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Educação, saúde e mídia redes de sociabilidade e cultura digital sob a óptica dos Estudos Culturais
Angéli do Prado Casagrande; Elvis Patrik Katz; Cristianne Maria Famer Rocha
Angéli do Prado Casagrande; Elvis Patrik Katz; Cristianne Maria Famer Rocha
Educação, saúde e mídia redes de sociabilidade e cultura digital sob a óptica dos Estudos Culturais
Education, health and media: anti-vaccination movement on Facebook from the perspective of cultural studies
Educación, salud y medio: movimiento antivacunas en Facebook desde la perspectiva de los estudios culturales
Reflexão e Ação, vol. 31, núm. 2, pp. 98-110, 2023
Universidade de Santa Cruz do Sul
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Resumo: As redes de sociabilidades e a cultura digital ocupam espaço central nas vidas dos sujeitos pós-modernos. Num mundo multifacetado, recortado por algoritmos e marcado por subjetividades pulverizadas, os embates culturais ganham maior importância do que em outros tempos. No campo da saúde, indivíduos tomam decisões cruciais com base em informações duvidosas, colocando em risco planos de imunizações contra doenças controladas há décadas. A partir das ferramentas teóricas dos Estudos Culturais e da postura metodológica sugerida por Michel Foucault, analisamos neste texto as relações entre educação e saúde através das mídias, buscando descrever as redes e culturas digitais da contemporaneidade.

Palavras-chave: Educação e saúde, Cultura Digital, Redes de Sociabilidade, Estudos Culturais.

Abstract: Social networks and digital culture occupy a central space in the lives of postmodern subjects. In a multifaceted world, cut by algorithms and marked by pulverized subjectivities, cultural clashes gain greater importance than in other times. In the healthcare field, individuals make crucial decisions based on dubious information, putting immunization plans against diseases controlled for decades at risk. Based on the theoretical tools of Cultural Studies and the methodological approach suggested by Michel Foucault, we analyze in this text the relationship between education and health through the media, seeking to describe contemporary digital networks and cultures.

Keywords: Education and health, Digital Culture, Sociabilities Networks, Cultural studies.

Resumen: Las redes sociales y la cultura digital ocupan un espacio central en la vida de los sujetos posmodernos. En un mundo multifacético, cortado por algoritmos y marcado por subjetividades pulverizadas, los choques culturales cobran mayor importancia que en otros tiempos. En el campo de la salud, las personas toman decisiones cruciales basadas en información dudosa, poniendo en riesgo los planes de inmunización contra enfermedades controladas durante décadas. Con base en las herramientas teóricas de los Estudios Culturales y el enfoque metodológico sugerido por Michel Foucault, analizamos en este texto la relación entre educación y salud a través de los medios, buscando describir las redes y culturas digitales contemporáneas.

Palabras clave: Educación y salud, Cultura digital, Redes sociales, Estudios culturales.

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Educação, saúde e mídia redes de sociabilidade e cultura digital sob a óptica dos Estudos Culturais

Education, health and media: anti-vaccination movement on Facebook from the perspective of cultural studies

Educación, salud y medio: movimiento antivacunas en Facebook desde la perspectiva de los estudios culturales

Angéli do Prado Casagrande
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Elvis Patrik Katz
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Cristianne Maria Famer Rocha
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Reflexão e Ação, vol. 31, núm. 2, pp. 98-110, 2023
Universidade de Santa Cruz do Sul

Recepción: 31 Agosto 2022

Aprobación: 02 Septiembre 2022

INTRODUÇÃO

Na primeira década do século XXI, o número de computadores conectados à Internet cresceu mais de dez vezes (INTERNET SYSTEMS CONSORTIUM, 2010). Esse crescimento permaneceu acelerado na década seguinte, juntamente com o surgimento dos smartphones que possibilitaram acesso a diversas funcionalidades em um dispositivo portátil conectado à rede mundial de computadores. No Brasil, onde o fenômeno da Internet se popularizou a partir dos anos 2000, os primeiros Androids começaram a chegar em 2009 e representam hoje um dos principais meios de contato com o ambiente virtual. A pesquisa TIC Domicílios, desenvolvida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br, 2019), concluiu que, em 2019, 58% dos internautas brasileiros acessaram a rede exclusivamente pelo celular. Outro dado que chama atenção é a proporção de brasileiros que usam a Internet como meio de comunicação. Dentre os usuários da rede no país, 92% usam a rede para mensagens instantâneas, principalmente através do aplicativo WhatsApp, ao passo que 76% se comunicam com as redes sociais, especialmente o Facebook.

