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Linguagem e interação como dimensões constitutivas do trabalho docente
Andreia Rezende Garcia-Reis; Andressa Barcellos Correia da Silva; Míriam Fernanda Costa
Andreia Rezende Garcia-Reis; Andressa Barcellos Correia da Silva; Míriam Fernanda Costa
Linguagem e interação como dimensões constitutivas do trabalho docente
Language and interaction as constitutive dimensions of the teaching work
Lenguaje e interacción como dimensiones constitutivas del trabajo docente
Reflexão e Ação, vol. 32, núm. 1, pp. 4-19, 2024
Universidade de Santa Cruz do Sul
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Resumo: Este artigo argumenta a favor da linguagem e da interação como dimensões fundamentais do trabalho docente, pois são importantes na construção e reconstrução de significados, sobretudo, no que se refere à atividade docente. O objetivo é refletir sobre a importância e a presentificação das dimensões da linguagem e da interação no trabalho docente, a partir dos recortes de entrevistas com professores universitários e com professoras da educação básica de duas pesquisas de Mestrado em Educação realizadas nos anos de 2019 e de 2020, assentadas no Interacionismo Sociodiscursivo. Os professores compreendem a interação como central em seu trabalho, uma vez que ela é lócus da constituição da linguagem e do sujeito.

Palavras-chave: Linguagem, Interação, Trabalho docente.

Abstract: This article argues in favor of language and interaction as paramount dimensions of the teaching work, as they are important in the construction and reconstruction of meanings, especially with regard to the teaching activity. The objective is to reflect upon the importance and presentification of the dimensions of language and interaction in the teaching work based on excerpts of interviews with University Professors and Basic Education Teachers from two Master’s Degree investigations in Education carried out in 2019 and 2020, based on Sociodiscursive Interactionism. Teachers understand interaction as central to their work, since it is the locus of the constitution of language and the subject.

Keywords: Language, Interaction, Teaching work.

Resumen: Este artículo argumenta a favor del lenguaje y la interacción como dimensiones fundamentales del trabajo docente, por ser importantes en la construcción y reconstrucción de significados, especialmente en lo que respecta a la actividad docente. El objetivo es reflexionar sobre la importancia y presentificación de las dimensiones del lenguaje y la interacción en el trabajo docente, a partir de recortes de entrevistas a profesores universitarios y docentes de educación básica de dos investigaciones de Maestría en Educación realizadas en los años 2019 y 2020, con base en el Interaccionismo. Los docentes entienden la interacción como central para su trabajo, ya que es el locus de constitución del lenguaje y del sujeto.

Palabras clave: Lenguaje, Interacción, Trabajo docente.

Carátula del artículo

Artigos do fluxo

Linguagem e interação como dimensões constitutivas do trabalho docente

Language and interaction as constitutive dimensions of the teaching work

Lenguaje e interacción como dimensiones constitutivas del trabajo docente

Andreia Rezende Garcia-Reis
Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil
Andressa Barcellos Correia da Silva
Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil
Míriam Fernanda Costa
Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil
Reflexão e Ação, vol. 32, núm. 1, pp. 4-19, 2024
Universidade de Santa Cruz do Sul

Recepción: 28 Octubre 2023

Aprobación: 15 Febrero 2024

INTRODUÇÃO

“Só através da relação com um outro, o homem consegue relacionar-se consigo próprio” (Fichtner, 2010, p. 13).

O presente artigo tem como temática a linguagem e a interação como dimensões fundamentais do trabalho docente, tendo como objetivo refletir sobre a importância e a presentificação dessas dimensões na atividade profissional de professores. A motivação para escrita deste texto originou-se das inquietações promovidas no Grupo de Pesquisa Interação, Sociedade e Educação (GISE/CNPq/UFJF), da Faculdade de Educação da UFJF, a partir de estudos e investigações sobre/no trabalho docente em diferentes contextos. As pesquisas foram desenvolvidas por duas autoras deste artigo e orientadas pela primeira autora, também líder do GISE.

