Apresentação

Recepción: 01 Septiembre 2023
Aprobación: 05 Septiembre 2023
O v.31. n.3 (2023) marca mais uma transição editorial na revista Reflexão e Ação (REA), desde a sua primeira publicação em 1992. Depois do trabalho compartilhado entre Moretti e Darsie, que se firmou a partir do v. 28 n. 2 (2020), Silveira e Araújo assumem a gestão do periódico do Programa de Pós-graduação em Educação – Mestrado e Doutorado da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Nos últimos três anos e meio, a REA passou por vários desafios e ampliou responsabilidades, afinal, as melhorias realizadas nesse último período elevou seu estrato de B1 para A3 (Qualis-Capes 2017-2020), considerando os critérios de avaliação da Fundação que visa a expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu, no Brasil.
Dentre tais melhorias, essa parceria editorial, diminuiu o tempo entre a submissão, aprovação e publicação dos artigos em cada um dos três números publicados no quadrimestre; estabeleceu uma estrutura editorial persistente; manteve a indexação no Educ@1; e, no final de 2023, obteve aprovação na Redalyc2. Além da revisão permanente das diretrizes para autores/as e os aspectos éticos para a submissão, avaliação e publicação na REA; e, a equipe editorial, com apoio da biblioteca e editora da universidade, transferiu todas as informações e dados da revista para a versão 3.4.0.4. do Open Journal Systems (OJS), desde a primeira edição digital da Reflexão e Ação: v. 15 n. 1 (2007).
Também é importante mencionar que nesse mesmo período de gestão, a editora e o editor estiveram vinculados ao Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação (FEPAE) da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), participando regularmente das reuniões nacionais e da região sul, bem como das três edições do Congresso Nacional de Editores de Periódicos de Educação (CONEPEd)3 e demais iniciativas desse Fórum. Além disso, a REA se encontra listada no catálogo4 nacional de revistas associadas ao Fepae/Anped.
O trabalho editorial implica em compromisso coletivo com a produção e divulgação científica, bem como de sua popularização. Nada seria possível sem as contribuições dos/das avaliadores/as ad hoc; sem a cumplicidade do colegiado de docentes do PPGEdu e do Departamento de Ciências, Humanidades e Educação, da equipe da Edunisc e da Biblioteca da universidade; e do bolsista de layout que também se despede, nessa edição [Lucas Gomes Ribeiro: muito obrigada pela parceria nos últimos três anos!]. Mas, também não seria possível sem o trabalho dos/das pesquisadores/as que se dedicam a sistematizar as reflexões sobre os seus processos investigativos e os resultados de suas pesquisas em forma de artigo científico; ou a sua curiosidade em forma de resenhas, ou o aprofundamento de temáticas atinentes à educação, em importantes diálogos no formato de entrevista; ou, sem os/as organizadores/as de dossiês temáticos na Reflexão e Ação.
Para essa última edição do ano, não medimos esforços. Assim, inauguramos a seção de artigos de fluxo contínuo com uma homenagem à parceria de Conceição Paludo (in memorian), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com Paulo Eduardo Dias Taddei, da Universidade Federal de Pelotas. O artigo está intitulado “A atualidade do debate epistemológico em educação: um estudo comparado entre Freire e Schön” e tem como objetivo aclarar as propostas epistemológicas de Schön, a partir da categoria de práxis reflexiva, e a proposição de Freire, com a de práxis educativa. A conclusão central da autora e do autor é a de que as respectivas epistemologias remetem aos diferentes entendimentos sobre o papel social da educação e do trabalho.
Em seguida, os/as leitores/as têm acesso ao artigo “Formação Docente: estratégias construídas durante a pandemia” de Ana Karolliny do Livramento Melo, Luiz Anselmo Menezes Santos e Juliana Britto Oliveira Santos. As pesquisadoras e o pesquisador da Fundação Universidade Federal de Sergipe apresentam como objetivo reconhecer as estratégias na formação docente nas instituições de ensino de Aracaju no período pandêmico e no retorno às atividades presenciais. Para tanto, realizaram uma pesquisa descritivo-qualitativa, por meio de questionários on-line e entrevistas por vídeos, e realizaram análise de conteúdo. Evidenciaram, assim, a formação como ferramenta para reconhecer as demandas contextuais e construir ações efetivas de continuidade educacional.
O terceiro artigo publicado nessa edição é de Patrícia Gonçalves Bastos e de Maria Tereza Goudard Tavares, pesquisadoras na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Com o título “A educação da(s) infância(s) e a cidade em tempos de (pós)pandemia: Por que matricular as crianças na cidade?”, o artigo é resultante de um projeto mais amplo, que tem o objetivo de investigar componentes territoriais de processos educativos de crianças na região metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Em particular, o artigo centra-se nos deslocamentos no campo conceitual, político e pedagógico da educação da pequena infância, que possam romper com o caráter majoritariamente escolar da educação das infâncias no cotidiano.