Esse contexto de proliferação das ferramentas digitais permitiu uma circulação de ideias e informações através das redes sociais nunca antes vista, e constitui um novo conjunto de condições de possibilidades que, a partir de uma leitura baseada em Foucault (1999), representam, em cada época, um espaço de ordem que constitui os saberes, espaço que determina o que pode ser pensado e como ser pensado, o que pode ser dito e como ser dito.

Dessa forma, o território virtual surge como um potente mecanismo para a ocorrência de lutas no que concerne às disputas contemporâneas pelos regimes de verdade. Especialmente no que tange as questões da saúde, é certo que tais combates culturais são ainda mais substanciais. Segundo o CGI.br, 47% das pesquisas realizadas pelos brasileiros na web se referem a temas relacionados a saúde e, embora exista a dificuldade de acesso aos serviços de saúde em certas comunidades, os resultados de discursos críticos sobre as políticas públicas desse tipo parecem- nos indissociáveis das redes de sociabilidades responsáveis pela propagação de informações sobre o tema no Brasil, como veremos.

Nessa arena a temática das imunizações se apresenta como um dos principais assuntos discutidos e os movimentos antivacinas encontram nos sítios virtuais seus principais meios de atuação. Num contexto em que posições conservadoras vêm ganhando destaque em declarações e medidas administrativas de representantes do poder público, a discussão sobre temas relativos ao papel das mídias e do cotidiano constituem um importante terreno de produção de saberes. Assim, faz bastante sentido articular uma reflexão sobre as mídias na educação e na saúde a partir do campo dos Estudos Culturais, sobretudo ao tomarmos a definição de Sandro Bortolazzo, de que os EC “enxerga[m] a cultura não como um espaço definido por tradições, costumes, hierarquias, erudições, mas enquanto um conceito que se expande a qualquer ritual da vida cotidiana” (2020, p.3).

Assim, buscamos neste artigo fazer uma reflexão que coloque em interlocução as mídias digitais/sociais, a educação e a saúde, tentando demonstrar, assim, a existência de redes de sociabilidades e culturas digitais interessadas na (e pela) produção, discussão e divulgação de temas relacionados à saúde nesses novos ambientes culturais. Como explicitado, tentaremos fazer tais análises a partir do entendimento de cultura feito pelos Estudos Culturais, mas também utilizando conceitos e fazendo escolhas metodológicas orientadas a partir do pensamento do filósofo francês Michel Foucault. Algumas dessas escolhas necessárias para a análise precisam ser explicadas. Em primeiro lugar e como ponto de partida, o entendimento de que a cultura e os discursos estão envoltos em disputas de poder. Para Foucault (2014): “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar” (p. 10).

Além disso, o filósofo nos aconselha a adotar um princípio de inversão, no sentido de não partir dos discursos1 como se eles remetessem a uma origem bem delimitável, como um autor específico ou uma obra, apenas, mas perceber “o jogo negativo de um recorte e de uma rarefação do discurso” (FOUCAULT, 2014, p. 49). Porém, devemos ter o cuidado de não fazer dessa inversão a eterna repetição de tudo que já foi dito. Os discursos não têm uma origem, no sentido tradicional da palavra, mas possuem sim uma história que pode ser mais ou menos descrita. Essa história, para Foucault (2014), deve ser construída com base no princípio da descontinuidade. Ele permite perceber que, mesmo existindo sempre discursos em nossa sociedade, eles próprios se transformam com o tempo, seja ampliando ou reduzindo seu domínio de objetos, suas regras de exclusão ou controle, a sua capacidade de dominação ou sedução. Por fim, um último cuidado metodológico muito importante oferecido pelo filósofo é o da exterioridade. Segundo essa noção, devemos observar os fenômenos discursivos da cultura “a partir do próprio discurso, de sua aparição e de sua regularidade, passar a suas condições externas de possibilidade, àquilo que dá lugar a série aleatória desses acontecimentos e fixa suas fronteiras” (FOUCAULT, 2014, p. 50-51). Esse movimento, assim, permitiria analisar a cultura tendo em vista aquilo que ela mesma apresenta, sem procurar soluções que implicassem em tratá-la como simples resultado de forças da infraestrutura econômica, por exemplo.