Para a realização deste estudo, ancoramo-nos na perspectiva teórico-metodológica do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (Bronckart, 1999, 2005, 2006, 2008, 2013; Bulea, 2010; Machado, 2007, 2009), em diálogo com outros campos a ele relacionados e a autores que se dispuseram a estudar formação e trabalho. No que concerne à geração de dados, foi realizado um recorte em duas pesquisas de Mestrado em Educação (uma realizada no ano de 2019 e a outra no ano 2020) e delas trouxemos trechos das entrevistas com cinco professores, sendo três professores universitários (2019) e duas professoras da educação básica (2020), os quais constituem o corpus de análise deste artigo.

Compreendemos que a linguagem e a interação são dimensões importantes para construção e reconstrução de significados, sobretudo no que se refere ao trabalho docente, um métier que atualmente tem sido constantemente interpelado e em reconfiguração. Assim, lançamos um olhar para essas duas dimensões desse trabalho, pois consideramos que é na relação com o outro que vamos aprendendo a (re)significar o nosso agir e a nossa atividade profissional.

Para a realização da reflexão proposta neste texto, organizamo-lo da seguinte forma: além desta seção introdutória, apresentaremos nossas concepções sobre linguagem, interação e trabalho docente; na sequência, o percurso metodológico e, logo após, a análise dos dados gerados nas duas pesquisas, sob a reflexão das duas dimensões elencadas. Para finalizar, teceremos breves considerações finais e elencamos as referências utilizadas neste estudo.

LINGUAGEM, INTERAÇÃO E TRABALHO DOCENTE

O referencial teórico-metodológico ao qual nos filiamos é o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) que tem uma compreensão mais ampla sobre a complexidade do funcionamento psíquico e social dos seres humanos, buscando, com isso, contribuições na Filosofia, na Sociologia, na Psicologia e na Linguística e, por isso, sua abordagem é conhecida como transdisciplinar nas relações entre a linguagem, o agir humano e o desenvolvimento.

Além disso, o ISD defende o desenvolvimento social por meio das atividades, do psiquismo humano e do papel da linguagem na construção e reconstrução do pensamento consciente do indivíduo, perante aos pré-construtos histórico-culturais (Cristovão, 2008). Assim, as condutas humanas são construídas por meio dos diversos pré-construtos históricos que são determinados por diversas dimensões culturais, sociais e históricos. Essas dimensões são marcadas pelos usos de artefatos materiais e simbólicos, como, por exemplo, a linguagem.

A linguagem nessa teoria é compreendida como o instrumento mais importante no desenvolvimento humano, pois ela não é somente “um meio de expressão de processos que seriam estritamente psicológicos (percepção, cognição, sentimentos, emoções), mas é, na realidade, o instrumento fundador e organizador desses processos, em suas dimensões especificamente humanas” (Bronckart, 2006, p. 122).

Nesse sentido, podemos afirmar que as “capacidades propriamente humanas são os produtos das interações entre dimensões biológicas, psicológicas, sociológicas e linguageiras; em outras palavras, são estas interações, e não as dimensões particulares, que são constitutivas do humano” (Bronckart, 2013, p. 21). A partir de então, o homem, por ser um ser social, fora da interação com a sociedade “nunca desenvolverá em si qualidades, aquelas propriedades que desenvolveria como resultado do desenvolvimento sistemático de toda a humanidade” (Vigotski, 2010, p. 697).

O ISD alicerça-se também na teoria histórico-cultural vigotskiana, a qual compreende que “o pensamento não é simplesmente expresso em palavras; é por meio delas que ele passa a existir” (Oliveira, 2006, p. 54), ou seja, o pensamento não se exprime na linguagem, a linguagem é que realiza o pensamento (Clot, 2006). Assim, a concepção de linguagem interacionista social prioriza a interação entre a linguagem e o social, pois, afinal,

a realidade efetiva da linguagem não é o sistema abstrato de formas linguísticas nem o enunciado monológico isolado, tampouco o ato psicofisiológico de sua realização, mas o acontecimento social da interação discursiva que ocorre por meio de um ou de vários enunciados (Volóchinov, 2021, p. 218).

