Recepção: 01 Dezembro 2016
Aprovação: 01 Novembro 2017
DOI: https://doi.org/10.26895/geosaberes.v8i14.560
Resumo: O artigo apresenta propostas metodológicas para trabalhar os assuntos relacionados à Geografia Física em sala de aula, visando que esta área da ciência geográfica seja vista de forma mais acessível e relacionada com o cotidiano dos alunos. O trabalho é resultado de atividades desenvolvidas no Programa Institucional de Bolsa à Iniciação Científica (PIBIC). Os procedimentos metodológicos iniciaram-se com o levantamento bibliográfico, seguido de análise de dois livros didáticos e posteriormente a execução dos experimentos e equipamentos sobre os assuntos trabalhados. Pensou-se em uma abordagem tanto didática quanto sustentável, pois os instrumentos artesanais foram construídos com materiais reciclados e/ou de fácil acesso, como materiais que o aluno possui em seu ambiente doméstico. A pesquisa comprovou que é possível trabalhar a Geografia Física de forma interessante e prazerosa, trazendo o conteúdo do livro didático para a realidade dos estudantes, fazendo com isso, que eles possam compreender de forma mais clara a dinâmica natural do espaço geográfico.
Palavras-chave: Geografia, Geografia Física, Instrumentos artesanais, Sustentabilidade.
Abstract: The article presents methodological proposals to work on subjects related to Physical Geography in the classroom, aiming that this area of geographic science be seen in a more accessible and related to the daily life of students. The work is the result of activities developed in the Institutional Scholarship Program for Scientific Initiation (PIBIC). The methodological procedures began with the bibliographical survey, followed by analysis of two didactic books and later the execution of the experiments and equipment on the subjects worked. It was thought of a didactic as well as a sustainable approach, since the handmade instruments were constructed with materials recycled and / or of easy access, like materials that the student owns in his domestic environment. The research proved that it is possible to work Physical Geography in an interesting and enjoyable way, bringing the content of the textbook to the reality of the students, making it possible for them to understand more clearly the natural dynamics of the geographic space.
Keywords: Geography, Physical geography, Handmade instruments, Sustainable development.
Resumen: El artículo presenta propuestas metodológicas para trabajar temas relacionados con la Geografía física en el aula, con el objetivo de que esta área de la ciencia geográfica se ve más asequible y se relaciona con la vida cotidiana de los estudiantes. El trabajo es el resultado de las actividades realizadas en el Programa Institucional de Iniciación Científica de Cambio (PIBIC). Los procedimientos metodológicos comenzaron con la literatura, seguido de análisis de dos libros de texto y luego la ejecución de los experimentos y equipos trabajaron en las cuestiones. Se pensaba tanto en un enfoque didáctico tan sostenible como los instrumentos hechos a mano fueron construidos con materiales reciclados y / o fácilmente accesibles, tales como materiales que el estudiante tiene en su entorno familiar. La investigación mostró que es posible trabajar Geografía física interesante y agradable, con lo que el contenido del libro de texto a la realidad de los estudiantes, por lo que para que puedan entender más claramente la dinámica natural del espacio geográfico.
Palabras clave: Geografía, Geografía física, Instrumentos hechos a mano, Sustentabilidad.
INTRODUÇÃO
O ensino de Geografia encontrado nas escolas de nível fundamental e médio do país, não atende as necessidades dos alunos e nem tão pouco a dos professores. Existem muitos fatores que contribuem para essa falta de qualidade e eficácia na educação, dentre eles, o processo histórico no qual o sistema educacional brasileiro está inserido, que reflete na formação dos docentes, além das instituições não oferecerem estrutura física-operacional adequada.
A Geografia presente nas salas de aulas é trabalhada de forma mecânica, por isso é vista como uma disciplina decorativa. Na compreensão de Kaercher (2004, p.41), há ainda um predomínio da Geografia mnemônica, meramente informativa na sua versão empobrecida. Um somatório de informações, sem uma teoria geral que ligue os fatos discutidos entre si e, salvo exceções, sem ligação dos assuntos vistos com a vida dos alunos.