Dito isso, no presente artigo, buscamos descrever práticas discursivas específicas de um movimento social online presente no Facebook e focado na propagação de informações antivacinação. Aqui, daremos ênfase ao contexto mais amplo de onde surgem tais especificidades, procurando observar uma tendência cultural de engajamento político relacionado à saúde. Assim, começamos a discussão pela apresentação de uma Cultura Digital em nossos dias, uma cultura que é múltipla e que tem consequências imediatas no mundo não-virtual. A seguir, descrevermos o surgimento de redes de sociabilidades digitais de saúde, as quais organizam grupos de interesse focados em temáticas particulares. Por fim, fazemos um ensaio sobre como esses grupos têm se articulado em torno do movimento antivacinas, tão antigo quanto as próprias imunizações, mas que vem se reinventando e adquirindo novos contornos nos dias atuais.

CULTURA (S) DIGITAL (IS) NA CONTEMPORANEIDADE

Para analisarmos a educação pelas mídias e os processos de subjetivação que se constituem pelas redes sociais virtuais, precisamos antes discutir o conceito de Cultura Digital. Bauman (2010) sinaliza para uma primeira investigação sobre esse conceito e os deslocamentos na área da Educação. Segundo as teorizações desse autor, o projeto de educação produzido na Modernidade tornava a “formação do ser humano uma responsabilidade plena e exclusiva da sociedade como um todo, em especial de seus legisladores” (BAUMAN, 2010, p. 103). Esta, constituía um dever do Estado guiar as condutas dos sujeitos, formar cidadãos, o que representava “o conceito e a prática de uma sociedade administrada” (BAUMAN, 2010, p. 103).

Os moldes da educação pensados para a Modernidade derivavam do Iluminismo, eram rígidos, finitos e sequenciais, de forma a produzirem uma educação ordeira, regular, previsível e hierárquica (BAUMAN, 2010). Em contraposição a esse modelo, a educação inscrita na era da Cultura Digital surge dentro da perspectiva da Modernidade Líquida, descrita por Bauman (PORCHEDDU, 2009), em contraposição à anterior, chamada por ele de sólida, como uma educação fluída, móvel, cambiante entrelaçada às estratégias de vida nas sociedades contemporâneas. Nesse contexto, as práticas de formação dos sujeitos escolares da Modernidade são questionadas e assumem outra roupagem: flexível, fragmentada, múltipla e atuante na produção de sujeitos aptos a lidar com a velocidade, com as incertezas e com as constantes adaptações e atualizações.

Com as possibilidades de acesso a milhões de informações a um simples toque na tela, os sujeitos são conduzidos a incorporar a tecnologia de smartphones . tablets como motores das relações sociais, transitando entre conteúdos que vão desde entretenimento, política e esporte até saúde ou economia. Os artefatos digitais, por se encontrarem integrados aos vários setores da vida, também estão implicados nos processos de formação dos sujeitos. Forma-se uma educação que está mais distante daquela fabricada na Modernidade e mais afinada ao estilo expresso e móvel, sintoma de uma sociedade que tem investido fortemente em material tecnológico (BORTOLAZZO, 2020).

As relações entre Cultura Digital e educação implicam, ainda, refletir sobre as práticas, estratégias e saberes utilizados para conduzir os sujeitos. Nesse contexto, não apenas uma Cultura Digital, mas várias “culturas digitais”, no plural, operam dentro de um conjunto de formações discursivas recirculadas a partir da utilização de artefatos tecnológicos. Foucault (1995) mostrou que cada sociedade funciona de acordo com seus regimes de verdade, sendo esses construídos em um determinado contexto histórico e em conformidade com certas regras e domínios. No entanto, tais regimes não são estabelecidos de uma vez por todas, nem sem travar disputas com discursos que almejam consolidar suas “versões” sobre a realidade. Em termos práticos, podemos dizer que a Cultura Digital é então múltipla e fragmentária, constituindo-se sempre por uma disputa interna de discursos que contam a mesma “história” de formas diferentes.