Para Bronckart (1999), a linguagem humana apresenta-se:

[...] inicialmente, como uma produção interativa associada às atividades sociais, sendo ela o instrumento pelo qual os interactantes, intencionalmente, emitem pretensões à validade relativas às propriedades do meio em que essa atividade se desenvolve. A linguagem é, portanto, primariamente, uma característica da atividade social humana, cuja função maior é de ordem comunicativa ou pragmática (Bronckart, 1999, p. 34).

Dessa forma, ao falar de linguagem, é necessário pensar em suas múltiplas facetas, uma vez que ela vai muito além da língua, pois o ser humano pode se expressar de diversas formas, embora reconheçamos que em nossa sociedade a palavra é muito recorrente no cotidiano.

É por meio da linguagem que as pessoas vão se construindo e se reconstituindo como sujeitos de direitos e deveres, haja vista a capacidade de revelar sua cultura e identidade e, sobretudo, relatar acontecimentos e fatos por meio da palavra. De acordo com Bakhtin (2012, p. 36), esse é “[...] um fenômeno ideológico por excelência. A palavra não comporta nada que não esteja ligado a esta função, nada que não tenha sido gerado por ela. A palavra é o modo mais puro e sensível de relação social”.

Dessa maneira, compreendemos que tanto os indivíduos quanto a linguagem são construtos objetivos e subjetivos simultaneamente (Barbosa, 2011), tendo em vista que, por meio da linguagem, nós vamos dando acabamento ao outro, assim como o outro vai nos dando acabamento também, ou seja, a nossa constituição humana se dá pela palavra do outro, por isso uma “[...] consciência só passa a existir como tal na medida em que é preenchida pelo conteúdo ideológico, isto é, pelos signos, portanto apenas no processo de interação” (Volóchinov, 2021, p. 95). Logo, a linguagem é fruto de um círculo discursivo.

A linguagem está presente em todos os diversos campos da atividade humana (Bakhtin, 2011) e não seria diferente no trabalho, já que ele é um tipo de atividade próprio da espécie humana (Bronckart, 2006). Sabemos que ao interagir, os sujeitos trocam experiências, transformam-se, afetam-se e agem por meio da linguagem e se desenvolvem a partir dela e, com isso, podemos afirmar que as atividades de linguagem e de trabalho estão estreitamente ligadas, transformam o meio social e permitem trocas e negociação entre os seres humanos (Souza-e-Silva, 2004).

Ao endereçarmos nossas lentes para o trabalho docente, é possível perceber o quanto há “interação mediatizada pela linguagem entre a pessoa e seu agir” (Bulea, 2010, p. 150). O professor, a todo momento, faz uso da interação e da linguagem em sua atividade profissional. Por isso, é necessário ressaltar que é por intermédio das interações nas diversas maneiras de agir, adotadas por determinados grupos de indivíduos inseridos em um determinado contexto, que os signos passam a servir como ferramentas integrantes do psiquismo do indivíduo (Barbosa, 2011). Portanto, o que possibilita o acesso ao agir dos trabalhadores é a linguagem que se materializa por meio de diferentes textos que circundam o trabalho, como ressalta Bronckart (1999).

O professor utiliza a linguagem não apenas como instrumento de comunicação, mas também como instrumento de trabalho e de constituição do próprio saber, portanto, utiliza a linguagem e ensina linguagem (Bronckart, 2006). Por isso, o papel da linguagem “[...] não decorre de sua dimensão de sistema, de código, mas sim do fato de que ela é, antes de tudo, uma atividade, uma prática, ou ainda, de que ela é da ordem do que habitualmente se chama de discurso” (Bronckart, 2005, p. 235). É necessário lembrar que esse discurso é constituído sempre na interação e na renegociação permanente, de tal forma que o curso da atividade discursiva é a todo momento mudável (Bronckart, 1999).

Assentadas nessas concepções, acreditamos que é no seio do trabalho docente, é na relação com o outro, é por meio do agir, do pensar e do falar que se constituem as significações. É por meio do legado da cultura e da interação com os pares, por exemplo, que o professor apreende os códigos do seu métier, uma vez que sempre somos afetados pelo outro, e nesse processo de afetação, inserção, construção e reconstrução de significações é que nos constituímos como sujeitos.

