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Um olhar sobre a internacionalização e geopolítica do conhecimento na América Latina
Paulo Gomes Lima
Paulo Gomes Lima
Um olhar sobre a internacionalização e geopolítica do conhecimento na América Latina
Laplage em Revista, vol. 3, núm. 3, pp. 1-2, 2017
Universidade Federal de São Carlos
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Editorial

Um olhar sobre a internacionalização e geopolítica do conhecimento na América Latina

Paulo Gomes Lima
Universidade Federal de São Carlos - Campus Sorocaba, Brasil
Laplage em Revista, vol. 3, núm. 3, pp. 1-2, 2017
Universidade Federal de São Carlos

Um olhar sobre a internacionalização e geopolítica do conhecimento na América Latina, tema contemplado no presente Dossiê de Laplage em Revista, nos remete como pesquisadores e estudiosos da educação superior a refletirmos acerca das formas de produção e transmissão de conhecimentos que impõe à universidade e à dinâmica do trabalho acadêmico consonâncias com os “modelos” ou “referenciais” overseas, exigidos pelo mercado capitalista e “naturalizados” em países em desenvolvimento. Como afirmado em outro lugar (LIMA, 2005) à medida que o homem vai alcançando níveis diferenciados de conhecimento e dimensões laborais, reconstrói a sua maneira de conhecer e produzir ao longo de seu processo histórico, se fazendo necessário o estabelecimento de diretrizes que não apenas reconheçam a importância desta dimensão, mas que, por meio de instrumentos legais, explicitamente convencionados em nível de políticas públicas, estabeleçam planejamentos a curto médio e longo prazos para o seu desenvolvimento e constante aprimoramento, possibilitando o alcance de performance avançada pela ruptura com paradigmas obsoletos, pela gestação de novos paradigmas, (re) criação e/ou inovação a partir do conhecimento historicamente produzido. Nesse caso, a universidade tem o papel de formar o homem nos e consoante a performance laboral que não o descaracterize como ser que se autoproduz e produz para o outro, visto que o trabalho não o destitui de sua autonomia de pensamento e expropriação do teor de sua força de trabalho.

Entretanto, com a apologia de organismos internacionais, dentre os quais cita-se o Banco Mundial e referenciais centrados em “socialização e humanização do capital” organizados na geração de novos formatos de universidades e seus currículos, como apontado pelos organizadores do Dossiê, a geopolítica do conhecimento ou como aponta Mollis (2006) a “geopolítica do saber” divide o mundo em duas partes: a) aqueles que produzem o conhecimento por conta de sua hegemonia econômica e cultural e b) os que consomem os conhecimentos dos primeiros, consoante suas métricas e reafirmação da expertise dos modelos hegemônicos transfronteiriços. Os organizadores do Dossiê foram muito felizes na proposição e difusão, por meio dos artigos apresentados, visto a recorrência e já materialização dos modelos internacionais em economias de países em desenvolvimento e sua consoante busca pelo enfrentamento via uma “decolonização” que entre denúncias e anúncios, constroem caminhos para se construir as demandas advindas e localizadas nos Estados-nação periféricos.

Entretanto, esse olhar não quer fazer apologia ao isolacionismo do mundo laboral quanto às formas de geração de saberes como produto da construção humana, visto que em cada momento histórico, de diferentes formas, a preocupação com a ciência e tecnologia, esteve presente trabalhadas e desenvolvidas no contexto universitários, de uma maneira implícita e/ou explícita, embora nem sempre apoiada e transformada em prioridade. Ao contrário, ao colocar em evidência a geopolítica do conhecimento, são apontados os seus contextos, as necessidades de intercambiar desde que mantidas as identidades e demandas dos países em desenvolvimento dentre outros.

Como apontado por Vieira Pinto (1979) a ciência deve ser concebida como revelação do mundo e do homem, consequentemente não há legitimidade em qualquer domínio da construção da teoria científica e/ou aplicada e nem mesmo valor lógico quando a intervenção direta do homem como sujeito do processo é negada ou conduzida somente de forma parcelar, reduzindo a humanidade numa coisificação. Há que se estabelecer vigilância epistemológica quanto à ratificação de modelos universitários e concepção laboral centrada tão e meramente ao sabor do capital, nos vetores de demandas sob a orientação de “humanização capitalista” dentre outros. A universidade latino-americana, de forma especial, deve primar pela validação das conquistas democráticas e o seu respectivo grau de autonomia, ainda que relativo. Nesse aspecto, a democracia, ainda que relativa na forma da lei, deve conduzir e ser conduzida pela justiça, não somente em seu sentido abstrato, embora se saiba de seus condicionantes e eixos delimitadores, mas paralelamente e, sobretudo como objeto de humanização e ação transformadora do homem, de sua autoprodução e de seu itinerário histórico.

Para não encerrar o debate, mas ampliá-lo, entendemos que, se no seio do arranjo estrutural do capital, há a consecução de espaços e discussões, ainda que por concessão, como acontece em distintos arranjos governamentais, a luta é pelo despertamento de consciência e busca, pelos meios legais disponíveis, para se fazer valer a justiça social para todos de fato. Como afirma Lima (2009), com essa construção “[...] provocada pela educação, por meio da emancipação concreta da sociedade e do homem poderemos reunir a dimensão necessária de emancipação, libertação, justiça social, humanização e universalização das construções sociais”, não negando o conhecimento historicamente produzido, mas ressignificando-o. Nossa expectativa é que a leitura do presente dossiê, organizado pelos docentes: Prof. Dr. Manuel Tavares e Prof. Dr. Eduardo Santos, ambos do Programa de PósGraduação em Educação Universidade Nove de Julho (UNINOVE) possa se constituir numa significativa leitura frente à essa busca.

Com os melhores votos de aproveitamento para todos.

Material suplementar
Artigo relacionado

[Artigo corrigido , vol. 3, 1-2] http://www.laplageemrevista.ufscar.br/index.php/lpg/article/view/388/581

Referências
LIMA, P.G. Unha de gato em novelo de lã ou do financiamento da pesquisa científica & tecnológica no Brasil no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): o dito e o feito no “plano real”. Tese (Doutorado em Educação Escolar). Araraquara/SP: Fclar/UNESP. 2005.
LIMA, P. G. Ações afirmativas como eixo de inclusão de classes sociais menos favorecidas à universidade brasileira: um terceiro olhar entre pontos e contrapontos. Relatório de Pesquisa (Pós-Doutorado em Educação). Campinas/SP: Universidade Estadual de Campinas, 2009.
MOLLIS, M. Geopolítica del saber: biografías recientes de las universidades latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2006. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20100614122851/6Mollis.pdf. Acessado em 10.08.2017.
VIEIRA PINTO, A. Ciência e existência: problemas filosóficos da pesquisa científica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
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