Para contextualizarmos tais domínios, sublinhamos a existência de uma Condição Digital que é inerente à sociedade contemporânea. Felix Stalder (2018) considera que, nesse momento da história, a transformação de dados e processos informacionais do analógico para o digital atingiu o seu ápice. Nos vemos frente a uma época na qual as atividades individuais e coletivas, privadas e públicas, assim como espaços e práticas cotidianas (laborais, esportivas, recreativas) têm se apoiado em infraestruturas digitais para operação, comunicação e coordenação. Dentro dessa perspectiva digital, é possível lidar com grandes volumes de informações, infinitamente superiores às de modelos anteriores, como a imprensa e as bibliotecas físicas, por exemplo. É fato que a produção de dados pelos humanos e pelas máquinas cresce exponencialmente ao mesmo passo em que os custos de armazenamento e processamento de energia diminuem.

Para Stalder (2018), a chamada Condição Digital apresenta três características culturais bem definidas. Em primeiro lugar, o autor trata da referencialidade caracterizada por um sistema/conjunto de referência, um método onde as infraestruturas digitais conferem aos sujeitos o papel de protagonistas e produtores dos processos culturais. Dentro dessa racionalidade, os sujeitos se comportam como “merecedores de atenção” criando assim modos particulares de autorreferência. Por vezes, essas referências estão vinculadas aos cuidados de si, com a saúde, com a alimentação, com o corpo. Podem, ainda, estar focados na atenção requerida por outras pessoas que estão conectadas a esses sujeitos, que através de emojis, likes, visualizações, compartilhamentos e comentários atribuem sentido à referencialidade na Condição Digital. Esse mundo virtual representa uma arena cultural que não se limita ao próprio sujeito, mas a como ele se estabelece como referência para outros indivíduos.

Num segundo ponto, Stalder (2018) analisa a “comunalidade”, ou seja, aquilo que é comum e remete a um sentimento ou espírito de cooperação e pertencimento a determinados grupos, fenômeno estimulado pelas infraestruturas de base digital. Considera-se que a comunalidade ocorre dentro de um quadro de referências cuja existência depende de certas formações comunais através das redes digitais. Nesse tipo de formação cultural, vivida na contemporaneidade, os significados são gerados pela validação das contribuições de cada um a partir de curtidas ou comentários de um semelhante, nas redes sociais ou através da criação de um horizonte de elementos relevantes para um grupo a partir de fotos, stories, opiniões políticas etc. Constitui-se, então, um mecanismo virtual de validação de determinadas crenças e práticas, que acabam sendo colocadas sob análise e julgamento do próprio grupo onde surgiu, sem encontrar ali as críticas ou ponderações que teria fora daquela “bolha” .

A terceira e última característica discutida é a “algoritmicidade”. Ela apresenta aspectos inscritos nos processos culturais, arquitetados e organizados pelas máquinas. Seguindo a análise de Stalder (2018) os algoritmos podem ser definidos como uma sequência lógica de instruções a serem seguidas para resolver um problema ou executar uma atividade. Recorre-se aos algoritmos para converter grandes quantidades de dados em informações, tendo em vista que seria impossível ler os bilhões de sites disponibilizados via Internet. Em resumo, podemos dizer que os algoritmos de pesquisa como os do Google, por exemplo, reduzem a quantidade de dados de forma a torná-los gerenciáveis.

No entanto, os algoritmos são ambivalentes. Ao mesmo tempo em que criam dependências, ordenando e tornando o mundo informacional disponível e inteligível, também dirigem as condutas, agenciando as formas de pesquisar e induzindo certas formas de se movimentar no universo digital. É possível afirmar que a algoritmicidade, tomando os algoritmos como produtos da Cultura Digital, incorpora valores, condutas e suposições sobre o que é ou deveria ser importante ou irrelevante para resolver um problema, ou mesmo o que deve ou não interessar e satisfazer as necessidades de um usuário. Os algoritmos criam práticas culturais na medida em que instigam formas de pesquisar, estimulam certos tipos de comportamentos e acabam produzindo, inclusive, determinados estilos de vida. Além disso, a algoritmicidade forma uma nova hierarquia de poder, uma vez que condiciona fluxos de informação em grande escala (BORTOLAZZO, 2020).