O trabalho docente precisa ser entendido “[...] como uma atividade construída e reconstruída na e em cada situação com a qual o trabalhador se defronta” (Mattedi et al., 2014, p. 70). Portanto, ao perpassarmos pela concepção de trabalho pelo viés da atividade triplamente dirigida, conforme nos propõe Clot (2006, p. 97), compreendemos que “[...] ela é dirigida não só pelo comportamento do sujeito ou dirigida por meio do objeto da tarefa, mas também dirigida aos outros [...]. Ela é sempre resposta à atividade dos outros, eco de outras atividades”. A concepção de atividade triplamente dirigida vai ao encontro da definição bakhtiniana de enunciação, que se volta para o objeto em direção a enunciados outros. Ou seja, podemos registrar que não existe um enunciado que seja neutro, ele é por excelência um fenômeno ideológico e, dessa forma, a língua se torna a mediadora das relações sociais.

A depender das relações que vivemos, os signos têm significados diferentes, já que os signos são elementos que estão no mundo, mas não representam o mundo, por isso, de acordo com Mattedi et al. (2014, p. 71), “[...] os trabalhadores, em conjunto, são capazes de inovações, de produzir regras, não se submetendo inteiramente a elas. Trata-se de uma negociação com as normas prescritas, com os outros trabalhadores”.

Então, é possível notar que a cultura constrói o ser humano, assim como também o ser humano vai reconstruindo a cultura e, além disso, podemos mencionar que a linguagem possibilita a cultura existir, mas ela também constrói a cultura, pois quando mudamos a linguagem, mudamos também a práxis. A linguagem tem o poder de condensar os acontecimentos que vão acontecendo nos variados contextos, portanto, “[...] o desenvolvimento dos indivíduos ocorre em atividades sociais em um meio constituído e organizado por diferentes pré-construídos e através de processos de mediação, sobretudo os linguageiros” (Machado, 2009, p. 47).

Por conseguinte, ao voltarmo-nos para a profissão docente, assumimos que ser professor ultrapassa a questão de saber lidar com o conhecimento, é preciso saber examinar as diversas situações advindas das relações humanas (Nóvoa, 2017), pois qualquer compromisso com o outro em um determinado local é produzido por meio de interações (Cicurel, 2020).

Com essa perspectiva, compreendemos que ser professor vai muito além do ensino dos conteúdos, ou seja, o seu trabalho mobiliza seu ser integral, é múltiplo e é composto por diversas dimensões. Em relação a essas dimensões, Machado (2007) nos mostra que a atividade profissional é sempre situada, pessoal e ao mesmo tempo impessoal, prefigurada pelo próprio trabalhador, mediada por instrumentos materiais ou simbólicos, interacional, interpessoal, transpessoal, conflituosa, fonte para a aprendizagem e também fonte de impedimento para agir. No nosso ponto de vista, a linguagem perpassa todas as dimensões de trabalho postas por Machado (2007), e consequentemente de trabalho docente, já que a linguagem tem um papel decisivo e central no funcionamento e desenvolvimento psíquico, bem como nas atividades e ações, pois é ela que organiza e regula tanto as interações quanto as atividades.

Para Cicurel (2020, p. 118), “por trás da ação dos professores, há ‘Teorias Pessoais’ que são construídas durante a sua formação e suas experiências”. Conforme a autora, as práticas docentes são construídas no encontro entre a interação com os estudantes e um projeto, mas, sobretudo, nas concepções que os docentes têm sobre suas ações e práticas profissionais. Bronckart (2006) ressalta que esta relação interacional entre aluno e professor precisa ser o centro da atividade educacional, pois é aí que se materializa a atividade de trabalho docente, tão cara para esse trabalhador. É nessa relação que aparecem os espaços para o agir professoral. Consideramos, com isso, que:

Um sujeito é tanto mais capaz de agir em um determinado contexto, quanto mais ele dispõe de um sistema interfuncional flexível, variado, ou seja, de uma liberdade de ação, da possibilidade de se servir de suas emoções para pensar, mas também da possibilidade de pensar para se servir de emoções (Clot, 2016, p. 89).