Ademais, outro elemento importante na análise do ensino de Geografia são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que ao esclarecer que a interdisciplinaridade refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos do conhecimento, questiona a visão compartimentada disciplinar da realidade sobre a qual a escola/ensino é conhecida, e historicamente se constituiu. Define-se, portanto, uma necessidade de relação entre disciplinas, entretanto a interdisciplinaridade deveria ser uma proposta curricular elaborada em conjunto com todo o corpo escolar objetivando algo único que venha a oferecer perspectivas positivas na vida do aluno e melhorias no ensino e em sua qualidade de vida refletindo-se na comunidade em que este está inserido, sendo uma constante no cotidiano educacional.
O ENSINO DA GEOGRAFIA FÍSICA EM SALA DE AULA
A maioria dos professores das escolas de Educação Básica encontra dificuldade em trabalhar os assuntos da Geografia Física na sala de aula, sobretudo quando se solicita abordá-los numa perspectiva interdisciplinar. Este fato está relacionado, principalmente, à falta de instrumentos para o contato empírico dos alunos com o objeto de estudo e a dificuldade em se ensinar e aprender esses conteúdos utilizando somente o livro didático e com aulas teóricas, o que acontece na maioria das vezes.
Assim, o educador tem um papel importante, sendo o mediador entre o aluno e a informação recebida, desenvolvendo a capacidade do aluno de contextualizar e conferir significados às informações (PONTUSCHKA, 2007). E além de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, este também auxilia o indivíduo na construção de uma consciência crítica, necessária para a compreensão das informações.
É evidente a necessidade de estimular a capacidade cognitiva dos alunos, é imprescindível que eles desenvolvam os atos de: perceber, julgar, raciocinar, refletir, inferir e questionar sobre o meio em que ele vive. E mais do que tudo, é imprescindível um ensino dinâmico, atual, criativo e instigante para que nossos alunos percebam a Geografia como um conhecimento útil e presente na vida de todos (KAERCHER, 2002)
Mas como fazer isso sem que o aluno compreenda o conteúdo que está sendo trabalhado pelo professor? Como ele desenvolverá tais atos, se o que ele aprende em sala de aula não está relacionado com a sua realidade, com o seu espaço vivido? Por esse motivo, é de suma importância a utilização de recursos didáticos, seja, experiências ou equipamentos práticos que facilitem a compreensão dos alunos.
Diante disso, este artigo tem como objetivo a construção de equipamentos e elaboração de experiências relacionadas ao ensino da Geografia Física e a análise dos conteúdos dos livros didáticos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização do primeiro objetivo proposto, que seria a construção de equipamentos associados ao ensino da Geografia Física, pensou-se primeiramente em quais assuntos necessitavam de recursos metodológicos para facilitar sua compreensão, quais equipamentos já existiam em outros trabalhos científicos e em seguida, como elaborar equipamentos com materiais de baixo ou nenhum custo, ou substituir os materiais de alguns equipamentos que já eram utilizados por materiais reciclados ou de fácil acesso, tendo em vista que o público alvo são alunos de escolas públicas.
Em relação ao segundo objetivo, que trata da elaboração de experiências relacionadas ao ensino da Geografia Física, além das preocupações citadas no objetivo anterior, exigiu uma maior atenção, por se tratar de experiências que devem ser realizadas em sala de aula, na presença dos alunos. Desse modo, foi necessário pensar nos materiais utilizados, pois sexto ano do ensino fundamental é composto por crianças, e no tempo de execução da atividade, uma vez que em média, o professor tem pouco tempo de aula e para o sucesso do uso de atividades práticas durante as aulas, faz-se necessário que estas estejam associadas a boas explicações tanto quanto a sua execução, quanto ao assunto que está relacionado.
No que diz respeito ao terceiro objetivo, a análise dos conteúdos de Geografia Física nos livros didáticos, primeiramente buscou-se referencial teórico sobre o tema e em seguida foram escolhidos dois livros para análise, o primeiro da coleção Jornadas.com, por se tratar de um livro que oferece em seu conteúdo algumas sugestões de atividades práticas e ter uma linguagem que facilita a compreensão dos alunos. O segundo livro foi o Geografia: Homem e Espaço, que diferentemente do primeiro, é um livro que não apresenta sugestões de experiências ou equipamentos, e exatamente por esse contraste foi considerado útil para a análise proposta.
