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A INCUBAÇÃO DE REDES DE ECONOMIA SOLIDÁRIA SOB O ENFOQUE AGROECOLÓGICO
Bianca Aparecida Lima Costa; Marcio Gomes da Silva
Bianca Aparecida Lima Costa; Marcio Gomes da Silva
A INCUBAÇÃO DE REDES DE ECONOMIA SOLIDÁRIA SOB O ENFOQUE AGROECOLÓGICO
Revista Conexão UEPG, vol. 16, núm. 1, 2020
Universidade Estadual de Ponta Grossa
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Resumo: O objetivo deste artigo foi analisar o processo de implementação do projeto Ressoa na Mata: Redes de Economia Solidária e Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais, executado no período de dezembro de 2017 a janeiro de 2019, pelo programa de extensão Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Viçosa (ITCP-UFV). Os métodos de pesquisa utilizados foram de observação das atividades desenvolvidas e análise de relatórios e atas das reuniões com os participantes. A partir do levantamento de dados com base nesses dois procedimentos, elaboramos uma síntese com as principais ações do projeto, analisando sua implementação sob o enfoque agroecológico. Em seguida, elencamos os principais aprendizados alcançados com a experiência, de forma a contribuir com a reflexão sobre a incubação de redes na economia solidária.

Palavras-chave:Economia solidáriaEconomia solidária,AgroecologiaAgroecologia,Incubação de redesIncubação de redes.

Abstract: The objective of this article was to analyze the process of implementation of the project Ressoa na Mata: Redes de Economia Solidária e Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais (Resonating in the Jungle: Solidarity based economy and agroecological networks in the Zona da Mata in Minas Gerais)in the state of Minas Gerais (December 2017 to January 2019), by the extension Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Viçosa (ITCP-1 (Technology incubator of popular Cooperatives of the Federal University of Viçosa). The research methods used included observation of the activities developed and analyses of reports and minutes of meetings with participants. From the data collection based on these two procedures, we elaborated a synthesis with the main actions of the project, analyzing its implementation using an agroecological approach. Finally, we listed the main lessons learned from the experience, seeking to contribute to the reflection on the incubation of networks in the solidarity based economy.

Keywords: Solidarity based economy, Agroecology, Network incubation.

Carátula del artículo

Artigos

A INCUBAÇÃO DE REDES DE ECONOMIA SOLIDÁRIA SOB O ENFOQUE AGROECOLÓGICO

Bianca Aparecida Lima Costa
Universidade Federal de Viçosa (UFV), Brasil
Marcio Gomes da Silva
Universidade Federal de Viçosa (UFV), Brasil
Revista Conexão UEPG, vol. 16, núm. 1, 2020
Universidade Estadual de Ponta Grossa

Recepção: 20 Agosto 2018

Aprovação: 14 Janeiro 2019

1. Introdução

A economia solidária compreende um conjunto de iniciativas coletivas que, por meio do trabalho associado, organiza formas comunitárias de atender necessidades humanas (ADDOR; LARICCHIA, 2018). Há uma variedade de tipos e modelos de organizações solidárias que, de forma geral, são denominadas de empreendimentos econômicos solidários1.

Especialmente a partir do inicio dos anos 2000, movimentos sociais de diferentes partes do mundo têm debatido e demandado políticas públicas e ações específicas a essas iniciativas. No Brasil, algumas prefeituras e governos estaduais já desenvolviam projetos específicos com a temática na década de 1980 e 1990 e, em 2003, essa pauta incorporou­ se também à agenda do Governo Federal2 (COSTA, 2013).

As universidades brasileiras também ocuparam um papel importante no fomento às organizações de economia solidária por meio da criação de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares3 - ITCPs. Em 2018, contabilizava-se cerca de 110 Incubadoras no Brasil, principalmente em instituições públicas de ensino superior com ações no âmbito da extensão universitária (ADDOR et al., 2018).

Vale destacar que, embora o impulso para se organizar a primeira ITCP tenha sido a partir de trabalhadores(as) desempregados(as) em zonas urbanas, rapidamente iniciativas desenvolvidas no meio rural, em especial da agricultura familiar, foram incorporadas às atividades desenvolvidas pelas Incubadoras, com uma forte inserção em processos agroecológicos.

A agroecologia apresenta-se como um modelo de agricultura sustentável, por propor o desenho ecológico dos agroecossistemas, inspirada nas formas tradicionais de produção agrícola, pouco dependente de insumos externos e responsáveis pela conservação da biodiversidade. Ao mesmo tempo, se contrapõe ao sistema agroalimentar globalizado, buscando promover a produção de alimentos mais saudáveis, bem como sua distribuição a partir de circuitos curtos de comercialização (ALTIERI, 2012).

