Ensayos fotográficos

Resumo: Este ensaio fotográfico regista as alternativas socioassistenciais adotadas em um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, com foco no direito à alimentação, como tentativa de minimização dos efeitos adversos do isolamento social a pessoa com deficiência e sua família, como estratégia de manutenção das ações de proteção social durante o período da pandemia da COVID-19. A pesquisa com inspiração etnográfica buscou captar vários aspectos cotidianos da prática, durante os atendimentos desenvolvidos neste período, além de analisar e compreender através das imagens, os contextos, os sentidos e às barreiras e facilitadores da oferta e prestação do serviço.
Palavras-chave: assistência social, direito a alimentação, pessoa com deficiência, família, COVID-19.
Resumen: Este fotoensayo recoge las alternativas socio-asistenciales adoptadas en un servicio de convivencia y fortalecimiento de vínculos enfocado en el derecho a la alimentación, en un intento por minimizar los efectos adversos del aislamiento social sobre las personas con discapacitad y su familia, como estrategia para mantener las acciones de protección social durante el período de la pandemia del COVID-19. La investigación con inspiración etnográfica buscó captar diversos aspectos de la práctica cotidiana, durante los servicios desarrollados en este período, además de analizar y comprender a través de imágenes, los contextos, los significados y las barreras y facilitadores de la oferta y prestación del servicio.
Palabras clave: asistencia social, derecho a la alimentación, persona con discapacitad, familia, COVID-19.
Abstract: This Photo Essay registers the socio-assistance alternatives adopted in a Service of Coexistence and Strengthening of Links, focusing on the right to food, in an attempt to minimize the adverse effects of social isolation on the disabled person and his family, as a strategy for maintaining the actions of social protection during the COVID-19 pandemic period. The ethnographically inspired research sought to capture several daily aspects of the practice, during the services developed in this period, besides analyzing and understanding through images, the contexts, the meanings, and the barriers and facilitators of the offer and provision of the service.
Keywords: Social Assistance, Right to Food, Disabled Person, Family, Covid-19.
A pandemia relacionada ao novo coronavírus, causador da COVID-19, vem impactando negativamente na saúde da população mundial. Importantes esforços de vigilância e serviços de saúde estão, principalmente, focados na contenção da doença. O isolamento social, apesar de ser uma medida estratégica para a contenção de casos, pode trazer consequências negativas não intencionais, especialmente para pessoas com deficiência e suas famílias.
A crise sanitária imposta pela pandemia da COVID-19, tem demonstrado que a desigualdade social é um fator determinante na circulação do vírus e no agravamento das condições de vida. No Brasil, os dados baseados nas experiências de pessoas com deficiência durante a pandemia são exíguos. Salientando que a capacidade incipiente de identificar as necessidades e as demandas das pessoas com deficiências na gestão de emergências, coloca esta população em risco de negligência quanto a formulação de planos e/ou diretrizes que forneçam intervenções, proteção social e suporte para atender as necessidades destas pessoas e de suas famílias antes, durante e após uma emergência em saúde pública.
A pandemia lança luz sobre a real dimensão das vulnerabilidades, este Ensaio Fotográfico regista as alternativas socioassistenciais adotadas com foco no direito à alimentação, como tentativa de minimização dos efeitos adversos do isolamento social a pessoa com deficiência e sua família, como estratégia de manutenção das ações de proteção social durante o período da pandemia da COVID-19. Tendo como base as vivências e ações socioassistenciais desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar de um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de uma Instituição não governamental brasileira, localizada em Vitória/ES, no período dos meses de março a dezembro de 2020. A pesquisa com inspiração etnográfica buscou captar vários aspectos cotidianos da prática, durante o atendimento no período de isolamento social, além de analisar e compreender através das imagens, os contextos, os sentidos e às barreiras e facilitadores da oferta e prestação do serviço.
O distanciamento social possui um significativo custo social, repercutindo na dinâmica familiar e na sua condição socioeconômica. Inúmeras famílias com membros com deficiência apresentam dificuldade de acesso a bens e serviços, mobilidade reduzida, recursos insuficientes para aquisição e reserva de alimentos. A insegurança alimentar dada por restrições de renda dificulta o acesso aos alimentos, suprimindo o direito humano à alimentação adequada. Outros custos adicionais incluem redução do poder de compra das famílias, a alta nos preços dos alimentos, despesas com entrega a domicílio, interrupção de serviços de apoio familiar e comunitário, além da redução e ou impossibilidade de desenvolver atividades remuneradas neste cenário, por estarem vinculados a trabalhos informais ou de risco. O acesso a recursos de transferência de renda e benefícios sociais adicionais se faz imprescindível neste contexto, para reduzir o risco destas pessoas e suas famílias caírem na pobreza extrema e apresentem maior vulnerabilidade social.
A oferta de Cestas Básicas apesar de factualmente aliada ao assistencialismo, neste cenário assume um papel importante no enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional no Brasil, proporcionando redução de desigualdades, visto a omissão do Estado por meio da agenda neoliberal. As Cestas Básicas disponibilizadas foram adquiridas pela instituição através de um edital para captação de recursos, destinado por uma empresa privada para compra e provimento emergencial de alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade. A entrega das cestas foi realizada através de plantão psicossocial na instituição, com agendamento prévio e espaçamentos entre as entregas, a fim de evitar aglomerações devido ao risco de propagação do novo coronavírus. E por meio de visita domiciliares no território, sem contato a área interna da residência dos usuários e suas famílias. Durante a entrega, a equipe do serviço tomou todas as medidas de segurança, mantendo o distanciamento, utilizando equipamentos de proteção individual, realizando o uso de álcool na higienização frequente das mãos e dos objetos utilizados. Ao decorrer da concessão de cestas, também foi possível, promover o acolhimento e escuta qualificada aos familiares e usuários, efetuar a entrega de materiais educativos sobre medidas de distanciamento social, proteção e combate a COVID-19, além de disponibilizar máscaras de proteção confeccionadas de forma artesanal.
Este ensaio foi dividido em três segmentos: Provimento emergencial de alimentos; Pandemia e território; Acolhimento e escuta qualificada. O primeiro segmento evidencia a organização institucional e os protocolos de segurança adotados para entrega presencial das cestas básicas aos familiares, percebe-se através das imagens a uniformização e despersonifização da equipe psicossocial pela necessidade de uso dos equipamentos de proteção individual, além dos olhares de preocupação dos familiares frente ao futuro, e das incertezas em relação às estratégias de enfrentamento e ao tempo de duração da pandemia. As imagens do segundo segmento revelam ruas vazias, as dificuldades de acesso da equipe psicossocial ao território/residência dos usuários com deficiência, e o isolamento social como estratégica de contenção de casos, muitas vezes interpretado e vivenciado pelos familiares como um enclausuramento. O último segmento demonstra através das fotografias a escuta qualificada e o acolhimento psicossocial, a construção permanente de vínculos, a produção de relações de respeito à diversidade e à singularidade de cada caso e realidade familiar.
Consideramos que as imagens demonstram que apesar de historicamente vinculadas ao assistencialismo, em tempos de COVID-19 o provimento de cestas básicas tornou-se uma ação essencial no trabalho socioassistencial, para a mitigação dos efeitos negativos não intencionais sentidos pela pessoa com deficiência e sua família durante a pandemia.












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