Servicios
Servicios
Buscar
Idiomas
P. Completa
A GEOGRAFIA NA VISÃO DE MUNDO DOS ALUNOS: RELATOS DE UMA EXPERIMENTAÇÃO METODOLÓGICA DE ENSINO EM SÃO LUÍS, MARANHÃO
MÁRCIO JOSÉ CELERI; JOÃO GABRIEL DA SILVA OLIVEIRA
MÁRCIO JOSÉ CELERI; JOÃO GABRIEL DA SILVA OLIVEIRA
A GEOGRAFIA NA VISÃO DE MUNDO DOS ALUNOS: RELATOS DE UMA EXPERIMENTAÇÃO METODOLÓGICA DE ENSINO EM SÃO LUÍS, MARANHÃO
GEOGRAPHY IN THE STUDENTS VISION OF THE WORLD: REPORTS OF A METHODOLOGICAL EXPERIMENTATION IN TEACHING IN SÃO LUÍS, MARANHÃO
LA GEOGRAFÍA EN LA VISIÓN DE MUNDO DE LOS ALUMNOS: RELATOS DE UNA EXPERIMENTACIÓN METODOLÓGICA DE ENSEÑANZA EN SÃO LUÍS, MARANHÃO
GEOSABERES: Revista de Estudos Geoeducacionais, vol. 9, núm. 17, pp. 1-10, 2018
Universidade Federal do Ceará
resúmenes
secciones
referencias
imágenes

Resumo: O presente trabalho aborda uma experimentação metodológica sobre o ensino da Geografia escolar com alunos do 2º ano do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino em São Luís – MA, através dos conhecimentos geográficos construídos através do espaço vivido dos alunos. O trabalho foi realizado na escola Barjonas Lobão por graduandos do curso de licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Maranhão no ano de 2017 e teve como objetivo a aproximação dos graduandos com a realidade escolar. Este contato resultou na produção de mapas, por meio da cartografia social, onde os alunos representaram suas realidades. Concluiu-se que os alunos têm preferência por aulas que fujam da metodologia tradicional e que possam ajudar a compreender e atuar no seu cotidiano.

Palavras-chave:Geografia EscolarGeografia Escolar, Metodologias de Ensino Metodologias de Ensino, Cartografia Social Cartografia Social, Experimentação de Ensino Experimentação de Ensino.

Abstract: The present work deals with a methodological experimentation on the teaching of school geography with students from the second year of high school in a state school system in. Through the geographic knowledge built through the lived space of the students. The work was carried out at the Barjonas Lobão school by undergraduates of the degree course in Geography of the Federal University of Maranhão in the year 2017 and had the objective of approaching the students with the school reality. This contact resulted in the production of maps, through social cartography, where the students represented their realities. It was concluded that the students have preference for classes that flee from the traditional methodology and that can help to understand and to act in their daily life.

Keywords: School Geography, Teaching Methodologies, Social Cartography, Teaching Experimentation.

Resumen: El presente trabajo aborda una experimentación metodológica sobre la enseñanza de la Geografía escolar con alumnos del 2º año de la enseñanza media de una escuela de la red estadual de enseñanza en São Luís - MA, a través de los conocimientos geográficos construidos a través del espacio vivido de los alumnos. El trabajo fue realizado en la escuela Barjonas Lobão por graduandos del curso de licenciatura en Geografía de la Universidad Federal de Maranhão en el año 2017 y tuvo como objetivo la aproximación de los graduandos con la realidad escolar. Este contacto resultó en la producción de mapas, por medio de la cartografía social, donde los alumnos representaron sus realidades. Se concluyó que los alumnos tienen preferencia por clases que huyan de la metodología tradicional y que puedan ayudar a comprender y actuar en su cotidiano.

Palabras clave: Geografía Escolar, Metodologías de Enseñanza, Cartografía Social, Experimentación de Enseñanza.

