conforme é apresentado no Quadro 12. É possível perceber, com base nos discursos das entrevistadas, que há três cenários referente ao nível de autoconfiança no comando do negócio.

Quadro 12
Análise estrutural dimensão política (nível de autoconfiança para comandar o negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

Quadro 12 (cont.)
Análise estrutural dimensão política (nível de autoconfiança para comandar o negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

O primeiro cenário apresenta as entrevistadas que entendem que possuem alta confiança. Segundo elas, a experiência no mercado proporciona maior segurança na tomada de decisão e na compreensão dos segredos para conduzir o empreendimento, conforme destaca a entrevistada EXI: “[...] pela experiência com o povo e principalmente pelo o que a gente aprende com a vida” [grifo nosso]. O segundo cenário inclui as entrevistadas que apresentam uma sensação de insegurança e momentos de altos e baixos. Para elas, não há uma linearidade na autoconfiança, há situações que é natural a insegurança pelas diferentes situações que ocorrem na condução de um negócio. Para a entrevistada EII, é preciso um bom senso para arriscar, porém é difícil ter a certeza de que a decisão estará isenta de riscos. Nesta ordem de ideias, a entrevistada EVIII complementa, “eu conheço bem meus produtos, mas nunca tô segura do que tô fazendo e por isso tem que sempre procurar ser melhor” [grifo nosso]. O terceiro cenário apresenta aquelas entrevistadas com alto nível de insegurança e dependência de outras pessoas para tomada de decisão. É possível perceber que neste cenário as entrevistadas demonstram que precisam da aprovação do cônjuge, familiares e colaboradores para legitimar o processo decisório. A entrevistada EXIV destaca que compartilha suas ideias com os colaboradores e há entre eles certo grau de amizade, “sempre compartilho com os funcionários, eles são meus amigos, até quando vou fazer a vitrine, sempre, sempre tô conversando com eles” [grifo nosso]. Neste sentido, a insegurança é compensada pelos vínculos que são construídos entre os pares destas mulheres, tendo em vista a necessidade que elas têm de aprovação e apoio na gestão do empreendimento.

Nesta esteira, foi questionado às entrevistadas sobre suas características empreendedoras, conforme é apresentado os discursos no Quadro 13.

Quadro 13
Análise estrutural dimensão política (características empreendedoras) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

Com o maior número de asserções estão as entrevistadas que afirmaram que se consideram determinadas e autoconfiantes. Esses depoimentos se justificam quando a EX destaca que a autoconfiança é o seu diferencial que advém do controle do seu negócio, conforme afirma: Autoconfiança, diferencial, a busca de sempre inovação. Faço e controlo tudo, porque tenho que saber de tudo, se minha loja tá dando lucro [...]. Talvez é este meu diferencial bem grande, pois tudo é muito controlado [grifo nosso]. Já a entrevistada EV destaca a determinação como um fator importante no processo de superação de um ponto fraco que tinha no início em que abriu o negócio próprio, porém ao longo do tempo, foi se superando e perdendo a timidez que era sua maior dificuldade. As entrevistadas EI, EIV e EVII entendem que as características empreendedoras estão norteadas pela perseverança e pelo gostar do que fazem. Nos discursos fica evidente o sonho como norteador dos objetivos de vida. A entrevistada EIV destaca que já teve outra loja, mas persistiu no seu objetivo, como afirma, “determinação [...] persistência, porque se fosse outra ia desistir desde que tinha a outra loja [...] eu abri aqui no meu nome, eu tenho que fazer dar certo, vou tentar até o fim, foi a persistência... se não dá mais... daí porque o retorno é difícil”. [grifo nosso].

A entrevistada EXI acredita que a paciência, a responsabilidade e o carisma são os aspectos essenciais da sua característica empreendedora. Menciona que a sua alegria e o seu carisma auxiliam no relacionamento com a sua sócia e com os colaboradores. Um ponto digno de nota é a presença de duas entrevistadas (EII, EVIII) que destacaram as características empreendedoras direcionadas à herança para os filhos. O senso paternalista e protecionista é evidente nas falas de ambas entrevistadas. Segundo a entrevistada EII, “[...] ter alguma coisa que no futuro dê pra deixar alguma coisa para os filhos da gente [grifo nosso].

e) Dimensão familiar

A dimensão familiar retrata as relações entre os cônjuges e os filhos quanto às responsabilidades do lar, a hierarquia nas tomadas de decisões, o papel da mulher nas atividades domésticas e a participação na educação dos filhos (MALHOTRA, 2002; MELO, LOPES, 2012). Nesta premissa, foi questionado às entrevistadas sobre o reconhecimento da família e o apoio na condução do negócio. O Quadro 14 retrata a análise estrutural dos discursos das entrevistadas referente a dimensão do ambiente familiar.