Segundo Sevilla Guzmán (2015), a agroecologia articula as dimensões ecológico ­produtiva, socioeconômica e sociocultural e política. A primeira dimensão refere-se aos aspectos da produção nos agroecossistemas sob os princípios ecológicos. Desenvolve-se em nível de unidade familiar de produção. Nesse aspecto, um conjunto de ações refere-se ao manejo dos sistemas de produção, as tecnologias utilizadas, a conservação das sementes, substituição de insumos químicos por práticas ecológicas, ou seja, questões relacionadas ao desenho dos agroecossistemas (SEVILLA GUZMÁN, 2015).

A dimensão socioeconômica vincula os processos produtivos estabelecidos nas unidades familiares de produção aos mercados locais. O que se propõe é uma ação social coletiva que seja capaz de promover mudanças tanto na esfera produtiva como na esfera da circulação (SEVILLA GUZMÁN, 2015). Compreender o mercado enquanto uma construção social é atribuir às relações sociais de proximidade, confiança e reciprocidade, capacidades potenciais de promover o ordenamento das trocas mais voltadas para as características (técnicas e produtivas) da agricultura familiar camponesa.

Dentre essas experiências que estabelecem o diálogo entre agroecologia e economia solidária a partir desse aspecto, podemos destacar: a) a organização de agricultores(as) em cooperativas que buscam facilitar o processo de produção, agregação de valor dos alimentos com processos de beneficiamento de alguns deles e distribuição; b) construção de mercados a partir de circuitos curtos de comercialização, seja por meio de feiras, pontos fixos de vendas e grupos de consumo que fortalecem os princípios do comércio justo e solidário.

A dimensão sociocultural e politica se refere à capacidade de incidência politica dos sujeitos construída por meio da dinâmica participativa e das reflexões promovidas tanto em nível das unidades produtivas quanto em nível comunitário (SEVILLA GUZMAN, 2015). Aqui reside, por exemplo, incidência na elaboração de políticas públicas adaptadas aos contextos produtivos, bem como debates com a sociedade sobre temas que estão diretamente envolvidos na produção e distribuição, como a discussão dos agrotóxicos, das sementes transgênicas, das normas sanitárias etc.

De distintas maneiras, os movimentos organizados em tomo da economia solidária e da agroecologia têm chamado atenção para uma problemática que se projeta muito além das discussões sobre a "geração de trabalho e renda" ou a ''viabilização econômica da agricultura familiar camponesa", ao colocarem em suas agendas uma série de temas que remetem às possibilidades de construção de modos de vida sustentáveis (SCHMITT, 2010, p.56).

Pensar a incubação de empreendimentos econômicos solidários sob o enfoque agroecológico significa desenvolver ações que levem em consideração o agroecossistema, os processos de produção, distribuição, comercialização, consumo e articulação de atores e atrizes locais. Dessa forma, busca-se não só a consolidação de um empreendimento de campesinos(as), mas o apoio a redes alimentares alternativas.

A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Viçosa (ITCP-UFV)4 fundada em 2003, tem desenvolvido e buscado aperfeiçoar sua metodologia de incubação ao longo dos anos. É importante ressaltar que esse tipo de ação se diferencia dos processos realizados em incubadoras de empresas. No caso dos empreendimentos econômicos solidários, as atividades são desenvolvidas com trabalhadores(as), em geral, com pouco ou nenhum recurso para investimento, infraestrutura deficitária e acesso limitado às politicas públicas. Esses elementos demandam metodologias adequadas e pressupõem um trabalho de reflexão constante e de adequação sociotécnica às realidades de cada empreendimento, iniciativa solidária, redes de cooperação ou comunidade rural.

Articular economia solidária e agroecologia foi um dos objetivos do projeto: RESSOA NA MATA: Redes de Economia Solidária e Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais, aprovado e financiado pela Chamada CNPq/MTb-SENAES n° 27/2017. A proposta buscou assessorar diferentes segmentos a partir da concepção teórica­metodológica baseada na incubação de redes de cooperação. As redes são compreendidas como uma associação ou articulação de vários empreendimentos com possibilidade de constituição de circuitos econômicos e de processos formativos a partir desses circuitos (FRANÇA FILHO; CUNHA, 2009).

Refletir sobre processos dessa natureza que ultrapassam os empreendimentos individualizados e articulam diferentes temáticas e suas especificidades é uma tarefa que merece ser aprofundada principalmente porque contribui para o aperfeiçoamento metodológico da extensão universitária em setores com forte relevância social e ambiental.

Nesse contexto, o objetivo desse artigo foi analisar o processo de implementação do projeto RESSOA NA MATA: Redes de Economia Solidária e Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais, no período de dezembro de 2017 a janeiro de 2019, visando sistematizar as atividades desenvolvidas e os principais aprendizados desse processo. Buscou-se, a partir das ações realizadas pela ITCP-UFV, dialogar com os enfoques da agroecologia e apontar pressupostos para atividades dessa natureza.

