Artigos
Resumo: Este artigo tem como principal objetivo tecer considerações sobre o que nos parece fun- damental na discussão sobre as ações afirmativas: o seu potencial de transformar as con- dições materiais e intelectuais de existência da população negra como uma condição sine- qua non para a construção de uma sociedade mais justa e mais democrática racialmente. Neste sentido, este artigo se posiciona a favor de cotas e de outras ações afirmativas para o ingresso da população negra em todos os espaços em que esta população está sub ou não representada, para os lugares onde sempre estiveram ausentes ou mesmo presentes em condições e funções subalternizadas, seja nas universidades públicas, privadas, ou demais instituições públicas.
Palavras-chave: Negros, Identidade, Ações afirmativas, Sistema de cotas.
Abstract:
This article aims to weave considerations of what seems to be fundamental in the discus- sion about affirmative action: their potential to transform the intellectual and material conditions of existence of the black population as a precondition for building a more just society and more racially democratic. In this sense, this article stands in favor of quotas and other affirmative actions for the entry of the black population in all spaces in which this population is under or not represented, to the places where they were always absent or present in the same conditions and functions subaltern, in public, private universities or in public institutions.
Blacks; Identity; Affirmative action; Quota System
76 Bruna Cristina da Conceição Silva Lyrio e Reinaldo da Silva Guimarães
Keywords: Blacks, Identity, Affirmative action, Quota System.
Porque para o negro sim! As cotas raciais como política de ação afirmativa nas ... 97
melhor. Sob este contexto adquire-se poder, não um poder coercitivo e manipulador, mas sim um poder de emancipação que tem modificado, a cada dia, a vida de muitos negros no Brasil e modificará ainda mais, tendo em vista que muitos negros estão por se formar na universidade e muitos outros ainda entrarão na universidade.
Hoje, temos a possibilidade de sermos assistentes sociais, médicos, engenhei- ros, advogados, juízes, dentistas, matemáticos, filósofos, sociólogos, psicólogos, pesquisadores, docentes, dentre outros. Com isso, acabamos por nos tornar os referenciais das gerações seguintes, contribuindo através do nosso poder mul- tiplicador e apresentando outros valores e visões de mundo que possibilitarão o enriquecimento à cerca do debate referente ao ser negro no Brasil, perante tanto racismo, preconceito e discriminação.
Acreditamos que ainda estamos no início da discussão, mas estas apontam para uma condição de processo; de devir; de futuro. É certo que há muito ainda a se fa- zer, muita luta a enfrentar, porém, o conjunto de vivências e percepções que temos presenciado refleteuma condição revolucionária para transformar profundamente a história material, cultural e simbólica na vida dos indivíduos da população negra brasileira. Portanto, oportunizar na educação e nos espaços sócio-ocupacionais a in- serção da população negra contribui para que o indivíduo desta população afirme-se cada vez mais enquanto negro e torne-se, além disso, cidadão.
Referências
BOURDIEU, P. Escritos e educação. Maria Alice Nogueira e Afrânio Catani (Orgs.). 7ª ed. Petrópolis, RJ:Vozes, 2005.
. Sociologia.Organizador: Renato Ortiz.Tradução de Paula Monteiro e Ali- cia Auzmendi. Série Grandes Cientistas Sociais 39. São paulo : Atica, 1994.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: pro- mulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF, Senado, 1988.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Resolução Nº 1, de 17 de junho 2004. Brasília, DF, Ministério da Educação e Cultura e Secretaria de Po- líticas de Promoção da Igualdade Racial, 2004. Disponível em: <http://migre. me/gy6z5>. Acesso em: 15 out. 2013.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
MUNANGA, Kabengele. Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas. Sociedade e cultura, v. 4, n. 2, p. 31-43, 2001.
NASCIMENTO, E.L. O Sortilégio da Cor: Identidade, Raça e Gênero no Brasil. São Paulo: Summus, 2003.
PASTORE, J.;DO VALLE SILVA, N. Mobilidade social no Brasil. São Paulo: Makron Books, 2000.
VALENTIM, D. F. D. Ex-alunos negros cotistas da Uerj: os desacreditados e o sucesso acadêmico. Rio de Janeiro: Quartet, Faperj, 2012.
Notas