Carátula del artículo

A GEOGRAFIA NA VISÃO DE MUNDO DOS ALUNOS: RELATOS DE UMA EXPERIMENTAÇÃO METODOLÓGICA DE ENSINO EM SÃO LUÍS, MARANHÃO

GEOGRAPHY IN THE STUDENTS VISION OF THE WORLD: REPORTS OF A METHODOLOGICAL EXPERIMENTATION IN TEACHING IN SÃO LUÍS, MARANHÃO

LA GEOGRAFÍA EN LA VISIÓN DE MUNDO DE LOS ALUMNOS: RELATOS DE UNA EXPERIMENTACIÓN METODOLÓGICA DE ENSEÑANZA EN SÃO LUÍS, MARANHÃO

MÁRCIO JOSÉ CELERI
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Brasil
JOÃO GABRIEL DA SILVA OLIVEIRA
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Brasil
GEOSABERES: Revista de Estudos Geoeducacionais, vol. 9, núm. 17, pp. 1-10, 2018
Universidade Federal do Ceará

Recepção: 16 Setembro 2016

Aprovação: 20 Junho 2017

INTRODUÇÃO

Este estudo apresenta relatos da experiência vivida em sala de aula por alunos do sétimo período de graduação em Geografia da Universidade Federal do Maranhão, através da disciplina Experimentação da Proposta de Trabalho. A disciplina tem como finalidade fazer com que os graduandos tenham contanto com alunos do ensino médio, para que assim possa haver maior proximidade com o ambiente escolar.

Ao planejar de que forma iria ser trabalhado em sala de aula com os alunos, pensou-se em mudar um pouco o paradigma de que a Geografia é uma disciplina meramente teórica e descritiva. Assim, ficou acordado que a metodologia deveria buscar mostrar aos alunos novas formas de se perceber o dia a dia através dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Geografia. Dessa forma, considerando o cotidiano dos alunos, os graduandos refletiram sobre a importância da escola na forma como os alunos interpretam o mundo e o papel dos conteúdos geográficos no processo de aprendizado das relações e práticas sociais, como destaca Callai (2013, p. 26).

Refletir sobre escola, cotidiano e lugar nos reporta a pensar no mundo da vida e na criança inserida nele e a escola passa a fornecer as ferramentas para que ela o interprete [...]. Nesse sentido, cotidiano e lugar passam a ser conceitos importantes na aprendizagem escolar.

Tendo consciência da importância do papel do professor de Geografia Escolar no entendimento do mundo pelos alunos e que essa ciência, através do envolvimento com as experiências diárias, contribui para a construção desse conhecimento temos a afirmação de Cavalcanti (2013, p. 63):

O geógrafo, nesse contexto, é um profissional que tem um papel importante na sociedade, quando domina o conjunto de proposições teóricas e metodológicas de sua disciplina, quando detém as informações e os conhecimentos por ela produzidos e suas finalidades políticas e sociais, quando desenvolve capacidades técnicas de operar com esses conhecimentos.

Visando aproximar conhecimentos teóricos ao eixo da práxis, buscou-se trabalhar a Cartografia Social em sala de aula, de modo que deixasse os alunos mais perto de seu cotidiano, da realidade vivenciada por eles, trazendo para o plano mais próximo o global, isso viabiliza a construção de conhecimento fazendo com que se represente a realidade vivenciada. Assim o professor de Geografia tem que propor aos alunos que representem as características dos lugares onde vivem e interpretem diariamente as diferentes paisagens inter-relacionando com os conhecimentos adquiridos em sala.

Um dos modos de captar a Geografia do cotidiano pode ser o trabalho com as representações sociais dos alunos, e buscar essas representações tem se revelado um caminho com bons resultados para permitir o diálogo entre o racional e o emocional, o verbalizado e o não-verbalizado, entre a ciência e o senso comum, entre o concebido e o vivido. (CAVALCANTI, 2002, p. 19)

Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo relatar uma experiência metodológica vivenciada em uma sala de aula, do ensino médio da Escola Barjonas Lobão em São Luís - MA, por discentes do curso de geografia da Universidade Federal do Maranhão. Buscando uma abordagem construtiva e crítica, propondo aos alunos novas formas de ser perceber e compreender o mundo por meio da Geografia, inter-relacionando os conteúdos teóricos desta com o cotidiano do espaço vivido.

CARACTERIZAÇÃO DA AREA DE ESTUDO - CENTRO DE ENSINO PROFESSOR BARJONAS LOBÃO

O Centro de Ensino é uma escola da rede estadual fundada no ano de 1994, localizado no bairro Cohatrac III, na cidade de São Luís no estado do Maranhão. Funciona em três turnos, nas modalidades de ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos, convém destacar que atende um significativo grupo de alunos da educação inclusiva.