O artigo está estruturado em quatro seções. Além da introdução, apresentamos os procedimentos metodológicos adotados no trabalho, seguidos dos resultados e discussões e, por fim, conclusões.

2.Métodos

O objeto de estudo deste artigo compreendeu as localidades de Viçosa e Espera Feliz, municípios da Zona da Mata Mineira. De forma específica, foram analisadas as ações realizadas no âmbito do projeto "RESSOA NA MATA: Redes de Economia Solidária e Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais", envolvendo uma feira de economia solidária e agricultura familiar e uma rede comunitária para processamento e venda de alimentos agroecológicos.

A Feira de Economia Solidária e Agricultura Familiar - Quintal Solidário funciona desde 2016, em parceria da ITCP-UFV com a ASPUV- Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Viçosa. A Feira envolve um conjunto de atores, atrizes e entidades sociais5 que trabalham em prol da constituição de um mercado que visa, entre outras questões, aproximar produtores(as) e consumidores(as) e promover a segurança alimentar e nutricional, agroecologia e economia solidária. No período de execução do projeto, 35 expositores(as) participavam da feira que acontece todas as quartas-feiras, na sede do sindicato no próprio campus da UFV. Esses empreendimentos estão distribuídos nos segmentos de artesanato, alimentos processados (pães, bolos, biscoitos e quitandas no geral) e hortifrutigranjeiros.

Além das vendas, a feira também conta com atrações culturais, venda de bebidas e comidas para consumo no local, atividades para crianças e oficinas temáticas. O espaço é aberto ao público e funciona de 17h às 20h, com uma média de público de 350 a 500 consumidores por edição. Embora a ação seja realizada em Viçosa, o Quintal Solidário envolve empreendimentos também de cidades vizinhas.

O trabalho realizado no âmbito do projeto buscou fortalecer esse tipo de mercado local, caracterizado pela venda de produtos da agricultura familiar e economia solidária, prioritariamente em transição agroecológica. E importante destacar que há um conjunto diverso de iniciativas econômicas envolvidas com demandas e desafios específicos na feira, ou seja, processamento de alimentos, artesanato, produtos in natura etc. Nesse sentido, as ações foram realizadas envolvendo uma equipe de professores(as), técnicos(as) e estudantes de graduação que atuaram tanto na execução da feira como especificamente com empreendimentos e com setores particulares, conforme a síntese apresentada no quadro a seguir:



Quadro 1- Atividades realizadas no Projeto Ressoa na Mata.
Fonte: Elaborado pelos autores.

A Rede Comunitária Sabor do Quintal é uma iniciativa desenvolvida na comunidade rural de Cruzeiro, em Espera Feliz, Minas Gerais. A partir de uma unidade de processamento de alimentos, buscou-se a articulação de vizinhos(as) para elaboração de produtos a serem vendidos em diferentes mercados locais. A experiência visava, portanto, o beneficiamento de alimentos agroecológicos e da agricultura familiar, com o intuito de agregar valor e diversificar as propriedades do entorno, que se caracteriza predominantemente pelo cultivo do café.

O objetivo foi desenvolver um processo que subsidiasse a unidade de referência para processamento e inserção no mercado de alimentos fabricados a partir da matéria­ prima da própria comunidade. Buscou-se a elaboração de produtos de frutas que tivessem uma identidade comunitária e agroecológica, aproveitando alimentos de época e locais, valorizando a diversificação produtiva e incentivando o manejo e transição agroecológica. Apresentamos as principais atividades realizadas no quadro a seguir:



Quadro 2 - Atividades realizadas no Projeto Ressoa na Mata.
Fonte: Elaborado pelos autores.

As duas experiências apoiadas no âmbito do projeto têm como enfoque processos de transição agroecológica e o processo de criação das iniciativas antecede o projeto executado. Isso significa dizer que tanto a feira como a rede comunitária têm processos anteriores à proposta e desdobramentos posteriores que não irão ser tratados neste trabalho.

Nesse sentido, para alcançar o objetivo principal deste artigo, que foi analisar o processo de implementação do projeto RESSOA NA MATA: Redes de Economia Solidária e Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais, buscando sistematizar e apresentar os principais aprendizados da experiência de extensão universitária a partir do enfoque agroecológico, combinamos um conjunto de procedimentos metodológicos de caráter qualitativo e descritivo.

O primeiro procedimento adotado compreendeu a observação e o registro durante a participação nos processos de: 1) planejamento das ações; 2) realização das atividades; e 3) avaliação das equipes e dos(as) participantes dos empreendimentos das ações realizadas e resultados alcançados. O segundo método realizado foi a análise dos relatórios e atas de reuniões que discutiam as ações do projeto.