Nesse contexto, é possível observar a apropriação dessa Condição Digital pelos movimentos antivacinas, que agem através das redes sociais digitais, especialmente o Facebook, veiculando seus ditos de forma a agir sobre as subjetividades de seus interlocutores, no sentido de conduzir as condutas para a recusa de vacinas. Castells (2017) descreve como “movimentos sociais em rede” tais manifestações surgidas no cenário contemporâneo. Marcadas por novas configurações, próprias desse tempo histórico, esses movimentos (re) organizam os sujeitos no espaço digital, que funciona como um catalisador da insatisfação social sobre assuntos específicos que afligem e são comuns a esses sujeitos. Segundo o autor, os sujeitos buscam canais alternativos, não institucionalizados, para manifestar suas necessidades, por não se sentirem representados pelo discurso do Estado. O movimento antivacinas apresenta características discursivas bastante heterogêneas, veiculadas em um espaço permeado pela identificação entre sujeitos e pela resistência ao discurso institucional sobre as vacina. Esses embates se constituem em relações de poder que perpassam o tecido social como um todo, traduzindo-se em lutas em torno do discurso que pretende se tornar válido em nosso tempo histórico.

REDES DE SOCIABILIDADES DIGITAIS E SAÚDE

O atual contexto da pandemia de Covid-19 e seus desdobramentos no Brasil mostrou que vivemos momentos especialmente dramáticos no que concerne as questões de saúde. Nesse sentido – e considerando o impacto profundo que as informações disseminadas na Internet possuem – cabe descrever como as redes sociais de algum modo se inserem nas discussões relacionadas a saúde. Isso porque, como pudemos observar -os filtros utilizados nas comunicações via redes digitais se apresentam não apenas como elemento de pesquisa, mas também de poder, na medida em que selecionam informações com base em determinado histórico de pesquisa.

Facebook, Instagram, Twitter . Google direcionam notícias, postagens, fotos e vídeos de acordo com referências que denotam o interesse dos sujeitos e os critérios algorítmicos pré- estabelecidos por estas empresas, determinando o que deve estar no foco das atenções e o que deve ser ignorado. As redes sociais ampliam as estratégias de alcance através de comerciais, propagandas políticas, profissionais, comportamentais entre outras.

Na aula inaugural no Collège de France, de 02 de dezembro de 1970, intitulada A Ordem do Discurso, Foucault considera que não é possível vislumbrar a existência de um sujeito preexistente ao discurso, que pudesse unificar e organizar o conhecimento, mas que esse sujeito é instituído a partir de distintas formas de subjetividade, sendo que esses processos fazem com que o sujeito se torne aquilo que ele é. Segundo Guattari e Rolnik (1996):

[...] a subjetividade não implica uma posse, mas uma produção incessante que acontece a partir dos encontros que vivemos com o outro. Nesse caso, o outro pode ser compreendido como o outro social, mas também como a natureza, os acontecimentos, as invenções, enfim, aquilo que produz efeitos nos corpos e nas maneiras de viver. Tais efeitos difundem-se por meio de múltiplos componentes de subjetividade que estão em circulação no campo social (p. 31).

Na contemporaneidade, percebe-se a centralidade dos artefatos digitais – como aparelhos celulares e computadores portáteis – na produção de subjetividades, pois os mesmos estão intrinsecamente ligados aos modos de vida dos sujeitos e às suas formas de se relacionar com o mundo.

No contexto da sociedade midiatizada, a rede abrange uma multidão de indivíduos, membros estes que se constituem em sujeitos dinâmicos e constantemente reconfigurados. A partir de uma reflexão foucaultiana, poderíamos falar, assim, na passagem de uma sociedade em que a ênfase estava nos dispositivos de seguridade para outra, em que a proeminência estaria nos dispositivos de controle (SARAIVA; VEIGA-NETO, 2009). Emerge daí, então, um novo grupo social e um novo modo de recortar as multiplicidades: se faz presente o conceito de “público”. Para Gabriel Tarde (1986 apud Antunes, 2008), os públicos dizem respeito às mídias. Assim, na contemporaneidade, um mesmo indivíduo pode pertencer a um sem número de públicos, a um sem número de mundos e tudo pode se tornar objeto de um público.

O poder que age na formação do público não é um poder disciplinar, pois não se restringe a um território ou a um tempo, não importa para sua constituição o controle dos indivíduos. Essa nova forma de poder incide sobre a vida como memória, na produção de novos saberes e signos, agindo sobre as mentes com o objetivo de formar a opinião pública, como veremos no caso da recusa de vacinas, por exemplo, que se exerce pela modulação da memória e da atenção.