A escola possui como estrutura física para o desenvolvimento de diversas práticas educacionais, salas de aula climatizadas, auditório, refeitório, biblioteca, lanchonete, quadra poliesportiva coberta, laboratórios de informática, química e de física.

A comunidade do bairro usufrui do espaço físico da escola, seja utilizando para pratica esportiva, seja para encontros de grupos de igreja, entre outros. A mesma contribui com mutirões de capina e faxina quando solicitada pelos gestores.

Optou-se por trabalhar com uma turma de segundo ano do ensino médio por dois motivos, sendo: um é que os alunos do primeiro ano podem ter cursado o nono ano do ensino fundamental em outras escolas e ainda estão em processo de adaptação à nova escola; e o outro motivo é que os alunos do terceiro ano estão sobrecarregados com os conteúdos para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio, não sendo autorizados pela gestão da escola trabalhar nessas turmas.



Figura 1: Localização da Escola Barjonas Lobão (São Luís, Maranhão)
Fonte: Rodrigues (2017).

PERFIL DA TURMA

A turma possui 32 alunos, com idade entre 15 e 20 anos, sendo composta, em sua maioria do sexo feminino. Dentre esses, alguns moram no mesmo bairro da escola, entretanto, a maioria reside em outros bairros, alguns tendo que pegar até dois ônibus coletivos para chegar à escola. Quase em sua totalidade estão cursando pela primeira vez o segundo ano do ensino médio.

Duas alunas têm necessidades especiais, uma com deficiência auditiva, sendo acompanhada por uma interprete de libras e a outra com deficiência física, que faz o uso de andador ortopédico para se locomover.

RELATOS DA EXPERIMENTAÇÃO

Foram feitas oito intervenções na escola, sendo a primeira apenas para uma conversa com a direção, na qual foi estabelecida a autorização para o desenvolvimento da prática, bem como a definição com o professor da disciplina de Geografia dos dias e horários das intervenções.

No primeiro encontro em sala de aula, após apresentação dos graduandos foi explicado o objetivo para os alunos e posterior aplicação de um questionário, com 30 questões objetivas, sem necessidade de identificação, visando obter um perfil da turma, como; idade, sexo, religião, com quem moravam, com quais disciplinas tinham mais afinidades, o que gostavam e não gostavam na escola, o que poderia ser melhorado na escola, se se sentiam seguros na escola, dentre outras. Neste encontro, percebemos que os alunos ficaram bem surpresos, pois nunca tinham tido contato com alunos de uma universidade, sendo simpáticos, bem como respondendo prontamente o questionário proposto. Os graduandos despediram agendando o próximo encontro para duas semanas depois. Para que assim pudesse ser analisados as respostas dos questionários.

No segundo encontro dialogou-se com os alunos sobre algumas das respostas dadas nos questionários. Notou-se que grande parte relatou que não se sentiam seguros na escola e relataram alguns fatos violentos que já haviam presenciado dentro e no entrono da escola. Outra reclamação constante foi com relação à falta de merenda escolar.

Após uma roda de conversa sobre as respostas dadas ao questionário, foi trabalhado com os mesmos as categorias geográficas: região, lugar, território e paisagem, tendo como base os conceitos de Milton Santos (2007), trazendo estes conceitos de forma bem simples com exemplos práticos, para facilitar a compreensão dos mesmos e sua relação com o espaço vivido.

Após explicação dos conceitos de topofilia (TUAM, 1980) e topofobia (SOUZA, 2008) os alunos foram questionados sobre em quais bairros/regiões da Ilha do Maranhão eles se sentiam bem e seguros e em quais achavam desagradáveis e tinham medo de ir, sendo que deveriam ir a lousa a apontar no mapa da Ilha de São Luís os locais destacados. As respostas foram espontâneas, os bairros de classe média alta, como Ponta D’areia e Renascença foram indicados como locais bons e seguros de se viver, já os bairros periféricos foram indicados vários, como sendo perigosos e com altos índices de violência como: Coroadinho, Vila Embratel, Liberdade entre outros. Alguns alunos se referiam aos bairros periféricos como se todos os moradores fossem criminosos.