A partir do levantamento de dados com base nesses dois procedimentos, elaboramos uma síntese com as principais atividades realizadas, analisando sua implementação. Em seguida, elencamos os principais aprendizados do projeto, de forma a contribuir com a reflexão sobre a incubação de empreendimentos solidários sob o enfoque agroecológico.

3.Resultados e discussões

Para analisar a implementação do projeto a partir do enfoque agroecológico, utilizamos a definição de Sevilla Guzmán (2015), em que se consideram, nos debates sobre a temática, as dimensões ecológico-produtiva, socioeconômica e sociocultural e política. Para uma incubação sob esse viés, é fundamental compreendermos as ações realizadas nesses diferentes campos. É importante ressaltar que tal "separação" é importante do ponto de vista analítico para se pensar o processo de incubação e os resultados, embora empiricamente as relações e a complexidade dos fenômenos sociais não ocorram de maneira tão fragmentada.

Nesse sentido, uma primeira observação importante sobre o processo de incubação desenvolvido pelo projeto é seu caráter interdisciplinar e transdisciplinar, privilegiando aspectos de viabilidade econômica, organização autogestionária, formação em economia solidária, organização de redes e acesso a políticas públicas. No caso da ITCP-UFV, as bases para os processos de incubação foram orientadas a partir dos pressupostos teóricos da educação popular, visando estabelecer processos dialógicos de construção do conhecimento (FREIRE, 1983).

As metodologias e as técnicas participativas utilizadas no projeto foram fundamentais para a promoção do diálogo e a construção do conhecimento a partir da materialidade dos processos educativos. Nesse sentido, a Incubadora buscou desenvolver seus trabalhos com o objetivo de permitir a sustentabilidade dos empreendimentos e/ou iniciativas solidárias e fortalecer as potencialidades de um determinado território, visando o seu desenvolvimento. Por isso, incentivou-se a criação de espaços próprios de comercialização e produção dessas redes, fomentando uma nova modalidade de regulação econômica, supondo outro modo de funcionamento da economia real. A incubação tem exatamente o propósito de contribuir à construção dessa outra economia (FRANÇA FILHO, 2017).

Dessa forma, as etapas e ações previstas nos processos sistemáticos de acompanhamento dos empreendimentos e suas redes envolveram diferentes métodos participativos, tais como: diagnósticos participativos, planejamentos, estudos de viabilidade econômica e associativa, assessorias técnicas, formações e visitas técnicas. Tais ações foram adaptadas às especificidades dos empreendimentos e das redes.

No caso dos diagnósticos participativos, buscou-se a reflexão sobre a realidade de cada iniciativa, podendo envolver temáticas gerais ou questões específicas como a produção, comercialização ou organização do empreendimento ou rede. Os planejamentos coletivos contribuíram para estabelecer e acordar ações e atividades a serem desenvolvidas para o alcance dos resultados almejados e priorizados de forma coletiva. No geral, serviram também para estabelecer um plano de ação para o processo de incubação e o direcionamento das equipes da ITCP.

Os estudos de viabilidade econômica e associativa tiveram como objetivo uma análise da viabilidade econômica de determinado negócio, visando mensurar capacidade de trabalho, produção, mercado e investimento, assim como compreender os acordos coletivos e associativos necessários para a sustentabilidade do empreendimento. Essa técnica aproxima-se à elaboração de um plano de negócios, embora a centralidade seja o aprendizado coletivo sobre o empreendimento e a definição de responsabilidades entre os(as) participantes.

As assessorias e visitas técnicas buscaram a resolução de questões específicas, como adequação sanitária, produção ou manejo de determinados produtos ou o desenvolvimento de logomarcas ou materiais de propaganda e divulgação. São variados os tipos e em geral têm como objetivo incorporar tecnologias ou conhecimentos que dialoguem com os diferentes empreendimentos.

Não ocorre, portanto, no processo de incubação, uma técnica ou um modelo, mas variadas ferramentas disponíveis para a realização do trabalho. No caso da ITCP-UFV, as equipes foram organizadas de forma interdisciplinar, envolvendo, na medida do possível, professores(as) orientadores, técnicos(as) e estudantes de graduação. Cada segmento reúne-se ao menos uma vez por semana para avaliar e planejar as atividades e uma vez por mês os trabalhos são compartilhados coletivamente entre todos(as) em assembleias dos(as) formadores(as) da Incubadora. A equipe do projeto também participou de um seminário de formação e outro de avaliação.

Em síntese, uma primeira observação sobre a implementação do projeto demonstra a importância do trabalho interdisciplinar, do diálogo de saberes e da adequação de metodologias participativas em cada uma das realidades. No caso de iniciativas em transição agroecológica, é necessária uma abordagem mais ampla, articulada à localidade e aos circuitos econômicos de seu entorno. Nas próximas seções, aprofundaremos a análise em cada uma das redes, assim como apresentaremos os aprendizados da experiência sob o enfoque agroecológico.

