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Acidentes ocupacionais com perfurocortantes em profissionais do setor de urgência e emergência em um hospital de referência de Pernambuco, Brasil
Occupational accidents with sharps on emergency room professionals in a referral hospital in Pernambuco, Brazil
Accidentes laborales con objetos punzantes en profesionales de la sala de emergencias en un hospital de referencia en Pernambuco, Brasil
Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, vol. 9, núm. 4, pp. 299-305, 2019
Universidade de Santa Cruz do Sul


Recepção: 14 Novembro 2018

Aprovação: 26 Setembro 2019

DOI: https://doi.org/10.17058/.v9i4.12826

Resumo: Justificativa e Objetivos: Este estudo incorpora o campo da saúde pública brasileira, Universidade Federal de Pernambuco em específico da saúde do trabalhador, pelos acidentes ocupacionais com perfurocortantes consistir num agravo evitável. O objetivo foi descrever o perfil sócio epidemiológico/econômico dos profissionais de saúde envolvidos em atividades de contato direto ou indireto com materiais perfurocortantes. Métodos:Trata-se de um estudo epidemiológico de natureza descritiva e com abordagem quantitativa, realizado com 133 profissionais que compõem a equipe de enfermagem do setor de urgência e emergência de um hospital de referência de Pernambuco, Brasil, no período de março a maio de 2017. CAAE: N° 63862616.6.0000.5200. Os dados foram analisados utilizando o Software Epi Info, versão 3.2.2. Resultados: Os resultados indicam que 32,37% dos profissionais entrevistados sofreram acidentes com perfurocortantes; 88,89% dos acidentados foram os técnicos de enfermagem; 33,33% se feriram com agulha de punção venosa; 20% com agulha de medicação subcutânea e 20% com agulha de soroterapia; 42,22% realizaram exames laboratoriais tanto nos profissionais como nos pacientes; 27% dos trabalhadores apontam a má iluminação do setor como uma característica do ambiente de trabalho; 24% relatam a falta de treinamento e capacitação frequente da equipe sobre a manipulação de perfurocortantes. Conclusão: Segundo os profissionais entrevistados, a maioria dos acidentes com perfurocortantes ocorreu no momento da punção venosa. A maioria dos profissionais acidentados correspondeu à categoria de técnicos de enfermagem. As condições ruins no ambiente de trabalho e a deficiência de educação permanente foram citadas como as causas de acidentes com perfurocortantes no serviço.

Palavras-chave: Risco Ocupacional, Exposição Ambiental, Saúde do Trabalhador, Pessoal de Saúde.

Abstract: Background and Objectives: This study incorporates the field of Brazilian public health, in particular the health of the worker, by occupational accidents with a sharps injury avoidable. The objective was to describe the socio-epidemiological / economic profile of health professionals involved in activities of direct or indirect contact with sharps. Methods: An epidemiological study of descriptive nature and quantitative approach, carried out with professional 133 which make up the nursing staff of emergency and emergence of a reference hospital of Pernambuco, Brazil, in the period from march to May 2017. CAAE: N° 63862616.6.0000.5200 The data were analyzed using Epi Info Software 3.2.2. Results: The results indicate that 32.37% of the professionals interviewed, accidents with needlestick; 88.89% of casualties were nursing technicians; 33.33% were injured with needle for venipuncture; 20% with medication and subcutaneous needle 20% with individual needle; 42.22% performed laboratory tests both in professional and in patients; 27% of workers indicate the bad lighting of the sector as a feature of the workplace; 24% reported a lack of training on the team's frequent manipulation of sharps. Conclusion: According to the professionals interviewed, most accidents involving sharps occurred at the time of venipuncture. Most professional’s terrain corresponded to the category of nursing technicians. The bad conditions in the workplace and continuing education deficiency were cited as the causes of accidents with sharp objects in the service.

Keywords: Occupational Risks, Environmental Exposure, Occupational Health, Health Personnel.

