Resumo: Esse artigo tem o objetivo socializar uma proposta de trabalho na Educação de Jovens e Adultos oferecido pela Fundação Municipal para Educação Comunitária – FUMEC, integrada com o Centro de Educação Profissional de Campinas - CEPROCAMP. A alfabetização de jovens e adultos e a qualificação profissional são dois segmentos oferecidos na cidade de Campinas – São Paulo no Brasil pela Fundação, órgão público sediado pela Prefeitura Municipal de Campinas. No campo da escolarização a FUMEC é responsável pelo trabalho de alfabetização do jovem a partir dos 15 anos de idade e do adulto sem limites de idade. No campo da profissionalização a FUMEC é responsável pelo CEPROCAMP, com oferta de cursos de qualificação com pessoas a partir do segundo ano do ensino fundamental (antiga sexta série) e o curso técnico com pessoas que estão cursando ou já cursaram o ensino médio. O CEPROCAMP oferece um programa denominado EJA Profissão, através de Dupla Docência, nas Escolas Municipais do Ensino Fundamental – EMEF. Nesse programa são oferecidos cursos em Dupla docência, um especialista da área trabalha em conjunto com o professor da sala de aula do ensino fundamental, uma vez por semana. Neste artigo pretende-se apresentar como ocorreram as aulas da EJA/Profissão em dupla docência.
Palavras-chave:Alfabetização Qualificação profissional. Educação. Alfabetização Qualificação profissional. Educação. .
Abstract: This paper has the objective to socialize a proposal for work on Youth and Adult Education offered for the Foundation for Community Education City- FUMEC, integrated with the Campinas Professional Education Center - CEPROCAMP. The youth and adult literacy and vocational skills are two segments offered in the city of Campinas – São Paulo in Brazil by the Foundation, public agency hosted by the Municipality of Campinas. In the field of education, the FUMEC is responsible for the youth's literacy work from 15 years of age and adults without age limits. In the field of professional training for FUMEC is responsible for CEPROCAMP, that offers training courses to people from the second elementary school (former sixth grade) and technical course with people who are attending or have attended high school. The CEPROCAMP offers a program called Job EJA through Double Teaching in the Municipal Schools of Basic Education – EMEF. In this program are offered courses in Double teaching, an expert in the area works together with the teacher's classroom of elementary school once a week. In this communication, I intend to present as occurred classes of EJA / teaching profession in double.
Keywords: Literacy Professional qualification. Education. .
Resumen: Este artículo tiene como objetivo socializar una propuesta de trabajo en la Educación de Jóvenes y Adultos que ofrece la Fundación Municipal de Educación de la Comunidad – FUMEC integrado con el Centro de Educación Profesional de Campinas – CEPROCAMP. La alfabetización de jóvenes y adultos y la capacitación profesional son dos segmentos ofrecidos en la ciudad de Campinas – Sao Paulo en Brasil por la Fundación, agencia pública organizada por la Municipalidad de Campinas. El campo de la educación de la FUMEC es responsable por el trabajo Laplage em Revista (Sorocaba), vol.2, n.1, jan.- abr. 2016, p. 87-96 ISSN:2446-6220 GARRIDO, N. de C.; LOUREIRO, A. de P.F. 88 de alfabetización de jóvenes de 15 años de edad y adultos sin límite de edad. En el ámbito de profesionalización, la FUMEC es responsable de CEPROCAMP, que ofrece cursos de formación a las personas a partir del segundo grado de escuela primaria (ex sexto grado) y curso técnico con las personas que asisten o han asistido a la escuela secundaria. El CEPROCAMP ofrece un programa llamado EJA profesión, a través de la enseñanza doble en las Escuelas Municipales de Educación Básica – EMEF. En este programa se ofrecen cursos en la enseñanza doble, un experto en el área trabaja en conjunto con el professor en el aula de la escuela primaria una vez por semana. En este artículo pretendemos presentar cómo ocurrieron las clases de la EJA/Profesión en enseñanza doble.
Palabras clave: Alfabetización Capacitación profesional. Educación. .