Esse movimento fortalece a responsabilização dos sujeitos pela própria formação e educação. No que diz respeito às questões de saúde, um novo termo vem sendo utilizado, desde o início dos anos 2000, para designar os indivíduos que passam a incorporar para si a responsabilidade pelo próprio diagnóstico e/ou tratamento: trata-se da ideia de “paciente empoderado”, ou “expert patient”, expressão derivada do inglês que remete à descentralização da transmissão de conhecimentos biomédicos e a uma crescente produção de saberes advindos da circulação de informações proporcionada pelo imperativo da imersão digital. Para André Pereira Neto et al (2016, p. 1656), “o empoderamento do paciente, derivado do acesso a informações resultou, principalmente, no debate sobre a preservação ou não da autoridade e do status da profissão médica”.

Kate Lorig (2002) argumenta ainda que os pacientes empoderados são aqueles que “se responsabilizam pelas decisões diárias sobre a própria saúde e que trabalham junto com os provedores de saúde enquanto colaboradores e parceiros, com o objetivo de produzir a melhor saúde possível com os recursos disponíveis” (p. 01). Com a difusão da Internet e das redes sociais as informações estão acessíveis a qualquer tempo e lugar. Um levantamento divulgado pelo Google, em 2019, mostra que Brasil foi o país onde as buscas por assuntos de saúde, nessa plataforma, mais cresceu desde 2018: 26% dos brasileiros recorreram primeiro ao popular “Dr. Google” quando se deparam com algum problema de saúde (ALMEIDA, 2019). Num país onde 70% da população não possui plano de saúde, nem acesso facilitado a outros profissionais da saúde, como dentistas, fisioterapeutas e psicólogos, a busca por sanar dúvidas na Internet torna-se, em alguns casos, a opção mais acessível ou a única disponível.

Em função disso, comunidades virtuais ocupam um papel único no empoderamento dos indivíduos com a própria saúde, tendo sua influência cada vez mais ampliada com o avanço das tecnologias digitais. Participantes de comunidades online têm a possibilidade de compartilhar informações e obter conhecimentos a partir das experiências diárias de outras pessoas com uma doença. Fazendo isso, eles aprendem sobre tratamentos alternativos, conhecem os efeitos colaterais/adversos de certos medicamentos e compartilham decisões sobre o processo terapêutico com seus pares (PEREIRA NETO; FLYNN, 2018).

OS GRUPOS ANTIVACINAÇÃO NAS REDES

Em 2019, a OMS nomeou a hesitação vacinal como uma das dez principais ameaças à saúde global (OMS, 2019). Conforme Vasconcellos-Silva, Castiel e Griep (2015), a postura antivacinal está inserida em um conjunto de ideias que contém em si uma contradição e a mudança no pensamento independe de uma visão lógica e fundamentada por parte da população. Pelo contrário: o movimento antivacinação opera através da memória e do medo dos riscos e utiliza como principais instrumentos uma narrativa de fácil compreensão e a (re)produção intensa de fake news.

Os grupos antivacinas, embora não se concentrem sobre uma doença específica, compartilham de discussões que vão desde tratamentos alternativos, efeitos colaterais das vacinas, compartilhamento do processo terapêutico com os pares e incentivo aos cuidados com a própria saúde. No entanto, é preciso lembrar que o “paciente empoderado” não restringe suas consultas a fontes confiáveis para embasar suas decisões. E nem essa parece ser uma característica dos movimentos antivacinas tradicionais, surgidos muito antes da própria Internet.

Os primeiros movimentos antivacinação, ligados principalmente às ligas2 e à atuação da imprensa, ajudam a compreender como se constituíram os movimentos antivacinas contemporâneos. Apesar de sua constituição multifacetada, pode-se notar em ambos a importância dos instauradores de discursos nos processos de formação de novos saberes antivacinação, do qual fazem parte, por exemplo, grupos não religiosos compostos por alguns médicos, quiropráticos, homeopatas, naturopatas e antroposóficos. No entanto, é necessário aqui um cuidado, sob o risco de incorrermos em generalizações, pois, entre esses profissionais, a recusa de vacinas não é um consenso e sim uma questão particular de cada profissional. Há também aquelas manifestações com alguma fundamentação filosófica ou religiosa como os fundamentalistas islâmicos, que por vezes instituem as fatwa3, cuja interferência contrária à vacinação é apontada como responsável pela não erradicação da poliomielite no mundo, devido à circulação endêmica dessa doença no Paquistão, no Afeganistão e na Nigéria (LEVI, 2013).