Resumen: Justificación y Objetivos: Este estudio incorpora el campo de la salud brasileño, en particular la salud del trabajador, por accidentes con lesión sostenidos y evitable. El objetivo fue describir el perfil socioepidemiológico / económico de los profesionales de la salud involucrados en actividades de contacto directo o indirecto con objetos punzantes. Metodos: Un estudio epidemiológico de carácter descriptivo y de enfoque cuantitativo, realizado con 133 profesionales que conforman el personal de enfermería de urgencias y emergencia de un hospital de referencia de Pernambuco, Brasil, en el período de marzo a mayo de 2017. CAAE: N ° 63862616.6.0000.5200 Los datos fueron analizados utilizando el software Epi Info 3.2.2. Resultados:Los resultados indican que 32.37% de los profesionales entrevistados, accidentes con prefurocortantes; 88.89% de las víctimas eran técnicos de enfermería; 33.33% resultaron heridos con la aguja de venopunción; 20% con la medicación y aguja subcutánea 20% con aguja individual; 42.22% realiza pruebas de laboratorio tanto en profesionales como en pacientes; 27% de los trabajadores indican la mala iluminación del sector como una característica del lugar de trabajo; 24% reportó una falta de formación sobre manipulación frecuente del equipo de objetos punzantes. Conclusiones: Según los profesionales entrevistados, la mayoría accidentes con objetos punzantes se produjeron en el momento de la venopunción. Terreno de profesionales la mayoría correspondió a la categoría de técnicos de enfermería. Las malas condiciones en el lugar de trabajo y la educación permanente deficiencia fueron citadas como las causas de los accidentes con objetos punzantes en el servicio.

Palabras clave: Riesgos Laborales, Exposición Ambiental, Salud Laboral, Personal de Salud.

INTRODUÇÃO

Agravos à saúde do trabalhador são considerados importantes problemas de saúde pública e representam um desafio para as políticas públicas no Brasil. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, houve um crescimento significativo da população assegurada pelo Seguro de Acidente de Trabalho – SAT no ano de 2011, sendo registrados aproximadamente 38.472.287 eventos, excluindo ainda os trabalhadores não registrados pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Mesmo com as subnotificações dos acidentes e doenças do trabalho, no período de 1988 a 2013, ocorreram 14.566.870 casos, o que evidencia a insuficiência da prevenção de tais acidentes.1 Estes acidentes têm sido relacionados aos riscos provenientes da organização social dos trabalhadores, o que desperta o interesse, bem como a participação dos trabalhadores de saúde e da segurança no trabalho. 2

Os riscos ocupacionais são as situações que oferecem risco ao trabalhador em seu local de trabalho, comprometendo a saúde física, social ou mental. Por sua vez, os acidentes ocupacionais são os danos que ocorrem durante as atividades no ambiente de trabalho, podendo resultar em lesão corporal, perturbação funcional, e a perda ou redução da capacidade de trabalho.3

Os acidentes ocupacionais que mais ocorrem com os profissionais de saúde são os acidentes causados por perfurocortantes, aqueles utilizados na assistência direta à saúde que possuem ponta ou gume com capacidade de perfurar ou cortar.4 Tais materiais devem ser descartados no local de sua geração, imediatamente após o uso, em recipientes de paredes rígidas, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados com o símbolo internacional de risco biológico, acrescido da inscrição que o identifique como perfurocortante e os riscos adicionais. É importante salientar que os profissionais da equipe de enfermagem são os que estão mais expostos a esses acidentes, por oferecer atendimento direto e estar em constante contato com os pacientes.5,6 E os profissionais dos serviços de emergência apresentam dois fatores de risco adicionais, como, o grande volume de atendimentos e o curto intervalo de tempo, que implicam em falta de atenção e maior risco de exposição aos materiais perfurocortantes.1,7

Estudos como o de Oliveira Moraes et al., (2016) sugere que os acidentes com perfurocortantes ocorrem devido as más condições de trabalho, tempo inadequado para fazer os atendimentos e pela deficiência de treinamento e capacitação da equipe para a prevenção dos acidentes ocupacionais.8 Nesta perspectiva, questionamos, qual o perfil epidemiológico das ocorrências dos acidentes com perfurocortantes em profissionais que trabalham no setor de urgência e emergência para adultos de um hospital de referência de Pernambuco?

O presente artigo tem como objetivo descrever o perfil sócio epidemiológico/econômico dos profissionais de saúde envolvidos em atividades de contato direto ou indireto com materiais perfurocortantes, levando em consideração algumas características da população a ser pesquisada como: dados sociais e econômicos; informações sobre o conhecimento e caráter do acidente de trabalho; condutas realizadas após acidente e questionamentos sobre seu ambiente de trabalho.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado com 139 profissionais da equipe de enfermagem, que trabalham no setor de urgência e emergência de um hospital de referência para o tratamento de doenças respiratórias, em especial a tuberculose, traumato-ortopedia, clínica médica, urologia, cirurgia geral e pediatria de Pernambuco, Brasil, no período de março a maio de 2017.