Dossiê Temático
Educação de jovens e adultos: uma proposta de alfabetização e iniciação à profissionalização

Recepção: 30 Dezembro 2015
Aprovação: 30 Janeiro 2016
Um dos grandes desafios do nosso século no que diz respeito ao sistema de educação é o delineamento das políticas públicas sociais e educacionais especialmente voltadas a educação de jovens e adultos no Brasil. Os movimentos que se destacaram ao longo da nossa história, ainda que possibilitando a apropriação de um conhecimento com propósito de transformação social, não conseguiram que se contemplasse nos tempos atuais uma educação que desse conta do fracasso escolar. Sabemos que as iniciativas de governo, voltadas à educação de jovens e adultos, se manifestam com as chamadas “democráticas” no sentido de resolver questões educacionais e diminuir o número de pessoas analfabetas na cidade, no Estado e no Brasil como um todo.
Diante do fracasso escolar, o Estado procura através de várias técnicas pedagogias, implementar soluções para o problema. Embora, tivéssemos um avanço significativo com a implementação de leis garantindo o direito de todos à educação no ensino fundamental gratuito, inclusive aos que não tiveram acesso à escola, percebe-se um distanciamento entre o proclamado e o efetivado. Os retrocessos demandados das políticas sociais provocam os desarranjos em todos os setores inclusive no setor educacional.
Destaca-se a chamada “década perdida”, ou seja, a década de 80 do século passado, apresentando perdas sociais, econômicas, abalando desde a qualidade de vida da população ao declínio na taxa de alfabetização. Todavia Gohn (2005, p. 57) aponta que do ponto de vista político, não foi perdida, pois diante do contexto, buscaram-se forças sociais que passaram a se manifestar. Em contrapartida tivemos alguns ganhos, acordando a sociedade como um todo para se organizar e reivindicar os direitos em diferentes áreas sociais.
A articulação dos movimentos buscaram respostas sistematizando as diferentes áreas para organização da educação, fruto das demandas da sociedade, como por exemplo, a educação ambiental. Como demanda por educação escolar Gohn (2005, p. 59) apresenta:
1. Educação infantil: creches e pré-escolas,
2. Ensino de 1º e 2º graus
3. As demandas da universidade
4. As demandas por novas leis educacionais do ensino
5. Ensino noturno
As vozes dos sujeitos se contemplam assim na sociedade em diferentes categorias, entre protestos e reivindicações, manifestando a força política emanada nos grupos sociais em busca de respostas para os problemas estruturais da sociedade. Em meios às inovações demandadas nas políticas públicas se acena as novas tecnologias como um sistema produtivo e gerador de trabalho que apontamos a seguir na relação da educação profissional do jovem e do adulto.
Devemos considerar nos dias atuais que a tecnologia se tornou um condicionante dos sujeitos na sociedade de uma maneira geral. Não há como negar historicamente que a ciência evoluiu e o relacionamento histórico entre a ciência e a tecnologia assumiu posição demonstrando a complexidade desta relação na vida das pessoas. O papel da escola nessa era tecnológica tem como responsabilidade ofertar um conhecimento que se articule com o mundo evoluído e as estruturas técnicas da vida social. Porém, a base cientifica para o aprendizado não deve reduzir-se apenas ao mecanismo da máquina, somente palpável, mas deve desenvolver habilidades e competências para além do conteúdo da sala de aula independente do grau de aprendizagem ou da modalidade de ensino. O aluno jovem e o adulto, precisa quebrar as amarras que o aprisionam e conquistar sua autonomia nos espaços sociais. Paulo Freire (2000a, p. 121) nos diz que:
[...] novas propostas pedagógicas se fazem necessárias indispensáveis e urgentes à pós-modernidade tocada a cada instante pelos avanços tecnológicos. Na era da computação não podemos continuar parados, fixados no discurso do objeto para que seja aprendido pelo aluno sem que tenha sido por ele aprendido. Uma das coisas mais significativas de que nos tornamos capazes mulheres e homens ao longo da história que, feita por nós, a nós faz e refaz, é a possibilidade que temos de reinventar o mundo e não apenas repeti-lo, ou reproduzi-lo.
Mesmo que se possa pensar sobre o uso do computador como uma máquina estática, ainda assim, entre o mecanismo instrumental, o papel do educador é de imprescindível importância como mediador. “Com efeito, a educação só compreende e se legitima enquanto for uma das formas de mediação das mediações existenciais da vida humana” (SEVERINO, 2006, p. 35). Na investida pedagógica constitui-se a construção da cidadania onde, se for efetivo o investimento em busca das condições de trabalho, da sociabilidade e da cultura simbólica.