No terceiro encontro foi apresentado à turma dois curta metragens, um denominado A Tribuna do Gueto (2010), que conta a história dos bairros periféricos de São Luís - MA e o outro o episódio A Coroa do Imperador (2002), da serie Cidade dos Homens, que se foi filmado em favelas da cidade do Rio de Janeiro - RJ.

O primeiro mostra a realidade das áreas periféricas da cidade de São Luís, os problemas como, falta de segurança, de saúde, de educação, um completo esquecimento por parte do Estado, que só está presente nessas áreas na época das eleições com a intenção de obter votos, como também mostra que com todas as dificuldades e problemas nestes locais existe muita gente de bem tentando mudar sua historia através dos estudos. O segundo apresenta a realidade dos moradores da periferia carioca e mostra que os alunos têm mais facilidade de compreender os conteúdos através de uma linguagem mais coloquial, que eles utilizam no dia a dia.

Convém destacar que os vídeos foram baixados na internet sem legenda, porém para a exibição os graduandos introduziram legendas para o acompanhamento da aluna com deficiência auditiva. A interprete de libras relatou a satisfação da aluna com ocorrido, bem relatou a impressão da aluna com os presentes, sobre o seu entendimento dos vídeos.

Após a apresentação dos vídeos iniciou-se uma roda de conversa sobre a opinião dos alunos a respeito dos mesmos. Os graduandos fizeram comentários buscando mostrar aos alunos a realidade dos bairros periféricos de São Luís, tentando construir uma nova visão destes bairros na qual a grande mídia mostra de forma marginalizada.

No quarto encontro, foi apresentado vídeos construídos pelos graduandos, ambos possuindo legenda, buscando apresentar temas da disciplina da Geografia, que geralmente são apenas contextualizados em sala de aula, trazendo os mesmos para o cotidiano. O primeiro apresentou os tipos de movimentos migratórios, visto que, a escola se localizar próximo ao limite entre os municípios de São Luís e São José de Ribamar, o que mostrou que alguns dos alunos fazem o movimento migratório pendular durante seu percurso de casa para a escola. O segundo vídeo foi feito em algumas das principais avenidas da cidade de São Luís, tratando sobre categoria Paisagem da Geografia. Através deste mostrou-se para os alunos as diferentes paisagens da cidade, que na rotina do dia a dia acabam por passar despercebidas. Ambos os vídeos com legenda para atender a necessidade da aluna com deficiência auditiva.

Ao final foi proposto aos alunos que, em grupo ou individualmente, produzissem um vídeo mostrando sua vivência no dia a dia, na escola ou em seu bairro, fazendo uma inter-relação com o espaço geográfico. As produções seriam exibidas no próximo encontro, quinze dias após este.

No quinto encontro ao perguntar sobre o vídeo, nenhum dos alunos havia produzido. Ao indagar sobre o motivo pelo qual não haviam produzido, a turma foi unanime ao responder que não gravaram os vídeos por medo de terem seus aparelhos celulares roubados, visto à grande insegurança nos locais onde frequentam.

Visto que os alunos poderiam não ter construído os vídeos, os graduandos utilizaram um “plano b”, que foram vídeos de reportagens exibidas em rede nacional sobre graves problemas enfrentados na cidade de São Luís nas áreas de segurança, saúde e educação. Ao final dos vídeos foi solicitado aos alunos que comentassem fatos que confirmassem ou não as reportagens exibidas. Dentre os relatos os mais frequentes foram sobre violência, principalmente de assaltos que os mesmos foram as vítimas ou que ocorreu com algum conhecido. Assim, também comentaram que quando passava notícias sobre o estado do Maranhão em rede nacional de televisão, sempre eram notícias ruins, bem como, que esses problemas sempre estavam ligados a políticos e administradores corruptos.

No sexto encontro, os graduandos levaram três mapas da cidade de São Luís, sendo colocamos no quadro, para tanto, foi chamamos alguns alunos para que indicassem, nos mesmos, alguns locais, como onde moram, onde fazem compras, locais onde frequentam, ou seja o seu espaço vivido. Em seguida diziam sobre a importância da Geografia e Cartografia através dos mapas para que as pessoas possam se localizar e encontrar determinados endereços.