Foram incluídos na pesquisa os profissionais que desenvolviam atividades de contato direto ou indireto com materiais perfurocortantes, ou seja, enfermeiros e técnicos em enfermagem durante o período da coleta de dados nos turnos diurno e noturno. Foram excluídos desta pesquisa os profissionais que estavam em licença ou afastamento durante o período do estudo. Os dados foram categorizados como características sociais, contendo informações como: idade, sexo, estado civil, escolaridade, profissão, tempo de atuação na urgência e emergência, tempo de formação, turno de trabalho, região em que reside e renda familiar.

O banco de dados inicial foi construído com o programa Microsoft Excel 2010®. Foi realizada dupla extração dos dados, por pessoas e em momentos diferentes. Em seguida, os bancos de dados foram comparados, corrigindo-se eventuais erros. O banco de dados definitivo foi então utilizado para análise estatística. Os dados foram analisados por meio do programa Microsoft Excel® 2010, sendo realizada a descrição das variáveis por meio de estatísticas descritivas (frequência e percentual).

Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos sob o Nº de CAEE: 63862616.6.0000.5200, os dados foram coletados no período de março a maio de 2017. Através de um formulário previamente elaborado, com 23 questões abertas e fechadas, dividido em quatro partes, correspondentes a: dados sociais e econômicos; informações sobre o conhecimento e caráter do acidente de trabalho; condutas realizadas após acidente e questionamentos sobre o ambiente de trabalho. Todos os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimentos Livre e Esclarecido antes do início da entrevista, conforme a resolução 466/12, que norteia a pesquisa com seres humanos no Brasil.

RESULTADOS

No presente estudo, foram entrevistados 133 profissionais de enfermagem, sendo 35 enfermeiros e 98 técnicos de enfermagem, que trabalham no setor de urgência e emergência setor de urgência e emergência de um Hospital de referência de Pernambuco, Brasil, a fim de caracterizar o perfil sócio epidemiológico econômico das ocorrências com perfurocortantes.

Em relação ao perfil social dos profissionais entrevistados, a maioria 51,88% (n=69) tem entre 20 a 35 anos; dos 133 profissionais entrevistados, 90,98% (n=121) são do sexo feminino, 49,62% (n=66) são solteiros; 66,92% (n=89) estudaram até o ensino médio; 32,08% (n=44) cursaram o ensino superior; 26,31% (n=35) são enfermeiros e 73,68% (n=98) são técnicos de enfermagem; 60,15% (n=80) trabalham no setor de urgência e emergência a menos de cinco anos; 62,04% (n=83) estão formados a menos de dez anos; já em relação ao turno de trabalho, 39,85% (n=53) trabalham no plantão diurno; 24,06% (n=32) no plantão noturno e 36,09% (n=48) trabalham nos dois plantões; 60,90% (n=81) destes profissionais tem a renda familiar de um até três salários mínimos. (Tabela 1)

Tabela 1
Caracterização sócio epidemiológica e econômica dos profissionais do setor de urgência e emergência de um Hospital de referência de Pernambuco, Brasil– Recife, 2017

continua

Tabela 1
Caracterização sócio epidemiológica e econômica dos profissionais do setor de urgência e emergência de um Hospital de referência de Pernambuco, Brasil– Recife, 2017

continuação

Dos profissionais entrevistados 72,18% (n=86) referem ter o conhecimento do protocolo da instituição de encaminhamento do profissional acidentado por perfurocortante, porém 60,15% (n=80) informam que o protocolo após acidentes com perfurocortantes não está disposto para a visualização da equipe. Destes profissionais, 51,13% (n=68) relatam que às vezes reencapam agulha, 42,15% (n=56) que nunca as reencapam e 06,77% (n=09) sempre reencapam. Já em relação a capacitação sobre o descarte de perfurocortantes 66,16% (n=88) dos participantes retratam que faz mais de um ano da última capacitação sobre tal assunto e 04,51% (n=06) dizem nunca participaram de tal (Tabela 2).