Então, é pela linguagem e na linguagem que as emoções vão se fixando e se estabelecendo na dimensão social, atingindo um estatuto extra orgânico, como postula Smolka (2016); o que nos faz compreender o quanto a relação entre linguagem e interação é ponto elementar na profissão docente, pois envolve o trabalhador em suas múltiplas faces.

PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Como já mencionamos, a presente pesquisa está alicerçada no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (Bronckart, 1999, 2005, 2006, 2008, 2013; Bulea, 2010; Machado, 2007, 2009), quadro teórico-metodológico assumido por nós. As contribuições de autores, que discutem as questões elencadas por nós neste trabalho, são de fundamental importância para sustentação da investigação.

Com base nesse quadro teórico-metodológico, podemos afirmar que a análise dos textos, orais ou escritos, ou a análise da rede discursiva que se constrói no e sobre o trabalho educacional é fundamental para compreender a natureza e as razões das ações verbais e não verbais desenvolvidas (Bronckart; Machado, 2004), já que as ações humanas não podem ser apreendidas no fluxo contínuo do agir, elas só podem ser apreendidas por meio de interpretações produzidas, principalmente, com a utilização da linguagem. Por isso, o corpus desta pesquisa é composto por trechos de entrevistas de trabalhadores da educação.

Os dados para constituição deste artigo emergiram da junção de duas pesquisas de Mestrado em Educação realizadas no ano de 2019 e de 20204. Essas pesquisas tiveram objetivos e contextos de realização diferentes, mas há vários pontos em comum e um deles é o fato de terem sido realizadas entrevistas com professores, o que consideramos um aspecto importante, pois o docente poder falar do seu próprio trabalho em pesquisas foi algo incomum por muito tempo, já que “a fala sobre o trabalho produzida pelas/os próprias/os trabalhadoras/es foi apagada ao longo do tempo” (Freitas, 2022, p. 206). Vale ressaltar que as pesquisas foram em tempos, contextos e espaços diferentes, mas se voltaram ao mesmo objeto de estudo: o trabalho docente.

A pesquisa realizada por Silva (2020) entrevistou professores formadores do curso de Letras de uma universidade pública federal com o objetivo de analisar as significações relacionadas à atuação docente deles e à do egresso deste curso. A pesquisa realizada por Costa (2021) entrevistou professoras da educação básica de uma escola da rede municipal de Juiz de Fora/MG, objetivando investigar quais os tipos de conflitos vivenciados pelas professoras no contexto de pandemia da Covid-19, distanciamento social e adoção do trabalho remoto.

Para este artigo, traremos recortes das entrevistas com cinco professores, sendo três professores universitários (Silva, 2020) e duas professoras da educação básica (Costa, 2021), com o objetivo de refletir sobre a importância e a presentificação das dimensões da linguagem e da interação no trabalho docente5, conforme dados do quadro a seguir.

Quadro 01
PARTICIPANTES DA PESQUISA

Fonte: Elaborado pelas autoras 2023.

A PRODUÇÃO LINGUAGEIRA EM ANÁLISE

Os seres humanos são seres de linguagem, suas relações são sempre constituídas na e pela linguagem e, com isso, somos afetados pela linguagem do outro e nos formamos a partir dessa interação, ou seja, “a palavra é uma ponte que liga o eu ao outro” (Volóchinov, 2021, p. 205).

De acordo com Volóchinov (2021), existem várias formas de comunicação, entretanto, é necessário salientar que o diálogo é a forma de interação mais importante. Principalmente na cultura em que estamos inseridos, a interação verbal é muito valorizada e muito presente no cotidiano não só dos brasileiros, mas de todos pelo mundo afora. Com isso, é possível afirmar que em todas as atividades humanas existe algum tipo de interação, claro que em variadas formas e em variados graus, e que “[...] não existe atividade em que não haja algum tipo de interação verbal, mesmo que ela não faça parte da realização do trabalho stricto sensu, como em uma linha de montagem” (Freitas, 2022, p. 206), por exemplo.

