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Territórios alternativos: espaços fronteiriços e transfronteiriços
Jurany Leite Rueda
Jurany Leite Rueda
Territórios alternativos: espaços fronteiriços e transfronteiriços
Laplage em Revista, vol. 3, núm. 2, pp. 234-236, 2017
Universidade Federal de São Carlos
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Territórios alternativos: espaços fronteiriços e transfronteiriços

Jurany Leite Rueda
Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba. , Brasil
Laplage em Revista, vol. 3, núm. 2, pp. 234-236, 2017
Universidade Federal de São Carlos

Recepção: 10 Maio 2017

Aprovação: 10 Junho 2017

A obra em análise tem como autor Rogério Haesbaert, doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP). Sua atuação se concentra em temas como: território e desterritorialização, identidade territorial, região e regionalização. É professor titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde leciona e orienta nos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia.

O livro é uma coletânea resultante da trajetória do autor pelas trilhas da Geografia, e cobre o período de 1987 a 1998, promovendo um panorama sobre as discussões à volta do espaço geográfico e do território em suas diferentes dimensões.

Tal coletânea é composta por sete textos e uma entrevista. A seguir apresentamos a essência de cada uma dessas partes.

O primeiro texto se insere num debate sobre a modernidade e a pós-modernidade, que é o centro de discussão dos três capítulos iniciais. Sob o título “Filosofia, geografia e a crise da modernidade”, o autor traz uma introdução filosófica e a inserção da Geografia nesse debate, abordando tópicos como: materialismo e idealismo; dialética e metafísica; empirismo e racionalismos; as “razões” da geografia; entre outros.

Nessa discussão o autor ressalta o quanto é imprescindível o engajamento de modo a reconhecer na própria multiplicidade do mundo os caminhos fundamentais para o projeto de transformação. E destaca que a questão ampla posta é a busca por uma fundamentação filosófica mais consistente que rompa com os dualismos clássicos quanto à leitura do real.

O segundo capítulo, intitulado “Questões sobre a (pós) modernidade”, trata dos debates teóricos que circundam as diferentes visões sobre a modernidade e pós-modernidade. Ressalta-se a complexidade do pensamento pós/moderno e a sistematização dos elementos básicos na busca de uma definição mais coerente da modernidade. Nesse diálogo o autor destaca que, diante do cansaço causado pela racionalidade e pela pretensa objetividade “modernas”, tende-se a submeter-se a um “pós-modernismo” conformista, em que se promove a incapacidade de fazer crítica ou avaliar a ação humana.

O texto “O espaço na modernidade” tem a proposta de entretecer as inquietudes vigentes com relação à espacialidade com os referenciais concretos característicos da modernidade, principalmente no que tange ao espaço metropolitano atual. Esse espaço se estabelece num território complexo em que se separam e se misturam diferentes identidades, sendo considerado também um espaço multiapropriado, onde constantes renovações constituem um complexo fluxo de deslocamentos.

Ao trabalhar o quarto capítulo, o autor apresenta um debate sobre as escalas espaciais no campo da geografia e sua vinculação indissociável com o tempo, no sentido histórico. A definição das escalas espaciais/geográficas e temporais/históricas e a relação entre elas são questões básicas que permeiam o texto, uma vez que a importância do debate acerca das escalas espaciais para o trabalho analítico do geógrafo equivale à importância do exame das escalas de tempo para o historiador.

No texto “O binômio território-rede e seu significado político-cultural”, são discutidos os conceitos de território e rede em sua indissociável articulação, sem perder de vista as exemplificações que fazem referência à nossa realidade. Destacam-se as concepções naturalista e etnocêntrica de território, sendo vistas muito mais pelas dimensões política e cultural do espaço, e isso no contexto da história da concepção de território. Agrega-se a essa discussão a questão da territorialização e desterritorialização. Na explanação desses conceitos, afirma-se que as sociedades tradicionais eram mais territorializadas e que as sociedades modernas estão sendo transformadas por meio dos fluxos cada vez mais dinâmicos.

O sexto capítulo percorre o debate sobre os conceitos básicos da Geografia, com ênfase nos de território, região, paisagem e lugar. Traz-se em certo sentido um aprofundamento sobre a discussão do capítulo anterior, ao se colocar em pauta que o conceito mais difundido da Geografia é o de território e que existe uma concentração nos trabalhos sobre a discussão sobre a destruição de territórios, ou seja, a desterritorialização; não se deixa muito claro, no entanto, que conceito de território se tem nesse processo. Para romper com essa lógica, o autor explana as ideais mais apregoadas sobre desterritorialização, com o objetivo de entender que concepções de território estão tácitas.

O texto “Território, poesia e identidade” reflete que falar sobre identidade e poesia com o território é se reportar à dicotomia estabelecida pelo mundo moderno, entre ciência e arte, razão e sensibilidade, sobre o símbolo do debate entre modernidade e pós-modernidade. O autor relata que seu olhar foi ampliado para a possibilidade de tentar superar essa separação, destacando que a Geografia faz com que razão e sensibilidade se entrelacem enquanto momentos e categorias.

Enfatiza-se também que a poesia, por ser sinônimo da emoção e ritmo, tende a romper com a linearidade e funcionalidade do mundo moderno capitalista, uma vez que apresenta caráter “revolucionário” por ir contra o mundo-mercadoria. Haesbaert conclui esse texto destacando que o território não seria apenas um veículo de domínio político e econômico nem um ambiente público de exercício de “cidadania”, mas sim, na realidade, uma esfera de identificação com o mundo, que permite (re)criá-lo.

A entrevista que conclui a coletânea, traz em sua introdução aspectos bem pessoais sobre Rogério Haesbaert, compartilhando sua trajetória de vida, como local de nascimento, origem familiar, infância, etc. As perguntas levantadas por João Rua visam compreender questões que vão desde a vocação do autor para a Geografia, passando pelas influências que marcaram sua formação, o papel do geógrafo no contexto atual, o trânsito entre trabalhos de dimensão global e local, a relação entre a Região Sul e Nordeste, sua interação profissional no exterior, a complexidade do mundo globalizado, até os conselhos de Haesbaert a jovens geógrafos que desejam trabalhar na linha de estudos regionais.

Em síntese, o livro apresenta uma discussão sobre a busca de respostas consistentes para as novas questões que se instituem por meio da ordenação território e espaço, trazendo para o diálogo conceitos-chave da Geografia e sua interlocução com outras ciências sociais. Em seu conjunto, Territórios Alternativos visa compreender um espaço-território, espaço geográfico que constitui nossas relações cotidianas.

Dessa maneira, compreende-se que a obra proporciona uma análise rica na temática proposta, além de compor uma coleção de textos que revelam o pensamento do autor desde a chamada Geografia crítica à Geografia cultural, contribuindo assim para o avanço sobre a discussão proposta na Geografia brasileira.

Material suplementar
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[Artigo corrigido , vol. 3, 234-236] http://www.laplageemrevista.ufscar.br/index.php/lpg/article/view/351/499

Referências
HAESBAERT, R. Territórios Alternativos. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2015. 186p.
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