Ainda que o aluno adulto já não se incluísse mais no mercado de trabalho, tem o direito de estar incluído no processo de escolaridade e dos instrumentos que ela utiliza para fazer uso e compreender a vida na sociedade. Conforme a Constituição Brasileira de 1988, em seu Capítulo III – Da Educação: Art. 205. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
O direito de escolarização na idade própria já foi negado há muito tempo a muitas pessoas. Quando estas se encontram inseridas no processo de educação escolar há de se perceber que a busca pelo conhecimento dos códigos da leitura e da escrita faz parte das expectativas do seu aprendizado. Todavia, é preciso que o conhecimento vá além da descodificação, ou seja, que se apresente como um conhecimento integral, valorizando o conhecimento para vida.
Outro fato é que os seres humanos evoluem, não são estáticos, desde o nascimento se apropriam da educação em diferentes fases e formas. São capazes de aprender, ensinar, inventar, reinventar e transformar o mundo, sobretudo ele está permanentemente em busca de novos conhecimentos. Segundo Freire (2000b, p. 20):
A educação é permanente não porque certa linha ideológica ou certa posição política ou certo interesse econômico o exijam. A educação é permanente na razão, de um lado, da finitude do ser humano, de outro, da consciência que ele tem de sua finitude. Mais ainda, pelo fato de, ao longo da história, ter incorporado à sua natureza “não apenas saber que vivia mas saber que sabia e, assim, saber que podia saber mais. A educação e a formação permanente se fundam aí.
As coisas da natureza, as ações do homem com a natureza se apresentam de uma forma integral, por inteiro. Muitas vezes ocorre um desencontro entre o ensino que a escola propõe e o aprendizado do aluno, às vezes causado pela fragmentação do objeto de estudo. O saber cotidiano se apresenta de maneira integral. Dessa maneira a comunicação entre as áreas do conhecimento precisa se interligar, se relacionar. A fragmentação do conhecimento desencadeia a incompreensão no modo de ver, pensar, sobretudo de entender satisfatoriamente a linguagem escolar, especialmente no que se trata da leitura de mundo. Segundo o Caderno de EJA (BRASIL, 2007, p. 25):
Se os alunos, durante toda sua escolaridade e processo de aprendizagem, tomam contato com as disciplinas sempre divididas em segmentos que nunca dialogam, forçosamente desenvolvem uma percepção igualmente fragmentada dos conhecimentos de cada área. Isso, sem dúvida, acaba moldando uma forma de pensar que dificilmente incluirá a síntese, o que é compreensível, considerando que essa habilidade só é adquirida quando se aprende a buscar a visão global dos fatos. Portanto, a organização compartimentada das disciplinas não pode preparar o sujeito para perceber a unidade das coisas, para observá-las e analisá-las por diferentes ângulos e estabelecer relações entre eles, uma vez que essas capacidades vão sendo conquistadas ao longo do tempo, à custa de muitas experiências de unidade. Em outras palavras, a visão parcelada do conhecimento é um obstáculo para o sujeito alcançar uma integração interna, porque não o instrumentaliza para ver o todo.
Trabalhar a interdisciplinaridade na educação de jovens e adultos é ofertar uma formação desafiante e ao mesmo tempo um aprendizado necessário para o domínio do conhecimento. A articulação com as diferentes áreas dos saberes, especialmente com a nova instrumentação na educação, o computador. Miranda e Groppo (2011, p. 46) salientam que:
[...] nas mudanças ao longo da vida o principal ativo é o conhecimento, que instrumentaliza a capacidade de analisar e sistematizar. O ambiente educativo de formação para o trabalho, ligada a uma ação pedagógica consistente, pode trazer ao longo do tempo competência técnica, hábitos e atitudes próprias do ambiente profissional, colaborando com uma formação mais sólida, por consequência mais autônoma.
Apesar de a tecnologia ser um instrumento cultural e histórico, somente nos tempos atuais ela se faz presente no ensino básico para educação de jovens e adultos.