3.1 Implementação do projeto Ressoa da Mata

De forma específica, as principais atividades realizadas junto à Feira de Economia Solidária e Agricultura Familiar - Quintal Solidário foram de planejamento, organização dos expositores, gestão e avaliação dos eventos. A equipe dedicou-se a apoiar cada edição, contribuindo para a promoção de atividades culturais, divulgação, realização de oficinas e gestão do espaço. As reuniões com os(as) expositores(as) serviram para a definição de responsabilidades e acordos coletivos, fortalecimento de identidade, proposição de novas ações e tomadas de decisão.

Essa organização envolveu uma diversidade de empreendimentos e públicos e muitas ações do projeto foram focadas na viabilização operacional da feira, o que demandou trabalhos de diferentes áreas do conhecimento e a articulação de variados atores sociais, como organizações não-governamentais, entidades de extensão rural, gestores públicos e outros projetos da Universidade. Além do mercado de proximidade, buscou-se cotidianamente a promoção de temáticas como o consumo consciente, a preservação ambiental, a segurança alimentar e nutricional, dentre outros.

Ao observar os resultados do projeto, identificamos elementos a serem destacados como importantes na perspectiva agroecológica. Nesse sentido, uma primeira dimensão relaciona-se com o caráter ecológico-produtivo. Ao constituir um ''mercado" próprio, como a feira, que mantém regularidade, os(as) agricultores(as) familiares puderam investir em processos de transição agroecológica e de certificação tanto de terceira parte como em formato participativo. Embora essa ação demande tempo, trata-se, em nossa concepção, de um processo de busca por reconhecimento e compreensão da importância de mecanismos de geração de confiança.

Outro fator a ser destacado foi a ampliação de cultivos em função da feira e de outros canais de comercialização, acompanhado da manutenção e ampliação da biodiversidade nas propriedades. No âmbito do projeto, foram realizadas visitas em 11 (onze) propriedades em parcerias com a prefeitura, com a Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão rural - EMATER e a Rede de Prosumidores(as) - Raízes da Mata.

A partir do levantamento, foi possível identificar a presença de grande diversidade de espécies plantadas nas propriedades (Tabela 1). Foram totalizadas 180 espécies em que a maioria é comercializada no Quintal Solidário. O diagnóstico foi importante para compreender como se organizam e como produzem as famílias envolvidas na feira.



Tabela 1 - Diversidade de espécies plantadas nas propriedades.
Fonte: Relatório Final do Projeto.

Em uma das reuniões com os(as) expositores(as), foi realizado um compartilhamento sobre os processos produtivos e de manejo e uma reflexão sobre agroecologia, a partir dos dados coletados nas visitas. Dentre os processos de manejo identificados, destaca-se a utilização de caldas alternativas, sistemas agroflorestais, utilização de esterco animal como forma de adubação etc.

Do ponto de vista da renda, Assis (2018) pesquisou 8 agricultores(as) familiares presentes na feira, dentre os quais 4 tem pelo menos metade de sua renda advinda da comercialização no Quintal Solidário. No estudo, os depoimentos revelaram a importância do espaço para interação com consumidores(as) e aprendizado com outros(as) agricultores(as) que também estão na feira. A média de rendimento mensal de acordo com a pesquisa é de R$ 1,000, com variação de no máximo R$ 1.500 e mínimo de R$ 400. Foi possível perceber que o tempo de ingresso na feira interfere nos valores de renda. Expositores(as) mais antigos(as) conseguiam retiradas mais altas daqueles mais novos(as). É importante destacar também que a maior parte dos expositores(as) tem outros canais de comercialização, como outras feiras, entrega de cestas e acesso a programas de compra governamental.

Com relação aos estudos de viabilidade, foram realizados com empreendimentos do segmento de artesanato e processamento de alimentos. Foram envolvidas 4 iniciativas econômicas, buscando problematizar a média de produção, os pontos de venda e a capacidade de ampliação. Acreditamos que esses processos contribuíram para o melhor entendimento dos diferentes ''negócios, ponderando inclusive os limites da feira na absorção de toda a produção.

Foi realizado, no segmento de processamento de alimentos, um diagnóstico sobre rotulagem dos produtos, compreendendo que as informações disponíveis aos(as) consumidores(as) são importantes na relação de transparência e confiança, além de uma exigência legal. O levantamento demonstrou diferentes estágios dos empreendimentos e a necessidade de realização de um trabalho mais aprofundado, já que o rótulo é o resultado de um processo mais amplo e com mais tempo. Por isso, esse trabalho será realizado por meio de outros projetos de pesquisa liderados por pesquisadoras da área da Nutrição.