Quadro 14
Análise estrutural dimensão familiar (reconhecimento da família e apoio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

No que se refere ao reconhecimento da família quanto ao apoio na condução do empreendimento, é possível perceber nos discursos que as entrevistadas reconhecem que possuem o apoio e o reconhecimento da família. Para elas, a família é o alicerce para continuarem destemidas e convictas na condução do próprio negócio. A exceção foi a EIV, que se queixou da falta de apoio dos familiares. Segundo ela, os membros da família não aprovam sua iniciativa de possuir um negócio próprio, são pessimistas e não acreditam que o empreendimento dará certo.

Nesta linha de raciocínio, foi questionado às entrevistadas sobre como conseguem conciliar as responsabilidades do lar com a função empreendedora. O Quadro 15 destaca as asserções a respeito deste assunto.

Quadro 15
Análise estrutural dimensão familiar (conciliação das responsabilidades do lar com a função empreendedora) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

A maior frequência de asserções quanto à categoria aberta relacionada à conciliação das responsabilidades do lar com a função empreendedora foi a contratação de diarista para auxiliar nas tarefas da família. Os depoimentos dessas entrevistadas ressaltam a importância da contratação de um profissional que cuide do lar como se fosse a própria mulher. Essas evidências indicam que a terceirização das tarefas da família é algo sine qua non para que o lar se mantenha organizado. Por outro lado, há outro contingente de entrevistadas que evidenciaram ainda a responsabilidade das tarefas do lar exclusivamente a elas. Afirmativas do tipo “dou um jeito”, “procuro me organizar” demonstram que elas precisam administrar o tempo de tal forma, que consigam conciliar os afazeres da casa com os do negócio. Somente a entrevistada EII evidenciou que possui o apoio da família, neste caso, o esposo que lhe auxilia na divisão das responsabilidades.

Fixados estes pressupostos, ainda é oportuno compreender se as entrevistadas possuem legitimidade na família para tomarem decisões, sem deixá-los inseguros. O intuito é compreender como as entrevistadas reagem frente a situações que exigem o empoderamento para tomar decisões de alto impacto tanto nos negócios, quanto na família. O Quadro 16 destaca a análise estrutural dos discursos referente à participação das entrevistadas nas decisões dos projetos familiares e no âmbito do negócio.

Quadro 16
Análise estrutural da dimensão familiar (participação nas decisões dos projetos familiares e no negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa

As entrevistadas que manifestaram incidência de empoderamento evidenciaram discursos relacionados a “[...] geralmente sou eu que digo, vai ser assim [...]” (EIV); “[...] Em casa e no trabalho, é mais eu, sempre foi! [...]” (EVI); “[...] Aqui e em casa, sempre sou eu, eu não queria que fosse assim, porque a responsabilidade é maior, e até mesmo com o serviço dele, ele ainda me consulta se tem dúvidas”. (EXIII). Por outro lado, os discursos das entrevistadas que demonstraram dependência dos pares para a tomada de decisão se direcionaram para os seguintes significados, “[...] Ninguém manda nada, as partes têm que entrar em consenso, nem sempre é fácil, pois nós dois somos teimosos e opiniosos [...]” (EX). “[...] aqui é meia a meia. Em casa é mesma coisa, procuro ouvir meu marido, se tiver que mudar algo na casa, sentamos e procuramos ter um consenso... sempre ter um diálogo [...]” (EXII). Neste sentido, é possível perceber neste segundo grupo que as mulheres optam pelo consenso do cônjuge seja pelas diferenças que há entre eles, ou seja pelo respeito e garantia de corresponsabilidade na divisão das responsabilidades.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou compreender as manifestações das dimensões do empoderamento nas mulheres empreendedoras do município de Forquilhinha, SC. A partir das entrevistas foi possível perceber que as 15 entrevistadas ingressaram no mercado de trabalho desde muito cedo. Antes de abrirem o empreendimento, atuavam em outras atividades distintas ao negócio próprio.