Como já mencionamos, este artigo relata uma pesquisa com professores e, no caso da docência, a interação, principalmente a verbal, é o núcleo dessa prática (Freitas, 2022), ou seja, sabemos que o trabalho do professor é permeado por diversas dimensões, mas consideramos, sobretudo, que é um trabalho que envolve a interação com diferentes outros que, de forma direta ou indireta, estão envolvidos na situação laboral. É importante ressaltar que estamos considerando tanto o trabalho do professor da educação básica quanto o do professor formador – que atua no contexto do ensino superior – embora com diferenças entre eles, como profissionais da educação, já que “é possível, de forma similar, considerar a atividade dos formadores de professores como trabalho” (Machado, 2007, p. 83).

Os professores entrevistados participantes das pesquisas destacam a importância da interação para a construção da aprendizagem em seus respectivos trabalhos:

Excerto 1:


Excerto 2:


Excerto 3:


É possível perceber que, para essas professoras, o trabalho docente não é centrado no professor e também não é uma transmissão de conhecimento. Para elas, é a interação entre o aluno e o professor que vai gerar a aprendizagem, pois, como elas mesmas apontam, esse trabalho é, ou deveria ser, uma via de mão dupla.

Nesse sentido, Rosa, que é professora da Educação Básica, evidencia, no excerto 3, como o acompanhamento do estudante é fundamental para a construção do conhecimento, e compreendemos que esse acompanhamento é feito por meio da interação. Corroborando a fala da professora, “[...] em uma sala de aula, estabelece-se uma interação, cujo objetivo essencial é dar ou melhorar conhecimentos ou competências. Esta dinâmica, através da qual todo professor deseja obter progresso nos trabalhos desenvolvidos com os aprendizes, nunca está ausente” (Cicurel, 2020, p. 22).

Já Juliana, professora do Ensino Superior, não menciona esse acompanhamento mais específico, talvez pelo fato de seu aluno ser um jovem ou até mesmo um adulto, mas ainda assim ela destaca a construção do conhecimento por meio da interação. Ou seja, o sujeito se constitui na relação com o outro a partir das interações, portanto, é na relação de interação que as aprendizagens são construídas e reconstruídas.

Machado (2007), ao apontar as dimensões do trabalho do professor, menciona que esse trabalho é:

interacional, no sentido mais pleno do termo, pois a interação é de natureza multidimensional e de mão dupla, pois, ao agir sobre o meio com a utilização de instrumentos (materiais ou simbólicos), o trabalhador transforma esse meio, mas, ao mesmo tempo, é por ele transformado (Machado, 2007, p. 91).

É interessante observar que as professoras entrevistadas mencionam que o ensino é uma via de mão dupla e tal expressão é a mesma utilizada por Machado (2007) para definir a dimensão interacional do trabalho docente. Dessa forma, no ofício do professor, a interação é uma característica muito importante, apontada tanto por Machado (2007) quanto também reconhecida pelos professores entrevistados.

O processo interacional é tão fundamental ao trabalho docente que, quando há algum silenciamento, os docentes se sentem incomodados de alguma forma:

Excerto 4:


Excerto 5:


Sabemos que durante o processo educacional, muitas vezes, o silêncio ainda é exigido e a participação e a voz dos discentes são, em alguns casos, tolhidas. Se refletirmos em como as salas de aulas ainda são tradicionalmente configuradas, com carteiras enfileiradas e o professor na frente de todos, percebemos que essa organização não favorece a construção da aprendizagem por meio da interação, pois parece que o docente detém o conhecimento e simplesmente irá transmiti-lo. Esse modelo de educação do século passado ainda está presente em algumas escolas e isso faz com que essa pedagogia do silenciamento se perpetue e que os estudantes cheguem à universidade e se comportem da mesma forma, uma vez que a organização da sala é, muitas vezes, semelhante, e o silêncio é exigido por alguns professores universitários. Assim, Eduardo e Lucas, que são professores universitários, mas promovem a interação em suas aulas, acabam vivenciando alguns obstáculos a partir de uma postura de silenciamento vinda dos acadêmicos, o que, para eles, é um problema, já que, como afirma Eduardo, o ensino e a aprendizagem são prejudicados pela falta de interação.