Outro caso que demonstra a importância do uso de porta-vozes ligados à ciência para o fortalecimento de pautas antivacinas foi o da publicação no The Lancet, famoso periódico médico inglês, de um estudo produzido pelo médico Andrew Wakefield, em 1998. Ali, descrevia-se uma suposta associação da Vacina Tríplice viral com o aumento da incidência de casos de autismo, a partir de uma inflamação que exporia as crianças imunizadas às toxinas do mercúrio, causando o transtorno. Tendo em vista a metodologia questionável e os inúmeros excessos, o General Medical Council realizou minuciosa análise do trabalho, publicando um relatório que afirma que o autor agiu de má-fé, o que resultou na cassação do registro profissional de Wakefield na Inglaterra e a retratação do The Lancet a respeito do assunto em questão. Apesar da refutação, tal estudo se transformou em um marco para os antivacinas e ainda alimenta dúvidas, sobretudo nas mídias como websites, fóruns de comunidades virtuais e, hoje, em grupos de redes sociais como o Facebook.

Apesar das discursividades antivacinas circularem em outros meios e serem reforçadas por alguns profissionais, como é o caso do médico norte americano Robert Sears, o famoso “doctorBob ” autor do livro The Vacine Book: Making the Hight Decision for You Child, a popularização da Internet na década de 1990 constituiu-se em um terreno fértil para a reprodução desses ditos, os quais aparecem em sites, comunidades virtuais e grupos abertos e fechados operantes dentro das redes sociais virtuais. Assim, as ações dos movimentos antivacinas fazem parte de uma rede discursiva que vem se adensando na atualidade.

Entretanto, essa discussão se mostra bastante complexa, pois perpassa diversas áreas do conhecimento como a saúde, a comunicação, as políticas públicas, a economia, a religião, a filosofia, entre outras. A partir da reflexão sobre alguns dos efeitos dos discursos antivacinação, procura-se alertar para a profusão de discursos disseminados nos meios de comunicação, especialmente nas redes sociais como o Facebook. Um exemplo desses efeitos está na dificuldade de os órgãos nacionais da saúde fortalecerem a imunização da população nos últimos anos. Introduzida no Brasil em 2014, a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que tem por objetivo a prevenção de diversos cânceres, especialmente o câncer do colo do útero em mulheres, não obteve os resultados esperados pelo Ministério da Saúde. Em três anos de imunizações contra o HPV, apenas 48,2% das meninas entre 9 e 14 anos haviam recebido o imunizante e 41,2% dos meninos entre 11 e 14 anos. Além disso, entre 2017 e 2018, houve um aumento dos casos de febre amarela no Brasil, o que demonstra que a vacina contra o HPV não foi a única a ter baixa procura. A ameaça do sarampo voltou ao país em 2018, após três anos sem registro de casos em território nacional. Em 2019, após a confirmação de 20.901 casos da doença, o Brasil perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”, recebido em 2015.

No início do ano passado, com a crise ocasionada pela pandemia de Covid-19, os grupos que originalmente espalhavam notícias contrárias às vacinas desviaram seu foco para o novo Coronavírus, veiculando seus conteúdos principalmente por meio de redes sociais. Em matéria divulgada na edição de 31 de março de 2020 do Jornal da USP reproduzida pelo União Pró-Vacina, percebeu-se que os métodos desses grupos antivacinas consistem na distorção de conteúdo científico e jornalístico, teorias da conspiração e até oferta de curas a partir da utilização de produtos reconhecidamente tóxicos para a saúde humana. A análise concluiu que no intervalo de 15 a 21 de março daquele ano houve uma mudança de comportamento desses movimentos sociais, conforme descrito.

Segundo a mesma fonte, o Brasil não alcançou a meta de 95% de cobertura vacinal em nenhuma das 14 vacinas do calendário anual em 2019, o pior índice em 25 anos. Esses números se refletem no reaparecimento de casos de sarampo, doença anteriormente considerada erradicada do país. A Organização Mundial da Saúde considera que a rejeição à imunização é uma das principais ameaças frente ao Coronavírus. Um estudo publicado recentemente na revista The Lancet divulgou que 26% dos franceses não tomaria a vacina contra a nova patologia. No Reino Unido, esse índice chega a 12% e, nos Estados Unidos, uma quarta parte da população não tem interesse em se vacinar contra a Covid-19.