A preparação do profissional para trabalhar com o jovem e o adulto precisa ser específica e voltada às necessidades e atendimento de acordo com a diversidade existente na sala de aula, esse profissional precisa estar atento aos saberes específico e aos novos instrumentos educativos. O que se contempla muitas vezes é uma formação deficitária, sobretudo na modalidade de ensino da EJA. Segundo Silva (2001, p. 57):
Mesmo sabendo do complexo feixe de aspectos que condicionam o funcionamento de uma escola, acreditamos que o seu reconhecimento social advém da qualidade do ensino ali proposto. E como o sujeito responsável pelo ensino é o professor, então o referido reconhecimento depende da “qualidade” do professor.
A escola é um espaço da apropriação do conhecimento sujeita a avaliação do sucesso ou insucesso dos que por ela passaram. Dessa forma os aspectos condicionantes que permeiam no processo educativo são vistos como determinantes da posição social de seus alunos. As relações existentes em seu interior, ou seja, o educador com sua prática e conhecimento é quem vai desencadear todo o processo do ensino/aprendizagem. Necessariamente é preciso haver uma relação pedagógica entre o professor e o aluno e dinamismo na proposta pedagógica. Silva (2001, p. 59) designou pontos determinantes que agem sobre a funcionalidade do professor:
A figura apresenta os fatores que o profissional do ensino enfrenta enquanto relação pedagógica e que de alguma forma acaba consequentemente afetando a estrutura do ensino. Os fatores ligados à função atribuída ao professor e às relações professor aluno são condicionantes integrantes do processo. Mas não somente esses fatores se posicionam na questão do ensino e aprendizagem, a formação do professor pode pesar muito no que diz respeito à sua prática em sala de aula, principalmente quando se trata de uma modalidade de ensino que requer uma especialidade. O que muitas vezes acontece é que a formação do professor advém dos cursos com didática específica para trabalhar com alunos do fundamental no nível da educação infantil. Outras vezes a formação ocorreu em faculdades com cursos aligeirados, proporcionando uma precariedade no ensino e nas expectativas das práticas pedagógicas, com matérias diluídas e pobreza intelectual. Leôncio Soares (2006, p. 121-122) faz sérios questionamentos:
Qual a origem social desses sujeitos? Quais as suas trajetórias escolares e acadêmicas e seus destinos profissionais? Como eles vêem a articulação/desarticulação entre fundamentação teórica e prática pedagógica? Na inserção/atuação profissional, como enfrentam a difícil combinação entre docência e pesquisa? Os estudantes que trabalham se identificam com o público da Educação de Jovens e Adultos – EJA? Esse fato tem alguma consequência em suas práticas pedagógicas? Como esses profissionais, na medida em que atuam em uma realidade próxima do aluno trabalhador, percebem a articulação/desarticulação entre a sua dimensão política e a dimensão pedagógica? Na visão do egresso, o tempo dedicado a habilitação foi suficiente? Além das aulas, que outras estratégias fizeram parte dessa formação? Quais os temas priorizados na formação? Quais questões foram consideradas fundamentais na discussão teórico-metodológico no campo da Educação de Jovens e Adulto? Quais os impactos que esses processos formativos têm tido na prática cotidiana do professor?
Essas interrogações são importantes para se refletir sobre a prática do professor que assume a tarefa de alfabetizar jovens e adultos que por muitos motivos não estudaram na idade apropriada, sobretudo para o aluno trabalhador jovem e os adultos com tantas experiências de vida se deparando com uma sociedade transformada. Na decorrência da apresentação desse trabalho será demonstrada a característica do trabalho do Educador de Jovens e Adultos na Fundação Municipal Para Educação Comunitária – FUMEC, e as ações do trabalho pedagógico em alfabetização e ensino básico, e do uso do computador como forma de apreensão de um instrumento no mundo do trabalho profissional e na realidade cotidiana das pessoas.
A FUMEC é um órgão público criada em 1987 através da Lei Municipal de número 5830/87, vinculada à Secretaria Municipal de Educação na cidade de Campinas, Estado de São Paulo – Brasil. Tem como objetivo desenvolver a Alfabetização/letramento com pessoas, a partir dos 15 anos de idade, nas séries iniciais do ensino fundamental na modalidade de Jovens e Adultos.
As salas de aula da FUMEC se instalam, nos diferentes espaços onde há demanda de jovens e adultos que nunca frequentaram uma escola ou que não puderam concluir os estudos nas séries iniciais. Dessa maneira as aulas podem acontecer em empresas, canteiros de obra, associações de bairros, penitenciárias, albergues, igrejas, como também em escolas municipais ou estaduais.