Tabela 2
Características relacionadas ao conhecimento, manuseio e capacitação com perfurocortantes – Recife, 2017

Identificou-se que dos 133 profissionais entrevistados 32,37% (n=45) relatam ter sofrido acidentes com perfurocortantes, destes, 88,89% (n=40) são técnicos de enfermagem. Os acidentes com agulha de punção venosa ocorreram com 33,33% (n=15) dos profissionais. 42,22% (n=19) informam que os testes laboratoriais após o acidente foram realizados tanto no trabalhador como no paciente. Em relação aos exames feitos nos profissionais acidentados 57,78% (n=26) só realizaram o exame de sorologia anti-HIV e 24,44% (n=11) não souberam responder. Quanto à quimioprofilaxia, 68,89% (n=31) referem não ter utilizado, 53,33% (n=24) relataram não ter esquema vacinal. (Tabela 3)

Tabela 3
Características do acidente de trabalho em relação aos tipos de profissional, perfurocortante, testes laboratoriais, exames realizados e a quimioprofilaxia realizada – Recife, 2017

Legenda: anti-HIV: Pesquisa de Anticorpos para o Vírus da Imunodeficiência Humana; anti-HCV: Pesquisa de Anticorpos para o Vírus DA Hhepatite C; HBsAg: Antígeno de Superfície do Vírus da Hepatite B; ELISA: Ensaio de Imunoabsorção Enzimática; IM (intramuscular).

Ao analisar os riscos que proporcionam acidentes com perfurocortantes no ambiente de trabalho, 27% (n=48) chamam a atenção para a má iluminação dos leitos; 24% (n=43) relatam a falta de treinamento e capacitação da equipe referente à manipulação de materiais perfurocortantes. (ver Gráfico 1)


Gráfico 1.
Características que o ambiente de trabalho proporcionam acidentes de trabalho com perfurocortante em um Hospital de referência de Pernambuco, Brasil - Recife, 2017

DISCUSSÃO

Dados do Ministério da Saúde (MS), indicam que os ferimentos com materiais perfurocortantes no âmbito hospitalar, são considerados imensamente perigosos devido ao alto potencial de transmitir uma grande variedade de patógenos.9 Neste estudo, dentre os profissionais entrevistados, a maioria dos acidentes com perfurocortantes ocorreu no momento da punção venosa, sendo a categoria de técnicos de enfermagem a mais acometida. Dentre os principais fatores que contribuem para a ocorrência destes agravos, destacam-se as condições ruins no ambiente de trabalho, como escassez de equipamentos de proteção individual, infraestrutura física, iluminação e superlotação do ambiente e a deficiência de educação permanente.

Os acidentes ocupacionais que ocorrem com os profissionais de saúde derivam de fatores complexos e têm sido objeto de muitos estudos na área da Enfermagem, sendo tanto de forma isolada, casual, quanto como um evento particular, mas sempre através da análise do contexto do trabalho em que esses trabalhadores estão inseridos, das condições de vida e da estreita relação profissional-paciente-equipe.10É importante destacar que a prevalência de acidentes com perfurocortantes no ambiente hospitalar é maior nos profissionais de enfermagem, quando comparada aos demais profissionais de saúde.11,12

No presente estudo, a maioria dos dados indicam que 100% parte dos acidentes ocupacionais com perfurocortantes correspondeu a membros da equipe de enfermagem com predominância do sexo feminino, idade inferior aos 35 anos, corroborando com os achados de outros estudos.12,13

Em relação ao tempo de experiência profissional de formação e atuação no setor de urgência e emergência, a maioria dos entrevistados referiu tempo de trabalho menor que cinco anos, corroborando com um estudo transversal, que avaliou a prevalência e os determinantes de exposição aos riscos ocupacionais, realizado em quatro hospitais da Palestina, onde foram entrevistados 332 enfermeiros.13

Observou-se que o predomínio de acidentes de trabalho com exposição a material biológico ocorreu com profissionais de nível médio, os técnicos de enfermagem, sendo semelhantes ao encontrado em outro estudo.14 Isto se justifica possivelmente por esta ser uma equipe que atua diretamente na assistência ao paciente, realizando atividades invasivas e estar constantemente expostos a agentes infecciosos em todo período de trabalho.15

Os acidentes ocorreram em diversos momentos durante a assistência de enfermagem, como descarte do perfurocortante e administração de medicamentos. Contudo, o maior número de ocorrência foi relacionado a técnica de punção venosa conforme mencionado pelos entrevistados. Estudos como o de Yilmaz et al., (2016) demonstram que dentre os acidentes de trabalho mais comum em profissionais da área de saúde, 16% estão associados a perfurocortantes.16