Bronckart (2008), baseado em Volóchinov, aponta que:

todas as unidades do conhecimento humano têm um estatuto semiótico; são signos de entidades do mundo que se constituem como seus referentes. Mas esses signos-ideias não podem provir da atividade dos indivíduos isolados; ao contrário, são necessariamente, resultado dos discursos produzidos no quadro das interações sociais e, devido a esse estatuto, os discursos apresentam sempre um caráter dialógico: eles se inscrevem num horizonte social e se dirigem a um auditório social (Bronckart, 2008, p. 75).

Ou seja, os discursos não são produzidos por indivíduos isolados, eles são sempre constituídos socialmente, produzidos nas interações sociais e, portanto, a minha palavra, o meu discurso, são produzidos a partir do outro. Nesse sentido, sabemos, com base principalmente em nossas experiências, que há muitas vezes um modelo de interação assimétrica na universidade, a qual, aliada à pedagogia do silenciamento vivenciada pelos alunos durante sua vida escolar, faz com que esse auditório social para o qual Lucas e Eduardo estão dirigindo os seus discursos nas suas aulas não participe ou sinta que não tem voz, ou seja, não interaja como os docentes gostariam.

No caso da professora a seguir, também veremos que a falta de interação gera um incômodo a ela:

Excerto 6:


Excerto 7:


A entrevista com a professora Rita aconteceu em 2020 durante o período em que não havia aula presencial por conta da pandemia de Covid-19, em que a presencialidade nas escolas foi suspensa e as aulas aconteciam remotamente, por meio das tecnologias de interação e comunicação. A partir desse contexto, obviamente, a interação da docente com os seus alunos foi altamente prejudicada, o que deixou a docente frustrada, como ela aponta no excerto 6, e também desanimada, excerto 7.

Percebemos que quando houve a ruptura dos espaços e das condições para a realização da atividade docente, a professora manifesta alguns sentimentos, deixando evidente para nós que “todo compromisso com o outro em um espaço público ou privado se produz por meio de interações” (Cicurel, 2020, p. 26). Quando as interações não foram mais possíveis, ou foram bastante limitadas, devido à baixa participação dos estudantes em atividades de ensino remoto, houve um sentimento de desconforto pela professora, ou seja, a interação é algo essencial em sua atividade profissional com os estudantes.

De acordo com Laraia (1986), os comportamentos humanos não são biologicamente determinados, pois todos os seus atos dependem inteiramente de um processo de aprendizagem. Assim, esse processo de aprendizagem é possibilitado, principalmente quando falamos de aprendizagem no contexto escolar, por meio da interação, pois “através da comunicação oral, a criança vai recebendo informações sobre todo o conhecimento acumulado pela cultura em que vive” (LARAIA, 1986, p. 51) e produzindo novos conhecimentos, num processo de restruturação psíquica.

Dessa forma, é possível registrar que a educação escolar tem o poder de transformar o sujeito além do que ele é, por isso deve ser defendida, uma vez que:

Nas relações de ensino, o professor mostra, aponta, desenha, indica e o aluno, participando da atividade de ensinar, elabora processos e conceitos, produz conhecimento na e pela linguagem. A escola potencializa, assim, o conhecimento e o saber do aluno e sua capacidade de ação, seu poder fazer. A educação se evidencia como desenvolvimento artificial da criança, no sentido de um trabalho de (trans)formação do homem sobre o homem (Smolka, 2012, p. 10).

Portanto, é inegável a importância do professor, da escola e da interação na vida dos discentes. Infelizmente, a pandemia de Covid-19, iniciada no Brasil em março de 2020, afetou vários setores da sociedade brasileira, como a economia, a saúde e, principalmente, a educação. Os impactos na educação foram, são e serão vivenciados pelos profissionais, alunos, familiares e sociedade de um modo geral. Defendemos com isso a elaboração e a implementação de políticas públicas na tentativa de minimizá-los.