Por ser uma instituição pública vinculada à Secretaria de Educação do Município de Campinas as escolas deste município cediam espaço para uma ou mais salas no período noturno, dependendo da demanda, mesmo porque nessas escolas há a Educação de Jovens e Adultos do segundo segmento, ou seja, das séries finais do ensino fundamental que estão sobre a responsabilidade da Secretaria do município. A intensão é de propiciar a continuidade dos alunos que finalizam o processo de alfabetização/letramento, na mesma escola. Nos demais locais as salas de aulas funcionam, nos diferentes períodos, ou de manhã, ou à tarde, ou à noite.
A sua criação teve como princípio educativo desenvolver atividades com base comunitária e inclusiva. As instalações das salas de aula, na maioria, estão localizadas na periferia da cidade para oferecer oportunidade e acesso às pessoas em sua própria comunidade.
Em 1990 ocorreu o primeiro concurso público para professores na FUMEC, antes disso as aulas para os jovens e adultos eram ministradas por professores leigos, até mesmo por quem nem tinha completado o ensino fundamental. A partir do concurso só poderia ministrar aula na FUMEC quem apresentasse a formação do magistério. Hoje todos os professores que trabalham na fundação são efetivos no cargo e professores com formação superior. É a única instituição no Brasil que tem o cargo efetivo para professores específicos para Jovens e Adultos. A FUMEC oferece também na cidade de Campinas e região Metropolitana outro segmento de educação, a educação profissionalizante.
Na criação do CEPROCAMP – Centro Profissional de Campinas, em 8 de outubro de 2001 a FUMEC assinou um convênio com a PROEP – Programa de Expansão da Educação Profissional, a SEMTEC – Secretaria de Educação Média e Tecnológica e o MEC – Ministério da Educação e Cultura. Foi uma iniciativa do Governo Democrático e Popular de Campinas tendo como uma das prioridades políticas, constituir uma proposta de desenvolvimento solidário e de apoio à juventude.
Para disponibilização do projeto foi reativada uma parte da antiga Estação ferroviária atendendo a proposta do governo de Revitalização do Centro de Campinas como meta de implantar um novo conceito de urbanização, recuperando a área do antigo espaço, assumindo a responsabilidade da manutenção do patrimônio. Também oferecer Educação Profissional a jovens e adultos da Região Metropolitana de Campinas, nos níveis técnico e básico, conforme a legislação vigente. Dessa forma, pretendeu-se com o projeto contribuir para a elevação da escolaridade da população através dos seus programas específicos e com o incentivo às pessoas de baixa escolaridade, completar os estudos para inserção no mundo do trabalho.
No ano de 2004 o CEPROCAMP deu início à oferta dos cursos profissionalizantes. A proposta inicial do projeto se mantém até hoje, com uma programação nas modalidades de formação inicial e continuada aos trabalhadores, com cursos de qualificação, atualização/suprimento e habilitação técnica de nível médio, pós-médio e concomitante com o ensino médio, nas áreas de Saúde e Saúde Ocupacional, Ambiental, Gestão Empresarial, Informática, Hospedaria/Hotelaria e Turismo. Dentre os cursos oferecidos destaca-se:
1- Qualificação Profissional em Cuidador de Idosos;
2- Mercado de trabalho/ atuação profissional;
3- Qualificação Profissional de Cuidador de Crianças;
4- Qualificação Profissional de Inglês básico/intermediário para atendimento ao cliente;
5- Qualificação Profissional de Organização de Eventos;
6- Qualificação Profissional de eletricista Predial;
7- Qualificação Profissional de Pedreiro e Confeiteiro;
8- Qualificação Profissional de Auxiliar de Cozinha e Cozinheiro Básico;
9- Qualificação Profissional de Governanta;
10- Higiene e Manipulação de Alimentos;
11- Qualificação Profissional em Portaria.
Esses e outros cursos conforme a solicitação da demanda e do mercado de trabalho é oferecida gratuitamente pelo CEPROCAMP/FUMEC. Portanto, para os Cursos de Nível Técnico, para se candidatar o aluno deve estar cursando ou já ter concluído o ensino médio (antigo 2º grau). Se o aluno ainda estiver cursando o ensino médio só poderá receber o certificado do curso técnico após sua conclusão.