Após essa ação a turma foi dividida em três grupos, ficando cada grupo com um mapa. Em seguida, com o apoio dos classificados de jornais do município, onde tinham imóveis para serem comercializados, foram marcados, nos classificados os imóveis em diferentes áreas da cidade e pedimos que observassem a diferença entre os valores de aluguel. Após essa análise foi explicado alguns dos motivos dessas disparidades entre os valores dos alugueis de diferentes áreas na mesma cidade. Logo após solicitou-se para cada grupo, apresentasse aos demais as áreas onde os imóveis se localizavam e falassem o que uma área/bairro possuía e os outros não. Durante a apresentação os alunos citaram os pontos principais que interferiam diretamente nos preços dos alugueis, tipo, infraestrutura, proximidade com grandes empreendimentos empresariais e serviços, como bancos, faculdades, entre outros. Foi citado como fator determinante, também pelos os alunos, que os bairros de classe média e os localizados próximos às praias possuem preços mais elevados que os dos bairros do interior da cidade, bem como que nos mesmos teria a existência de mais infraestrutura e policiamento.



Imagem 1: Alunos trabalhando com o mapa no Centro de Ensino Barjonas Lobão – 2017
-

No sétimo encontro foi recapitulado o que havia feito nos encontros anteriores. Após o primeiro momento mostrou-se aos alunos o que seria uma Cartografia Social, mostrando também que os mapas podem contém erros quando são elaborados por quem desconhece a realidade que está sendo mapeada. Em seguida foi apresentado o vídeo da série Cidade dos Homens, o episódio “Correio” (2002), este trata da dificuldade que os carteiros têm em localizar endereços onde as ruas e as casas não possuem numeração e mostra a construção de um mapa, através de uma cartografia social, para facilitar a entrega de correspondências em uma favela na cidade do Rio de Janeiro. Após a exibição foi proposto aos alunos que criassem, em grupos, mapas que retratassem uma realidade vivida pelos mesmos. Para essa criação foi disponibilizado cartolinas, réguas e pinceis coloridos.

Após conversas entre os alunos, chegaram a um acordo sobre o que iriam retratar nos seus mapas e deram início a suas produções sob nossa supervisão. Porem o tempo da aula se esgotou, assim solicitamos que terminassem a construção em outro horário e que na próxima semana nos apresentassem suas produções.



Imagem 2: Alunos produzindo os mapas no Centro de Ensino Professor Barjonas Lobão – 2017
-

O último encontro foi realizado na semana posterior, ao chegar à sala e solicitarmos as produções dos alunos, foi constatado que haviam avançado na elaboração de seus mapas. Faltavam apenas alguns detalhes para que os mesmos fossem concluídos, sendo auxiliados pelos graduandos na finalização para que pudessem apresentar aos demais grupos.

A primeira equipe produziu e apresentou um mapa sobre o Terminal de Integração do bairro Cohab/Cohatrac, o mesmo é utilizado diariamente por milhares de passageiros do transporte coletivo da cidade de São Luís e cidades da Ilha e é por onde passa um grande número de linhas de ônibus que interliga diferentes áreas da cidade. Foi relatado pelos alunos, que são usuários do referido terminal, vários problemas encontrados neste local, como falta de estrutura para abrigo de sol e chuva e de manutenção no mesmo, além de falta de sinalização que indique o percurso/destino dos ônibus, sendo que os usuários que não conhecem o terminal teriam muita dificuldade de encontrar o ônibus para seu destino.



Imagem 3: terminal de Integração Cohab/Cohatrac – 2017.
-

A segunda equipe apresentou o mapa do Viaduto da Avenida Jerônimo de Albuquerque que fica próximo à escola. Essa é a mais extensa avenida da capital maranhense, e seu cruzamento com as avenidas São Luís Rei de França e São Sebastião. A equipe destacou quais os bairros e áreas da cidade o Viaduto dá acesso, comentou, também, que é um dos pontos de maior congestionamento nos horários de pico, sendo alvo constante de assaltantes que aproveitam da lentidão para cometer atos ilícitos.



Imagem 4: viaduto da Gerônimo de Albuquerque – Cohab – 2017.
-

A terceira equipe apresentou um mapa sobre o “passo a passo” da estrutura física da Escola Barjonas Lobão, falando da localização dos prédios, comentando também sobre os problemas existentes na mesma, como banheiros em péssimas condições e a falta de acessibilidade, principalmente na entrada da mesma, onde o calçamento é feito por blocos de concreto, o que resulta em pequenas fendas entre os mesmos, que dificulta o trajeto de alunos com deficiência física.