De maneira similar, um estudo com abordagem quantitativa realizado em um hospital do interior de São Paulo, tendo como objetivo analisar a ocorrência, as características e consequências do acidente ocupacional com exposição a material biológico para trabalhadores e instituição, apresentou resultados semelhantes, onde 29,1% das exposições ocorreram durante a prática da punção venosa.17

Em relação aos serviços de urgência e emergência, os trabalhadores de enfermagem que atuam diariamente nesses setores se deparam com circunstâncias que requer condutas rápidas, o que pode colaborar para a ocorrência de acidentes ocupacionais.6 Segundo Araújo et al., (2014), os setores com maior taxa de acidentes ocupacionais com material biológico, principalmente objetos perfurocortantes, são os setores de urgência e emergência, com 28,4%; seguidas do centro cirúrgico e da central de material esterilizado, com 25,5%.18

O Ministério da Saúde preconiza que após as ocorrências com de acidentes ocupacionais e com exposição a materiais perfurocortantes devem ser aplicadas condutas para prevenção como a profilaxia e segurança da saúde do profissional, essas condutas são avaliadas de acordo com o tipo de acidente, o material orgânico, mas independente das circunstâncias devem ser verificados o status sorológico da fonte e do acidentado e a situação vacinal.19

Neste estudo, foi constatado que grande parte dos trabalhadores que sofreram os acidentes não eram vacinados, além de serem indicados a quimioprofilaxia e menos da metade relatou ter realizado. Ademais, é necessário testar o paciente-fonte e também realizar imunização prévia dos trabalhadores para uma maior segurança laboral.20

Material perfurocortante foi o maior responsável por acidentes ocupacionais, fato condizente com a literatura nacional como apontado por Araújo e Costa e Silva (2014). Os autores enfatizam que a taxa de ocorrência pode servir como parâmetro para avaliar a organização das unidades hospitalares. Alguns aspectos merecem reflexão, como o tipo e a disponibilidade de material e de profissionais, a estrutura do setor, de modo a melhorar os padrões de segurança dessas instituições.19

Dentre os motivos para a ocorrência dos acidentes com perfurocortantes, destacam-se o uso inadequado ou a falta de uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), descarte inadequado do perfurocortante, movimento inesperado do paciente, falta da caixa coletora de perfurocortante, sobrecarga de trabalho, inexperiência, quantidade de profissionais insuficiente, condições precárias de trabalho, inexistência de materiais perfurocortantes com dispositivos de segurança, reencape de agulhas, dentre outros.20-22

Diante dos resultados, à maior ocorrência entre os acidentes de trabalho com material perfurocortante no hospital de referência em Pernambuco, Brasil, Hospital Otávio de Freitas em 2017, foram ser do sexo feminino, jovem, sendo causado pela falta iluminação do setor, falta de capacitação e treinamento para os profissionais e pelo não uso dos EPI’s básicos. O perfurocortante que mais causou acidentes foi agulha de punção venosa; um número considerável não concluiu o acompanhamento pós-acidente. As atitudes pós-acidentes registradas estão de acordo com as condutas preconizadas pelo Ministério da Saúde (2017).

Este estudo tem como limitações a falta de tempo de alguns profissionais do setor para realização da entrevista, causada pela grande demanda de pacientes para atendimento e ainda o fato dos dados se referirem a um hospital específico, não podendo ser generalizados.

CONCLUSÃO

Segundo os profissionais entrevistados, a maioria dos acidentes com perfurocortantes ocorreu no momento da punção venosa. A maioria dos profissionais acidentados correspondeu à categoria de técnicos de enfermagem. As condições ruins no ambiente de trabalho e a deficiência de educação permanente foram citadas como as causas de acidentes com perfurocortantes no serviço.

Dessa forma, se faz necessário a concepção de estratégias acerca da saúde e segurança ocupacional, sensibilização dos trabalhadores sobre o risco que estão expostos no ambiente de trabalho, a relevância das condutas adotadas após os acidentes ocupacionais com material perfurocortante e a atualização do cartão de vacina, pois, estas ações contribuirão tanto para a saúde do profissional quanto para a sociedade. Além disso, as condições de trabalho merecem ser revistas a fim de proporcionar espaço adequado e com iluminação suficiente para o desempenho de tarefas, o que contribuirá para a redução dos riscos no local de trabalho.

Agradecimentos

Os autores agradecem a todos que colaboraram com dedicação e empenho na elaboração e revisão deste manuscrito.

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