Florentino Maria Lourenço, pesquisador moçambicano vinculado a Universidade do Estado do Rio de Janeiro é autor de “As organizações da Bretton Woods e a Formação Dos Professores Primários Em Moçambique”. O autor se propõe a abordar, de forma relacional, a política de formação de professores primários e a influência que o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial exercem nos processos formativos adotados por Moçambique, ao longo da sua formação como Nação independente. Como metodologia, recorre-se a revisão bibliográfica.
“A BNCC e os Anos Iniciais do Ensino Fundamental: composição de representações da docência” é o quinto artigo publicado nessa edição. Cláudio Gerhardt e Rochele da Silva Santaiana, pesquisador e pesquisadora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul assinam o texto que tem como objetivo analisar os discursos presentes na política educacional implementada pela BNCC nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto, amparam-se nas ferramentas teórica- metodológicas do discurso e de representação. Ao final, o autor e a autora entendem que as representações construídas pelos documentos analisados, geram efeitos na constituição da identidade de profissionais, colaborando na composição e na tentativa de uma unificação da forma de exercer a docência em todo o território nacional.
O artigo seguinte é de autoria de Raimunda Maria da Cunha Ribeiro, da Universidade Estadual do Piauí e está intitulado “Gestão da educação e a participação de atores sociais em espaço colegiado: um estudo de caso”. A autora apresenta os seguintes objetivos: compreender o sentido da participação; e compreender o nível da qualidade da participação no âmbito do conselho municipal de educação. A abordagem metodológica adotada pela pesquisadora foi a qualitativa, conduzida pela análise documental. Os dados oriundos do estudo das fontes (Leis de âmbito nacional, estadual e local na esfera da educação; Atas do Conselho Municipal de Educação) indicam que a gestão municipal corresponde à melhoria da qualidade da educação local.
O sétimo artigo dessa coleção, intitula-se “Intersecções entre educação, cinema e pedagogia cultural: o que se ensina e aprende a partir das pedagogias do horror”. Lucas Bitencourt Fortes e Gisele Massola, da Universidade Luterana do Brasil e Deivison Moacir Cezar de Campos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul partem da compreensão de que não somente escolas e espaços educacionais produzem conhecimentos, saberes e visões de mundo. A partir disso, buscam compreender quais pedagogias e significados são produzidos a partir do cinema, mais detidamente, do gênero horror. Por isso, as bases teórico-metodológicas vinculam-se ao entendimento de pedagogia cultural sob a perspectiva dos Estudos Culturais em Educação.
“Educamos para o ensino fragmentado ou integrado? Reflexões sobre o currículo do PROFEPT do IFMS” é um artigo que aborda o currículo presente no percurso formativo no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul. Os resultados revelam que o currículo prescrito para o Programa é estruturado a partir da abordagem interdisciplinar, no entanto, o currículo real da disciplina em questão caracteriza-se pela abordagem pluridisciplinar. O artigo é de autoria de Azenaide Abreu Soares Vieira, Paula Renata Cameschi de Souza e Airton José Vinholi Júnior, pesquisadoras e pesquisador do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul.
E, por fim, o artigo de Cristhian Lovis e Rita de Cássia Pistóia Mariani, da Universidade Federal de Santa Maria. Intitulado “A noção da relação com o saber: um mapeamento com reflexões no campo da Educação Matemática”, propõe-se a constituir um panorama nacional de pesquisas stricto sensu que consideram a perspectiva “charlotiana” da relação com o saber, abordando aspectos relativos ao ensinar e aprender matemática. Para tanto, caracteriza-se como um mapeamento tomando como banco de dados a Rede de Pesquisa sobre Relação com o Saber, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES.
Essa edição é concluída com uma resenha assinada por Eloisa de Souza Santos, Maria das Graças de Araújo e Mariáh Oyarzabal da Luz, vinculadas a Universidade do Vale do Rio dos Sinos. As autoras a intitulam como “Descolonizar a universidade: o desafio da justiça cognitiva global”. Trata-se de uma análise descritivo-crítica do livro “Descolonizar la universidad: El desafío de la justicia cognitiva global” do sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos, publicado pelo Conselho latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO), em 2021.
Moretti e Darsie se despedem, mas deixam os desafios presentes e futuros com Silveira e Araújo, além do compromisso de qualificar ainda mais a Reflexão e Ação.
Boa leitura a todos/as!
Notas