Os cursos de Nível Básico são oferecidos a pessoas que possuem 6º ano do ensino fundamental (antigo 6ª série ginasial) a partir dos 15 anos de idade, que sejam moradores da Região Metropolitana de Campinas. Na consolidação da proposta educação e trabalho a FUMEC implementou novas demandas na oferta de cursos a nível básico para alunos matriculados nas escolas municipais na modalidade de jovem e adulto das séries iniciais e das séries finais do ensino fundamental.
Em agosto de 2010, o CEPROCAMP/FUMEC iniciou um programa denominado EJA Profissões, com objetivo de oferecer aulas em dupla docência nos locais das salas de alfabetização da FUMEC. O professor do CEPROCAMP, especializado em uma das áreas do curso profissionalizante se desloca até a sala de aula da FUMEC e juntamente com o professor da sala planeja os conteúdos para os alunos em fase de alfabetização.
A Dupla docência se caracteriza pelo desdobramento do aprendizado que além da escolarização básica objetiva em ofertar noções dos cursos profissionalizantes nas cinco regiões de Campinas onde acontece a alfabetização de jovens e adultos na fase inicial e a Educação de Jovens e adultos na fase final do ensino fundamental.
Realizar um trabalho interdisciplinar entre a EJAI e a EJA Profissões com os alunos da sala de aula. A EJA I corresponde às séries iniciais do ensino fundamental. A EJA Profissões é um programa do CEPROCAMP voltado ao ensino básico profissionalizante.
Nesse trabalho, entre FUMEC alfabetização e a EJA Profissões, procura realizar a integração dos conteúdos e atender o objetivo do Projeto temático da sala e a proposta da introdução a Inclusão Digital oferecido pelo CEPROCAMP.
A proposta é de desenvolver a aprendizagem relacionada à leitura e à escrita, alfabetização/letramento e despertar para a cidadania estimulando o prazer e a autoconfiança através de um conhecimento significativo interdisciplinar com os alunos que por diversos motivos não tiveram oportunidade de concluir os estudos na fase inicial ou nunca estiveram em uma escola. E com objetivo de proporcionar a esses alunos a inserção do uso da tecnologia, embora a nível básico, voltado a percepção do instrumento que cada vez mais faz presença na vida das pessoas.
Para o desenvolvimento do trabalho em dupla docência o professor do CEPROCAMP juntamente com o professor da sala da EJA, realizam reuniões semanais onde é planejado o que será trabalhado naquela semana em sala de aula. Como exemplo no uso do computador, segue-se a metodologia de uma atividade:
- Apresentação do computador nomeando as partes
- Montagem e desmontagem do computador e seus periféricos
- Aula no laboratório, jogos das letras.
- Leitura de Poemas como: Terra chão, Terra pão
- Seleção das palavras do poema para digitar
- Digitação das palavras e correção no computador
- Produção de frases com as palavras relacionadas ao tema
Diante das transformações globalizadas e nas aparelhagens tecnológicas se esbarrando em todos os espaços e interações das pessoas, há de se perceber que o campo educacional se inseriu num contexto social muito complexo e desafiador. Outro olhar tomou conta dos sujeitos em maior ou menor grau de participação e de apropriação de instrumentos tecnológicos no cotidiano social. A era da tecnologia avançou e tomou conta da vida das pessoas de todos os níveis, até mesmo no simples facto de ver as horas em um relógio digital se faz por meio do uso técnico instrumental.
Considerando a proposta da alfabetização do jovem e do adulto disseminada no uso de tecnologias, especialmente na era digital, é de facto colocar a educação dessa modalidade de ensino diante das mudanças culturais na sociedade. Dessa forma lidamos com os avanços tecnológicos proporcionando o conhecimento de maneira a conceber o mundo e suas alternâncias. Com o uso da tecnologia no mundo atual onde o aluno adulto não escapa das determinadas mudanças, através do relógio digital, do celular e no manuseio bancário, faz-se necessário incorporar e otimizar a utilização e o conhecimento tecnológico na sala de aula.
A dupla docência proporcionou aos alunos da instituição uma relação interdisciplinar com os conteúdos estreitando a distância entre as dificuldades do aprendizado, sobretudo, na construção de novos conhecimentos que serão utilizados nas suas vidas cotidianas.
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[Artigo corrigido , vol. 2, 87-96] http://www.laplageemrevista.ufscar.br/index.php/lpg/article/view/121/402