No caso dos(as) consumidores(as), o processo de divulgação foi um fator importante para o fortalecimento do espaço. Rodrigues (2018) demonstrou que um percentual significativo dos(as) frequentadores(as) da feira (63%) é assíduo(a) há mais de 12 meses e compra principalmente gêneros alimentícios, considerando que há também venda de artesanato.

É interessante notar que, ao realizar a feira no campus universitário, outros projetos e iniciativas tanto de extensão, como ensino e pesquisa se articularam nesse espaço, o que contribuiu de forma significativa para o seu aprimoramento. Um dos exemplos foi o projeto "Quintal Gastronômico", que realizou um trabalho de pesquisa e apresentação de receitas durante as feiras como forma de valorizar a cultura alimentar local e promover o consumo consciente de alimentos. Esse também nos pareceu um aspecto positivo na medida em que o espaço foi capaz de promover a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, tripé da universidade pública brasileira.

No caso da Rede Comunitária Sabor do Quintal, as atividades iniciaram com um planejamento e um diagnóstico produtivo mais aprofundado envolvendo duas etapas. Na primeira, identificou-se a oferta de produção já realizada pela unidade de referência e priorizaram-se os produtos para processamento. As informações geradas neste estudo serviram de base para o planejamento e desenvolvimento de algumas oficinas de processamento de produtos agroecológicos. Foi possível perceber, nesse momento, uma diversidade de produtos ofertados pela unidade, sendo a maior parte dependente de insumos externos comprados em mercados convencionais (polvilho, farinha branca, açúcar, gorduras alimentares processadas). Isso não só aumentava os custos de produção, como também descaracterizava a proposta inicial de alimentação agroecológica.

Na segunda etapa, foi realizado o mapeamento dos(as) interessados(as) em fazer parte da rede comunitária, e, consequentemente, diagnosticado o potencial produtivo delas, bem como as práticas de manejo desenvolvidas (de forma agroecológica). Foram visitadas 10 (dez) famílias que manifestaram interesse em fazer parte do projeto e participaram do diagnóstico produtivo.

Apesar da unidade familiar na qual se estruturou a agroindústria ser referência em agroecologia, o diagnóstico produtivo evidenciou uma diversidade de cultivos, porém pouca produção com capacidade de processamento e escoamento para mercado local. O mesmo acontece com o resultado quando se refere às 10 famílias diagnosticadas.

Algumas produzem as frutas no quintal e outras no meio da lavoura de café. No quintal, não há utilização de agrotóxico, enquanto nos cafezais em todas as propriedades visitadas essa prática é comum. Dessa forma, embora as frutas não fossem diretamente ''tratadas", pode-se afirmar que havia um grau de contaminação destas.

Ao todo, foram registrados 20 alimentos diferentes que são produzidos por essas 10 famílias, quais sejam: abacaxi, acerola, ameixa, amora, atemoia, banana, batata doce, carambola, caqui, caju, goiaba, graviola, jabuticaba, laranja, limão, mamão, mandioca, manga, mexerica, pitanga. Desses, 11 itens possuem mais recorrência nas propriedades: 9 agricultores(as) produzem acerola, banana, mandioca, manga; 8 agricultores(as) laranja, limão, mexerica; 7 agricultores(as) produzem ameixa; 6 agricultores(as) produzem mamão, jabuticaba e 5 produtores(as) produzem goiaba.

Em ordem decrescente e considerando os 11 itens que possuem maior recorrência na área pesquisada, a produtividade anual (em toneladas/ano) se expressa da seguinte maneira: banana (33,22 ton./ano); mandioca (15,9 ton./ano); jabuticaba (10,2 ton./ano); laranja (8,714 ton./ano); manga (5,25 ton./ano); goiaba (1,45 ton./ano); mamão (1,02 ton./ano); limão (0,9 ton./ano); mexerica (0,84 ton./ano); ameixa (0,572 ton./ano) e acerola (0,42 ton./ano).

Os dados desse diagnóstico deram subsídios para a elaboração do Estudo de Viabilidade, composto por uma análise de mercado (potencial de mercado) e uma análise econômica (custos, remuneração do trabalho, ponto de equilíbrio da atividade). O enfoque foi a investigação da viabilidade do processamento de frutas (doces e geleias) em virtude dos alimentos encontrados principalmente nos quintais das famílias envolvidas. Esse processo ocorreu em articulação com a melhor definição da identidade e tipos de produtos priorizados no processamento, buscando potencializar as matérias-primas presentes na comunidade, levantadas no diagnóstico.

No estudo de mercado, foram contactados estabelecimentos comerciais como padarias, cafés, restaurantes e pousadas para venda dos produtos. A escolha desses pontos deve-se ao fato de a comunidade estar inserida em uma zona turística que tem potencial para a valorização de produtos locais, especialmente destinados a visitantes. Dos estabelecimentos consultados, houve resposta de 9 e, desses, 7 manifestaram interesse nos produtos, sendo necessário um contato mais direto para degustação e promoção da marca. Ou seja, a pesquisa demonstrou que vários pontos comerciais estariam interessados no produto da comunidade.