RESULTADOS E DISCUSSAO Análise dos livros didáticos
Na pesquisa, foram analisados dois livros didáticos do sexto ano do ensino fundamental II. O primeiro foi o livro “Geografia: Homem e espaço”, de Elian Alabi Lucci e Anselmo Lazaro Brando, publicado em 2010 pela editora Saraiva. O segundo foi o livro “Jornadas.Geo”, de Marcelo Moraes de Paula e Angela Rama, publicado em 2012, também pela editora Saraiva. Para a análise foram levados em consideração os seguintes critérios: ilustrações, experiências, equipamentos, estágio cognitivo e interdisciplinaridade.
O primeiro livro, não teve atenção dos autores quanto à questão de experiências ou equipamentos para auxiliar nas aulas, e nem tanto trabalharam a questão da interdisciplinaridade. Verificou-se que, a maioria dos capítulos do livro são destinados a assuntos considerados de estudo da geografia humana. Das 216 páginas, apenas 57 são de assuntos da natureza, ou seja, 23,4% das páginas do livro.
Em relação ao segundo livro, percebe-se que os autores tiveram uma preocupação maior com a questão de execução de experiências e equipamentos, por exemplo, no capítulo sobre relevo sugere que os alunos executem uma experiência, como por exemplo, a ação dos movimentos de massa e o risco das encostas, além da importância da vegetação nesses locais. No que diz respeito à interdisciplinaridade, o livro possui um espaço em quase todos os capítulos, denominado “Conhecimento Interligado”, e nessa parte, os autores relacionam o conteúdo com alguma disciplina, a mais citada é a história. E de acordo com a divisão dos conteúdos entre geografia física e humana, o livro apresenta 39,5% de suas páginas destinadas a conteúdos relacionados a natureza, ou seja, das 223 páginas da obra citada, 88 foram direcionadas a trabalhar a geografia física.
Ao realizar a análise comparativa entre os dois livros, é notável, que o segundo, o da coleção Jornadas.geo é mais didático e aconselhável para ser utilizado no sexto ano do ensino fundamental. Tendo em vista, que este, em relação ao primeiro, apresenta o conteúdo de forma mais objetiva, além de conter experiências e equipamentos que facilitam a compreensão do aluno e atraem sua atenção.
Propostas Metodológicas para o Ensino de Geografia Física
As atividades práticas foram pensadas com o intuito de auxiliar as aulas que envolvam conteúdos físicos da Geografia, por esse motivo, estas se dividem em ramos da ciência geográfica, conforme Quadro 1:
Abaixo (Quadros 2, 3, 4, 5 e 6) seguem os quadros contendo as atividades realizadas, quais materiais foram utilizados, os procedimentos para a execução e as figuras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É sabido, o estado no qual encontra-se a educação em nosso país, o quanto a maioria das aulas seguem um padrão tradicional, carentes de dinâmicas e métodos que facilitem a compreensão e construção do conhecimento.
Nesta pesquisa, objetivou-se, oferecer ferramentas para enriquecimentos das aulas de Geografia na Educação básica e consequentemente melhorar o ensino da ciência geográfica no país.
Foi escolhido o sexto ano do ensino fundamental, pelo fato de que nesta série, os alunos são apresentados aos conceitos base da Geografia, e o livro didático apresentar mais conteúdos físicos do que os das outras séries do ensino fundamental. No entanto, nada impede que as atividades aqui contidas sejam utilizadas com alunos de ensino médio ou de outras séries do ensino fundamental.
As atividades foram pensadas com a preocupação nas questões ambientais, por isso, a maioria delas foi construída com materiais reciclados ou de fácil acesso.
Por fim, sabe-se da falta de dinamismo nas aulas das escolas básicas e mais ainda, da falta de dinamismo nas aulas de Geografia física, ou melhor, alguns professores nem trabalham esses conteúdos pelo fato de considerarem complexos.
Por esse motivo, essa pesquisa, buscou fornecer subsídios que enriqueçam as aulas, porém que não tomem muito tempo do professor em sua elaboração, e que não tenha um custo alto para não inviabilizar sua aplicabilidade e utilização.
REFERÊNCIAS
KAERCHER, Nestor André. Desafios e utopias no ensino de geografia. Santa Cruz do Sul. Edunisc. 2003. 150p.
PONTUSCHKA, Nídia Nacibi. Para Ensinar e Aprender Geografia. São Paulo: Ed Cortez, 2007.