Um último excerto que apresentamos para análise neste artigo foi uma fala da professora Juliana, sobre a importância da interação para sua própria aprendizagem:

Excerto 8:


É muito interessante perceber como a professora Juliana tem a consciência de que é transformada pela interação que acontece na sua sala de aula e, além disso, reforça a ideia de que a aprendizagem ocorre por meio da interação. Segundo Machado (2007), o trabalhador transforma o meio e, ao mesmo tempo, é transformado por ele também, ou seja, por meio da interação, a qual implica uma relação entre pares, ambos podem aprender e ensinar ao mesmo tempo, já que as relações ali estabelecidas são efeitos de afetos e emoções, na constituição de um ambiente com instrumentos e signos, em que novos conceitos são produzidos (Fichtner, 2010).

A partir dos excertos analisados nesta seção, demonstramos como a interação é uma dimensão fundamental para o trabalho docente. Como apontam os professores, a interação é o elemento central para a efetivação dos processos de ensino e de aprendizagem, inclusive quando há algum conflito ou obstáculo nessa interação, os professores se afetam de forma negativa e, além disso, consideram que a interação é fonte de aprendizagem para eles mesmos. Na fala da professora Juliana, percebemos o quanto as vivências, os contextos, as interações, as experiências e as linguagens nos influenciam e nos constituem. Sendo assim, consideramos que é por meio das redes discursivas construídas nas diversas relações que (re)significamos as nossas ações, como bem afirma a professora, uma vez que é a partir da linguagem e da interação que vamos dando acabamento ao outro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo trouxe produções linguageiras de três professores universitários (2019) e duas professoras da educação básica (2020) para refletir sobre a importância e a presentificação da dimensão da linguagem e da interação no trabalho dos professores. Com isso, pudemos confirmar que a interação é fundamental na vida dos sujeitos e que a interação verbal atua como locus de constituição da linguagem (Pereira; Rodrigues, 2018), sobretudo na atividade de trabalho docente.

Foi possível perceber, por meio das entrevistas com os docentes, que eles compreendem a interação como central em seu trabalho. Para nós, com esta pesquisa, constatamos que “nesse processo conjunto de construção de significados, professor e aluno constroem suas identidades sociais pela linguagem” (Guimarães, 2007, p. 202), pois, como mostram as falas dos docentes entrevistados, é a interação entre o aluno e o professor que promove os processos de ensino e de aprendizagem. Outrossim, outro aspecto evidenciado por eles é que quando há algum silenciamento ou quando há algum problema ou obstáculo na interação, os professores se sentem incomodados e angustiados e, por último, apontam como a interação é importante para as suas próprias aprendizagens, ou seja, o trabalho é fonte de aprendizagem para o docente e para o discente, por meio da interação.

Por fim, concluímos este artigo com esta citação, a qual se relaciona diretamente com tudo que abordamos: “nem o sujeito, nem o mundo se realizam por si só, seus sentidos advêm da interação social” (Miotello; Pajeú, 2016, p. 31), ou seja, o indivíduo não reconstrói os sentidos sozinho, mas sim no processo de interação com o outro, processo este constitutivo do trabalho docente.

Material suplementario
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. 6 ed. São Paulo: Editora WMF, Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, M. M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira, com colaboração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. 1[TP3] 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2012.
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Notas
Notas
1 Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF – Juiz de Fora – MG – Brasil - https://orcid.org/0000-0003-1209-5185
2 Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF – Juiz de Fora – MG – Brasil - https://orcid.org/0009-0009-0147-8915
3 Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF – Juiz de Fora – MG – Brasil - https://orcid.org/0000-0001-8989-2591
4 Para estas pesquisas, a metodologia de geração de dados foram entrevistas com professores, como já mencionamos, e como procedimento de análise dos dados foram utilizados os Segmentos de Orientação Temática (SOT) e os Segmentos de Tratamento Temático (STT) (Bulea, 2010).
5 Nas pesquisas de Mestrado desenvolvidas, foi entrevistada uma diversidade maior de professores. Elas podem ser acessadas em Silva (2020) e Costa (2021). As entrevistas foram realizadas ao longo dos anos de 2019 e 2020, conforme mencionado no artigo.
Quadro 01
PARTICIPANTES DA PESQUISA

Fonte: Elaborado pelas autoras 2023.
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