Em relação ao estudo de viabilidade econômica, o trabalho demonstrou que, para o empreendimento pagar seus custos fixos e variáveis, ou seja, atingir o ponto de equilíbrio, e ainda gerar renda, é necessário produzir e comercializar 588 unidades dos referidos produtos, ou, especificamente, 154 geleias, 266 bananinhas, 168 doces de leite. Já o tempo necessário para a produção desses produtos varia entre 23 e 28 dias, a depender da dedicação diária da família gestora.

O perfil da família gestora e das famílias onde se realizou o diagnóstico é de casais com mais de 50 anos e alguns aposentados(as). Os jovens já não moram com as famílias. Nesse sentido, a mão de obra foi um condicionante fundamental para o estabelecimento da agroindústria, uma vez que se toma inviável sem mão de obra familiar. Ressalta-se que as mulheres já se dedicavam ao processamento e produção de pães, quitandas, doces etc.

Essa dimensão da mão de obra familiar também tem relação direta com o mercado. O estudo de mercado apontou possibilidades de canais de distribuição e interesses nos alimentos agroecológicos. A efetivação da venda depende exclusivamente do acionamento da rede de contatos (e confiança) da família gestora da unidade produtiva e das demais famílias envolvidas no projeto.

Em outro eixo de atuação, trabalhou-se com o processamento de alimentos e a perspectiva de potencializar produtos cuja matéria-prima estivesse disponível na própria comunidade, como frutas de temporada, especialmente. Além disso, construiu-se também o que poderia se entender como um "alimento agroecológico", problematizando aquelas receitas que utilizavam produtos altamente processados. As oficinas foram realizadas por uma nutricionista e envolveu temas como boas práticas de fabricação, padronização do processo produtivo e higiene pessoal dos(as) manipuladores(as) de alimentos.

Foi realizada também uma apresentação da marca em um evento de agroecologia para verificar a adesão do público ao produto e divulgar os alimentos.

Por fim, outra linha do projeto foi a estruturação e adequação da unidade produtiva em conformidade com a legislação sanitária prevista para empreendimentos da agricultura familiar. Além do apoio na emissão do alvará sanitário, foram elaborados e disponibilizados à unidade de referência os manuais de boas práticas e os rótulos completos para 16 produtos. Além disso, foram adquiridos equipamentos fundamentais para o processamento de alimentos e adequação da agroindústria, como fogão industrial com forno, freezer, mesa de manipulação, entre outros itens e utensílios necessários para o processamento da produção.

3.2. Aprendizados para o enfoque agroecológico da Incubação de redes

É importante ressaltar que o projeto envolveu um período curto, dada a demanda complexa com a qual pretendeu incidir. De qualquer forma, o conjunto de ações desenvolvidas pela ITCP-UFV nos ajudou a compreender quais tipos de dimensões do enfoque agroecológico foram incorporadas e como analisar cada uma delas.

Nesse sentido, na dimensão ecológica-produtiva, houve uma preocupação em diagnosticar as propriedades, realizando-se um levantamento do que era produzido tanto na rede comunitária quanto nos(as) agricultores(as) que fazem parte da Feira Quintal Solidário. Foi possível perceber que essa dimensão é fundamental, justamente porque as comunidades e propriedades estão em fases diferenciadas em termos de transição agroecológica e que, de alguma forma, o projeto incidiu muito pouco nessa dimensão, enfocando normativas sanitárias de adequação ao mercado, mas não contribuindo com os processos, por exemplo, de manejo e de construção de confiança em sistemas participativos, por exemplo.

Com relação aos aspectos socioeconômicos, percebeu-se que a ITCP-UFV, pelo perfil e modelo de trabalho, conseguiu aportar um pouco mais de metodologias adequadas, como estudos de viabilidade, organização e divulgação de mercados. No caso da rede comunitária Sabor do Quintal, esse aspecto foi importante porque ajudou na compreensão de que o negócio deve apresentar sustentabilidade econômica. Na Feira Quintal Solidário, as contribuições ao processo de organização, por meio de assembleias e organização semanal dos eventos, foram importantes para a autogestão dos(as) expositores(as), mas, por outro lado, pode reforçar uma centralidade na liderança dos projetos de extensão da Universidade.