Foi possível observar na dimensão econômica que a abertura do próprio negócio ocorreu atrelada à realização de um sonho pessoal e para melhorar a renda familiar. Os resultados indicam que estas mulheres, mesmo atuando fora do eixo familiar, ainda preservam os laços de família como fatores essenciais de entusiasmo e motivação para a condução do empreendimento. Na dimensão psicológica, os desafios da atividade empreendedora ficaram limitados ao pagamento dos tributos, inadimplência e escassez de mão de obra qualificada. Não foi evidenciado qualquer desafio relacionado à atividade empreendedora relacionada aos investimentos para aprimorar o empreendimento. Em relação à dimensão educacional, é possível afirmar com base nos discursos que somente 3 (três) mulheres compreendem a importância do grau de instrução para o desempenho empreendedor. As demais entrevistadas enxergam o conhecimento com algo natural na leitura de livros, cursos e outras formas de aperfeiçoamento, como também resistem aceitar que o aperfeiçoamento por intermédio de qualificação profissional possa interferir no desempenho das mesmas na condução do negócio. Na dimensão política, mesmo em evidência nos discursos, as características empreendedoras relacionadas a determinação, autoconfiança, perseverança e gostar do que faz, algumas entrevistadas apresentaram dependência nas tomadas de decisões para a condução do próprio negócio. Já na dimensão familiar, a contratação de profissionais para assumir os afazeres do lar ficou evidente nos discursos, o que se percebe a necessidade da presença dessas mulheres na gestão do empreendimento, pois se trata de negócios pequenos. Neste sentido, é importante ainda destacar que estas mulheres, mesmo atuando fora do eixo familiar, ainda preservam os laços de família como fatores essenciais de entusiasmo e motivação para a condução do empreendimento.

Portanto, é possível considerar que o empreendedorismo oportunizou as entrevistadas somente o empoderamento econômico, tendo em vista que as afirmações se concentraram na ampliação da renda, na independência financeira e autovalorização. Nas dimensões psicológica, educacional, política e familiar as entrevistadas demonstraram certo grau de dependência de outros, insegurança na tomada de decisão e direcionamento do próprio negócio.

Neste sentido, este estudo possui limitações metodológicas, pois restringiu somente ao segmento de varejo do município de Forquilhinha, SC, não sendo possível generalizar estas considerações. Para trabalhos futuros, sugere-se a realização da pesquisa em outros segmentos como forma de compreender se as mulheres empresárias são influenciadas pelo empreendedorismo no empoderamento econômico, psicológico, educacional, político e familiar.

Material suplementar
Referências
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Notas
Quadro 1
As dimensões do Empowerment feminino

Elaborado pelos autores com base em Arruda (1996), Malhotra (2002), Deere e Léon, (2002), Lisboa (2007), Costa (2008), Melo e Lopes (2012).
Quadro 2
Questões norteadoras do roteiro semiestruturado

Elaborado pelos pesquisadores à luz de Arruda (1996), Malhotra (2002), Deere e Léon, (2002), Lisboa (2007), Costa (2008) e Melo e Lopes (2012).

Figura 1
Ciclo de compreensão e interpretação dos dados pesquisa
Silva (2010)
Quadro 3
Perfil das entrevistadas

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 3 (cont.)
Perfil das entrevistadas

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 4
Análise estrutural das descrições sobre os fatores que impulsionaram para a abertura do empreendimento

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 5
Análise estrutural da dimensão econômica (reflexos na vida pessoal ao ter o próprio negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa



Dados obtidos na pesquisa
Quadro 7
Análise estrutural dimensão psicológica (sucesso profissional) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 8
Análise estrutural dimensão psicológica (definição de sonho/objetivo profissional) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 9
Análise estrutural dimensão psicológica (avaliação dos desafios da atividade empreendedora) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 9 (cont.)
Análise estrutural dimensão psicológica (avaliação dos desafios da atividade empreendedora) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 10
Análise estrutural dimensão educacional (influência do grau de instrução no desempenho empreendedor) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 11
Análise estrutural dimensão política (senso de liberdade para empreender) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 12
Análise estrutural dimensão política (nível de autoconfiança para comandar o negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 12 (cont.)
Análise estrutural dimensão política (nível de autoconfiança para comandar o negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 13
Análise estrutural dimensão política (características empreendedoras) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 14
Análise estrutural dimensão familiar (reconhecimento da família e apoio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 15
Análise estrutural dimensão familiar (conciliação das responsabilidades do lar com a função empreendedora) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
Quadro 16
Análise estrutural da dimensão familiar (participação nas decisões dos projetos familiares e no negócio) do empoderamento feminino

Dados obtidos na pesquisa
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