Os discursos antivacinas na Internet não são um tema novo. Nas últimas duas décadas diversos estudos vêm sendo desenvolvidos por pesquisadores, especialmente da área da Saúde, da Antropologia, Sociologia e Comunicação, para compreender os efeitos do meio digital, como os sites e as redes sociais digitais, na tomada de decisões da população no que diz respeito à imunização. De acordo com Daniela Orret al (2016), as mídias digitais mudaram o panorama da comunicação científica, passando pela forma como as pessoas buscam por informações relacionadas à saúde na Internet e nas redes sociais digitais às interações dos indivíduos com essas informações e como as informações encontrados nas mídias produzem subjetividades que interferem sobre a tomada de decisões sobre a própria imunização e da família.

Para Neil Johnson (2020), o movimento antivacinação ao redor do mundo “revela uma paisagem multifacetada de complexidade sem precedentes, que envolve quase 100 milhões de indivíduos divididos em clusters altamente dinâmicos e interconectados em cidades, países, continentes e idiomas” (p. 02). Segundo esse estudioso do tema, o atual cenário reúne os requisitos apropriados à instauração de dúvidas e questionamentos que atuam na produção de novos discursos de reafirmação da crise. Os “antivacinas” agem no sentido de arrebatar os milhões de indecisos que circulam na rede online principal, com produção de conteúdo em massa e compartilhamento em diversos formatos como links e vídeos que podem facilmente ser reproduzidos em outras plataformas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse texto, tentamos fazer uma reflexão a respeito de como as mídias digitais têm se tornado cada vez mais importantes em nossa sociedade. Assim, focamos sobretudo nas redes sociais e buscamos descrever como a constituição de redes de sociabilidade formadas em mídias digitais tem colocado em pauta temáticas concernentes à saúde dos indivíduos e suas famílias. Com isso, buscamos demonstrar a consolidação de uma Cultura Digital múltipla e, ao mesmo tempo, internamente conflitante, onde interesses sobre produção, discussão e divulgação de argumentos sociais e políticos são apresentados e disseminados.

Particularmente, tem chamado a atenção que movimentos sociais conservadores tem se reinventado nesse novo cenário midiático. A partir dos Estudos Culturais, vemos que discursos e práticas culturais têm sido atualizadas e colocadas constantemente em circulação, obtendo adeptos e, portanto, produzindo novas subjetividades. Os efeitos desses fenômenos têm alcançado sobremaneira o campo da Educação, isso porque é dela que se trata quando pensamos na construção de projetos que procuram moldar subjetividades. Se pensarmos na Educação Formal como responsável pela propagação do conhecimento científico e nas escolas como as instituições onde as aprendizagens científicas acontecem, teremos então as redes sociais como fortes concorrentes nessa disputa cultural, de modo que os grupos de pacientes empoderados podem se tornar verdadeiros competidores da escola como difusores de conhecimentos em saúde.

Como descrevemos, tudo isso já tem efeitos bastante práticos a curto prazo, como o enfraquecimento das campanhas de imunização e o retorno de doenças consideradas erradicas. Mesmo assim, o crescimento desses grupos e de sua zona de influência na sociedade podem ser ainda maiores, seja pelo desenvolvimento e ampliação da própria rede tecnológica, como pela força que tais ferramentas vêm adquirindo enquanto produtoras de subjetividades que tem como hábito questionar políticas públicas de saúde que estejam em desacordo com suas crenças validadas pelo próprio grupo de interesse.

Material suplementario
REFERENCIAS
1. ALMEIDA, Amanda Milléo. Movimento antivacinas na Internet: da apropriação e recirculação do jornalismo de saúde ao empoderamento em grupos no Facebook. 2019. 120f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3yte6PU Acesso em: 18 fev. 2021.
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Notas
Notas
1 Nesse trecho, devemos entender ‘discurso’ como parte integrante de uma cultura. Para garantir a integridade do pensamento de Foucault, optamos por utilizar “discurso”, tendo em vista que esse autor raramente faz uso do que, nos EC, conceituamos como “cultura”.
2 As ligas antivacinas foram movimentos sociais nascidos na Inglaterra, ainda no século XIX, com intuito de criticar a obrigatoriedade da vacinação. Apontam-se essas organizações como sendo os primeiros grupos antivacinação da história.
3 Pronunciamento legal no Islã, emitido por um especialista em lei religiosa, sobre um assunto sobre o qual a jurisprudência islâmica, é pouco clara. Nesse caso específico, por vezes essas sentenças proíbem os muçulmanos de vacinarem seus filhos ou de receberem vacinas.
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