Na dimensão Sociocultural e Politica, destacamos que há um esforço na articulação de atores e atrizes, mas esse envolvimento que demanda um trabalho significativo se utilizou de algumas estratégias como envolvimento de consumidores(as) e parcerias locais. Por outro lado, a centralidade numa unidade de processamento no caso da rede comunitária Sabor do Quintal gerou pouca apropriação da localidade, o que, em nossa percepção, foi um aspecto negativo. No caso da Feira Quintal Solidário, a perspectiva de articulação na construção de uma rede alimentar alternativa se mostrou mais interessante, embora os(as) consumidores(as) tenham pouca participação na gestão e organização do espaço. Ou seja, em ambas experiências há o risco de reprodução de um nicho de mercado, sem a dimensão de mudanças mais estruturais, como propõe a agroecologia.

4.Conclusões

Promover a incubação de redes de economia solidária a partir do enfoque agroecológico, orientando o processo de extensão universitária, é um aprendizado importante para as Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares. A partir da análise da implementação do projeto RESSOA NA MATA: Redes de Economia Solidária e Agroecologia na Zona da Mata de Minas Gerais, foi possível identificar 5 aprendizados que nos pareceram fundamentais para a perspectiva da incubação sob essa perspectiva.

O primeiro ponto diz respeito à interdisciplinaridade do projeto, considerando que as redes envolvem um conjunto amplo de atividades e setores e as diferentes áreas do conhecimento são fundamentais em iniciativas dessa natureza. Um segundo ponto refere-se à importância da participação dos(as) sujeitos na construção do conhecimento e na busca por soluções dialogadas. Um terceiro aspecto é considerar o processo de Incubação vinculado ao território e implicado na localidade, em que diferentes circuitos econômicos devem ser priorizados para além de experiências individualizadas. Em quarto, destacamos a importância de desenvolver as ações considerando as três dimensões da agroecologia apresentadas por Sevilla Guzmán (2015), quais sejam, ecológicoprodutiva, socioeconômica e sociocultural e política. Por fim, faz-se necessário não só o aprofundamento de reflexões nesse campo como a constituição de indicadores que servirão de embasamento aos processos de incubação para que nenhum desses aspectos seja negligenciado.

Material suplementar
Referências
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Addor, Felipe et al. As Incubadoras Tecnológicas de Economia Solidária na atualidade. In: Addor, Felipe; Laricchia, Camila Rolim (Orgs.). Incubadoras tecnológicas de economia solidária: Concepção, metodologia e avaliação. Volume 1. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2018.
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FRANÇA FILHO, Genauto Carvalho; CUNHA, Eduardo Vivian da. Incubação de redes de Economia Solidária. In: CATTANI, Antonio David; LAVILLE, Jean-Louis; HESPANHA, Pedro (Orgs.) Dicionário Internacional da Outra economia. Coimbra: AltiuniTa,2009.p.224-230
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SEVILLA GUZMÁN, Eduardo. La Participación en la construcción histórica latino­ americana de la Agroecología y sus níveles de territorialidade. Política y sociedade, v. 52, n.2, 2015. p. 351-370.
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Notas
Notas
1 Atividades coletivas informais e formalizadas em cooperativas, associações, empresas recuperadas, grupos de produção, bancos comunitários, rede de consumidores que organizam diferentes atividades econômicas – crédito, produção, consumo, comercialização.
2 Em 2003, foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária- SENAES vinculada ao Ministério do Trabalho, na qual diferentes projetos e programas de fomento à Economia Solidária foram desenvolvidos.
3 A primeira ITCP foi constituída pela Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, por meio da COOPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação, para apoiar a organização Cooperativa dos Trabalhadores de Manguinhos, em 1995. A proposta, além de envolver parcerias institucionais, influenciou a criação do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares -PRONINC.
4 A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Viçosa- ITCP-UFV foi fundada em 27 de outubro de 2003, a partir da iniciativa de professores (as) e estudantes do curso de Administração com habilitação em Cooperativismo. Embora gestada no contexto do curso de Cooperativismo, a ITCP-UFV foi formada por diversas áreas do conhecimento, buscando atender às demandas da população da Zona da Mata de Minas Gerais. Desde sua criação a ITCP-UFV vem assessorando grupos populares que desenvolvem diversas atividades econômicas, no âmbito da agricultura familiar, do artesanato, da reciclagem popular, alimentação, prestação de serviços, entre outras.
5 Dentre as entidades que contribuíram no processo de organização da Feira, citamos: Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Serviço de Vigilância Sanitária de Viçosa, Associação de Artesãos e produtores de Alimentos Caseiros dá Região de Viçosa (ADAPAC), Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-, Rede Raízes da Mata, Projeto de Extensão da Feira Agroecológica e Cultural da Violeira da Universidade Federal de Viçosa e Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa.


Quadro 1- Atividades realizadas no Projeto Ressoa na Mata.
Fonte: Elaborado pelos autores.


Quadro 2 - Atividades realizadas no Projeto Ressoa na Mata.
Fonte: Elaborado pelos autores.


Tabela 1 - Diversidade de espécies plantadas nas propriedades.
Fonte: Relatório Final do Projeto.
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