Imagem 05: alunos apresentando o Passo a Passo da Escola Barjonas Lobão – 2017.
-

Após a apresentação da última equipe, foi solicitado para que os alunos que fizessem uma avaliação sobre a experimentação pedagógica, bem como o que havia mudado em relação a disciplina de Geografia.

Os alunos parabenizaram os graduandos pelo modo que foi trabalhado o conteúdo, e agradeceram por terem mostrado a eles novas possibilidades de se trabalhar a disciplina, trazendo para a realidade vivida. Os alunos afirmaram estar cansados de aulas que são dadas apenas no quadro sem diálogo, comentaram que a utilização de recursos como o projetor de mídia contribui para que saia da “mesmice”, assim como acharam interessante deixar de dar apenas os exemplos do livro didático e trabalhar com a realidade comum do cotidiano.

Alguns afirmaram já terem assistido, anteriormente os vídeos utilizados durante a experimentação, porem através das práxis utilizadas puderam ter outras visões destes. Assim, fizeram um pedido aos futuros professores de Geografia, que quando tornassem professores e estiverem trabalhando com alunos da escola básica de que sempre pensem em inovar a maneira de como ministrar as aulas, que os tempos são outros, os alunos sempre serão outros e que um método utilizado há 20 anos necessita ser atualizado para poder fazer com que os alunos tenham maior interesse pela Geografia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da experimentação em sala de aula, pode-se perceber que os alunos não deixaram de querer aprender conteúdos voltados à disciplina Geografia, porem eles estão cansados de métodos tradicionais pautados apenas na leitura do livro didático e na utilização do quadro. Os alunos se mostram mais interessados quando são utilizados recursos didáticos diversificados, como o projetor de mídia, bem como preferem exemplos que se aproximem de suas realidades, complementando os exemplos dado pelos livros didáticos, para que os mesmos se assemelhem a realidade vivenciada pelos mesmos.

Para os graduandos, a experimentação serviu para aproximar da realidade da escola pública, assim como puderam observar as dificuldades vividas tanto pelos professores, quanto pelos alunos em um bairro periférico na cidade de São Luís. Esse tipo de atividade torna os futuros professores mais seguros para exercerem suas atividades profissionais quando formados.

Material suplementar
REFERÊNCIAS
PINHEIRO, Antônio Carlos. A Tribuna do Gueto. Doctv, 2010. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ybmvHwFmU44. Acesso em 15 mar 2017.
CALLAI, Helena Copetti. A Formação do Profissional da Geografia: O Professor. Ijuí: Ed. Unijuí, 2013.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e Práticas de Ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
CAVALCANTI, Lana de Souza. O Ensino de Geografia na escola. Campinas, SP: Papirus, 2012.
Rede Globo de Televisão. Cidade dos Homens: A Coroa do Imperador. Vídeo web, Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lJalr9owCwo. Acesso em 15 mar 2017.
Rede Globo de Televisão. Cidade dos Homens: Correio. Vídeo web, Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NPuL51MSdgU. Acesso em 02 jun 2017.
SANTOS, Milton. O Espaço do Cidadão. 2. Ed. São Paulo: Edusp, 2007.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Fobópole: o medo generalizado e a militarização da questão urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.
Notas


Figura 1: Localização da Escola Barjonas Lobão (São Luís, Maranhão)
Fonte: Rodrigues (2017).


Imagem 1: Alunos trabalhando com o mapa no Centro de Ensino Barjonas Lobão – 2017
-


Imagem 2: Alunos produzindo os mapas no Centro de Ensino Professor Barjonas Lobão – 2017
-


Imagem 3: terminal de Integração Cohab/Cohatrac – 2017.
-


Imagem 4: viaduto da Gerônimo de Albuquerque – Cohab – 2017.
-


Imagem 05: alunos apresentando o Passo a Passo da Escola Barjonas Lobão – 2017.
-
Buscar:
Contexto
Descargar
Todas
Imágenes
Visualizador XML-JATS4R. Desarrollado por Redalyc